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Agente etiológico: Treponema pallidum, um microorganismo desprovido de membrana celular, pequeno e fino,
que possui movimentos de rotação , flexão e contração. Sua reprodução é binária a cada 32 a 36 horas.
Transmissão: sexual, transplacentária, hematogênica (sífilis congênita), contato direto (pele exposta e mucosas
não íntegras).
PATOGENIA:
Estimula resposta humoral e celular (está apenas na sífilis tardia, latente ou assintomática).
NÃO HÁ IMUNIDADE NATURAL.
Imunidade Humoral
Imunidade Celular
Estado de latência
Desenvolvimento de imunidade humoral e celular. Em alguns tecidos, os treponemas podem ficar inativos ou
serem eliminados com cura biológica.
OBS: antigenemia prolongada favorece formação de imunocomplexos com consequente deposição em glomérulos
podendo causar síndrome nefrótica.
HISTÓRIA NATURAL
CLASSIFICAÇÃO:
Incubação : 3 semanas
Cura espontânea.
Localização:
SÍFILIS SECUNDÁRIA
Disseminação de treponemas.
Microadenopatia generalizada.
- Roséola sifilítica: manifestação mais precoce, são manchas eritematosas, limites
imprecisos, isoladas e simétricas no tronco e raiz dos membros.
- Condiloma plano: pápulas confluentes formando placas papulosas, secretantes e ricas em treponemas. Em
torno dos lábios podem surgir lesões anulares, isoladas ou não, bordas elevadas, formando uma pequena pápula.
OBS: lesões mais contagiantes na fase secundária são as sifílides papulo- erosivas e condilomas planos
- Alopécia sifilítica: alopecia em clareira: pequenas áreas de alopecia em regiões parietal, temporal, accipital
e retroauricular. Alopécia difusa do couro cabeludo. Sendo que sobrancelha e barba podem ser acometidos (sinal de
Fournier: rarefação do 1/3 distal das sobrancelhas). Ocorre a repilação completa após o tratamento.
- Lesões em mucosas: placas mucosas na língua e face interna dos lábios: áreas de maceração esbranquiçada
sobre base erosada. São ricas em treponemas. Ocorre faringite, amigdalite laringite (rouquidão).
Variante da sífilis recente: destruição tissular com vasculite obliterante de vasos de médio calibre. São
pápulas e pústulas que evoluem para lesões ulceronecróticas bem delimitadas recobertas por crostas rupióides em
face, couro cabeludo e MMII. Desaparecem mesmo sem tratamento.
Sífilis nodular: nódulos eritemato-acobreados agrupados, tendendo a arranjo circinado. Cura central com
progressão da periferia.
SÍFILIS TARDIA
GOMA: nódulo com necrose central. Lesões características da sífilis terciária (surgem 3 a 10 anos após a
infecção), em braços, dorso e face, sendo indolor mesmo com úlcera
SÍFILIS CARDIOVASCULAR
Acomete a camada média dos vasos de grande calibre, via vasa vasorum, na Aorta Ascendente mais comum.
NEUROSÍFILIS
O treponema pode invadir o SNC nos estágios primários e secundários da infecção, podendo ser
assintomática ou sintomática.
SINTOMÁTICAS:
MENINGOVASCULAR: encefálica (medular e encefalomedular).
MENINGITE SIFILÍTICA: cefaléia, náuseas, vômitos, rigidez de nuca, convulsão, paralisia de nervos
cranianos.
LCR: aumento de proteínas e VDRL positivo.
PARENQUIMATOSA: mudança de personalidade e de comportamento, apatia, irritabilidade.
MEGALOMANIA é o mais comum.
TABES DORSALIS: disfunção da sensibilidade profunda, vibratória e cinésio- postural.
SINAL DE ROMBERG: positivo, desequilíbrio pior com olhos fechados.
ARTROPATIA DE CHARCOT: joelhos e tornozelos, com alargamentos das superfícies,
podendo ocorrer derrames articulares e deformidades.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:
Demonstração direta do agente etiológico: exame de campo escuro é uma prova direta, que permite
observar o T.pallidum vivo em movimento sem se deformar. Indicação: sífilis primária.
PROVAS SOROLÓGICAS: Principal método sorológico. Anticorpos dirigidos a dois tipos de antígenos:
TESTES NÃO TREPONÊMICOS: detecta a presença de anticorpos inespecíficos no soro. Surgem 3-5 semanas
após surgimentos do protossifiloma.
VDRL (provas de floculação): melhor parâmetro na avaliação da resposta adequada ao antibiótico instituído.
Podem estar positivos em outras enfermidades agudas (mononucleose infecciosa, pneumonia, vacinação, gravidez
etc.) ou crônicas (AR, anemia hemolítica, LES, PAN, hanseníase, tuberculose).
TESTES TREPONÊMICOS: detecta anticorpos (IgM e IgG) contra o treponema. Aparecem precocemente e
podem permanecer positivos por toda a vida. Confirmam os testes não treponêmicos e não servem para
acompanhamento.
PROVA DE IMOBILIZAÇÃO TREPONEMA (TPI): não utilizado de rotina. É o teste treponêmico mais específico.
FTA- abs: mais sensível e tão específica quanto a TPI. Primeiro a se positivar. Pode ser o único positivo na
fase primária não tratada. Falso positivo: FAN, herpes genital e gravidez.
TPHA (treponema pallidum hemaglutinação): fácil execução, com sensibilidade e especificidade semelhantes
ao FTA- abs. Falso positivo: hanseníase, gravidez e herpes genital).
INTERPRETAÇÃO DA SOROLOGIA
SÍFILIS E GESTANTES
TRATAMENTO
Sífilis primaria, secundaria e latente recente (< 2 anos): penicilina benzatina 2,4 milhões IM dose única.
Alternativa: doxiciclina 100mg 12/12 horas VIA ORAL por 15 dias.
Teste não treponêmico trimestral.
Gestante controle mensal.
Sífilis latente tardia (> 2 anos), sífilis terciária: penicilina benzatina 2,4 milhões IM por 3 semanas (total: 7,2
milhões)
Alternativa: doxiciclina 100mg 12/12 horas VIA ORAL por 30 dias
Neurosífilis: penicilina procaína: 18-24 milhões UI/dia endovenosa administrada em doses de 3-4 milhões UI
a cada 4 horas ou por infusão contínua por 14 dias.
Alternativa: ceftriaxone 2g EV dia por 10-14 dias. Exame de líquor de 6-6 meses até normalização.
O intervalo entre as doses deve não deve ultrapassar 14 dias. Caso isso ocorra o esquema deve ser reiniciado.
REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIME
SÍFILIS CONGÊNITA
PRECOCE:
MUCOSAS:
o Coriza sifilítica: rinorreia rica em treponemas.
o Ulceração da cartilagem nasal com deformidades.
o Placas eritematosas e infiltradas na boca e faringe.
o Afonia secundária a episódios de laringite.
PELE:
o Pênfigo sifilítico: lesões vesicobolhosas em base
eritematosa em palmas e plantas.
o Fissuras em região periorificiais, deixando cicatrizes
permanentes.
o Alopécias difusas e alterações ungueais
OSTEOARTICULAR:
o Acometimento simétrico
o Osteocondrite de Wegner: calcificação supraepifisária nos ossos longos.
o Pseudoparalisia de Parrot: osteocondrite e epifisite unilateral na articulação
do quadril.
VISCERAL:
o Hepatoesplenomegalia
o Nefrite ou síndrome nefrótica (depósitos de imunocomplexos no glomérulo).
Passagem do treponema nos últimos meses de gestação. Poucos virulentos. Com manifestação a partir do 2-
3 ano de vida.
DIAGNÓSTICO
RN ou criança com sinais clínicos cuja mãe não foi tratada ou foi inadequadamente.
RN ou criança com teste treponêmico positivo e algumas das alterações: evidência de sífilis congênita no
exame físico; alterações radiológicas; VDRL positivo no líquor; mais de 5 leucócitos e/ou 50 mg/dL de proteínas no
LCR sem outra causa; IgM positivo para sífilis.
TRATAMENTO
Sintomática ou assintomática com alteração em LCR: penicilina G cristalina 50.000 UI/Kg/dia, EV divido em 2
tomadas por 10 dias.
Assintomática sem alteração em LCR: penicilina benzatina 50.000 UI/Kg IM dose única