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Leptospirose

Doença importante no Brasil, devido sua alta incidência. Doença infecciosa aguda, causada por
uma espiroqueta (bactéria em espiral), pertence ao gênero leptospira. Existem 14 espécies
patogênica de leptospira, sendo a mais importante a L. interrogans. Existem mais de 200
sorovares descritos e quando o individuo contrai a leptospirose por um determinado sorovar
ele adquire imunidade específica para este sorovar, sendo suscetível aos outros.

Transmissão:

Considerada uma zoonose. Pois é transmitida por animais.

A transmissão ocorre pelo contato com urina de animais infectados com a pele lesionada,
mucosa ou pele integra (imersão prolongada em água)

Os principais reservatórios e transmissores da doença são os roedores (ratazana – R.


norvegicus- e o rato preto – R. rattus), além deles cães e animais de criação como bois, porcos,
cavalos e ovelhas. Esses animais podem se tornar portadores assintomáticos e transmissores
da doença por longos períodos. Existe vacina para os animais, só que não existe para humanos.
Porém o animal vacinado pode se contaminar por leptospirose, pois a vacina evita formas
graves da doença, mas não evita infecção. Então se tornam transmissores assintomáticos da
doença, mesmo vacinados.

Epidemiologia

Todo o planeta, com exceção de regiões polares. No Brasil é uma endemia, incidência maior em
aéreas com proliferação de roedores, geralmente em grandes aglomerados de pessoas sem
acesso a saneamento básico e aéreas com grande precipitação de chuvas, os casos aumentam
após enchentes.

Existem profissões de risco como: garis, manutenção de esgoto, agricultor, construção civil, etc.

Período de incubação:

- 1 a 30 dias

- Maioria dos casos: 5 a 14 dias

Quadro clínico:

Na maioria dos casos é alto limitada, mas pode evoluir para quadros de extrema gravidade.

Quando tem manifestações é considerada uma doença bifásica:

- Precoce: conhecida como fase leptospirêmica -> processo infeccioso, momento em que a
leptospira está presente no sangue. 85 a 90% dos casos ficam nesta fase

- Tardia: ocorre por uma resposta imune exacerbada ao patógeno. Ocorre em 15% dos casos

São poucos os casos de forma grave, porém o quadro clínico é crítico quando ocorre.

Fase precoce (leptospirêmica)

Autolimitada (85-90%)

Tempo: 3 a 7 dias
Quadro febril agudo de início súbito, cefaleia, mialgia, mal-estar. Muitas vezes se assemelha a
um quadro gripal.

Sinais sugestivos:

- Mialgia – principalmente nas panturrilhas

- Conjuntivite não purulenta – hiperemia, hemorragia ou sufusão hemorrágica

- Exantema – comum em tronco, mas a região característica é a pré-tibial

Outros sinais: náuseas e vômitos, dor ocular, tosse, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia

Fase tardia (imune)

Minoria dos casos (15%)

Após 7 dias

Manifestações de gravidade

Hemorragia pulmonar: 50% de letalidade

Apresentação clássica: Síndrome de Weil

- Icterícia – Rubinica (tom alaranjado);

- Insuficiência renal aguda – Não oligúrica; hipocalêmica; em casos graves pode-se ter oligúria,
podendo evoluir para necrose tubular aguda, se não houver uma hidratação adequada;

- Hemorragia – mais comum: pulmonar (lesão pulmonar aguda e sangramento maciço).

Obs.: Principal causa de óbito na leptospirose é a HEMORRAGIA PULMONAR

Complicações:

Meningite asséptica

- Principal complicação neurológica

- Mais comum na fase tardia (resposta imune)

- Sintomas típicos de meningite (cefaleia, rigidez de nuca)

- Autolimitada

- Líquor: glicose normal, elevação de linfócitos e proteínas, bacterioscopia negativa

Outras complicações neurológicas:

- Encefalite

- Convulsões

- Paralisia de nervos cranianos

- Radiculite

- Síndrome de Guillain-Barré

Outras complicações:
- Síndrome do desconforto respiratório agudo

- Miocardite

- Pancreatite

- Anemia

Alterações laboratoriais

- Hemograma: leucocitose e neutrofilia e plaquetopenia

- Alteração hepáticas são comuns, principalmente na fase tardia da doença, normalmente se


representa por elevação leve a moderada das aminotransferases (AST e ALT)

- Aumento de bilirrubina (Direta), chega a valores muito altos, diferente das aminotransferases

- Aumento de creatinina e diminuição de potássio

- Aumento de CPK, por conta da lesão muscular

- Aumento de ureia e creatinina, indicam lesão renal aguda

Exames de imagem:

Infiltrado alveolar difuso, algumas vezes localizado, por conta da hemorragia pulmonar ou da
síndrome do desconforto respiratório agudo. A imagem acima mostra um sangramento
pulmonar.

Diagnóstico etiológico

Testes sorológicos: que confirmam a doença. Testes com alta sensibilidade e especificidade, só
que resultado só será positivo a partir da 2ª semana de sintomas, pois na primeira semana a
leptospira está no sangue e na segunda semana aparecem os anticorpos.

- microaglutinação (MAT), teste para confirmação da doença. É recomendado a coleta de


amostras pareadas, com intervalo de 5 a 7 dias entre as coletas. Será reagente quando a
titulação estiver superior a 1/800 ou um aumento de 4 vezes na titulação da segunda amostra
em relação a primeira. A microaglutinação detecta os sorovares.

- ELISA (IgM), recomendado para rastreio da doença

Existe também outros testes como:

- PCR
- Cultura

1ª semana é detectado no sangue, na segunda semana é detectado na urina e no líquor

Porém não são amplamente disponíveis para uso na rotina. Identificam a leptospira e não a
presença de anticorpos

Tratamento:

Medidas de suporte + antibiótico

O antibiótico vai ser usado, sempre que possível, na fase precoce da doença.

Pacientes sem sinal de alerta serão tratados em casa, paciente em fase tardia com
manifestações graves serão, obrigatoriamente, internados.

Sinais de alarme

- Icterícia

- Fenômenos hemorrágicos

- Oligúria

- Dispneia, tosse e taquipneia

- Alteração do nível de consciência

- Hipotensão

- Vômitos frequentes

- Arritmias

Paciente que está em tratamento ambulatorial deve ser orientado sobre hidratação adequada
e sinais de alarme.

Antibioticoterapia (começar em todo caso suspeito da doença)

- Fase precoce (sem sinais de gravidade): tratamento de 5 a 7 dias

. amoxicilina 500 mg 8/8h ou

. doxiciclina 100 mg 12/12h

- Fase tardia (casos graves) tratamento em 7 dias

. penicilina G cristalina 1.500.000U IV 6/6h ou

. ampicilina 1g IV 6/6h ou

. ceftriaxona 1 a 2g/dia ou

. cefotaxina 6/6h

Pode-se utilizar a ventilação mecânica invasiva como estratégia protetora, para prevenir
agravo.

Paciente que já não pode mais receber hidratação, pelo volume que já foi feito, deve-se fazer
hemodiálise precoce para proteção renal.
A principal complicação hidroeletrolítica na insuficiência renal aguda é a hipocalemia, então
deve-se repor potássio intravenoso

Quimioprofilaxia:

Exposição prolongada e de alto risco em regiões endêmicas.

Ex: bombeiro que vai trabalhar em área de enchente

Doxiciclina 200mg 1 vez por semana

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