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Leptospirose

É uma doença que predomina em populações menos favorecidas.


Em anos de mais chuva e enchentes, isso piora.
Ela também tem importância econômica, pois mata animais de produção.

 Aspectos Microbiológicos:

É uma bactéria – um treponema.


A maior parte das leptospiroses em humanos são adquiridas do rato.

 Diagnóstico Epidemiológico:

Ela é endêmica, mas também tem um caráter profissional – plantação de arroz,


fossa, veterinários.
A doença é cosmopolita, predomina nos locais mais populosos.

 Fontes de Infecção:

 Formas de Transmissão:

Transmissão por contato de mucosa – é algo controverso.


A principal forma de contaminação é o contato com a urina do rato – esse
contato pode ser direto, tipo andando descalço.
Agora, para leptospira penetrar, precisa ser uma solução de continuidade, a
literatura diz que ela não penetraria pela pele sã.
Os pés submersos em locais com enchente, em água contaminada com a urina.
O mais frequente de tudo mesmo são as enchentes.
A leptospira pode ficar no solo úmido ou nas águas por meses.
A participação importante mesmo é pelo rato.
O rato contamina o solo com sua urina, contaminando a água – pode
contaminar outra rato ou outro animal – cão, homem, animal de produção.

O cão vacinado não adoece, mas ele elimina leptospira – mas não para vida
toda.

 Quem vai adoecer?

Em maioria adultos jovens do sexo masculino – eles se expõem mais.


Nos surtos de leptospirose por enchente, essa máxima não é tão verdadeira,
porque a exposição acaba sendo igual.

 Fatores Ambientais que favorecem a transmissão:

janeiro, fevereiro, março e abril – predominam os casos.


Motociclista – é grupo de risco para leptospirose pelo contato com água
contaminada.

 Patogenia:

A leptospira penetra pela pele com solução de continuidade, embora alguns


autores falem que não precisam de solução de continuidade e por mucosa.
Depois de 7 a 14 (média de 10 dias) de incubação, o paciente começa a
apresentar o quadro clínico.
O quadro clínico é decorrente da disseminação da leptospira por todo
organismo, mas vai afetar, principalmente, fígado (não leva a insuficiência
hepática) e parte musculoesquelética.

OBS: Os quadros infeciosos cursam muito com mialgia, mas não é uma
explicação muito clara para isso, porque não existe agressão ao
musculoesquelético. Gripe é exceção.
Uma exceção é a leptospira – o paciente tem muita dor muscular, principalmente
em panturrilha, e se fizermos uma biópsia musculoesquelética, vamos ver lesão
anatômica e aumento das enzimas musculares.

O que causa a lesão, o fundamento do dano é a capilarite – a leptospira inflama


os capilares.
Então, primeiro tem a circulação da leptospira invadindo todos os órgãos, a
leptospira está circulando, faz uma leptospiremia, na segunda semana já entra
na fase imune da doença;

A maioria dos pacientes evoluem de forma assintomático, daqueles que tem


manifestações clínicas, o mais comum (90 a 80%) é apresentarem
manifestações clínicas apenas no período de leptospiremia = de circulação da
bactéria.

Essas manifestações têm como marca um quadro febril agudo, que é difícil de
diferenciar de qualquer outra doença infecciosa. Sem grandes características.
Passa muito por uma doença febril aguda como qualquer outra.

A maior parte dos doentes com doença febril aguda evoluem para cura.
Febre, cefaleia, mialgia e calafrio – por cerca de 1 semana.
Fase Imune = Fase de Leptospiúria.
Essas pessoas, nessa fase imune, vão apresentar características da parte imune.
Uma parte desses pacientes, que são minoria, podem apresentar quadros
brandos de meningite asséptica e uveíte anterior.
Meningites assépticas – são àquelas que tem líquor claro, são as virais,
protozoários. Ela é mais uma contraposição à meningite purulenta.
Mesmo sem diagnóstico o paciente evolui para cura espontânea.
Leptospirose Anictérica – é essa sem complicação.
 Principais Manifestações da Leptospirose Anictérica:

Em torno de 10 a 20% dos pacientes que fazem manifestação clínica vão ter a
forma grave da doença – eles fazem um quadro febril agudo.
A principal complicação da forma grave da doença é a icterícia.
O paciente começa a apresentar oligúria e por fim, apresenta as manifestações
hemorrágicas.
Síndrome de Weil – se caracteriza por icterícia, insuficiência renal e
manifestações hemorrágicas.

Na forma anictérica, as manifestações mais comuns são: febre, conjuntiva


congesta, pode ter hepatomegalia e espleno é incomum.
Evolução bifásica = o paciente melhora do quadro geral, e daí na segunda
semana aparece a idrociclite e meningite asséptica.

 Diagnóstico Diferencial:
 Leptospirose Ictérica:

Obviamente, a icterícia vai estar presente.


A fase inicial é igual.

Esse paciente está muito desidratado, mas essa desidratação se justifica por
muitas coisas.
Ele perda água para o interstíticio.
Ele perde muita água para terceiro espaço porque a principal lesão aqui é a
capilarite.
Além disso, não está se alimentando, está com diarreia e vômitos.
Nessa fase, vemos o paciente muito ictérico, suando muito, com febre.
Esses pacientes têm muita alteração do nível de consciência e isso tem várias
explicações – pelo próprio quadro toxêmico, pela desidratação e por estar
urêmico.

Do que morre uma paciente grave com leptospirose?


Hemorragia cerebral e principalmente, sepse hospitalar – são as infecções
secundárias. Outra coisa importante, é o sangramernto pulmonar, não há o que
dê jeito.
 Diagnóstico:

Para Leptospira, a hemocultura normal não serve.


Colhemos essa para fazer DD com bactérias Pyogenicas.
As transaminases não aumentam muito aqui.

A leptospira demora 30 dias para crescer – não adianta nada para diagnóstico
beira-leito. É um meio de cultura especial.
Microscopia de Campo Escuro – não é disponível e nem tem pessoal treinado.
Está fora.
Microaglutiniação pareada – ela é boa, mas o uptodate já começa a levantar
questões de se é boa mesmo.
Não vai dar para fazer na hora, pois tem de esperar a fase de convalescência.
E outra coisa, só é feita em laboratório de pesquisa.
Elisa IgM pareada – também não dá pacdescra fazer na fase aguda, pois é
pareada.
PCR-RT – seria a única que daria para fazer na fase aguda, mas não é disponível.

Logo, o diagnóstico de leptospirose é feito por clínica e laboratório inespecífico.


O que vamos usar mesmo é o laboratório inespecífico?

Hemograma de doença bacteriana aguda – leucocitose com desvio para


esquerda e VHS elevado. Assim como procalcitonina e PCR elevados.
Ureia e Creatinina – o paciente está em IR, seja ela orgânica ou pré-renal.
Potássio – ele cursa com aumento na Insuficiência Renal.
Na Leptospirose, o potássio não cursa com aumento, geralmente é normal ou
baixo.
Gasometria – vai mostrar acidose.
Transaminases – estão aumentadas, no máximo 4x o valor de referência.
Bilirrubina – muito aumentada, muito mesmo. Pela IR, aumenta mais ainda.
Bilirrubina DIRETA.
Tempo e Atividade da Protrombina – tempo alargado e atividade diminuída.
Não se tem uma lesão hepática muito grande, mas quando paciente chega ele
tem uma TAP muito alterado porque não está absorvendo vitamina K.
Se dermos Vitamina K, normalizamos isso.
RX de Tórax – podemos ver um infiltrado intersticial bilateral.
OBS: Procalcitonina é marcador inflamatório.
Ferritina tem sido usado como marcador inflamatório.

 Tratamento da Leptospirose:

Para o paciente grave, com medicação venosa, pode ser feita a: Penicilina G,
Ceftriaxona ou Cefotaxcima, Doxiciclina e outras tetraciclinas, Azitrtomicina.
Se a doença for grave – Penicilina G ou Cefta
Se for mais branda – Doxi ou Azitro.
 Tratamento de Suporte e Complicações:

 Profilaxia:

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