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LEPTOSPIROSE

É uma zoonose de notificação compulsória, desde que:


1. O paciente apresente sinais clínicos + antecedentes epidemiológicos sugestivos (30
dias), com exposição aos fatores de risco/atividades que envolvam risco
ocupacional/vínculo epidemiológico/residir ou trabalhar em áreas de risco
2. Sinais como sufusão conjuntival, sinais de IRA, icterícia e sinais de hemorragia

Os roedores são os principais reservatórios de Leptospira sp., sendo o principal sorovar de


roedores o L. icterohaemorrhagiae que afeta humanos e cães. Além disso, cães com icterícia
e propriedades rurais com perdas gestacionais também podem estar relacionados com a
leptospirose, de tal modo que, a doença apresenta determinado caráter ocupacional.

A Leptospira realiza a penetração ativa em pele íntegra, sendo necessárias barreiras


físicas (EPIs).

Para humanos, o principal risco são os roedores em associação com as aguadas (enchentes e alagamentos):
urina, fezes e outras excretas são diluídas na água, favorecendo a penetrância da Leptospira na pele humana.

OBSERVAÇÃO: levar em conta condições ambientais e ocupacionais: uso de EPIs (fatores


de risco e predisponentes). No Brasil, a leptospirose é “endêmica”, sendo os principais fatores
de risco: o período de chuvas, alagamentos e áreas rurais.
➔ quem está sujeito à leptospirose? animais contato com roedores direto ou indireto? passagens
por fazendas. Orientações ao dono do ambiente e do animal (área aberta, seca, com sol +
hipoclorito de sódio). A partir do laudo, é possível prever qual o animal reservatório (ex. em cães
com L. copenhageni, pode-se dizer que o animal teve contato, seja direto ou indireto, com
roedores).
➔ levar em conta que nem sempre a Leptospira é liberada ou está na corrente sanguínea.
➔ FATORES DE RISCO: local com sinais de roedores, água ou lama de enchente, criação de
animais, rio, córrego, lagoa ou represas, lixo e entulho, terreno baldio, roedores (diretamente),
fossas, caixa de gordura ou esgoto, armazenamento de grãos ou alimentos, plantio e colheitas e
outros.

Sinais clínicos e epidemiologia

A leptospirose é caracterizada por um quadro febril a hemorragia pulmonar (óbito). A


maioria das pessoas infectadas não terão sinais clínicos. Em humanos, apresenta letalidade de
até 40% e período de incubação de 30 dias. Os animais e humanos podem se reinfectar,
devido à grande quantidade de sorovares e a não produção de imunidade duradoura.

● em seres humanos, os casos clínicos podem ser classificados em fases precoce e tardia.
Nos animais, a fase precoce é de difícil diagnóstico.
○ FASE PRECOCE: os principais sinais clínicos são febre, cefaleia, mialgia, anorexia,
náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia
conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. É frequentemente diagnosticada como
uma “síndrome gripal”, virose ou outras doenças que ocorrem na mesma época,
como dengue ou influenza.
○ do quadro precoce agravado para a fase GRAVE, pode demorar horas para
evolução.
○ FASE TARDIA: é uma evolução da infecção, na qual a bactéria atingiu os órgãos
alvos, ocorrendo a síndrome de Weil: icterícia, que pode chegar em insuficiência
renal e hepática e quadro hemorragia. A hemorragia pulmonar FAVORECE a
letalidade em mais de 50%. ÓBITO EM 24h.
● a letalidade está aumentada devido à falta de diagnóstico precoce, tratamento
adequado (e tardio) e o sorovar que infecta a pessoa (Leptospira copenhageni).
● a imunidade vacinal é BAIXA, durando cerca de 3 meses. A imunização NO BRASIL
somente existe para ANIMAIS domésticos e de produção.

Existem mais de 200 sorovares com hospedeiros preferenciais NÃO HUMANOS: os seres
humanos não são bons reservatórios para a Leptospira sp. Os gatos não são refratários à
leptospirose, porém, são muito resistentes.

Orientações

NÃO DEVE SER FEITO TRATAMENTO PROFILÁTICO PARA LEPTOSPIROSE: DEVE SE


ESPERAR O SINAL CLÍNICO, pois a grande maioria das pessoas é assintomática.

Para cães contaminados, orienta-se o tutor a despejar hipoclorito de sódio sob urina de
forma não diluída ou amônia quaternária. Aguardar 10 minutos e lavar. Evitar o contato
íntimo com o animal.
➔ cães de caça ou que estão com contato direto com roedores: orientar o tutor sobre a baixa
duração da imunidade vacinal. Necessidade de revacinação?

Em propriedades rurais, orienta-se o proprietário a realizar higienização em estruturas


fechadas, como estábulos. Para áreas abertas, orienta-se a manter o pasto baixo e rotações
de piquetes. Em casos de abortamento por leptospirose, é possível tratar (avaliação de custo x
benefício), não sendo uma recomendação imediata.

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito por testes diretos ou testes indiretos.


● animais o teste ouro é soroaglutinação microscópica ou microaglutinação de soro
(MAT) → titulação 1/100 indica IgM e IgG ativa. Não basta ser feita apenas uma sorologia,
devendo ser feita a sorologia pareada, para definir se o animal continua eliminando a
leptospirose ou não.
● humanos realiza-se, preferencialmente, ELISA, para buscar IgM (infecção aguda).

Os principais testes diretos para humanos E animais são PCR (sangue total, urina e
tecidos), isolamento (sangue total e urina) e imunohistoquímica. Teste direto para animais
pode ser feita a histopatologia post mortem com coloração especial (prata).
● limitações: bacteremia e bacteriúria são intermitentes. Dificuldade no diagnóstico
(falsos negativos).
● o isolamento é pouco feito e é demorado.

Os principais testes indiretos para humanos E animais são MAT, bateria de sorovares e
sorologia pareada (ANIMAIS) e ELISA de IgM (HUMANOS).

Terapia: precoce

No geral, utiliza-se amoxicilina, doxiciclina, azitromicina e claritromicina. O objetivo é utilizar


antimicrobianos com boa penetração em bactérias intracelulares. As Leptospira são
classificadas como bactérias gram negativas (LPS): com o tratamento, há o rompimento das
bactérias e, quando existe bacteremia ativa, pode haver endotoxemia (reação Jarisch-
Herxheimer). Ou seja, pode haver piora significativa durante o tratamento.

Terapia: tardia

Para humanos, utiliza-se penicilina G e ampicilina.

Controle

O controle da leptospirose é feito a partir do


controle de roedores, garantir a melhoria das
condições higiênico-sanitárias da população e
medidas de correção do ambiente e, além disso,
garantir a proteção ao trabalhador exposto.

Outras medidas de controle: imunização


(ANIMAIS), controle de RESERVATÓRIOS (barreiras
físicas, antirratização ou desratização), higiene,
vigilância (epidemiológica e diagnóstico precoce) e
controle de ambiente, água e alimentos.

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