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ARBOVIROSES
Dengue, Chikungunya e Zika
Dengue
1. Características do vírus da dengue
- É um arbovírus de RNA simples (uso do maquinário da célula
invadida para se reproduzir), da família flavivírus;
- É composto por 5 sorotipos, sendo que apenas do 1 ao 4 estão
presentes no Brasil: prevalente nas regiões centro-oeste e sudeste.
- Características do mosquito:
✓ Hábitos diurnos;
✓ Regiões tropicais e subtropicais;
✓ Áreas com ocupação urbana desordenada e com más condições
sanitárias: se reproduz e deposita ovos/larvas em água parada;
Ovos são resistentes à ressecamento por semanas/meses.
✓ Fêmea é a transmissora – se alimenta de sangue para produzir
seus ovos.
- Outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti:
❖ Dengue;
❖ Chikungunya;
❖ Zika;
❖ Febre amarela – no seu ciclo urbano.
- O ciclo de transmissão:
I. Aedes aegypti não infectado;
II. Paciente com dengue picado pelo Aedes aegypti não infectado;
III. Aedes aegypti se torna infectado ao se alimentar de sangue do
paciente infectado e passa; a ser transmissor vitalício da doença
após 8 à 12 dias da picada (período de incubação do mosquito);
IV. Aedes aegypti, agora infectado, pica paciente sem dengue;
V. Paciente sem dengue agora infectado, com sintomas de dengue
após 4 à 10 dias (média 5-6) da picada, tornando-se transmissor
durante a viremia (período em que há vírus circulante no sangue
= 1 dia antes dos sintomas até 5 dias após sintomas).
Período de incubação nos seres humanos:
4 à 10 dias após a picada (média 5-6).
5. Sintomas
75 assintomáticos, 25% com sintomas leves ou moderados à graves.
a. Clássicos – apelido “febre quebra-ossos”
- Febre alta (39 à 40ºC) e súbita, com duração de 2 à 7 dias;
- Mialgia e artralgia;
- Cefaleia;
- Dor retro-orbitária;
- Exantema maculopapular difuso (principalmente em face, tronco,
membros, sem poupar palmas e plantas), do 3º ao 6º dia, que pode
ser pruriginoso ou não e que não se relaciona com gravidade, que
desaparece à digitopressão;
Farmacodermias e sífilis também não poupam palmas e plantas.
- Náuseas e vômitos.
b. Hemorrágicos:
- Petéquias;
- Sangramento de mucosas oral
e conjuntival.
c. Outros:
- Derrame cavitário;
- Derrame pleural;
- Ascite.
7. Manifestações clínicas
I) Febril – sintomas “COMETA”:
Cefaleia / Orbitária (dor retro-orbitária) / Mialgia / Exantema /
Temperatura elevada (febre de 39 à 40ºC) / Artralgia
II) Crítica;
- Fase da remissão da febre (fim da fase da febril), e que mais cursa
com risco de evolução para doença grave pois há aumento da
permeabilidade capilar;
- Ficar atento aos sinais de alarme e às manifestações hemorrágicas;
SINAIS DE ALARME DA DENGUE (SILVA 3H)
Sangramento de mucosa
Irritabilidade ou letargia
Líquido acumulado (ascite, derrame pleural ou derrame pericárdico)
Vômitos persistentes
Abdome doloroso (dor contínua)
Hipotensão postural ou lipotímia
Hepatomegalia (2cm ou mais do rebordo costal D)
Hematócrito elevado (hemoconcentração)
III) Recuperação
- 24 à 48h após a fase crítica, havendo reabsorção do plasma e
melhora clínica gradual.
10. Diagnóstico
A. Caso suspeito
Residência ou viagem à área endêmica nos últimos 14 dias +
Febre (2 a 7 dias) +
2/6 manifestações:
▪ náusea/vômito;
▪ exantema;
▪ mialgia/artralgia;
▪ cefaleia/dor retro-orbital;
▪ petéquias/prova do laço positiva;
▪ leucopenia.
B. Alterações laboratoriais
➢ Hemograma
- Leucopenia/linfopenia – alteração mais precoce;
- Plaquetopenia;
- Elevação do hematócrito – hemoconcentração por perda de líquido
para o 3º espaço.
➢ Alteração hepática
- Elevação de aminotransferases AST/ALT, até 5x LSN e em casos
graves de hepatopatia > 1000;
- Bilirrubina elevada em casos graves de hepatite e falência hepática.
➢ Casos graves
- Hipoalbuminemia por extravasamento plasmático;
- Distúrbios de coagulação: coagulopatia por consumo – aumento de
protrombina/tromboplastina e trombina x diminuição de
fibrinogênio/protrombina/fatores VIII e XII/antitrombina e alfa-
antiplasmina.
C. Confirmação diagnóstica
I. Detecção do vírus
- 1º ao 5º dia do início dos sintomas = viremia;
▪ RTPCR (reação de cadeia polimerase por transcrição reversa):
pesquisa do RNA viral;
▪ Antígeno NS1/teste rápido para dengue: detecta o antígeno do
vírus.
- Vantagem: podem ser usados no início da doença até o 5º dia,
preferencialmente;
- Desvantagem: sensibilidade não é tão boa – se negativo, não pode
ser excluída a possibilidade; porém, se positivo, confirmado o
diagnóstico.
II. Detecção de anticorpos contra o vírus
- Do 6º dia dos sintomas em diante = anticorpos formados;
▪ Sorologia ELISA = IgM da fase aguda, IgG da fase crônica.
- Vantagem: maior sensibilidade;
- Desvantagem: só poder ser realizado a partir do 6º dia de sintomas.
11. Panorama da infecção por dengue x dias de sintomas
12. Prevenção
- Relembrando os hábitos do mosquito: hábitos diurno, em regiões
tropicais e subtropicais e em áreas com ocupação urbana e com más
condições sanitárias – água parada;
- Medidas de prevenção:
o Redução da exposição ao vetor – controle vetorial que protege
em massa;
Mecânico – impedir criadouros: evitar objetos que possam acumular
água parada;
Biológico – estimular seres vivos que possam se alimentar das
larvas/dos mosquitos – ex: peixes em açudes;
Químico – inseticidas para matar mosquitos e larvas (impacto no
ambiente).
o Vacina – proteção individual (Dengvaxia): aprovada no BR em
2015 para pessoas de 9 à 45 anos com infecção prévia por
dengue, formada por quimerismo de vírus atenuado de febre
amarela (contraindicada então para gestantes, nutrizes e
imunossuprimidos), indisponível na rede pública, sendo
necessária 3 doses com intervalo de 6 meses entre elas.
o Cuidados individuais: repelentes (DEET e icaridina) – pode ser
usado em gestantes, telas, mosquiteiros, uso de calças
compridas e camisas de manga longa em áreas de transmissão.
Dentre as principais medidas temos o controle mecânico.
PROVA DO LAÇO
- Detecta fragilidade capilar (disfunção endotelial) e
extravasamento capilar que é a causa do choque, indicada para
todos os pacientes com dengue sem sangramento espontâneo –
se sangramento espontâneo/petéquia já há fragilidade capilar;
- Passo a passo:
1. Média aritmética da PA: Psistólica + Pdiastólica / 2;
2. Insuflar o manguito até a PA média e deixar por 5min em
adultos/3min em crianças;
3. Quadrado no antebraço proximal em quadrado de 2,5cm2.
4. Contar as petéquias no quadrado ao fim do tempo:
Prova do laço positiva: 20 petéquias ou mais em adultos e 10
petéquias ou mais em crianças.
PARENTERAL: grupos C e D;
GRUPO C: 10ml/kg solução isotônica IV em 1h
- Se boa resposta, manutenção:
1ª etapa = 25ml/kg em 6h;
2ª etapa = 25ml/kg em 8h (1/3 solução salina + 2/3 glicose 5%)
GRUPO D: 20ml/kg solução isotônica IV em 20min
- Repetir até 3x.
*Crianças – acesso intraósseo (região tibial) se dificuldade de acesso venoso.
IV. Gestantes
- Automaticamente se encaixa no grupo B;
- A indicação de exames complementares não muda – se necessário
RX, realizar com proteção;
- A cesárea é indicada se PCR sem resposta à RCP por 4-5min
(reduzir pressão sobre VCI).
V. Indicação de internação hospitalar
- Grupos C e D;
- Pacientes com impossibilidade de ingesta de líquidos/alimentos:
vômitos, por exemplo;
- Dificuldade de acesso ao serviço de saúde para acompanhamento
ambulatorial: moradores de rua, pacientes que moram em locais
distantes, questões sociais.