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2024

MANUAL PRÁTICO
DENGUE
Dengue mata. Faça sua parte no PS.
2024

QUERIDO PLANTONISTA,
A dengue é uma doença viral preocupante e prevalente
em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. Nos últimos
meses, nos deparamos com uma série de notícias acerca do
aumento de casos e infelizmente, de mortes causadas por essa
enfermidade. E digo mais, se você é interno ou médico e tem
estado em serviços de emergência e prontos socorros, deve ter
notado o aumento massivo do número de fichas com suspeita
de dengue,
Como profissionais da saúde, saber identificar, tratar e
prevenir são etapas cruciais do nosso papel no controle dessa
arbovirose. E é para isso que estamos aqui. Como referências na
área de Medicina de Emergência, sabemos que nosso papel vai
muito além da Escola de Emergência, queremos levar o
conhecimento a todos que querem salvar mais vidas.
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O QUE É A DENGUE?
A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica,
com amplo espectro clínico, podendo evoluir para formas
graves, e inclusive levar a óbito.

É causada por um vírus da família


Flaviviridae e transmitida principalmente
pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus. Existem quatro sorotipos
virais: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.

EPIDEMIOLOGIA
É marcada por sua presença em áreas tropicais e subtropicais,
onde condições climáticas favorecem a reprodução dos vetores.

Em nosso país, na última década, as epidemias se tornaram


cada vez mais frequentes e significativas. Junto a isso, os casos
de Chikungunya e Zika também se tornaram mais expressivos, e
o número de casos graves e de óbitos deve nos preocupar.

Você pode acompanhar a evolução do número de casos de


Dengue, Chikungunya e Zika no Brasil, nas Américas e no
mundo por meio do site da Organização Pan-Americana de
Saúde e pelos boletins epidemiológicos divulgados pelo
Ministério da Saúde (confira o link ao final!)
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EPIDEMIOLOGIA

Série histórica dos casos prováveis, sorotipos e óbitos por dengue, chikungunya e Zika - Brasil,
Fonte: Sinan Windows/NET/On-line e ESUS-VS (dados atualizados até 04/09/23)

CICLO DE TRANSMISSÃO
A transmissão da dengue se dá pela picada do Aedes aegypti no
ciclo homem - mosquito - homem. Isto é, quando um mosquito
pica uma pessoa infectada, ele adquire o vírus e após 8 a 12 dias
de incubação, se torna apto a transmitir o vírus a outro humano.

O mosquito permanece infectado em todo o seu ciclo de vida


(até 45 dias) e a transmissibilidade se mantém no período de
viremia - um dia antes do início da febre até o 6º dia de doença.
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QUADRO CLÍNICO
O quadro clínica gira em torno de 2 a 7 dias e pode variar desde
uma infecção inaparente até formas graves e fatais.

Fase Febril
Caracterizada por febre alta de início súbito, acompanhada por
cefaleia, adinamia, dores musculares, nas articulações e retro-
orbitária. Outros sintomas incluem náuseas, vômitos, anorexia e
diarreia. A maioria dos casos se define apenas pela fase febril e
se recupera progressivamente com melhora do estado geral.

Fase Crítica
A minoria dos pacientes evolui para essa fase, com início
marcado pelo declínio da febre - entre 3 e 7 dias após seu
aparecimento. É nessa fase que você deve estar atento(a) e
buscar ativamente os sinais de alarme que sugerem uma
possível evolução para a forma grave.

SINAIS DE ALARME DA DENGUE

Dor abdominal intensa e contínua Vômitos persistentes

Derrames cavitários (ascite, derrame


Hipotensão postural ou lipotimia
pleural ou pericárdico)

Hepatomegalia Sangramento de mucosa

Letargia e/ou irritabilidade Aumento progressivo do hematócrito


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QUADRO CLÍNICO
Dengue Grave
As formas graves da doença decorrem do aumento da
permeabilidade vascular e sua possível evolução para o choque
por extravasamento plasmático. Suas manifestações incluem:

Choque por 24 a 48 horas

Hemorragias massivas no trato gastrointestinal e sistema nervoso


central
Fique atento: são mais frequentes em pacientes com histórico de úlcera
péptica ou grastrites e após a ingestão de AAS, AINES e anticoagulantes.

Disfunções graves de órgãos como miocardite, encefalite, hepatite e


lesão renal aguda

Fase de convalescência ou recuperação


Após a fase crítica, ocorre a reabsorção gradual do conteúdo
extravasado e, logo, progressiva melhora clínica.

É comum o aparecimento de rash cutâneo, acompanhado ou


não de prurido generalizado, além de bradicardia e alterações
eletrocardiográficas.
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DIAGNÓSTICO
É predominantemente clínico-epidemiológico e pode ser
confirmado ou descartado por exames laboratoriais. Durante a
avaliação clínica, você deve buscar responder às perguntas:

É um caso suspeito de dengue?

— Presença de febre
— História de viagem ou residência em área
endêmica nos últimos 15 dias
— Dois ou mais sintomas como cefaleia, dor retro-
orbitária, dor muscular, entre outros.

Se sim, em qual fase o paciente se encontra?

Há a presença de sinais de alarme?

Qual é o estado hemodinâmico? Há choque?

Há condições prévias de maior risco de gravidade?

Em qual grupo da classificação de risco se encontra?

Requer hospitalização? Se sim, em observação ou UTI?


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DIAGNÓSTICO
Prova do Laço
A suspeita diagnóstica pode ser complementada pela PROVA
DO LAÇO - um teste de rápida execução que visa verificar a
fragilidade capilar e indicar sangramentos menores sob a pele.
Porém, seu valor na predição de formas graves e como critério
de hospitalização é baixo segunda a literatura mais recente.

Exames Laboratoriais
A confirmação laboratorial do diagnóstico (proteína NS1,
RT-PCR, IgM ELISA) é indicada, se possível, mas sem atrasar
o tratamento do caso.
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CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
E TRATAMENTO
Grupo A (Sem sinais de alarme)
— Acompanhamento ambulatorial
— Hidratação oral adequada
— Sintomáticos para dor e febre (dipirona ou paracetamol)

Grupo B (Prova do Laço + ou Comorbidades)


— Observação em ambiente hospitalar
— Hidratação oral ou parenteral supervisionada
— Reavaliação periódica do hematócrito e dos sintomas

Grupo C (Com sinais de alarme)


— Internação em enfermaria por no mínimo 48h
— Reposição volêmica mais agressiva por via parenteral
— Monitoramento contínuo

Grupo D (Com sinais de gravidade)


— Internação em UTI
— Terapia de suporte avançado para manutenção da função
cardiovascular
— Tratamento de eventuais complicações hemorrágicas ou
choque
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O manejo adequado dos casos de dengue é um verdadeiro


desafio e exige contínua atualização dos profissionais de saúde.
Junto a isso, o envolvimento da população no controle do vetor
pela adoção de práticas preventivas eficazes contribui para o
esforço conjunto da sociedade para a redução da carga da
doença para a saúde pública.

Estamos juntos nessa! Aproveite a aula e se tiver alguma dúvida,


consulte os materiais complementares ou manda pra gente!

PARA COMPLEMENTAR
Site da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO): Clique
aqui

Boletim Epidemiológico - Monitoramento das arboviroses


urbanas: semanas epidemiológicas 1 a 35 de 2023: Clique aqui

Ministério da Saúde - Dengue: diagnóstico e manejo clínico:


adulto e criança – 6. ed. (2024): Clique aqui

Ministério da Saúde - Fluxograma do Manejo Clínico da Dengue


(2024): Clique aqui

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