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PROGRAMA Módulo:

Doenças
DE EDUCAÇÃO
Emergentes
PERMANENTE (Dengue, Zika Vírus,
EM SAÚDE Chikungunya
DA FAMÍLIA e Outras)

UNIDADE 2
Manejo clínico das
arboviroses na
atenção básica

Aristides Vitorino de
Oliveira Neto
Atenção! A Unidade a seguir nos trará subsídios para a qualificação de nossa atuação pro-
fissional no território.

Esta Unidade é de extrema importância, pois tem o objetivo de subsidiar o manejo dos usu-
ários com arboviroses na atenção básica, o que inclui a suspeita clínica, diagnóstico diferen-
cial e tomada de decisões terapêuticas.

Vale ressaltar que a atenção básica deve ser, e geralmente é, o primeiro contato das pessoas
com o Sistema Único de Saúde. Dessa forma, comumente procuram a Unidade Básica de
Saúde (UBS) apresentando quadros iniciais e clinicamente indiferenciados, o que se configu-
ra em um desafio para a equipe na suspeita e diagnóstico diferencial, impactando em toda a
cadeia de cuidados que vai desde o tratamento na própria unidade de atenção básica, noti-
ficação (que será abordada na Unidade 3), até a internação hospitalar, caso seja necessária.

Você se lembra da nossa situação problema? Esses quadros indiferenciados estavam pre-
sentes na população atendida pelo médico Alfredo e pelo enfermeiro Carlos. Eles estavam
confusos sobre as manifestações clínicas que os usuários apresentavam, o que dificultava o
diagnóstico das arboviroses.

Entre as três principais arboviroses, a dengue é a que tem maior potencial de complicações
e maior mortalidade (BRASIL, 2016b). A chikungunya possui maior morbidade relacionada
a sequelas reumatológicas, que provocam dores crônicas e limitações que impactam nas
atividades cotidianas e laborais (BRASIL, 2015). A Zika possui particularidades referentes à
síndrome congênita que acomete recém-nascidos de mulheres infectadas durante a ges-
tação e, por isso, envolve cuidados integrais à criança, planejamento familiar e acesso aos
benefícios da assistência social (BRASIL, 2017b).

Agora, vamos aprender um pouco sobre dengue? Como você lida com a dengue no seu território?

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 2
Aula 1: Dengue

Manifestações clínicas
A classificação da dengue, que passou a ser utilizada a partir de 2014, ressalta que se trata
de uma doença dinâmica e sistêmica, a qual pode evoluir para a cura (remissão) ou pode
agravar e levar ao óbito, o que exige reavaliação e observação constantes.

Nesse sentido, além da abordagem terapêutica que visa evitar o agravamento e o óbito, é
importante a organização dos serviços de saúde, especialmente em situação de epidemia
como vamos abordar posteriormente.

As apresentações clínicas da dengue podem ser desde assintomática ou oligossintomáticas,


até quadros graves, que incluem o choque com ou sem hemorragias, podendo culminar com
o óbito. Pode ser dividida em três fases: febril, crítica e de recuperação (BRASIL, 2017a).

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Fase febril
Vamos aprender sobre as manifestações clínicas da fase febril da dengue?

Nessa fase, há recuperação gradativa da maioria dos indivíduos, com melhora do estado
geral e retorno do apetite (BRASIL, 2016b).

Fase crítica
Tem início com a defervescência (diminuição ou desaparecimento) da febre, entre o tercei-
ro e o sétimo dia do início da doença, acompanhado do surgimento dos sinais de alarme,
podendo evoluir para as formas graves e, por esta razão, são necessárias medidas diferen-
ciadas de manejo clínico e de observação (BRASIL, 2016b).

Dengue com sinais de alarme

A maioria dos sinais de alarme resulta do aumento da permeabilidade vascular. O surgimen-


to de sinais de alarme marca o início do deterioramento do quadro do paciente com dengue
e a possibilidade de evolução para o choque (BRASIL, 2016a).

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SINAIS DE ALARME NA DENGUE

• Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua

• Vômitos persistentes

• Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico)

• Hipotensão postural e/ou lipotimia

• Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal

• Sangramento de mucosa

• Letargia e/ou irritabilidade

• Aumento progressivo do hematócrito

Os sinais de alarme devem ser ativamente questionados e pesquisados para


que as intervenções sejam tomadas.

Fonte: Brasil (2016a).

Dengue grave

Trata-se do quadro clínico que é consequência do extravasamento de plasma, que pode


levar ao choque ou acúmulo de líquidos, sangramento grave e disfunção orgânica – coração,
pulmões, fígado, rins, sistema nervoso central (BRASIL, 2016a).

Algumas manifestações clínicas são resultado do acúmulo de líquidos nas cavidades corpo-
rais, como o desconforto respiratório secundário ao derrame pleural e o aumento de volu-
me abdominal secundário à ascite. Além disso, o extravasamento pode ser percebido pelo
aumento do hematócrito, um importante marcador de gravidade (BRASIL, 2016a).

Choque

É uma das formas de dengue grave e ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido
por meio do extravasamento, o que comumente acontece entre os dias quatro ou cinco (com
intervalo entre três a sete dias) de doença. É precedido, frequentemente, por sinais de alarme.
O período de extravasamento plasmático e choque evolui rapidamente (entre 24 e 48 h), o que
impõe atenção à equipe para observar as alterações hemodinâmicas (BRASIL, 2016a).

O paciente em choque na dengue pode evoluir para o óbito em pouco tempo. O estado de
choque pode levar a um quadro de acidose metabólica e coagulação intravascular dissemi-
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nada, o que leva, por sua vez, a hemorragias graves com consequente diminuição do hema-
tócrito e agravamento do choque. Por isso, a terapia antichoque apropriada deve ser inicia-
da no momento oportuno. Além do choque hipovolêmico, por extravasamento do plasma e
hipoperfusão de órgãos vitais, pode haver choque cardiogênico (BRASIL, 2016a).

Hemorragias graves

Dengue sem choque, mas associada à hemorragia massiva também é classificada como den-
gue grave. Isso ocorre quando esse tipo de hemorragia está localizado no aparelho digestivo
e é mais frequente naqueles indivíduos com história prévia de úlcera péptica e pode estar
associada ao uso de ácido acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios não hormonais e anticoa-
gulantes (BRASIL, 2016a).

Disfunções graves de órgãos

As manifestações neurológicas podem ocorrer no período febril ou na fase de convalescên-


cia, sendo possível o surgimento de:

-Convulsões

-Irritabilidade

-Meningite linfomonocítica
MANIFESTAÇÕES
-Encefalite
NEUROLÓGICAS
-Síndrome de Reye

-Polirradiculoneurite

-Polineuropatias (síndrome de Guillain-Barré)

Fonte: Brasil (2016a).

A forma grave da dengue pode se manifestar por comprometimento de alguns órgãos,


levando à hepatite, à encefalite ou a miocardites, mesmo sem o extravasamento plasmático
ou o choque. Essas manifestações podem ser identificadas pelo eletrocardiograma (taqui-
cardias e bradicardias; inverso da onda T e do segmento ST; elevação das enzimas cardíacas;
elevação das enzimas hepáticas, podendo subir 10 vezes; elevação do tempo de protrombi-
na). A insuficiência renal aguda é pouco frequente e geralmente cursa com pior prognóstico
(BRASIL, 2016a).

Após esses conhecimentos sobre a fase crítica, estamos entusiasmados, assim como a equi-
pe na USF Monte da Lua, para conhecermos a fase de recuperação.

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Fase de recuperação
Após a fase crítica, pode haver a reabsorção gradual do líquido extravasado e uma melhora
clínica progressiva. A seguir, algumas manifestações dessa fase.

-Normalização ou aumento do débito urinário

-Bradicardia/mudanças no ECG
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS NA FASE DE -Rash cutâneo acompanhado ou não de pruri-
RECUPERAÇÃO do generalizado

-Infecções bacterianas podem surgir (poden-


do ser grave)

Fonte: Brasil (2016b).

Agora que vimos as fases que um paciente com dengue apresenta em suas manifestações
clínicas, vamos discutir sobre o exame físico para a dengue?

Exame físico
O exame físico geral, em caso de suspeita ou de diagnóstico de dengue, deve focar no diagnóstico
diferencial e, sobretudo, na identificação de sinais de alarme e sinais de choque (BRASIL, 2016b).
Estamos sistematizando os principais aspectos que devem ser valorizados no exame físico.

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• Temperatura.

• Qualidade de pulso.

• Frequência cardíaca/pressão arterial/pres-


são de pulso/PAM.

• Frequência respiratória.

• O estado de consciência com a escala de


Glasgow.

• O estado de hidratação.

• O estado hemodinâmico: pulso e pressão


arterial, determinar a pressão arterial
EXAME FÍSICO NA média e a pressão de pulso ou pressão
DENGUE diferencial, enchimento capilar.

• Verificar a presença de derrames pleurais,


taquipneia, respiração de Kussmaul.

• Pesquisar a presença de dor abdominal,


ascite, hepatomegalia.

• Investigar a presença de exantema, peté-


quias ou sinal de Herman “mar vermelho
com ilhas brancas”.

• Buscar manifestações hemorrágicas


espontâneas ou provocadas (prova do
laço, que frequentemente é negativa em
pessoas obesas e durante o choque).

Fonte: Brasil (2016b).

Já que conheceram os aspectos que devem ser valorizados no exame físico, vamos avançar
e compreender sobre a prova do laço? Do que será que se trata essa prova?

Prova do laço
• Deve ser realizada em todos os indivíduos com suspeita de dengue e que não apresente sangra-
mento espontâneo.

• Se der negativa, deverá ser repetida nas avaliações subsequentes.

Técnica

1) Aferir a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2.
2) Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco minutos nos adultos e três minutos em crianças.
3) Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas
dentro dele.
4) A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças (BRASIL, 2016a).

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Fique atento para as orientações a seguir!

• Atenção para o surgimento de possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.

• A prova do laço pode ser interrompida se apresentar positiva antes do tempo preconizado para
adultos e crianças.

• A prova do laço, frequentemente, pode ser negativa em pessoas obesas e durante o choque.
(BRASIL, 2016a)

O exame físico deve ser sistemático e objetivo, de modo que possa


esclarecer o diagnóstico e embasar a decisões terapêuticas. Dessa
forma, a partir da propedêutica e do hemograma completo, os profis-
sionais médicos devem estar aptos a responder às seguintes questões
(BRASIL, 2016a):

• É dengue?

• Em que fase (febril/crítica/recuperação) o paciente se encontra?

• Tem sinais de alarme?

• Qual o estado hemodinâmico e de hidratação? Está em choque?

• Tem condições preexistentes?

• O paciente requer hospitalização?

• Em qual grupo de estadiamento (grupos A, B, C ou D) o paciente se encontra?


Fonte: Brasil (2016a).

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Como visto anteriormente, o Ministério da Saúde orienta a estratificação de risco para a
dengue a partir de aspectos clínicos e laboratoriais, com o objetivo de orientar as interven-
ções terapêuticas em momento oportuno.

Acesse o manual Dengue: diagnóstico e manejo clínico (adulto e criança),


disponível na biblioteca do curso ou no link <http://portalarquivos2.
saude.gov.br/images/pdf/2016/janeiro/14/dengue-manejo-adulto-
-crianca-5d.pdf>, e estude o fluxograma para classificação de risco
da dengue.

Aspectos clínicos na criança e na gestante


O manejo das manifestações clínicas na criança pode ser problemático e requer atenção da
equipe de saúde.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NAS CRIANÇAS

• Quadro assintomático

• Síndrome febril viral clássica

• Sinais e sintomas inespecíficos (adinamia, sonolência, recusa da alimentação e de


líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas)
Menores de dois anos

A mialgia e artralgia pode se manifestar por choro persistente, adinamia e


irritabilidade

TEMOS QUE ATENTAR PARA

1) O início da doença pode passar despercebido e o quadro grave ser identifica-
do como a primeira manifestação clínica.
2) O agravamento, em geral, é mais súbito do que ocorre no adulto, em que os
sinais de alarme são mais facilmente detectados.

Fonte: Brasil (2016a)

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A dengue na criança pode ser assintomática ou apresentar-se como uma síndrome febril
clássica viral, ou com sinais e sintomas inespecíficos: adinamia, sonolência, recusa da ali-
mentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. Nesses casos, os critérios
epidemiológicos ajudam o diagnóstico clínico. Nos menores de 2 anos de idade, os sinais e
os sintomas de dor podem manifestar-se por choro persistente, adinamia e irritabilidade,
podendo ser confundidos com outros quadros infecciosos febris, próprios da faixa etária. O
início da doença pode passar despercebido e o quadro grave ser identificado como a primei-
ra manifestação clínica. O agravamento, em geral, é mais súbito do que ocorre no adulto, em
que os sinais de alarme são mais facilmente detectados (BRASIL, 2016b).

E na gestante? Quais são os aspectos clínicos?

ASPECTOS CLÍNICOS NA GESTANTE

Nas gestantes com dengue, os principais riscos estão relacionados à exacer-


bação de sangramentos de origem obstétrica e às alterações fisiológicas da
gravidez.

Existe o risco aumentado de abortamento e baixo peso ao nascer.

Gestantes com sangramento, independentemente, da idade gestacional


devem ser questionadas sobre febre nos últimos 7 dias.

Fonte: Brasil (2016a).

Vamos nos lembrar da nossa situação problema? Tanto a usuária Dona Margarida quanto
o enfermeiro Carlos se preocupam com as gestantes, principalmente as acometidas pelo
Zika vírus. Por enquanto vamos ver o manejo das manifestações clínicas na gestante que
também requer atenção da equipe de saúde. Assim, conhecedores das manifestações
clínicas, tanto a equipe da USF como você, poderão intervir de forma a obter maior
resolutividade no cuidado à gestante.

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Diagnóstico diferencial
Devido às características da dengue, pode-se destacar seu diagnóstico diferencial em sín-
dromes clínicas.

Fonte: Brasil (2016)

Devido à circulação concomitante do vírus da dengue, do ZIKV e do CHIKV, é preciso estar


atento ao diagnóstico diferencial entre estas três arboviroses. A seguir, estão os quadros
com as diferenças que podem ser observadas (BRASIL, 2016a):

Choque com
Choque compensado
Parâmetros Choque ausente hipotensão (fase
(fase inicial)
tardia)
Taquicardia intensa,
Frequência
Normal Taquicardia com bradicardia no cho-
cardíaca
que tardio

Temperatura normal e frias, úmidas, pálidas ou


Extremidades Distais, frias
rosadas cianóticas

Intensidade do
Pulso forte Pulso fraco e filiforme Tênue ou ausente
pulso periférico

Enchimento Muito prolongado, pele


Normal (<2 segundos) Prolongado (>2 segundos)
capilar mosqueada

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Choque com
Choque compensado
Parâmetros Choque ausente hipotensão (fase
(fase inicial)
tardia)
Hipotensão (ver a
Normal para a idade
Redução de pressão do seguir). Pressão de pulso
Pressão arterial e pressão de pulso
pulso (<= 20 mm Hg) <10 mm Hg. Pressão
normal para a idade
arterial não detectável
Acidose metabólica,
Ritmo respira-
Normal para a idade Taquipneia hiperpneia ou respira-
tório
ção de Kussmaul
Oliguria persistente.
Diureses Normal 1,5 a 4 ml/kg/h Oliguria < 1,5 ml/kg/h
< 1,5 ml/kg/h

Tabela 1 – Avaliação hemodinâmica: sequência de alterações hemodinâmicas.

Fonte: Brasil (2016b).

Manifestação clínica/laboratorial Dengue Chikungunya

Intensidade da febre ++ +++

Exantema + (D5-D7) ++ (D1-D4)

Mialgia ++ +

Artralgia +/- +++

Dor retro-orbital +++ +

Sangramentos ++ -/+

Choque -/+ -

Plaquetopenia +++ +

Leucopenia +++ ++

Linfopenia ++ +++

Neutropenia +++ +

Artralgia crô-
Evolução após fase aguda Fadiga
nica

Tabela 2 – Diagnóstico diferencial: dengue x chikungunya.

Fonte: Brasil (2016b).

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Manifestação clínica/laboratorial Dengue Zika

Intensidade da febre ++ +/ausente

Exantema + (D5-D7) ++++ (D2–D3)

Mialgia ++ +

Artralgia +/- +

Dor retro-orbital +++ ++

Conjuntivites -/+ +++

Sangramentos ++ -

Choque -/+ -

Leucopenia/trombocitopenia +++ -

Tabela 3 – Diagnóstico diferencial: dengue x zika.

Fonte: Brasil (2016a).

Durante os primeiros dias de enfermidade, quando é quase impossível diferenciar dengue


de outras viroses, recomenda-se a adoção de medidas para manejo clínico de dengue con-
tidas no manual Dengue: diagnóstico e manejo clínico do Ministério da Saúde, publicado em
2016, uma vez que esse agravo apresenta elevado potencial de complicações e morte quan-
do comparado a outras arboviroses como Zika e chikungunya.

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Aula 2: Chikungunya

Manifestações clínicas
O quadro clínico da chikungunya é parecido com o da dengue – febre aguda de início, dores
articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clíni-
ca que as difere são as fortes dores nas articulações. A doença pode evoluir em três etapas
subsequentes: fase aguda (ou febril), fase subaguda e fase crônica. Embora não apre-
sente alta letalidade, tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à
artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade
de vida (BRASIL, 2015).

O período de incubação antecede o início da fase aguda ou febril, que dura até o décimo dia.
Após o término da fase aguda, alguns indivíduos permanecem com dores articulares, o que
caracteriza a fase subaguda, com duração de até 3 meses. Quando os sintomas persistem
por mais de três meses, inicia-se a fase crônica (BRASIL, 2015).

O sexo e a idade são fatores que podem determinar a sintomatologia. Sintomas como vômi-
tos, úlceras orais, sangramentos e úlceras orais parecem estar mais associados ao sexo
feminino; ao passo que a artralgia, o edema e a maior duração da febre são mais preva-
lentes em indivíduos com maior idade. Os casos mais graves e os óbitos são mais comuns
em usuários com comorbidades e em extremos de idade – muito novos ou muito idosos
(BRASIL, 2015).

Dê um giro pelo seu bairro e observe se há muitas pessoas expostas à chikungunya. Con-
verse com os moradores de seu território e verifique quais os fatores de risco que estão
presentes no local.

Nunca é demais lembrar: um grande aliado da equipe é o agente


comunitário de saúde. Ele circula muito pelo bairro, portanto, é capaz
de nos fornecer dicas importantes.

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Importante ficar atento às manifestações atípicas e graves da chikungunya que, em áreas de
circulação do CHIKV, podem não estar acompanhadas de febre ou artralgia.

O infográfico a seguir, extraído do manual Febre de Chikungunya: manejo clínico, do Ministério


da Saúde, sistematiza as principais formas atípicas (BRASIL, 2015).

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As formas graves da chikungunya são mais prevalentes em indivíduos com comorbidades
(história de convulsão febril, anemia falciforme ou talassemia, hipertensão arterial sistêmica,
diabetes, asma, doenças reumatológicas, etilismo, insuficiência cardíaca) ou idade > 65 anos.
São consideradas formas graves aqueles indivíduos com chikungunya que apresentarem qua-
dro clínico que necessite de terapia intensiva ou tenha risco de morte (BRASIL, 2015).

Depois do giro pelo bairro, você já pode nos responder se teve contato com pessoas da
comunidade com essas manifestações clínicas? E o que foi feito?

Agora que o tema já é do nosso conhecimento, ou seja, as formas e as manifestações de


chikungunya, vamos estudar sobre as fases da doença.

Fase aguda ou febril


Da mesma forma que na dengue, a fase aguda da chikungunya pode apresentar uma
constelação de sinais e de sintomas que envolve vários sistemas e, por isso pode ser confun-
dida com outras doenças, sobretudo com viroses inespecíficas, exigindo da equipe um olhar
atento para a realização do diagnóstico diferencial e a realização das condutas adequadas.
Essa fase dura cerca de 10 dias e se caracteriza, principalmente, por febre de início súbito
e poliartralgia (BRASIL, 2015).

Para melhor sistematização e compreensão, os sinais e sintomas da fase aguda da chikun-


gunya serão apresentados em infográfico, e dividido em: quadro típico; sinais e sintomas
osteomusculares; sinais e sintomas cutâneos; outros sinais e sintomas; e sinais e sintomas
no recém-nascido (transmissão vertical) (BRASIL, 2015).

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O risco de transmissão vertical não varia de acordo com a via de parto.

O CHIKV não está relacionado a efeitos teratogênicos e o abortamento


espontâneo ocorre raramente (poucos relatos).

O vírus não é transmitido pelo aleitamento materno (BRASIL, 2015).

Para visualizar imagens de lesões articulares e cutâneas em indivíduos


com chikungunya, acesse o Manual do Ministério da Saúde Febre de
Chikungunya: manejo clínico, disponível na biblioteca do curso ou no
link < http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/maio/31/
chikungunya_manejo_clinico_2017.pdf >.

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Fase subaguda
A fase subaguda da chikungunya tem início após o 10° dia de doença e dura três meses,
caracterizando-se pela permanência da poliartralgia. A seguir, você verá as características
clínicas dessa fase de forma sistematizada (BRASIL, 2015).

• Febre desaparece, podendo haver


recorrência.

• Pode haver persistência ou agra-


vamento da artralgia (incluindo
SINAIS E SINTOMAS QUE poliartrite distal, exacerbação da
NORMALMENTE SURGEM NA dor articular nas regiões previamen-
FASE SUBAGUDA te acometidas na primeira fase e
tenossinovite hipertrófica subaguda
em punhos e tornozelos; costuma
ser acompanhado por edema de
intensidade variável).

• Astenia.

• Prurido generalizado.

• Exantema maculopapular.
SINAIS E SINTOMAS QUE PODEM
ESTAR PRESENTES NA FASE • Lesões purpúricas, vesiculares e
SUBAGUDA bolhosas.

• Alguns indivíduos podem desen-


volver doença vascular periférica,
fadiga e sintomas depressivos.

Fonte: Brasil (2015).

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Fase crônica
Se os sintomas persistirem por mais de três meses, após o início da doença, estará instalada
a fase crônica. Estudos mostram que cerca de 50% das pessoas evoluem para a fase crônica.
A cronificação é mais comum em indivíduos com mais de 45 anos, com problemas articula-
res prévios e aqueles com quadro mais exacerbado na fase aguda (BRASIL, 2015).

Persiste ou recidiva o comprometimento


articular nas mesmas articulações acome-
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS tidas na fase aguda, caracterizado por dor
com ou sem edema, limitação de movimen-
to, deformidade e ausência de eritema

OBSERVAÇÕES: a) As manifestações articulares, em geral, são poliarticu-


lares e simétricas, podendo ser assimétricas e monoarticulares. b) Alguns
indivíduos podem evoluircomo artropatia obstrutiva (semelhante à artrite
psoriática ou reumatoide).
• Fadiga.

• Cefaleia.

• Prurido.

• Alopecia.

• Exantema.

• Bursite/tenossinovite.
OUTRAS MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS DA FASE CRÔNICA • Disestesia/parestesia/dor neuropá-
tica.

• Fenômeno de Raynaud.

• Alterações cerebelares/distúrbios do
sono/alterações da memória/déficit
de atenção.

• Alterações do humor/depressão.

• Turvação visual.

Fonte: Brasil (2015).

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Diagnóstico diferencial
Após discutirmos as características clínicas na chikungunya, é possível pensar no diagnós-
tico diferencial, que está centrado em outras doenças febris associadas à artralgia. Dessa
forma, o principal diagnóstico diferencial, dado o quadro epidemiológico atual, é a dengue.
A seguir, observe os principais diagnósticos diferenciais da chikungunya (BRASIL, 2015).

• Dengue

• Leptospirose
PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS DA • Febre reumática
CHIKUNGUNYA
• Malária

• Artrite séptica

Fonte: BRASIL, 2015

Anamnese, exame físico e exames laboratoriais


O exame físico e a anamnese detalhados são importantes ferramentas utilizadas na atenção
básica para o diagnóstico dos pacientes com suspeita ou com de chikungunya confirmada. A
suspeita deve ocorrer quando houver contato com indivíduo que procura a unidade básica de
saúde com quadro febril associada à poliartralgia ou, simplesmente, com poliartralgia. Além
disso, é fundamental para realizar acompanhamento adequado de paciente com diagnóstico
prévio de chikungunya que evoluiu para as fases subaguda e crônica (BRASIL, 2015).

As informações essenciais a serem colhidas na anamnese estão resumidas no quadro na


página a seguir.

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ANAMNESE NA CHIKUNGUNYA

Tempo de doença e início dos sintomas.

GERAL Relação entre início da febre e as manifestações articulares.

Caracterizar a febre e manifestações associadas.


História de convulsão febril.

Diabetes.

Asma.

Insuficiência cardíaca.

FATORES DE RISCO Doenças reumatológicas.

Consumo abusivo de álcool.

Anemia falciforme.

Talassemia.

Hipertensão arterial sistêmica.

Investigar uso de medicamentos (ácido acetilsalicílico e anti-inflamató-


MEDICAMENTOS
rios não hormonais)

Exantema (localização e relação temporal com a febre).

Prurido.

Dermatite esfoliativa.

Hiperpigmentação.
PELE
Lesões por fotossensibilidade.

Lesões simulando eritema nodoso.

Úlceras orais.

Bolhas e vesículas.
Caracterizar a artropatia (duração, intensidade, localização das articu-
ARTICULAÇÕES lações primariamente envolvidas, progressão para outras articulações,
natureza aguda ou insidiosa, periodicidade das dores).

Dor ocular, diminuição da acuidade visual, turvação visual, moscas


OLHOS
volantes e olho vermelho.

Investigar características que a diferenciem de outras causas (por exem-


DOR LOMBAR
plo, comprometimento discal ou lombalgia mecânica comum).

Convulsões.

Paresia/paresthesia.

SISTEMA NERVOSO Tontura.

Rebaixamento do nível de consciência.

Cefaleia.

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Dor abdominal.
GASTROINTESTINAL
Náusea/vômitos.
PROCEDÊNCIA/ Questionar sobre procedência e história de viagens para área endêmica/
VIAGENS RECENTES epidêmica para chikungunya.

CASOS
Questionar sobre casos semelhantes perto do domicílio ou trabalho.
SEMELHANTES

Quadro 1: Anamnese na chikungunya.

Fonte: Brasil (2015).

O exame físico deve estar direcionado para sua diferenciação com a dengue, com ênfase
na identificação de sinais de alerta e de choque, abordados na Aula 1 desta Unidade. No
indivíduo com chikungunya, o exame físico deve incluir, necessariamente, alguns aspectos
sistematizados no quadro a seguir.

EXAME FÍSICO NA CHIKUNGUNYA

Pressão arterial em duas posições, frequência cardíaca e respiratória e


SINAIS VITAIS
temperatura axilar.

PELE Busca de lesões maculares, papulares, vesiculares ou bolhosas.

EXAME
Quando queixas na anamenese forem mencionadas.
NEUROLÓGICO

EXAME
Quando queixas na anamenese forem mencionadas.
OFTALMOLÓGICO
Frequentemente não se percebem sinais de calor e rubor nas articula-
ções acometidas. Dessa forma, deve se buscar no exame físico:

• alteração da pele;

• aumento do volume;

EXAME ARTICULAR • crepitação ou estalido;

• deformidade;

• limitação da mobilidade;

• dor ou atrofia muscular;

• nodulação.

EXAME FÍSICO • Mãos: observar presença de edema, forma e dimesão, paralisia,


DE MEMBROS atrofia e, contratura muscular.
INFERIORES E • Demais articulações dos membros: deve seguir os aspectos apon-
SUPERIORES tados acima no exame físico articular.

Quadro 2: Exame físico na chikungunya.

Fonte: Brasil (2015).

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 24
A solicitação de exames laboratoriais em casos suspeitos de chikungunya deve estar atre-
lada à estratificação de risco. A seguir, estão listados os principais exames a serem solicita-
dos, a depender do quadro clínico (BRASIL, 2015).

Exames laboratoriais na chikungunya


• Hemograma (obrigatório para todos os indivíduos do grupo de risco).

• Transaminase/eletrólitos/creatinina (indivíduos com sinais de gravidade e critérios de internação).

Observação: Para os indivíduos que não se enquadrarem nesses critérios, a solicitação de


exames fica a critério médico.

O diagnóstico laboratorial deve ser perseguido durante o surgimento


dos primeiros casos, no entanto, uma vez estabelecida a transmissão
sustentada, nem todos os pacientes necessitarão de confirmação labo-
ratorial. Nesse contexto, deve-se reservar a investigação laboratorial
para os casos graves ou com as manifestações atípicas. É importante
seguir as recomendações do serviço de vigilância epidemiológica
e considerar a confirmação clínico-epidemiológica nas áreas com
transmissão (BRASIL, 2015).

Você se lembra de que em aula anterior falamos da importância de


recorrermos às recomendações das vigilâncias, em especial da epi-
demiológica? Veja na prática a importância dessas áreas para nos
subsidiar e nos trazer mais segurança no cotidiano do nosso trabalho.

Conduta
A conduta terapêutica na chikungunya está centrada no tratamento sintomatológico,
hidratação e repouso.

A atenção básica tem um papel estratégico no manejo dos pacientes com chikungunya, na
medida em que os conhecem (seus hábitos, comorbidades, medicações em uso etc.) e estão
próximos, o que permite um acompanhamento mais adequado, com destaque para os cui-
dados acerca da automedicação, do uso de medicações contraindicadas na fase aguda e
da possibilidade de orientação sobre medidas analgésicas não medicamentosas. Além dis-
so, neste ponto da rede de atenção, é possível realizar cuidado longitudinal para aqueles
pacientes que evoluírem para a fase subaguda e, principalmente, crônica (BRASIL, 2015).

Na fase aguda, os pacientes podem ser acompanhados ambulatorialmente na Unidade Bási-


ca, não precisando de monitoramento diário e devendo ser orientados a retornarem em
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 25
caso de persistência da febre por mais de cinco dias, surgimento de sinais de gravidade ou
persistência de danos articulares (BRASIL, 2015).

A seguir, observe os principais aspectos relacionados à conduta na fase aguda da chikungunya.

No caso das fases subaguda e crônica, as condutas estarão focadas no manejo do acome-
timento articular, que inclui o alívio da poliartralgia, com o objetivo de aumentar a qualidade
de vida e a manutenção da autonomia dos pacientes em desenvolver suas atividades do dia
a dia e laborais (BRASIL, 2015).

Vamos relembrar a situação problema deste módulo? Dona Ednelza e Dona Margarida con-
versavam sobre as manifestações clínicas que as pessoas da comunidade estavam apresen-
tando. Dona Margarida, em especial, apresentava dores nas articulações, o que pode ser
característico de chikungunya.

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 26
Outro ponto importante que contribui para uma atuação profissional
de qualidade é a inserção e atuação junto à comunidade, pois ao
conhecermos a forma como as pessoas vivem, seus valores, suas
crenças e costumes, poderemos elencar os principais problemas
e as peculiaridades do território, possibilitando aos profissionais
encontrarem, de maneira integrada, soluções inovadoras que possam
melhorar as condições de vida no bairro.

Apesar do acometimento articular ser o principal problema nessas fases, ainda é possível outras
manifestações clínicas: inapetência, sono não reparador, comprometimento laboral e de ativida-
des diárias, urgência e incontinência urinária, alterações do humor e depressão (BRASIL,2015).

A persistência das dores articulares e a perda de autonomia, frequentemente, geram senti-


mento de frustração e irritabilidade nos pacientes, além de induzir uma procura frequente
às Unidades Básicas de Saúde em busca de alívio para dor, e com a perspectiva de realizar
exames ou serem encaminhados à especialistas, condutas que devem ser criteriosamente
consideradas (BRASIL,2015).

Vamos ver alguns aspectos relacionados às condutas nas fases subaguda e crônica?

DIPIRONA: droga de escolha.


DOR CLORIDRATO DE TRAMADOL: associa-
do à dipirona, se necessário.
O alívio da dor não significa, necessa-
riamente, a diminuição da resposta
inflamatória.

AINES: devem ser utilizados por via


oral por, no máximo, 7 dias em caso
de refratariedade ao uso de analgési-
cos (observação: contraindicados em
pacientes com história de úlceras gás-
INFLAMAÇÃO
tricas/duodenal e utilizado com cautela
em idosos).

CORTICOIDES: utilizados por via oral


(VO) em caso de artralgia subaguda
e crônica não responsiva a AINES e
analgésicos, em pacientes com dor
moderada a intensa, poliarticular e
debilitante.

Fonte: Brasil (2015).

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 27
Na fase crônica, o corticoide é uma importante “arma” no manejo da dor poliarticular crô-
nica refratária ao uso de AINE e analgésicos. No entanto, deve ser utilizado com cuidado,
devido aos efeitos colaterais secundários ao uso prolongado e a doses elevadas.

O corticoide padrão utilizado na chikungunya é a prednisona (BRASIL, 2015). A seguir, os


efeitos da prednisona de acordo com as doses.

EFEITO DOSE DA PREDNISONA

Anti-inflamatório < ou = 0,5 mg/kg/dia

Anti-inflamatório – início de ação


> 0,5 mg/kg/dia < 1 mg/kg/dia
imunossupressora

Imunossupressora > 1mg/kg/dia

Fonte: Brasil (2015).

Algumas orientações acerca do uso da prednisona (BRASIL, 2015).

Pode-se iniciar com uma dose de 20 mg/dia administrada no período


da manhã, e sendo mantida até a dor articular cessar por completo e,
depois disso, manter por mais três dias. Para acompanhar o impacto
terapêutico, deve-se observar a qualidade da deambulação e o con-
trole da dor.

Caso a dor não cesse completamente, deve-se diminuir a dose para


10 mg/dia por mais três dias. Se a dor cessar, suspender ao final
desses três dias.

O tempo máximo para manutenção da dose inicial (20 mg/dia) é de


21 dias, tempo em que, habitualmente, não há riscos de insuficiência
adrenal induzida.

Acima de 21 dias, na ausência de resposta, considerar a associação


com opioides, com suspensão ou não da prednisona, o que depende
da sua resposta e na ausência efeitos colaterais dela. Durante as
fases de desmame em função da melhora, em caso de retorno da
dor, retornar à dose anterior e tentar novo desmame somente após
cinco dias da resolução dos sintomas e, assim, por diante até retirada
completa da medicação.

Vamos conhecer os principais medicamentos utilizados no manejo da dor na chikungunya?

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 28
Droga Apresentação Posologia Observações

g 500 mg a intervalos de 4 Não se utiliza


a 6 horas (não exceder 8 comprimido em
Paracetamol comprimidos/dia) ou 750 mg menores de 12
Comp. de 500 e 750 mg
comprimidos a intervalos de 6 a 8 horas anos. Dose máxima
(não exceder 5 comprimi- de paracetamol: 4
dos/dia) gramas/dia

Menores de 12 anos: 1gt/kg < 12 anos: não exce-


de peso a intervalo de 4 a 6 der 35 gotas, nem
horas (não exceder 35 gotas, exceder 5 adminis-
nem exceder 5 administra- tração/24h.

200 mg/ml (1 ml = 15 ção/24h) >12 anos: não exce-


Paracetamol
gotas = 200 mg; 01 gota = Maiores de 12 anos: 35 a 55 der 4 gramas/dia
gotas
13 mg) gotas, 3 a 5 vezes ao dia (não que corresponde a
exceder 4 gramas/dia que 275 gotas/dia.
corresponde a 275 gotas/dia. Dose máxima 55
Dose máxima 55 gotas até o gotas até o máximo
máximo de 5 tomadas/dia) de 5 tomadas/dia)
Adultos e > 15 anos: 1 a 2
Dipirona comp. de 500 mg até 4 x/dia
Comp. 500 mg ou 1g
comprimidos ou ½ a 1 comp de 1 g até 4x/
dia.
Adultos e >15 anos: 20 a 40 Crianças menores
gotas 4 vezes ao dia de 3 meses de idade
500 mg/ml
Dipirona <15 anos: As crianças devem ou pesando menos
gotas (1 ml = 20 gotas = 500 mg; de 5 kg não devem
receber dipirona monitorada
1gota = 25 mg) ser tratadas com
conforme seu peso e reco-
mendações do fabricante dipirona

Adulto: 30 mg (de 15 a 60 Indicado para casos


mg), a cada 4 ou 6 horas de dor refratária
(dose máxima 360 mg) a paracetamol e
Comp. 30 mg dipirona
Codeina Criança > 1 ano: 0,5mg/kg/
Solução oral 3 mg/ml peso corporal ou 15 mg/m² Não recomendado
de superfície corporal a cada para criança prema-
4 a 6 horas. (dose máxima tura ou recém-nas-
60mg/dia) cido
Adultos e > 14 anos: 01
comp. de 50mg ou 20 gotas
Comp. 50 mg que pode ser repetidas,
a cada 4-6 horas. Não se Contra indicado até
Tramado Solução oral: 1 m l=
devem exceder doses de 400 os 14 anos de idade
40 gotas = 100 mg mg/dia (correspondente a
8 cápsulas de 50 mg ou 160
gotas)

Quadro 3 - Orientações para o tratamento de pacientes na fase aguda de chikungunya.

Fonte: SVS/MS.

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 29
Vamos nos lembrar da nossa situação problema? Os usuários estavam conversando sobre
os sintomas que apresentam antes de serem atendidos pelo médico ou pelo enfermeiro,
como dor no corpo, febre, dor de cabeça, manchas avermelhadas no corpo e dor nas arti-
culações. Agora que estudamos sobre chikungunya e tiramos nossas dúvidas sobre suas
manifestações clínicas características, vamos aprender mais sobre Zika?

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 30
Aula 3: Zika vírus

Na nossa situação problema, os usuários estavam apresentando várias manifestações clínicas


que estavam sendo confundidas pela equipe de saúde do Monte da Lua. O enfermeiro estava
preocupado com as gestantes acometidas pelo Zika vírus. Vamos estudar sobre Zika agora?

Trata-se de uma doença febril autolimitada, com manifestações clínicas que duram de 3 a 6 dias.
Apesar de poder apresentar uma vasta gama de sintomas comuns a diversas doenças febris, a
maioria (cerca de 80%), provavelmente, irá evoluir de forma oligossintomática ou mesmo assin-
tomática. A seguir, os sintomas que podem surgir em indivíduos com Zika (BRASIL, 2017b).

• Febre baixa.

• Conjuntivite não purulenta.

• Cefaleia.

• Artralgia (normalmente em mãos e pés,


em alguns casos com artrite).

• Fadiga ou mialgia.
SINAIS E SINTOMAS • Astenia.
QUE PODEM ESTAR
PRESENTES NA ZIKA • Rash maculopapular.

• Dor retro-orbital (menos frequência).

• Anorexia (menos frequência).

• Vômitos/diarreia/dor abdominal
(menos frequência).

• Afta (menos frequência).

• Hematoespermia (menos frequência).

OBSERVAÇÃO: Apesar da artralgia poder estar presente, não é tão intensa e


nem evolui de forma crônica como é típico na chikungunya.

Fonte: Brasil (2017b).

Como a literatura científica é escassa quando se trata das complicações relacionadas à Zika, é
importante que as equipes façam o seguimento dos usuários e informem aos serviços de vigi-
lância o surgimento de qualquer quadro atípico associado à infecção pelo ZIKV (BRASIL, 2017b).

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 31
Na epidemia de Zika que ocorreu na Polinésia Francesa em 2013 e 2014, foram relatados
casos de síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune desmielinizante que causa paralisia
flácida aguda ou subaguda) associados à infecção pelo ZIKV. No Brasil, a partir da confir-
mação da circulação do ZIKV, aumentou significativamente o número de internações por
manifestações neurológicas, destacando-se a síndrome de Guillain-Barré em indivíduos com
história prévia de infecção viral, principalmente nos estados da região Nordeste que apre-
sentavam circulação concomitante de Zika, dengue e/ou chikungunya. No quadro a seguir,
outras manifestações neurológicas que podem surgir na Zika (BRASIL, 2017b):

• Síndrome de Guillain-Barré.

• Encefalite.

• Meningoencefalite.
POSSÍVEIS • Parestesia.
COMPLICAÇÕES
ASSOCIADAS ZIKA • Paralisia facial.

• Mielite.

• Trombocitopenia púrpura.

• Danos oftalmológicos e cardíacos.

Fonte: Brasil (2017b).

Importante lembrar que, em várias regiões do país, existe a circulação concomitante do


ZIKV com os vírus da dengue e da chikungunya. Como apresentam quadro clínico semelhan-
te, não é possível afirmar que os casos de síndrome exantemática estejam, exclusivamen-
te, relacionados com um único agente etiológico. Dessa forma, mesmo sem a confirmação
laboratorial do ZIKV, é fundamental que os profissionais da atenção básica fiquem atentos
com os casos suspeitos de dengue para que possam adotar as medidas recomendadas no
protocolo vigente, já que a dengue apresenta elevado potencial de complicações (BRASIL,
2017b).

Diagnóstico diferencia
Por ser uma doença febril, a Zika tem um diagnóstico diferencial amplo, que inclui a den-
gue e a chikungunya. Além disso, é importante conhecer as doenças infecciosas mais pre-
valentes na sua área de atuação (cidade e estado). Devido à possibilidade de evoluir para
síndrome de Guillain-Barré, o diagnóstico diferencial com a poliomielite também deve ser
realizado (BRASIL, 2017b).

Exames laboratoriais
Não existem tantas informações sobre as alterações típicas associadas à infecção pelo ZIKV,
mas incluem, leucopenia, trombocitopenia e ligeira elevação da desidrogenase láctica sérica,
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 32
gama glutamil transferase e de marcadores de atividade inflamatória – proteína C reativa,
fibrinogênio e ferritina (BRASIL, 2017c).

A detecção do vírus (RNA viral a partir de espécimes clínicos) pode ser realizada até 4 a 7 dias
após o início dos sintomas. A técnica utilizada é a reação em cadeia da polimerase via transcrip-
tase reversa (RT-PCR) e sorologia para titulação de anticorpos IgM e IgG. Importante destacar
que o exame RT-PCR é realizado pelos laboratórios de referência da rede SUS (BRASIL, 2017c).

Figura 1 – Diagnóstico laboratorial por RT-PCR e sorologia (IgG) para Zika vírus.

Fonte: BRASIL (2015).

Existem algumas situações nas quais é necessária a realização do teste rápido para detecção
do ZIKV. Trata-se de um teste de triagem que investiga a situação imunológica do indivíduo
no momento da consulta médica, seja no pré-natal ou outro momento necessário (BRA-
SIL, 2017c). Assim, é imprescindível que sejam observados alguns critérios de prioridade, os
quais estão descritos no quadro a seguir.

Público-Alvo Critérios

• Suspeita clínica de febre pelo vírus Zika

• Contato com flúidos corporais (sêmen, flúidos vaginais, orais, urina ou


Gestante sangue) de pessoas suspeitas de infecção pelo vírus Zika

• Receptora de sangue ou hemoderivados durante gestação

• USG do feto com padrão alterado


• Deve-se fazer o teste rápido nas crianças que atendem aos critérios de
RN e criança notificação ou cuja mãe se enquadre em uma das situações anteriores.
até o 8o dia de
vida OBS: Para os RNs notificados, a coleta de material para o teste laboratorial
deverá ser feita preferencialmente dentro das primeiras 48h de vida.
• Deve-se fazer o teste rápido nas crianças que atendam aos critérios de
notificação ou cuja mãe se enquadre em uma das situações anteriores.
Criança após Além do teste rápido, devem ser coletadas as amostras de sangue para
o 8o dia de realização da sorologia lgM/gM (ELISA).
vida • RT-qPCR só deverá ser realizado quando a criança apresentar sintomas
compatíveis com a infecção pelo vírus fase aguda, segundo instruções da
vigilância de Zika.

Quadro 4 - Critérios para realização do teste rápido.

Fonte: CGLAB/SVS/MS.

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 33
Tratamento
O tratamento se baseia no controle dos sintomas. Observe a seguir os principais sintomas e
os respectivos medicamentos para o tratamento.

SINTOMA MEDICAMENTO

Febre/dor Paracetamol ou dipirona

Erupções pruriginosas Anti-histamínicos

Fonte: Brasil (2017b).

É desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros


drogas anti-inflamatórias devido ao risco aumentado de complicações
hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica,
como ocorre com outros flavivírus.

Não existe vacina para o ZIKV (BRASIL, 2017b).

Agora, vamos aprender mais sobre a síndrome congênita do Zika vírus.

Síndrome congênita do Zika vírus


Retomando a nossa situação problema, podemos nos lembrar que o enfermeiro Carlos
estava preocupado com as suas gestantes, devido ao aumento de casos de microcefalia
relacionados ao Zika vírus. Vamos estudar sobre isso agora?

Após a epidemia de microcefalia ocorrida a partir de 2015 e o estabelecimento da sua rela-


ção com a infecção pelo ZIKV, grandes esforços têm sido realizados para prevenir a infecção:
combate ao mosquito A. aegypti; criação de vacinas, uso de repelentes principalmente em
gestantes, entre outros (BRASIL, 2017b).

Para o melhor reconhecimento das alterações congênitas que estão relacionadas com o Zika vírus,
a Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com diversos pesquisadores brasileiros e de
outros países, descreveu a síndrome do Zika congênita, que congrega diversas alterações que não
se restringem apenas à microcefalia (FEITOSA; SCHULER-FACCINI; SANSEVERINO, 2016).

A seguir há uma imagem que mostra os defeitos e as alterações que compõem a síndrome
do Zika Congênita ou síndrome Congênita do Zika.
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 34
Vamos ver um infográfico sobre as características do crânio com síndrome congênita asso-
ciada à infecção pelo vírus Zika?

Terminamos de discutir os aspectos essenciais relacionados ao manejo do Zika vírus. Agora,


vamos aprender sobre o exame físico que deve ser realizado. Vamos lá?!
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 35
Exame físico (casos suspeitos de síndrome congênita da
Zika)
O exame físico de uma criança com suspeita de síndrome congênita da Zika é complexo e
envolve o exame neurológico. Dessa forma, o objetivo nesta seção é realizar uma aborda-
gem mais geral e apresentar a técnica e os parâmetros da medição da circunferência crania-
na (BRASIL, 2017c).

Recém-nascido com até 48 horas de vida


Todo recém-nascido deve ter a circunferência da cabeça medida nas primeiras 24 h de vida,
utilizando como referência a tabela Intergrowth (ver quadro Saiba mais). Caso a circunfe-
rência da cabeça não possa ser medida durante as primeiras 24 horas, deve ser medida até
48 horas de vida (BRASIL, 2017c).

Criança após 48 horas de vida


Criança pré-termo (idade gestacional menor que 37 semanas de gestação ao nascer) –
Nessa situação, o perímetro cefálico (PC) deve ser medido e interpretado por meio da curva
de crescimento da InterGrowth, de acordo com a idade e sexo, até completar as 64 semanas
de idade corrigida (BRASIL, 2017c).

Criança a termo (idade gestacional maior ou igual a 37 semanas de gestação ao nas-


cer) – O PC deve ser medido e interpretado por meio das curvas de crescimento de acordo
com a idade e sexo (BRASIL, 2017c). Vamos ver um desenho que mostra como fazer a medi-
da do perímetro cefálico.

Figura 2 – Como medir a circunferência craniana/perímetro cefálico.

Fonte: Brasil (2017a, p. 31).

Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)


Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 36
Para ver as curvas de crescimento da InterGrowth para interpretação
do perímetro cefálico de acordo com a idade e sexo, acessar o docu-
mento Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito
da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, disponível
na biblioteca do curso.

Planejamento reprodutivo
Agora, cursista, vamos falar sobre um tema que merece destaque: Zika versus Planejamento
Reprodutivo. Essa temática configura-se como um problema de saúde pública e, como tal,
carece de um olhar diferenciado pelo profissional de saúde. Vamos refletir sobre ele?

Com a descrição da síndrome congênita do Zika, estamos vivendo no Brasil, sobretudo na


região Nordeste, um sentimento de que engravidar é se colocar em risco. Nesse sentido,
podemos refletir qual o papel da equipe de atenção básica, em acolher esse receio apre-
sentado pelas mulheres em idade fértil e seus familiares, no momento em que se decide
engravidar; e também sobre o papel na orientação àquelas mulheres que estão em idade
fértil e podem vir a engravidar (BRASIL, 2017c).

Naturalmente, a decisão de engravidar depende, exclusivamente, do casal, mas cabe ao pro-


fissional esclarecer sobre a situação da existência do risco associado à infecção pelo ZIKV e,
sobretudo, discutir as medidas de proteção individual e coletiva para evitar o contato com o
vetor e estimular a realização do pré-natal (BRASIL, 2017c).

Acredite! Essas orientações fornecerão subsídios importantes e auxi-


liarão casais em suas tomadas de decisões com maior segurança.

Importante ressaltar que a transmissão do ZIKV pode ocorrer por meio da relação sexual,
uma vez que o vírus pode ser encontrado no sêmen por longos períodos. Isso torna funda-
mental o esclarecimento sobre o risco de contaminação, caso o homem de um casal que
deseja engravidar tiver tido Zika (BRASIL, 2017b).

O caderno de Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva aborda o planejamento reprodutivo, as ações


de educação em saúde, as maneiras de realizar a abordagem aos indivíduos ou aos casais,
os diversos métodos de contracepção e as orientações pré-natais. Procure apropriar-se de
seu conteúdo para avaliar suas ações dentro do seu serviço de saúde (BRASIL, 2017c).

E, então, você possui algum caso em sua Unidade de Saúde? Como faria para prevenir?
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 37
Acesse o caderno de Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva, disponível na
biblioteca do curso.

Pré-natal
Se uma gestante desenvolver quadro febril suspeito de Zika, a equipe de saúde deve notifi-
car (informado à vigilância epidemiológica do seu município) e realizar as orientações opor-
tunas, acolhendo os receios e as dúvidas da mulher gestante e seus familiares. Mesmo que
o diagnóstico seja confirmado, é papel da equipe de atenção básica seguir realizando o pré-
-natal, segundo o protocolo sugerido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017c).

Como há evidências de que ZIKV persiste no sêmen por períodos mais longos do que no
sangue total ou na saliva, é de fundamental importância que o casal cuja a mulher esteja
gestante seja orientado a usar preservativo para evitar a transmissão do vírus por meio da
relação sexual (BRASIL, 2017b).

Esperamos que o conteúdo abordado na Unidade 2 tenha ajudado a consolidar seus conhe-
cimentos acerca do manejo clínico das arboviroses. De nossa parte, buscamos engendrar
todo empenho no sentido de favorecer o aumento de resolutividade em sua prática profis-
sional, inclusive toda a bibliografia está disponível para tirar suas dúvidas, caso surjam.

Nesse sentido, com o acúmulo que adquiriu sobre o tema: Doenças Emergentes e Reemer-
gentes, se você fosse um membro da equipe de saúde da família da USF Monte da Lua na nos-
sa situação problema, você conseguiria realizar um manejo clínico adequado das arboviroses
agora? Na próxima Unidade, vamos aprender sobre a organização do processo de trabalho na
atenção primária à saúde na abordagem das arboviroses para nos ajudar ainda mais. Até logo!

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