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Doenças
DE EDUCAÇÃO
Emergentes
PERMANENTE (Dengue, Zika Vírus,
EM SAÚDE Chikungunya
DA FAMÍLIA e Outras)
UNIDADE 2
Manejo clínico das
arboviroses na
atenção básica
Aristides Vitorino de
Oliveira Neto
Atenção! A Unidade a seguir nos trará subsídios para a qualificação de nossa atuação pro-
fissional no território.
Esta Unidade é de extrema importância, pois tem o objetivo de subsidiar o manejo dos usu-
ários com arboviroses na atenção básica, o que inclui a suspeita clínica, diagnóstico diferen-
cial e tomada de decisões terapêuticas.
Vale ressaltar que a atenção básica deve ser, e geralmente é, o primeiro contato das pessoas
com o Sistema Único de Saúde. Dessa forma, comumente procuram a Unidade Básica de
Saúde (UBS) apresentando quadros iniciais e clinicamente indiferenciados, o que se configu-
ra em um desafio para a equipe na suspeita e diagnóstico diferencial, impactando em toda a
cadeia de cuidados que vai desde o tratamento na própria unidade de atenção básica, noti-
ficação (que será abordada na Unidade 3), até a internação hospitalar, caso seja necessária.
Você se lembra da nossa situação problema? Esses quadros indiferenciados estavam pre-
sentes na população atendida pelo médico Alfredo e pelo enfermeiro Carlos. Eles estavam
confusos sobre as manifestações clínicas que os usuários apresentavam, o que dificultava o
diagnóstico das arboviroses.
Entre as três principais arboviroses, a dengue é a que tem maior potencial de complicações
e maior mortalidade (BRASIL, 2016b). A chikungunya possui maior morbidade relacionada
a sequelas reumatológicas, que provocam dores crônicas e limitações que impactam nas
atividades cotidianas e laborais (BRASIL, 2015). A Zika possui particularidades referentes à
síndrome congênita que acomete recém-nascidos de mulheres infectadas durante a ges-
tação e, por isso, envolve cuidados integrais à criança, planejamento familiar e acesso aos
benefícios da assistência social (BRASIL, 2017b).
Agora, vamos aprender um pouco sobre dengue? Como você lida com a dengue no seu território?
Manifestações clínicas
A classificação da dengue, que passou a ser utilizada a partir de 2014, ressalta que se trata
de uma doença dinâmica e sistêmica, a qual pode evoluir para a cura (remissão) ou pode
agravar e levar ao óbito, o que exige reavaliação e observação constantes.
Nesse sentido, além da abordagem terapêutica que visa evitar o agravamento e o óbito, é
importante a organização dos serviços de saúde, especialmente em situação de epidemia
como vamos abordar posteriormente.
Nessa fase, há recuperação gradativa da maioria dos indivíduos, com melhora do estado
geral e retorno do apetite (BRASIL, 2016b).
Fase crítica
Tem início com a defervescência (diminuição ou desaparecimento) da febre, entre o tercei-
ro e o sétimo dia do início da doença, acompanhado do surgimento dos sinais de alarme,
podendo evoluir para as formas graves e, por esta razão, são necessárias medidas diferen-
ciadas de manejo clínico e de observação (BRASIL, 2016b).
• Vômitos persistentes
• Sangramento de mucosa
Dengue grave
Algumas manifestações clínicas são resultado do acúmulo de líquidos nas cavidades corpo-
rais, como o desconforto respiratório secundário ao derrame pleural e o aumento de volu-
me abdominal secundário à ascite. Além disso, o extravasamento pode ser percebido pelo
aumento do hematócrito, um importante marcador de gravidade (BRASIL, 2016a).
Choque
É uma das formas de dengue grave e ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido
por meio do extravasamento, o que comumente acontece entre os dias quatro ou cinco (com
intervalo entre três a sete dias) de doença. É precedido, frequentemente, por sinais de alarme.
O período de extravasamento plasmático e choque evolui rapidamente (entre 24 e 48 h), o que
impõe atenção à equipe para observar as alterações hemodinâmicas (BRASIL, 2016a).
O paciente em choque na dengue pode evoluir para o óbito em pouco tempo. O estado de
choque pode levar a um quadro de acidose metabólica e coagulação intravascular dissemi-
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 5
nada, o que leva, por sua vez, a hemorragias graves com consequente diminuição do hema-
tócrito e agravamento do choque. Por isso, a terapia antichoque apropriada deve ser inicia-
da no momento oportuno. Além do choque hipovolêmico, por extravasamento do plasma e
hipoperfusão de órgãos vitais, pode haver choque cardiogênico (BRASIL, 2016a).
Hemorragias graves
Dengue sem choque, mas associada à hemorragia massiva também é classificada como den-
gue grave. Isso ocorre quando esse tipo de hemorragia está localizado no aparelho digestivo
e é mais frequente naqueles indivíduos com história prévia de úlcera péptica e pode estar
associada ao uso de ácido acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios não hormonais e anticoa-
gulantes (BRASIL, 2016a).
-Convulsões
-Irritabilidade
-Meningite linfomonocítica
MANIFESTAÇÕES
-Encefalite
NEUROLÓGICAS
-Síndrome de Reye
-Polirradiculoneurite
Após esses conhecimentos sobre a fase crítica, estamos entusiasmados, assim como a equi-
pe na USF Monte da Lua, para conhecermos a fase de recuperação.
-Bradicardia/mudanças no ECG
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS NA FASE DE -Rash cutâneo acompanhado ou não de pruri-
RECUPERAÇÃO do generalizado
Agora que vimos as fases que um paciente com dengue apresenta em suas manifestações
clínicas, vamos discutir sobre o exame físico para a dengue?
Exame físico
O exame físico geral, em caso de suspeita ou de diagnóstico de dengue, deve focar no diagnóstico
diferencial e, sobretudo, na identificação de sinais de alarme e sinais de choque (BRASIL, 2016b).
Estamos sistematizando os principais aspectos que devem ser valorizados no exame físico.
• Qualidade de pulso.
• Frequência respiratória.
• O estado de hidratação.
Já que conheceram os aspectos que devem ser valorizados no exame físico, vamos avançar
e compreender sobre a prova do laço? Do que será que se trata essa prova?
Prova do laço
• Deve ser realizada em todos os indivíduos com suspeita de dengue e que não apresente sangra-
mento espontâneo.
Técnica
1) Aferir a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2.
2) Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco minutos nos adultos e três minutos em crianças.
3) Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas
dentro dele.
4) A prova será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças (BRASIL, 2016a).
• Atenção para o surgimento de possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
• A prova do laço pode ser interrompida se apresentar positiva antes do tempo preconizado para
adultos e crianças.
• A prova do laço, frequentemente, pode ser negativa em pessoas obesas e durante o choque.
(BRASIL, 2016a)
• É dengue?
• Quadro assintomático
1) O início da doença pode passar despercebido e o quadro grave ser identifica-
do como a primeira manifestação clínica.
2) O agravamento, em geral, é mais súbito do que ocorre no adulto, em que os
sinais de alarme são mais facilmente detectados.
Vamos nos lembrar da nossa situação problema? Tanto a usuária Dona Margarida quanto
o enfermeiro Carlos se preocupam com as gestantes, principalmente as acometidas pelo
Zika vírus. Por enquanto vamos ver o manejo das manifestações clínicas na gestante que
também requer atenção da equipe de saúde. Assim, conhecedores das manifestações
clínicas, tanto a equipe da USF como você, poderão intervir de forma a obter maior
resolutividade no cuidado à gestante.
Choque com
Choque compensado
Parâmetros Choque ausente hipotensão (fase
(fase inicial)
tardia)
Taquicardia intensa,
Frequência
Normal Taquicardia com bradicardia no cho-
cardíaca
que tardio
Intensidade do
Pulso forte Pulso fraco e filiforme Tênue ou ausente
pulso periférico
Mialgia ++ +
Sangramentos ++ -/+
Choque -/+ -
Plaquetopenia +++ +
Leucopenia +++ ++
Linfopenia ++ +++
Neutropenia +++ +
Artralgia crô-
Evolução após fase aguda Fadiga
nica
Mialgia ++ +
Artralgia +/- +
Sangramentos ++ -
Choque -/+ -
Leucopenia/trombocitopenia +++ -
Manifestações clínicas
O quadro clínico da chikungunya é parecido com o da dengue – febre aguda de início, dores
articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clíni-
ca que as difere são as fortes dores nas articulações. A doença pode evoluir em três etapas
subsequentes: fase aguda (ou febril), fase subaguda e fase crônica. Embora não apre-
sente alta letalidade, tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à
artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade
de vida (BRASIL, 2015).
O período de incubação antecede o início da fase aguda ou febril, que dura até o décimo dia.
Após o término da fase aguda, alguns indivíduos permanecem com dores articulares, o que
caracteriza a fase subaguda, com duração de até 3 meses. Quando os sintomas persistem
por mais de três meses, inicia-se a fase crônica (BRASIL, 2015).
O sexo e a idade são fatores que podem determinar a sintomatologia. Sintomas como vômi-
tos, úlceras orais, sangramentos e úlceras orais parecem estar mais associados ao sexo
feminino; ao passo que a artralgia, o edema e a maior duração da febre são mais preva-
lentes em indivíduos com maior idade. Os casos mais graves e os óbitos são mais comuns
em usuários com comorbidades e em extremos de idade – muito novos ou muito idosos
(BRASIL, 2015).
Dê um giro pelo seu bairro e observe se há muitas pessoas expostas à chikungunya. Con-
verse com os moradores de seu território e verifique quais os fatores de risco que estão
presentes no local.
Depois do giro pelo bairro, você já pode nos responder se teve contato com pessoas da
comunidade com essas manifestações clínicas? E o que foi feito?
• Astenia.
• Prurido generalizado.
• Exantema maculopapular.
SINAIS E SINTOMAS QUE PODEM
ESTAR PRESENTES NA FASE • Lesões purpúricas, vesiculares e
SUBAGUDA bolhosas.
• Cefaleia.
• Prurido.
• Alopecia.
• Exantema.
• Bursite/tenossinovite.
OUTRAS MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS DA FASE CRÔNICA • Disestesia/parestesia/dor neuropá-
tica.
• Fenômeno de Raynaud.
• Alterações cerebelares/distúrbios do
sono/alterações da memória/déficit
de atenção.
• Alterações do humor/depressão.
• Turvação visual.
• Dengue
• Leptospirose
PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS DA • Febre reumática
CHIKUNGUNYA
• Malária
• Artrite séptica
Diabetes.
Asma.
Insuficiência cardíaca.
Anemia falciforme.
Talassemia.
Prurido.
Dermatite esfoliativa.
Hiperpigmentação.
PELE
Lesões por fotossensibilidade.
Úlceras orais.
Bolhas e vesículas.
Caracterizar a artropatia (duração, intensidade, localização das articu-
ARTICULAÇÕES lações primariamente envolvidas, progressão para outras articulações,
natureza aguda ou insidiosa, periodicidade das dores).
Convulsões.
Paresia/paresthesia.
Cefaleia.
CASOS
Questionar sobre casos semelhantes perto do domicílio ou trabalho.
SEMELHANTES
O exame físico deve estar direcionado para sua diferenciação com a dengue, com ênfase
na identificação de sinais de alerta e de choque, abordados na Aula 1 desta Unidade. No
indivíduo com chikungunya, o exame físico deve incluir, necessariamente, alguns aspectos
sistematizados no quadro a seguir.
EXAME
Quando queixas na anamenese forem mencionadas.
NEUROLÓGICO
EXAME
Quando queixas na anamenese forem mencionadas.
OFTALMOLÓGICO
Frequentemente não se percebem sinais de calor e rubor nas articula-
ções acometidas. Dessa forma, deve se buscar no exame físico:
• alteração da pele;
• aumento do volume;
• deformidade;
• limitação da mobilidade;
• nodulação.
Conduta
A conduta terapêutica na chikungunya está centrada no tratamento sintomatológico,
hidratação e repouso.
A atenção básica tem um papel estratégico no manejo dos pacientes com chikungunya, na
medida em que os conhecem (seus hábitos, comorbidades, medicações em uso etc.) e estão
próximos, o que permite um acompanhamento mais adequado, com destaque para os cui-
dados acerca da automedicação, do uso de medicações contraindicadas na fase aguda e
da possibilidade de orientação sobre medidas analgésicas não medicamentosas. Além dis-
so, neste ponto da rede de atenção, é possível realizar cuidado longitudinal para aqueles
pacientes que evoluírem para a fase subaguda e, principalmente, crônica (BRASIL, 2015).
No caso das fases subaguda e crônica, as condutas estarão focadas no manejo do acome-
timento articular, que inclui o alívio da poliartralgia, com o objetivo de aumentar a qualidade
de vida e a manutenção da autonomia dos pacientes em desenvolver suas atividades do dia
a dia e laborais (BRASIL, 2015).
Vamos relembrar a situação problema deste módulo? Dona Ednelza e Dona Margarida con-
versavam sobre as manifestações clínicas que as pessoas da comunidade estavam apresen-
tando. Dona Margarida, em especial, apresentava dores nas articulações, o que pode ser
característico de chikungunya.
Apesar do acometimento articular ser o principal problema nessas fases, ainda é possível outras
manifestações clínicas: inapetência, sono não reparador, comprometimento laboral e de ativida-
des diárias, urgência e incontinência urinária, alterações do humor e depressão (BRASIL,2015).
Vamos ver alguns aspectos relacionados às condutas nas fases subaguda e crônica?
Fonte: SVS/MS.
Trata-se de uma doença febril autolimitada, com manifestações clínicas que duram de 3 a 6 dias.
Apesar de poder apresentar uma vasta gama de sintomas comuns a diversas doenças febris, a
maioria (cerca de 80%), provavelmente, irá evoluir de forma oligossintomática ou mesmo assin-
tomática. A seguir, os sintomas que podem surgir em indivíduos com Zika (BRASIL, 2017b).
• Febre baixa.
• Cefaleia.
• Fadiga ou mialgia.
SINAIS E SINTOMAS • Astenia.
QUE PODEM ESTAR
PRESENTES NA ZIKA • Rash maculopapular.
• Vômitos/diarreia/dor abdominal
(menos frequência).
Como a literatura científica é escassa quando se trata das complicações relacionadas à Zika, é
importante que as equipes façam o seguimento dos usuários e informem aos serviços de vigi-
lância o surgimento de qualquer quadro atípico associado à infecção pelo ZIKV (BRASIL, 2017b).
• Síndrome de Guillain-Barré.
• Encefalite.
• Meningoencefalite.
POSSÍVEIS • Parestesia.
COMPLICAÇÕES
ASSOCIADAS ZIKA • Paralisia facial.
• Mielite.
• Trombocitopenia púrpura.
Diagnóstico diferencia
Por ser uma doença febril, a Zika tem um diagnóstico diferencial amplo, que inclui a den-
gue e a chikungunya. Além disso, é importante conhecer as doenças infecciosas mais pre-
valentes na sua área de atuação (cidade e estado). Devido à possibilidade de evoluir para
síndrome de Guillain-Barré, o diagnóstico diferencial com a poliomielite também deve ser
realizado (BRASIL, 2017b).
Exames laboratoriais
Não existem tantas informações sobre as alterações típicas associadas à infecção pelo ZIKV,
mas incluem, leucopenia, trombocitopenia e ligeira elevação da desidrogenase láctica sérica,
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gama glutamil transferase e de marcadores de atividade inflamatória – proteína C reativa,
fibrinogênio e ferritina (BRASIL, 2017c).
A detecção do vírus (RNA viral a partir de espécimes clínicos) pode ser realizada até 4 a 7 dias
após o início dos sintomas. A técnica utilizada é a reação em cadeia da polimerase via transcrip-
tase reversa (RT-PCR) e sorologia para titulação de anticorpos IgM e IgG. Importante destacar
que o exame RT-PCR é realizado pelos laboratórios de referência da rede SUS (BRASIL, 2017c).
Figura 1 – Diagnóstico laboratorial por RT-PCR e sorologia (IgG) para Zika vírus.
Existem algumas situações nas quais é necessária a realização do teste rápido para detecção
do ZIKV. Trata-se de um teste de triagem que investiga a situação imunológica do indivíduo
no momento da consulta médica, seja no pré-natal ou outro momento necessário (BRA-
SIL, 2017c). Assim, é imprescindível que sejam observados alguns critérios de prioridade, os
quais estão descritos no quadro a seguir.
Público-Alvo Critérios
Fonte: CGLAB/SVS/MS.
SINTOMA MEDICAMENTO
Para o melhor reconhecimento das alterações congênitas que estão relacionadas com o Zika vírus,
a Organização Mundial de Saúde (OMS), em parceria com diversos pesquisadores brasileiros e de
outros países, descreveu a síndrome do Zika congênita, que congrega diversas alterações que não
se restringem apenas à microcefalia (FEITOSA; SCHULER-FACCINI; SANSEVERINO, 2016).
A seguir há uma imagem que mostra os defeitos e as alterações que compõem a síndrome
do Zika Congênita ou síndrome Congênita do Zika.
Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Manejo clínico das arboviroses na atenção básica 34
Vamos ver um infográfico sobre as características do crânio com síndrome congênita asso-
ciada à infecção pelo vírus Zika?
Planejamento reprodutivo
Agora, cursista, vamos falar sobre um tema que merece destaque: Zika versus Planejamento
Reprodutivo. Essa temática configura-se como um problema de saúde pública e, como tal,
carece de um olhar diferenciado pelo profissional de saúde. Vamos refletir sobre ele?
Importante ressaltar que a transmissão do ZIKV pode ocorrer por meio da relação sexual,
uma vez que o vírus pode ser encontrado no sêmen por longos períodos. Isso torna funda-
mental o esclarecimento sobre o risco de contaminação, caso o homem de um casal que
deseja engravidar tiver tido Zika (BRASIL, 2017b).
E, então, você possui algum caso em sua Unidade de Saúde? Como faria para prevenir?
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Acesse o caderno de Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva, disponível na
biblioteca do curso.
Pré-natal
Se uma gestante desenvolver quadro febril suspeito de Zika, a equipe de saúde deve notifi-
car (informado à vigilância epidemiológica do seu município) e realizar as orientações opor-
tunas, acolhendo os receios e as dúvidas da mulher gestante e seus familiares. Mesmo que
o diagnóstico seja confirmado, é papel da equipe de atenção básica seguir realizando o pré-
-natal, segundo o protocolo sugerido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017c).
Como há evidências de que ZIKV persiste no sêmen por períodos mais longos do que no
sangue total ou na saliva, é de fundamental importância que o casal cuja a mulher esteja
gestante seja orientado a usar preservativo para evitar a transmissão do vírus por meio da
relação sexual (BRASIL, 2017b).
Esperamos que o conteúdo abordado na Unidade 2 tenha ajudado a consolidar seus conhe-
cimentos acerca do manejo clínico das arboviroses. De nossa parte, buscamos engendrar
todo empenho no sentido de favorecer o aumento de resolutividade em sua prática profis-
sional, inclusive toda a bibliografia está disponível para tirar suas dúvidas, caso surjam.
Nesse sentido, com o acúmulo que adquiriu sobre o tema: Doenças Emergentes e Reemer-
gentes, se você fosse um membro da equipe de saúde da família da USF Monte da Lua na nos-
sa situação problema, você conseguiria realizar um manejo clínico adequado das arboviroses
agora? Na próxima Unidade, vamos aprender sobre a organização do processo de trabalho na
atenção primária à saúde na abordagem das arboviroses para nos ajudar ainda mais. Até logo!