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Aids e
OBS1: PVHIV → pessoa vivendo com HIV.
Hiv INTRODUÇÃO
A infecção pelo HIV, cursa com um amplo espectro de apresentações clínicas, desde a fase aguda até a fase avançada da doença. Em
indivíduos não tratados, estima-se que o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da doença esteja em torno de dez anos. A
história natural da infecção pelo HIV (na ausência de TARV) é dividida em 3 principais fases:
Infecção aguda
Latência clínica ou fase crônica assintomática
Fase crônica sintomática:
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Infecção Aguda
A infecção aguda pelo HIV ocorre nas primeiras 2-3 semanas da infecção pelo HIV, ou seja, pouco tempo após o contágio, quando o vírus
está sendo replicado intensivamente nos tecidos linfoides. Durante essa fase, tem-se CV-HIV (carga viral do HIV) elevada e níveis
decrescentes de linfócitos, em especial os LT-CD4+, uma vez que estes são recrutados para a reprodução viral. Logo:
O indivíduo, nesse período, torna-se altamente infectante (linha cinza do gráfico acima), com uma viremia plasmática elevada (CV-HIV
alta).
O indivíduo apresenta inicialmente uma queda importante da contagem de LTCD4+, com elevação em algumas semanas após certo
controle imunológico do indivíduo sobre o vírus, mas não há retorno aos níveis iniciais (linha preta do gráfico acima).
Como em outras infecções virais agudas, a infecção pelo HIV é acompanhada por um conjunto de manifestações clínicas, denominado
Síndrome Retroviral Aguda (SRA). Os principais achados clínicos de SRA incluem:
Febre alta
Linfadenomegalia/adenopatia → comprometendo principalmente as cadeias cervicais anterior e posterior, submandibular, occipital
e axilar
Cefaleia e/ou dor ocular → manifestações neurológicas mais comuns, mas pode ocorrer raramente quadro de meningite asséptica,
neurite periférica sensitiva ou motora, paralisia do nervo facial ou síndrome de Guillain-Barré
Astenia e adinamia
Anorexia
Depressão
Letargia
Faringite
Rash cutâneo (exantema maculopapular eritematoso)
Mialgia
Ulcerações muco-cutâneas → mucosa oral, esôfago e genitália
Sintomas digestivos → náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso
O comprometimento do fígado e do pâncreas é raro na SRA
A SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas, porém a linfadenopatia, letargia e astenia
podem persistir por vários meses.
OBS: A presença de manifestações clínicas mais intensas e prolongadas (por período superior a 14 dias) pode estar associada à progressão
mais rápida da doença.
Os sinais e sintomas que caracterizam a SRA, por serem muito semelhantes aos de outras infecções virais, são habitualmente atribuídos a
outra etiologia e a infecção pelo HIV comumente deixa de ser diagnosticada nessa fase inicial ou aguda.
OBS1: É muito importante que o médico, diante de um quadro viral agudo, considere a infecção aguda pelo HIV entre os diagnósticos
possíveis e investigue potenciais fontes de exposição ao vírus.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
OBS2: A sorologia para a infecção pelo HIV pode variar bastante nessa fase, dependendo do ensaio utilizado. Em média, a janela
diagnóstica dos imunoensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias. O diagnóstico de HIV na fase de infecção aguda é melhor
realizado mediante a detecção da CV-HIV.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Critérios CDC
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Nefropatia associada ao HIV (NAHIV) → é uma forma clássica de acometimento glomerular que pode ocorrer com qualquer nível de
LT-CD4+. Manifesta-se por proteinúria intensa e hipoalbuminemia, habitualmente sem sinais clínicos de hipertensão arterial ou edema.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Alterações neurológicas atribuídas ao HIV → inclui alterações neurocognitivas, como perda da memória, lentificação psicomotora e
déficit de atenção. Em uma fase inicial da demência associada ao HIV, esses sintomas costumam ser leves, evoluindo para déficits mais
graves, tais como distúrbios da marcha, tremor e perda da habilidade motora fina.
Cardiomiopatia associada ao HIV → a prevalência de doenças cardiovasculares é maior em PVHIV, em parte relacionadas a um perfil
de maior RCV, bem como à ação direta da própria infecção pelo HIV. A doença cardíaca nas PVHIV apresenta-se de diversas formas,
podendo estar relacionada a outras IO ou a estágio avançado da infecção pelo HIV, incluindo cardiomiopatia associada ao HIV,
pericardite ou hipertensão arterial pulmonar.
As doenças oportunistas são doenças causadas por agentes de baixa capacidade patogênica, que geralmente não causam doenças em
pessoas com a imunidade preservada, mas que ocorrem em pacientes imunodeprimidos e debilitados de um modo geral, devido à
diminuição da sua capacidade imunitária. As principais doenças oportunistas relacionadas ao HIV são:
Infecções oportunistas
Processos oportunistas
Infecções Oportunistas
Vírus
Herpes simples (muco-cutâneo e disseminado)
Varicela/herpes-zóster
Citomegalovirose cutânea
Citomegalovirose (principalmente retinite)
Leucoplasia oral pilosa
Leucoencefalopatia multifocal progressiva
Molusco contagioso
Papilomavirus humano → verrugas virais vulgares, verrugas planas, condilomas acuminados, carcinoma anogenital, carcinoma cervical
invasivo
Fungos
Histoplasmose
Paracoccidiodomicose
Candidíase (esofágica, orofaríngea, traqueal, pulmonar, entre outras)
Criptococose (principalmente meningite e meningoencefalite)
Onicomicose
Ptiríase
Tinhas do corpo (dermatofitoses)
Esporotricose
Bactérias
Pneumonia bacteriana
Meningite
Tuberculose pulmonar (principalmente atípica) ou miliar
Tuberculose extrapulmonar
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Protozoários
Toxoplasmose (principalmente cerebral)
Pneumocistose (principalmente pneumonia por Pneumocystis carinii e Pneumocystis jiroveci)
Leishmaniose
Doença de Chagas (principalmente reativação)
Criptosporidiose
Microsporidiose
Isosporíase
Parasitas
Escabiose comum
Escabiose crostosa
Sarna crostosa ou norueguesa
Demodicose
Berne
Processos Oportunistas
As neoplasias mais comuns são:
Sarcoma de Kaposi (SK)
Linfoma não Hodgkin primário do SNC
Câncer de colo uterino
Linfomas não Hodgkin de células B
Linfoma de Burkitt ou não-Burkitt e imunoblástico
Carcinoma espinocelular (cabeça, pescoço, ânus)
Carcinoma cervical e basocelular
Melanoma
Doença de Hodgkin
Adenocarcinoma de cólon
Mieloma múltiplo
Carcinoma pulmonar
Câncer de testículo
NÍVEL DE CD4 E DOENÇAS OPORTUNISTAS
Dependendo da quantidade de células CD4 no sangue, o indivíduo se apresenta mais ou menos propenso a desenvolver doenças
oportunistas:
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5728/hiv.htm
https://www.drakeillafreitas.com.br/infeccoes-oportunistas/
Celular
Duncan página 1505
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Os testes para detecção da infecção pelo HIV são principalmente empregados em três situações:
Para triagem sorológica do sangue doado e garantia da segurança transfusional, dos hemoderivados e dos órgãos para transplante
Para os estudos de vigilância epidemiológica
Para realizar o diagnóstico da infecção pelo HIV
OBS: Recomenda-se a oferta de testagem para HIV e demais IST a todos os pacientes sexualmente ativos, em especial após exposição de
risco. Em nenhuma situação deverá haver qualquer tipo de coerção para a realização dos testes.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Testes complementares
Vamos falar um pouco sobre cada um desses
testes.
OBS: Um casal sorodiscordante, sorodivergente
ou sorodiferente, é aquele formado entre uma
pessoa que vive com HIV e outra pessoa que não
vive com HIV. Ou seja, um deles já foi infectado
pelo vírus HIV e o outro não.
Imunoensaios
Logo após a descoberta do HIV, foram
desenvolvidos imunoensaios (IE) para o
diagnóstico da infecção. Nas últimas décadas,
sucederam-se quatro gerações de IE. Neste
resumo, as gerações de imunoensaios estão
representadas como testes imunoenzimáticos do tipo ELISA.
→ Primeira Geração:
Detecção → esta geração detecta apenas IgG
Janela de soroconversão/diagnóstica → 35 a 45 dias
OBS1: São pouco específicos e, pelo fato de detectarem apenas IgG, também são menos sensíveis do que os ensaios de gerações
posteriores. Por isso, atualmente, esses ensaios deixaram de ser utilizados na rotina diagnóstica dos laboratórios.
OBS2: Janela imunológica/sorológica → é a expressão usada para designar o período que um organismo leva, a partir de uma infecção,
para produzir anticorpos que possam ser detectados por exames de sangue. A janela imunológica varia de acordo com o tipo de infecção
e sensibilidade do teste utilizado para detectá-la. Ela é de 3-8 semanas após a exposição ao vírus HIV (em casos raros, até 6 meses), o
corpo começa a produzir anticorpos em resposta à infecção.
OBS3: Janela de soroconversão/diagnóstica → é um conceito mais amplo do que o de janela imunológica ou sorológica. O período
de janela diagnóstica é o tempo decorrido entre a infecção e o aparecimento ou detecção de um marcador da infecção, seja ele RNA
viral, DNA proviral, antígeno p24 ou anticorpo (janela imunológica).
→ Segunda Geração:
Detecção → esta geração detecta epítopos mais sensíveis e específicos (regiões antigênicas em determinadas proteínas do HIV que
são alvos preferenciais da resposta imune humoral) de antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do
HIV.
Janela de soroconversão/diagnóstica → 25 a 35 dias
→ Terceira Geração:
Detecção → detecta simultaneamente IgM e IgG
Janela de soroconversão/diagnóstica → 20 a 30 dias
OBS: A possibilidade de detectar anticorpos da classe IgM torna esse ensaio mais sensível e específico do que os de gerações anteriores.
→ Quarta Geração:
Detecção → detecta simultaneamente o antígeno p24 do capsídeo viral e anticorpos específicos anti-HIV (IgM, IgG, IgA e IgE)
Janela de soroconversão/diagnóstica → 15 dias
Testes Rápidos
Os testes rápidos (TR) são imunoensaios (IE) simples, com resultados em até 30 minutos, realizados preferencialmente de forma presencial
em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total (punção digital ou venosa), soro ou plasma (punção venosa) ou amostra de
fluido oral. Por essas características, serão tratados neste resumo pela denominação de testes rápidos.
Com o intuito de ampliar as possibilidades de testagem, de acordo com a política pública de acesso ao diagnóstico para toda a população,
os testes rápidos devem, prioritariamente, ser utilizados fora do ambiente laboratorial. Estão disponíveis testes rápidos que empregam
amostras de fluido oral (FO), soro, plasma ou sangue total (ST).
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Os testes rápidos de punção digital devem ser realizados, preferencialmente, no âmbito dos serviços de saúde, sejam eles da Atenção
Básica, Maternidades, Rede de Urgência e Emergência ou de outras unidades que compõem a Rede de Atenção à Saúde identificadas como
prioritárias para essa oferta. Já os testes rápidos com amostra de fluido oral não são invasivos e devem ser utilizados fora do ambiente do
serviço de saúde, como em campanhas para testagem e em ações que envolvem populações de alta vulnerabilidade.
Esse processo de testagem rápida é considerado como triagem. Portanto, há a necessidade de encaminhar os indivíduos com resultado
reagente aos serviços de saúde para conclusão do diagnóstico e inserção no cuidado contínuo.
Testes Complementares
Os testes complementares utilizam diferentes formatos e princípios. Estão incluídos nessa categoria:
Western Blot (WB)
Imunoblot (IB)
Imunoensaios em linha (LIA) → incluindo o Imunoblot rápido (IBR) e Imunofluorescência indireta (IFI)
Testes moleculares (TM) → auxiliam no esclarecimento dos resultados da infeção aguda pelo HIV
Os testes complementares convencionais (WB, IB ou IBR) são menos sensíveis que os imunoensaios de 3ª e 4ª gerações, podendo produzir
resultados falso-negativos. Logo, não são recomendados para confirmar a presença de anticorpos IgM (ensaios de terceira ou quarta
geração) ou a presença do antígeno p24 (ensaios de quarta geração), sendo inadequados para a detecção de infecções recentes. Nesse
caso, recomenda-se utilizar um TM (que detecta RNA ou DNA pró-viral) para complementar/confirmar o diagnóstico de HIV,
principalmente infecções agudas.
OBS1: Pessoas na fase crônica da infecção são identificadas com sucesso por meio de testes iniciais (3ª ou 4ª geração), seguidos por um
teste complementar (WB, IB, IBR ou TM).
OBS2: Controladores de elite → mantêm a viremia em um nível baixo e até indetectável em testes moleculares. Nesses casos, o
diagnóstico só pode ser realizado mediante a utilização dos testes complementares convencionais (WB, IB e IBR) citados. Sendo assim,
os controladores de elite, por sua vez, podem ser identificados com imunoensaios (IE) de 3ª ou 4ª geração, seguidos da realização de um
teste complementar (WB, IB ou IBR).
Fluxogramas Diagnósticos
Desde o início da epidemia do HIV, o diagnóstico sorológico da infecção é realizado com pelo menos dois testes, um inicial muito sensível
e um segundo, mais específico, para complementar o resultado do teste inicial. Dois ou mais testes combinados, formando um fluxograma,
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
têm o objetivo de aumentar o valor preditivo positivo (VPP) de um resultado reagente no teste inicial. Na maioria das situações, o
fluxograma mais comumente utilizado inclui o emprego de testes em série ou sequenciais (fluxograma em série).
Ao definirmos o fluxograma como um método para resolver um problema utilizando um número definido de etapas, é necessário
considerar a diversidade de testes disponíveis e os diferentes cenários nos quais se realiza o diagnóstico da infecção pelo HIV. Devido a
isso, é necessário mais de um fluxograma para cobrir todas as necessidades de triagem e confirmação da infecção pelo HIV, segundo as
diferentes configurações de testes e perfis de pacientes que esse diagnóstico envolve. Logo, apresentamos a seguir seis fluxogramas
recomendados para o diagnóstico da infecção pelo HIV, considerando as diversas situações nas quais se faz necessária a realização do
diagnóstico da infecção, além dos esclarecimentos e fundamentação de cada um desses fluxogramas.
OBS: Os Fluxogramas 1, 2 e 3 são os preferenciais por combinarem os testes que permitem agilizar o diagnóstico da infecção, sendo
também os que apresentam maior resolutividade e, por esses motivos, o DIAHV os indica como sendo os de primeira escolha nas
situações nas quais está recomendada sua aplicação.
Fluxograma 1
O Fluxograma 1 emprega dois testes rápidos (TR1 e TR2) realizados em sequência com amostras de sangue, as quais podem ser obtidas
por punção da polpa digital ou por punção venosa. Esse fluxograma é indicado para as situações e locais nos quais o DIAHV recomenda a
utilização de teste rápidos (já citados acima).
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
1
Utilizar um conjunto diagnóstico do mesmo fabricante, preferencialmente de lote de fabricação diferente.
2
Nas situações em que o fluxograma for realizado com uma única amostra obtida por venopunção, coletar uma segunda amostra
e repetir o TR1 para concluir o resultado. Se este TR1 repetido der não reagente, considerar a possibilidade de troca de amostra
e repetir o Fluxograma 1 com uma terceira amostra.
3
Encaminhar o paciente para realizar o teste de Quantificação de Carga Viral (cujo resultado confirma a presença do vírus) e
contagem de linfócitos T-CD4+.
4
Se persistir a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra.
5
Amostras com resultados reagentes para HIV-2 (nos conjuntos diagnósticos que discriminam a reatividade para HIV-2 em linha
de teste distinta do HIV-1) só terão seu diagnóstico de infecção por HIV-2 concluído após seguidas as instruções descritas no item
10.2 deste manual.
Este fluxograma:
Não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, devido à transferência de
anticorpos maternos anti-HIV pela placenta.
Não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. Para a confirmação de um caso suspeito, siga as orientações contidas no item 10.2
deste manual.
Não é adequado para o diagnóstico da infecção aguda pelo HIV-1. Se houver suspeita de infecção aguda, siga as orientações contidas
no item 10.1 deste manual
Fluxograma 2
O Fluxograma 2 emprega também dois testes rápidos (TR1-FO e TR2) realizados em sequência, sendo o primeiro teste (TR1-FO) realizado
com amostra de fluido oral (FO) e o segundo com amostra de sangue, a qual pode ser obtida por punção da polpa digital ou por punção
venosa. É indicado para uso fora de unidades de saúde, em campanhas para testagem e em ações que envolvem populações de alta
vulnerabilidade, pois as amostras de FO oferecem baixo risco biológico.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
1
Utilizar um conjunto diagnóstico do mesmo fabricante, preferencialmente de lote de fabricação diferente.
2
Encaminhar o paciente para realizar o teste de Quantificação de Carga Viral (cujo resultado confirma a presença do vírus) e
contagem de linfócitos T-CD4+.
3
Se persistir a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra.
4
Amostras com resultados reagentes para HIV-2 (nos conjuntos diagnósticos que discriminam a reatividade para HIV-2 em linha
de teste distinta do HIV-1) só terão seu diagnóstico de infecção por HIV-2 concluído após seguidas as instruções descritas no item
10.2 deste manual.
Este fluxograma:
Não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, devido à transferência de
anticorpos maternos anti-HIV pela placenta.
Não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. Para a confirmação de um caso suspeito, siga as orientações contidas no item 10.2
deste manual.
Não é adequado para o diagnóstico da infecção aguda pelo HIV-1. Se houver suspeita de infecção aguda, siga as orientações contidas
no item 10.1 deste manual
Fluxograma 3
O Fluxograma 3 emprega um imunoensaio de 4ª geração (IE4ªG) como teste inicial e um teste molecular (TM) como teste complementar
para amostras reagentes no teste inicial. O IE4ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1 e anti-HIV-2, além de antígeno p24 do
HIV-1.
OBS: O Fluxograma 3 é o que permite o diagnóstico mais precoce da infecção pelo HIV (infecção aguda).
1
Se persistir a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova
amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da
coleta desta amostra.
2
Coletar uma segunda amostra para repetir IE4ªG a
fim de concluir o resultado.
Este fluxograma:
Não é adequado para o diagnóstico da infecção pelo HIV
em crianças com idade inferior ou igual a 18 meses, devido à
transferência de anticorpos maternos anti-HIV pela placenta.
Não define o diagnóstico de infecção por HIV-2. Para a
confirmação de um caso suspeito, siga as orientações
contidas no item 10.2 deste manual.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Fluxograma 4
O Fluxograma 4 emprega um imunoensaio de 3ª geração (IE3ªG) como teste inicial e um teste molecular (TM) como teste complementar
para amostras reagentes no teste inicial. O IE3ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1 e anti-HIV-2.
OBS: Os Fluxogramas 3 e 4 diferem na geração do imunoensaio (IE) utilizado na etapa inicial.
Fluxograma 5
O Fluxograma 5 emprega um imunoensaio de 3ª geração (IE3ªG) como teste inicial e um Western Blot (WB), Imunoblot (IB) ou Imunoblot
rápido (IBR) como teste complementar para amostras reagentes no teste inicial. O IE3ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1
e anti-HIV-2.
OBS: O DIAHV recomenda aos serviços de saúde que utilizam este fluxograma que considerem a adoção do Fluxograma 3, devido aos
benefícios diagnósticos anteriormente apresentados.
1
Se persistir a suspeita de infecção pelo
HIV, uma nova amostra deverá ser
coletada 30 dias após a data da coleta
desta amostra.
2
Emitir laudo reportando o resultado
indeterminado e coletar nova amostra
após 30 dias da data da coleta.
3
Coletar uma segunda amostra para
repetir IE3ªG a fim de concluir o
resultado.
Este fluxograma:
Não é adequado para o diagnóstico da infecção
pelo HIV em crianças com idade inferior ou igual a
18 meses, devido à transferência de anticorpos
maternos anti-HIV pela placenta.
Não define o diagnóstico de infecção por HIV-2.
Para a confirmação de um caso suspeito, siga as
orientações contidas no item 10.2 deste manual.
Fluxograma 6
O Fluxograma 6 emprega um imunoensaio de 4ª geração (IE4ªG) como teste inicial e um Western Blot (WB), Imunoblot (IB) ou Imunoblot
rápido (IBR) como teste complementar para amostras reagentes no teste inicial. O IE4ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1
e anti-HIV-2, além de antígeno p24 do HIV-1.
OBS1: Os Fluxogramas 5 e 6 diferem quanto à geração do imunoensaio (IE) utilizado na etapa inicial.
OBS2: O DIAHV recomenda aos serviços de saúde que utilizam este fluxograma que considerem a adoção do Fluxograma 3, devido aos
benefícios diagnósticos anteriormente apresentados.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
ABORDAGEM INICIAL
Anamnese
Os itens listados ao lado servem para estruturar um
roteiro inicial, que pode ser adaptado conforme a
necessidade de cada paciente.
O que o paciente deve saber após a primeira
consulta?
Como o vírus causa a doença
Diferença entre ser infectado pelo HIV e ter AIDS
Importância da contagem de LT-CD4+ e o exame
de CV
Como outros podem se infectar e como isso pode
ser evitado
Como a TARV funciona e qual a sua utilidade
Bom prognóstico: hoje, a grande maioria das
PVHIV em tratamento vivem uma vida normal
É possível infectar-se com outra cepa mais
patogênica ou resistente do HIV (reinfecção,
superinfecção)
IST e hepatites virais devem ser evitadas, uma vez
que estas podem piorar o curso da infecção pelo
HIV. Se houver sintomas de IST, o paciente deve
ser capaz de falar abertamente sobre eles
Grupos de apoio (ONG, organizações
comunitárias) disponíveis na área para o apoio de
PVHIV
Uma dieta equilibrada e exercício físico regular
podem ajudar a melhorar o prognóstico
Fumar aumenta o risco de inúmeras
complicações para a saúde
Onde encontrar mais informações médicas e
sociais
Testes laboratoriais planejados e sua utilidade
para tratamento futuro
O que o médico deve saber após a primeira consulta?
Infecção e risco
Quando, onde e por que foi realizado o teste para HIV? Houve um teste negativo antes disso? Quais os riscos que o paciente teve no
intervalo entre os testes?
O comportamento sexual do usuário, o que ajuda na detecção de IST e auxilia no aconselhamento preventivo
História familiar de diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão, dislipidemias, câncer, tuberculose ou outras doenças
infecciosas
Viajou recentemente? Onde nasceu ou onde passou a maior parte da vida?
Que drogas recreativas consome regularmente e como (EV, inalada etc.)?
Tabagismo? Quantidade acumulada (carteiras de cigarros/ano)
Era doador de sangue de repetição? Se sim, o médico deverá informar o serviço de hemoterapia
Contato com alguém com tuberculose?
Comorbidades
Doenças anteriores, doenças concomitantes?
Infecções prévias, tuberculose, IST, incluindo sífilis e hepatites A, B e C?
Em uso de quais medicamentos?
Existe história de reações alérgicas? › Vacinação? Possui registro
Aspectos sociais
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Tem um(a) parceiro(a)? A parceria foi testada para HIV e IST? Tem filhos ou planos para a gravidez?
Qual é o contexto social do paciente? Qual é a sua profissão/ocupação? Horário de trabalho? Que deveres tem de cumprir?
Possui alguma crença/religião? Existem restrições quanto à utilização de TARV?
Orientação sexual? Identidade de gênero? Nome social?
Quem sabe sobre a infecção do paciente? Quem irá ajudar se este ficar doente ou precisar de ajuda? Sabe se tem amigos infectados
pelo HIV? Tem interesse em entrar em contato com assistentes sociais ou grupos de apoio (ONG)?
Necessita de apoio psicoterapêutico?
Exame Físico
A infecção pelo HIV tem um acometimento sistêmico. É necessário, portanto, atentar para sinais clínicos comumente associados à doença
(figura abaixo). O exame físico deve ser completo e incluir a aferição da pressão arterial, peso, altura, cálculo do índice de massa corpórea
e medida da circunferência abdominal. O exame físico completo deve ser realizado regularmente, porque leva a achados importantes. O
exame da pele e oroscopia são também relevantes, uma vez que diversos sinais e sintomas presentes podem estar associados à infecção
pelo HIV. Quanto mais baixa a contagem de LT-CD4+, mais frequentemente os pacientes devem ser examinados.
Sífilis
Hepatites → anti-HAV, anti-HCV, HBsAg, anti-HBc total e anti-HBs (verificação de imunização)
Toxoplasmose (IgG)
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
Radiografia de tórax
Periodicidade de Consultas
A periodicidade das consultas médicas deve adequar-se às condições clínicas da PVHIV e à fase do tratamento:
Após a introdução ou alteração da TARV → retorno em 7 a 15 dias para avaliar eventos adversos e dificuldades relacionadas à adesão.
Em seguida, podem ainda ser necessários retornos mensais até a adaptação à TARV.
PVHIV em TARV com quadro clínico estável → retorno para consultas em intervalos de até seis meses.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
A contagem de LT-CD4+ é um dos biomarcadores mais importantes para avaliar a urgência de início da TARV e a indicação das imunizações
e das profilaxias para IO. Com esse exame, é possível avaliar o grau de comprometimento do sistema imune e a recuperação da resposta
imunológica com o tratamento adequado, além de definir o momento de interromper as profilaxias.
É feito logo após o diagnóstico de infecção pelo HIV, para avaliar o estado basal do sistema imunológico, entre 2-4 semanas após o início
do tratamento antiviral.
→ Carga Viral do HIV (CV-HIV)
A contagem de LT-CD4+ tem importância na avaliação inicial, enquanto a CV-HIV é considerada o padrão-ouro para monitorar a eficácia
da TARV e detectar precocemente problemas de adesão em PVHIV.
O exame que mede a quantidade (carga viral) no sangue de ácido ribonucleico (RNA) do vírus da imunodeficiência humana (HIV), servindo
como indicação da evolução da doença e da velocidade de replicação do vírus. Com a contagem de linfócitos CD4, ela indica quando o
tratamento deve ser iniciado, quando deve ser pesquisada a resistência aos medicamentos e quando deve ser modificado o tratamento.
Pode ser usado durante a janela imunológica (3-8 semanas). Após a exposição ao vírus (em casos raros, até 6 meses), o corpo começa a
produzir anticorpos em resposta à infecção. Entretanto, se a exposição foi recente, o nível de anticorpos pode ainda não ser detectável.
Nesse período de janela imunológica, procura-se detectar a exposição pela medida do RNA viral (carga viral) no sangue. Como o nível
tecnológico e de recursos para o exame da carga viral é alto, ele não é usado com frequência para diagnóstico.
OBS1: Uma pessoa vivendo com HIV e com carga viral indetectável não transmite o HIV sexualmente. Foi assim que surgiu o termo
“indetectável = intransmissível”. O termo é válido desde que as pessoas vivendo com HIV estejam com carga viral do HIV indetectável há
pelo menos seis meses.
OBS2: Flutuações laboratoriais e fisiológicas de LT-CD4 não têm relevância clínica e podem inclusive levar a erros de conduta, como troca
precoce de esquemas da TARV ou manutenção de esquemas em falha virológica. Em pacientes em uso de TARV, o foco do
monitoramento laboratorial deve ser a CV-HIV para avaliar a eficácia da TARV e detectar precocemente a falha virológica, caracterizada
por dois exames sequenciais de CV-HIV detectáveis.
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
IMUNIZAÇÕES
Adultos e adolescentes vivendo com HIV podem receber todas as vacinas do calendário nacional, desde que não apresentem deficiência
imunológica importante. À medida que aumenta a imunodepressão, eleva-se também o risco relacionado à administração de vacinas de
agentes vivos, bem como se reduz a possibilidade de resposta imunológica consistente. Sempre que possível, deve-se adiar a administração
de vacinas em pacientes sintomáticos ou com imunodeficiência grave (contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 células/mm3), até que um
grau satisfatório de reconstituição imune seja obtido com o uso de TARV, o que proporciona melhora na resposta vacinal e redução do
risco de complicações pós-vacinais.
OBS: A administração de vacinas com vírus vivos atenuados (poliomielite oral, varicela, rubéola, febre amarela, sarampo e caxumba) em
pacientes com imunodeficiência está condicionada à análise individual de risco-benefício e não deve ser realizada em casos de
imunodepressão grave (quadro abaixo).
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Caso Clínico 2 – AP3 Gabriel Soares – MD7
A tabela abaixo aborda o esquema vacinal básico para adultos e adolescentes vivendo com HIV.
OBS: A imunogenicidade e a eficácia da vacina contra hepatite B são inferiores em pacientes imunodeprimidos em relação aos
imunocompetentes. Por esse motivo, quatro doses de vacina contra hepatite B, com o dobro da dose habitual, são necessárias à indução
de anticorpos em níveis protetores.
PREVENÇÃO COMBINADA
TRATAMENTO
Quando Iniciar?
O início imediato da TARV está recomendado para todas as PVHIV, independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico, devendo
ser iniciada quando a PVHIV estiver informada sobre seus benefícios e riscos, além de fortemente motivada e preparada para o tratamento,
respeitando-se a autonomia do indivíduo. Deve-se enfatizar que a TARV, uma vez iniciada, não deverá ser interrompida.
OBS: Em nenhuma situação deverá haver qualquer tipo de coerção para início da TARV.
Esforços devem ser feitos para reduzir o tempo entre o diagnóstico de HIV e o início da TARV, sempre avaliando a preparação e a motivação
individual. Entretanto, algumas situações exigem maior urgência para o início da TARV, uma vez que seu início tem impacto importante
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na redução da mortalidade, na transmissão vertical e no tratamento de comorbidades graves. As situações que requerem priorização
para início da TARV estão incluídas na tabela abaixo.
Entendem-se por sintomáticos os pacientes com imunodeficiência avançada (doença definidora de aids) ou moderada.
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Medicamentos
Inibidor de Transcriptase Reversa Análogo de Nucleotídeo (ITRNt)
Tenofovir (TDF) → é o único ITRNt em uso clínico. Ele possui meia-vida longa, o que permite administração em dose única diária.
Início da TARV
A TARV inicial é dividida em:
TARV inicial preferencial
TARV inicial alternativa → compreende as situações especiais de intolerância ou contraindicação, as quais devem ter seus esquemas
iniciais adequados para esquemas iniciais alternativos
A TARV inicial preferencial deve sempre incluir combinações de três ARV (anti retrovirais), sendo 1 ITRN + 1 ITRNt associados a uma outra
classe de antirretrovirais (ITRNN ou INI).
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Genotipagem Pré-Tratamento
Realizada no intuito de descobrir possíveis resistências a TARV, sendo indicada para:
Pessoas que tenham se infectado com parceiro (atual ou pregresso) em uso de TARV
Gestantes infectadas pelo HIV
Crianças infectadas pelo HIV
Coinfecção TB-HIV
Critérios para realização do teste de genotipagem pela Renageno (Rede Nacional de Genotipagem):
Falha virológica confirmada em 2 exames consecutivos de CV-HIV, com intervalo de 4 semanas entre eles
CV-HIV > 500 cópias/mL
Uso regular de TARV por pelo menos 6 meses
Falha Terapêutica
Nesses casos, é obrigatória a genotipagem do paciente e mudança de tratamento. Devem-se avaliar três pontos principais:
A SRI caracteriza-se por uma reação inflamatória paradoxal (que produz lesão de órgãos e tecidos do hospedeiro) desencadeada pela
recuperação do sistema de defesa (objetivo principal da terapia antirretroviral) devido à melhora da competência imunológica associada à
queda da carga viral e consequente aumento dos LT-CD4+ devido a utilização da TARV. Essa síndrome se manifesta como piora “paradoxal”
de doenças preexistentes, geralmente autolimitadas, mas que podem assumir formas graves.
É importante diferenciar as infecções subclínicas, assintomáticas e ocultas que aparecem pela primeira vez em pacientes em TARV (“SIR
desmascarada”) e infecções clinicamente evidentes já existentes no início da terapia, que muitas vezes, paradoxalmente, pioram durante
a terapia (“SIR paradoxal”).
O início da TARV não deve ser postergado por receio de ocorrência da SIR, uma vez que os benefícios da TARV superam enormemente seus
riscos. O início da TARV em pacientes com baixas contagens de LT-CD4+ é um fator preditor para ocorrência de SIR, especialmente havendo
história pregressa ou atual de coinfecções ou de IO.
O diagnóstico da SIR é clínico e deve ser considerado quando sinais ou sintomas inflamatórios ocorrem entre quatro à oito semanas após
o início da TARV, na reintrodução de um esquema interrompido ou na modificação para um esquema mais eficaz após a falha virológica.
Observa-se, em geral, aumento na contagem de LT-CD4+ e redução na CV-HIV, o que demonstra a efetividade do tratamento.
OBS: No diagnóstico diferencial, deve ser excluída falha da TARV por má adesão ou resistência viral, falha ao tratamento da coinfecção
ou IO, interações medicamentosas e eventos adversos associados à TARV.
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Uma vez que não existem critérios bem estabelecidos para o diagnóstico da SIR, normalmente é necessária uma combinação de achados
para orientar a suspeita clínica (quadro abaixo).
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