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Revisão do UpToDate COVID-19 em

gestantes

Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia


Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

Março/2021
Virologia

► O vírus que causa a doença COVID-19 é denominado coronavírus 2 de


síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Trata-se de um RNA-vírus,
envelopado e de rápida disseminação.

► Como outros vírus, o SARS-CoV-2 evolui com o tempo. Certas variantes têm
atraído atenção generalizada por causa de seu rápido surgimento dentro das
populações e potencial de transmissão ou implicações clínicas.
Epidemiologia

► Mais de 100 milhões de casos confirmados foram reportados no mundo todo,


com exceção da Antártica. Contudo, os casos são subestimados, pois apenas
uma fração das infecções agudas é diagnosticada e relatada.

► Os dados coletados em 21 de Março de 2021 no Brasil, revelam:


⭶ Casos: 11.998.233
⭶ Mortes: 294.042
Transmissão:

► A transmissão pode ocorrer pela inalação de partículas virais ou pelo contato


de mãos/superfícies contaminados com olhos, nariz ou boca, tanto através de
pessoas sintomáticas como assintomáticas.

► O risco de transmissão após o contato com um indivíduo com COVID-19


aumenta com a proximidade e duração do contato.

► O SARS-CoV-2 foi detectado em amostras não respiratórias, incluindo fezes,


sangue, secreções oculares e sêmen, mas o papel destes meios na transmissão
é incerto.
► O potencial de transmissão da SARS-CoV-2 começa antes do desenvolvimento
dos sintomas e é maior nos primeiros 6 dias do curso da doença, quando os
níveis de RNA viral das amostras respiratórias são mais elevados.

► A transmissão após 7 a 10 dias da doença é improvável.

► A duração média da detecção de RNA viral em amostras respiratórias foi de 18


dias após o início dos sintomas. Em alguns indivíduos, o RNA viral foi
detectado no trato respiratório vários meses após a infecção inicial. O RNA
viral detectável, no entanto, não indica necessariamente a presença de vírus
infeccioso, e parece haver um limite de nível de RNA viral abaixo do qual a
infectividade é improvável.
► Os anticorpos específicos para SARS-CoV-2 e as respostas mediadas por células
são induzidos após a infecção. As evidências sugerem que algumas dessas
respostas são protetoras e geralmente duram vários meses. No entanto, não
se sabe quanto tempo os efeitos protetores duram além dos primeiros meses
após a infecção.

► O risco de reinfecção em curto prazo parece ser baixo e alguns estudos em


animais sugeriram que a resposta imune à infecção pode oferecer alguma
proteção contra a reinfecção, pelo menos a curto prazo.
Clínica:

► A gravidez e o parto geralmente não aumentam o risco de adquirir a infecção


e desenvolver síndrome respiratória aguda grave, mas parece piorar o curso
clínico.

- Tosse - Ageusia
- Dor de cabeça - Náuseas e vômitos
- Mialgia - Fadiga
- Febre - Diarreia
- Dor de garganta - Rinorreia
- Dispneia - Assintomáticos
- Anosmia
Diagnóstico:

► Achados laboratoriais:
⭶ Linfopenia - Tempo de protrombina aumentado
⭶ Leucocitose - Níveis elevados de D-dímeros
⭶ Aumento de pró-calcitonina - Níveis elevados de proteína C reativa
⭶ Aumento de enzimas hepáticas - Anticoagulante lúpico positivo
⭶ Trombocitopenia - Baixos níveis de fibrinogênio
⭶ Hemólise autoimune

► RX de tórax: pode ser normal na doença leve-moderada.

► TC de tórax: opacidades em vidro-fosco, distribuição periférica e


consolidação.
► Testes diagnósticos:
⭶ Teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT): mais comumente como um
ensaio de reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR) é
o teste de diagnóstico inicial preferido para COVID-19. Diagnostica infecção
atual.
🡪 Amplificação isotérmica mediada por loop com transcriptase reversa (RT-
LAMP): desempenho comparável ao NAAT, porém menos sensível.

Amostras para coleta:


⭶ esfregaço nasal de ambas as narinas anteriores, coletado por um profissional
de saúde/paciente no local ou em casa (usando um esfregaço de poliéster
flocado ou fiado).
⭶ swab de concha média nasal, coletado por um profissional de saúde/paciente
supervisionado no local (usando um swab cônico flocado).
⭶ Testes de antígeno: a sensibilidade é menor do que a dos NAATs, e os testes
de antígeno negativos geralmente devem ser confirmados com NAATs.
Diagnostica infecção atual. Maior sensibilidade em pessoas sintomáticas nos
primeiros 5-7 dias.

Amostra para coleta: swab nasal / nasofaríngeo

⭶ Sorologia: detecção de anticorpos. Diagnostica infecção anterior ou infecção


com duração de, pelo menos, 3-4 semanas. O IgG geralmente aparece 14 dias
após o início da infecção.

Amostra para coleta: sangue


► A triagem para infecção por SARS-CoV-2 com testes virais em série é
recomendada para identificar rapidamente os casos, de modo que os
indivíduos infectados possam ser isolados, os contatos colocados em
quarentena e os surtos evitados.

► Pacientes com induções ou cesáreas agendadas poderão realizar testes de


triagem 72h antes da admissão.
Diagnóstico diferencial:

► Influenza
► Adenovírus
► Pneumonia por Haemophilus influenzae e Mycoplasma pneumoniae
► Tuberculose
► Pré-eclampsia
► HELLP
Classificação National Institutes of
Health (NIH):
► Assintomáticos: teste positivo, porém sem sintomas.

► Leve: febre, tosse, dor de garganta, mal estar, cefaleia e/ou mialgia.
Não há dispneia ou alteração em exame de imagem do tórax.

► Moderada: evidência de doença do trato respiratório inferior por avaliação


clínica ou imagem e uma SaO2 ≥94 % no ar ambiente.

► Grave: FR > 30 irpm, SaO2 <94% no ar ambiente, PaO2/FiO2 < 300 ou


infiltrados pulmonares > 50%.

► Doença crítica: insuficiência respiratória, choque séptico e/ou disfunção de


múltiplos órgãos.
Classificação Wu:

► Leve: assintomáticos ou sintomas leves - febre, fadiga, tosse.

► Grave: FR > 30 irpm, SaO2 ≤ 93 % ou PaO2/FiO2 < 300 mmHg ou > 50% de
envolvimento pulmonar na imagem.

► Crítico: insuficiência respiratória, choque ou disfunção de múltiplos órgãos.


Fatores de risco para doença grave:

► Idade materna avançada


► IMC elevado
► Comorbidades pré-existentes

⭶ Gestantes possuem maior risco de admissão em UTI, respiração não invasiva


ou oxigenação por membrana extra-corpórea.

⭶ Embora a maioria (> 90%) das gestantes infectadas se recupere sem passar por
hospitalização, pode ocorrer rápida deterioração clínica e as sintomáticas
apresentam maior risco de morte.

⭶ Taxa de mortalidade materna: 0,15 – 0,6%.


Manejo:

► Assintomáticas com teste positivo:


⭶ Isolamento domiciliar
⭶ Observação de febre, tosse e dispneia
⭶ Mobilograma, se 3º trimestre
⭶ Hidratação, repouso adequado e deambular, se possível

► Sintomáticas
⭶ Isolamento domiciliar
⭶ Observação de febre, tosse e dispneia
⭶ Mobilograma, se 3º trimestre
⭶ Hidratação, repouso adequado e deambular, se possível
⭶ Pelo menos 1 avaliação obstétrica nos 14 dias de isolamento
Tempo de isolamento:

► 14 dias.

► 10 dias, desde que o indivíduo permaneça assintomático.

► 7 dias, desde que o indivíduo permaneça assintomático e teste (antígeno ou


PCR) negativo - idealmente 5-7 dias após a exposição.

⭶ Para membros da família de um indivíduo com COVID-19 que não podem se


separar fisicamente desta pessoa, o período de quarentena começa assim que
o período de isolamento do indivíduo com COVID -19 está completo.
► Procurar a emergência, se:
⭶ Piora da dispneia
⭶ Febre persistente > 39ºC, apesar do uso de antipiréticos
⭶ Não tolerar via oral
⭶ Dor torácica pleurítica persistente
⭶ Confusão mental
⭶ Complicações obstétricas (contrações, sangramento, RUPREME, diminuição da
movimentação fetal)
Critérios para internação hospitalar:

► Comorbidade que justifique internação (HAS / DM mau controlados, PE)

► Febre persistente após o uso de antipiréticos, exceto se a febre for o único


sintoma

► Sinais e sintomas moderados/severos:


🡪 Saturação de O2 < 95%
🡪 FR > 30 irpm
🡪 Necessidade crescente de O2 suplementar

► Doença crítica:
🡪 Falência respiratória e/ou
🡪 Hipotensão, apesar de hidratação e/ou
Exames iniciais:

● Exames laboratoriais diários:


● Hemograma
● Eletrólitos
● Função renal e hepática
● CK
● PCR

● Exames laboratoriais diários (se alterados ou paciente em UTI) ou 1x a cada 2


dias:

● Coagulograma
● D-dímeros
● Outros exames laboratoriais:

● DHL - repetir diariamente, se alterado

● Troponina - repetir a cada 2-3 dias, se alterada


● Anti-HIV, Anti-HCV e HBsAg

● Exames de imagem / traçados:

● ECG na chegada - repetir se iniciar medicação que prolongue QT

● RX de tórax: suficiente na maioria dos casos para avaliação inicial

● TC de tórax: reservar para pacientes em que se modifique a conduta

● Ecocardiograma: se aumento de troponinas com comprometimento


hemodinâmico ou sinais de miocardiopatia
Tratamento:

► Suporte suplementar de oxigênio:


⭶ Manter SaO2 > 95% até estabilização clínica. Após, tolerável entre 92-95%
⭶ Realizar gasometria se SaO2 < 95%
⭶ Manter PAO2 > 70 mmHg
⭶ Prona, semi-prona ou decúbito lateral esquerdo
⭶ Hipercapnia permissiva PCO2 < 60 mmHg – se SARA
⭶ ECMO – se SARA
► Complicações da SARA:
⭶ Insuficiência renal aguda

⭶ Aumento de enzimas hepáticas

⭶ Disfunção cardíaca: cardiomiopatia, pericardite, derrame pericárdico,


arritmia, morte cardíaca súbita
► Eventos tromboembólicos: anticoagulação profilática para gestantes
internadas por doença grave. Suspender se alta hospitalar.

⭶ Heparina não fracionada: preferível do que HBPM, pela possibilidade de


reversão mais rápida. Controlar KTTP.
🡪 5.000 UI SC 12/12h - 1º trimestre
🡪 7.500 – 10.000 SC 12/12h – 2º trimestre
🡪 10.000 UI SC 12/12h – 3º trimestre

⭶ Heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina):


🡪 40 mg/dia ou 1mg/kg/dia SC
► Corticoide: em casos de doença grave, necessidade de O2 suplementar ou
suporte ventilatório:
🡪 Dexametasona 6 mg 1x/dia por 10 dias ou até a alta hospitalar, o que ocorrer
primeiro.

► Se houver necessidade de maturação pulmonar fetal:


🡪 Dexametasona 6 mg EV 12/12h por 2 dias (maturação pulmonar) + 6 mg VO/EV
por 10 dias.
► Anti-inflamatórios:
⭶ NÃO é necessário evitar o uso em caso de doença grave, porém utilizar por <
48h. Pesar risco x benefício.

► Paracetamol:
⭶ Utilizar em pacientes febris. Hipertermia no 1º trimestre pode se associar a
defeitos do tubo neural ou parto prematuro.

⭶ Nebulização:
⭶ Preferencialmente com espaçador
► Anticorpos monoclonais:
⭶ Bamlanivimab, casirivimab-imdevimab: tratamento ambulatorial de casos
leves a moderados em pacientes com risco de progressão para doença grave /
hospitalização. Podem ultrapassar a barreira placentária.

► Antivirais
⭶ Remdesivir: tratamento hospitalar de casos graves – melhora recuperação e
mortalidade em pacientes que necessitam de O2 suplementar em baixo fluxo.
🡪 200 mg EV no 1º dia + 100 mg EV por 4 dias (5 dias no total)
Pode-se ampliar o tratamento por 10 dias se não houver melhora clínica,
paciente em ventilação mecânica ou ECMO.
► Inibidor seletivo e reversível da JANUS quinase
⭶ Baricitinib: usado em combinação com remdesivir em pacientes
hospitalizados, com necessidade de O2 suplementar ou suporte ventilatório.
🡪 4 mg VO 1x/dia por até 14 dias

► Azitromicina: não deve ser utilizada sozinha ou em combinação com


hidroxicloroquina para tratamento.

► Vitamina D: a suplementação de vitamina D pode ser apropriada para atender


à ingestão recomendada ou tratar a deficiência. No entanto, não há
evidências claras de melhora dos resultados de COVID-19.
Pré-exposição:

► Não se recomenda profilaxia medicamentosa pré-exposição.

⭶ Hidroxicloroquina: dados de estudos sugerem que não é eficaz na prevenção


de infecções. OMS recomenda especificamente contra o seu uso.

⭶ Ivermectina: só foi avaliada em estudos não publicados de baixa qualidade e


faltam evidências clínicas que apoiem seu uso. Além disso, embora haja
atividade contra SARS-CoV-2 in vitro, os níveis plasmáticos altos o suficiente
para a atividade antiviral não podem ser alcançados com doses seguras do
medicamento.
Complicações maternas:

► Distúrbios respiratórios: pneumonia, insuficiência respiratória, síndrome da


dificuldade respiratória aguda
► Distúrbios cardíacos: arritmias, lesão cardíaca aguda
► Distúrbios neurológicos: dor de cabeça, tontura, mialgia, alteração da
consciência, distúrbios do olfato e paladar, fraqueza, derrames, convulsões
► Distúrbios cutâneos: erupção cutânea morbiliforme, urticária, lesões acrais
tipo pérnio, lesões vasculares semelhantes a livedo e erupção vesicular
semelhante à varicela
► Doenças gastrointestinais e hepáticas
► Doença psiquiátrica: transtornos de ansiedade, transtornos depressivos,
transtorno de insônia, transtorno de estresse pós-traumático
► Eventos tromboembólicos
► Infecções secundárias
Complicações fetais:

► Insuficiência placentária, causada pela coagulopatia relacionada a COVID-19,


hipóxia placentária durante doença materna aguda, infecção viral placentária
ou uma combinação destes fatores.
⭶ Inflamação intervilosa aguda e crônica
⭶ Vilosidades avasculares focais
⭶ Trombos em vasos fetais maiores na placa coriônica e vilosidades-tronco

► Comprometimento do crescimento fetal


Prevenção:

► Evitar aglomerações
► Manter distanciamento de pelo menos 2-3 metros
► Lavar as mãos com frequência, especialmente após contato com superfícies
► Uso de álcool, pelo menos 60%, para higienizar as mãos
► Higiene respiratória: cobrir boca e nariz ao tossir/espirrar
► Evitar tocar o rosto
► Evitar lente de contato, para reduzir o contato com os olhos
► Limpeza de superfícies frequentemente manipuladas
► Manter os ambientes arejados/ventilados
► Usar máscaras em público
⭶ N95 devem ser reservadas para profissionais da saúde
⭶ de pano devem ter múltiplas camadas
⭶ não devem ter válvulas

► Embora a proteção ocular seja recomendada, a função de protetores faciais


ou óculos, além de máscaras, para reduzir ainda mais o risco de infecção na
comunidade é incerta. Os óculos são geralmente considerados insuficientes
para proteção ocular.
Vacina:

► Embora tenham sido excluídas dos ensaios de vacinas, recomendamos não


contra indicá-las com base apenas na gravidez para aquelas que são elegíveis
e desejam isso. O aconselhamento deve equilibrar os dados disponíveis sobre
a segurança e os riscos da infecção e doença grave.

► Embora a gravidez em si esteja associada a um risco aumentado de infecção


grave, alguns pacientes podem razoavelmente optar por adiar a vacinação
após pesar seu risco pessoal de exposição a COVID-19 e a gravidade da doença
contra os dados muito limitados sobre a segurança e eficácia das vacinas
COVID-19 durante gravidez.

► Lactantes também foram excluídas dos ensaios. Sugerimos a vacinação em vez


de adiá-la até após a amamentação, particularmente para aquelas com maior
risco de exposição ou doença grave se infectadas.
Tipos de vacinas:

► Vacinas inativadas (Coronavac/Sinovac, Sinopharm): são produzidas pelo


crescimento do SARS-CoV-2 em cultura de células e, em seguida, pela
inativação química do vírus. O vírus inativado é frequentemente combinado
com alúmen ou outro adjuvante na vacina para estimular uma resposta
imune.

► Vacinas vivas atenuadas: são produzidas pelo desenvolvimento de versões


geneticamente enfraquecidas do vírus do tipo selvagem. A atenuação pode
ser alcançada modificando o vírus geneticamente ou cultivando-o em
condições adversas de modo que a virulência seja perdida, mas a
imunogenicidade seja mantida. Os vírus enfraquecidos se replicam no
receptor para gerar uma resposta imune, mas não causam doenças.
Esperançosamente, uma vacina viva atenuada de COVID-19 estimularia a
imunidade humoral e celular a vários componentes de todo o vírus atenuado.
Outra vantagem das vacinas vivas é que podem ser administradas por via
intranasal, como ocorre com a vacina viva atenuada contra influenza, que
► Vacinas de vetor incompetentes para replicação (Oxford/Astra Zeneca,
CanSino Biologics, Sputnik V, Janssen): usam um vetor de vírus diferente
que foi projetado para não se replicar in vivo e para expressar a proteína viral
que é o alvo imune pretendido. Uma desvantagem das vacinas vetoriais é que
a imunidade pré-existente ao vetor pode atenuar a imunogenicidade da
vacina. São projetadas para expressar a proteína de pico, com uma resposta
imune do hospedeiro resultante a essa proteína.

► Vacinas de vetores competentes para replicação: são derivados de cepas de


vírus atenuadas ou vacinais. O uso de vetores competentes para replicação
muitas vezes resulta em uma resposta imune mais robusta do que com vetores
incompetentes para replicação, uma vez que eles se replicam dentro do
indivíduo vacinado e desencadeiam uma resposta imune inata. Podem ser
administrados por via intranasal para estimular a imunidade da mucosa no
local de entrada do vírus.
► Vacinas de DNA: consistem em DNA de plasmídeo que contém promotores de
expressão em mamíferos e o gene alvo, de forma que a proteína alvo seja
expressa no receptor da vacina. No entanto, as vacinas de DNA costumam ser
de baixa imunogenicidade e precisam de dispositivos de aplicação especiais,
que limitam seu uso.

► Vacinas de RNA (Pfizer, Moderna): foram as primeiras vacinas para SARS-


CoV-2 a serem produzidas. Uma vez administrado, o RNA é traduzido na
proteína alvo, que se destina a induzir uma resposta imune. O mRNA
permanece no citoplasma da célula e não entra no núcleo. As vacinas de
mRNA não interagem ou se integram ao DNA do receptor. Essas vacinas são
produzidas totalmente in vitro, o que facilita a produção. No entanto, como a
tecnologia é nova, a capacidade de produzir grandes quantidades de vacinas
de RNA não foi testada anteriormente, e algumas das vacinas devem ser
mantidas em temperaturas muito baixas, dificultando o armazenamento.
Marcas:

► Pfizer: 2 doses, via intramuscular, com intervalo de 21 dias. Necessita


armazenamento em temperaturas ultra-frias.
95% de eficácia em prevenir infecção sintomática, iniciada até 7 dias após
aplicação da 2ª dose
► Moderna: 2 doses, via intramuscular, intervalo de 28 dias
94,1% de eficácia em prevenir infecção sintomática, iniciada até 14 dias após a
aplicação da 2ª dose
► Janssen: dose única, via intramuscular
66,9% de eficácia em prevenir infecção moderada/grave, iniciada até 14 dias
após a aplicação da 2ª dose
► Oxford/Astra Zeneca: 2 doses, via intramuscular, com intervalo de 4-12
semanas
70,4% de eficácia em prevenir infecção sintomática, iniciada até 14 dias após a
aplicação da 2ª dose
► Novavax: 2 doses, via intramuscular, com intervalo de 21 dias
► Efeitos colaterais:

⭶ Febre
⭶ Calafrios
⭶ Cefaleia
⭶ Fadiga
⭶ Dor no local da aplicação
⭶ Linfonodomegalia axilar
► Os estudos até o momento não identificaram evidências de doença
potencializada associada à vacina COVID-19.

► Pessoas que já tiveram COVID-19 também devem ser vacinadas.

► Completar o esquema com a dose da mesma vacina utilizada na 1ª aplicação.

► A vacinação deve ser programada para que os pacientes não recebam as


vacinas COVID-19 dentro de 14 dias após o recebimento de uma vacina
administrada de forma rotineira, como a dTpa e a influenza.

► Não são necessários testes rotineiros após a vacinação.


Transmissão vertical:

► A extensão da transmissão vertical (intraútero, intraparto e período pós-natal


inicial) permanece incerta.

► A transmissão intra-útero normalmente ocorre por via hematogênica, mas às


vezes por via ascendente. As taxas de viremia em pacientes com COVID-19
parecem ser transitórias e baixas, mas mais altas na doença grave, sugerindo
que a semeadura placentária e a transmissão intra-útero não seriam comuns.

► A maioria das placentas estudadas até agora não tinha evidência de infecção,
mas o vírus foi identificado em alguns casos. Isso pode ser responsável pela
ocorrência rara de infecção placentária por SARS-CoV-2 e transmissão fetal.
No entanto, o SARS-CoV-2 pode atingir o feto como resultado de lesão
isquêmica da placenta, sem a necessidade de infecção das células
placentárias. Alguns dos casos neonatais podem ter sido resultados de teste
falso-positivos ou devido à aquisição de infecção logo após o nascimento.
Relatos de infecção por COVID-19 em neonatos geralmente descrevem doença
Diagnóstico da transmissão vertical:

► PCR positivo no sangue do cordão umbilical


► SARS-Cov-2 no sangue no RN nas primeiras 12 horas de nascimento
► SARS-Cov-2 no líquido amniótico antes da ruptura das membranas
Resultados e desfechos perinatais:

► Risco de parto pré-termo


► Aumento nas taxas de cesariana
► Aumento na natimortalidade

⭶ As mulheres infectadas, especialmente aquelas que desenvolvem pneumonia,


parecem ter uma frequência maior de partos prematuros e cesáreas, o que
provavelmente está relacionado a doenças maternas graves.
Pré-natal:

► As modificações devem ser adaptadas para gestações de baixo risco x alto


risco e podem incluir:
⭶ telessaúde em áreas de transmissão de infecção ativa
⭶ redução do número e tempo das consultas
⭶ limitar o número de pessoas na sala de espera e manter o distanciamento
seguro
⭶ agrupar exames a serem realizados no mesmo dia
⭶ redução no tempo de exames de ultrassom obstétrico e tempo/frequência
perfis biofísicos.
► Gestantes com infecção confirmada: realizar pelo menos 1 ILA no 3º trimestre
e em 14 dias após a resolução dos sintomas.

► Para aquelas com infecção no primeiro ou no início do segundo trimestre, um


exame detalhado da morfologia fetal com 18 a 23 semanas de gestação
também é indicado e é uma parte padrão do cuidado pré-natal de rotina.
Parto:

► A COVID-19 não é uma indicação para alterar a via de parto. Mesmo se a


transmissão vertical for confirmada à medida que dados adicionais são
relatados, isso não seria uma indicação para parto cesáreo, uma vez que
aumentaria o risco materno e provavelmente não melhoraria o resultado do
recém-nascido.

► O momento do parto deve ser individualizado com base no estado materno,


distúrbios concomitantes, idade gestacional e tomada de decisão
compartilhada com a paciente.
⭶ Assintomáticas / Doença leve: o parto com IG ≥ 39 semanas pode ser
considerado para diminuir o risco de piora do estado materno antes do início
do trabalho de parto espontâneo.
⭶ Doença grave / crítica: não está claro se a doença respiratória da mãe
melhorará com o parto e qual é o risco de transmissão pós-natal na sala de
parto, quando os sintomas maternos são agudos. A produção materna de
Analgesia de parto:

► Um anestésico neuroaxial é geralmente preferido a outras opções para o


tratamento da dor do parto, porque fornece boa analgesia e reduz o estresse
cardiopulmonar causado pela dor e pela ansiedade. Além disso, está
disponível no caso de necessidade de cesárea de emergência, evitando a
necessidade de anestesia geral.

► A Sociedade de Anestesia Obstétrica e Perinatologia (SOAP) sugere considerar


a suspensão do uso de óxido nitroso para analgesia de parto em pacientes com
COVID-19 confirmada ou suspeita devido a dados insuficientes sobre limpeza,
filtragem e potencial aerossolização de sistemas de óxido nitroso, mas
permanece um opção para pacientes com teste SARS-CoV-2 negativo.
Cuidados no puerpério:

► Mães previamente sintomáticas com suspeita ou confirmação de COVID-19 não


são consideradas um risco potencial de transmissão do vírus para seus
neonatos se atenderem aos seguintes critérios:
⭶ Passaram-se pelo menos 10 dias desde o aparecimento dos primeiros sintomas
(até 20 dias se tiveram uma doença mais grave/crítica ou se estiverem
gravemente imunocomprometidas).

⭶ Passaram-se pelo menos 24 horas desde a última febre sem o uso de


antipiréticos.

⭶ Os outros sintomas melhoraram.

⭶ Para mães assintomáticas identificadas apenas por testes de triagem


obstétrica, pelo menos 10 dias devem ter passado desde o teste positivo.
► Se a mãe é suspeita para COVID-19, o bebê também o é e deve ser testado,
isolado de outros bebês saudáveis e cuidado de acordo com as precauções de
controle de infecção para pacientes com COVID-19 confirmado ou suspeito.

► O risco do recém-nascido adquirir SARS-CoV-2 da mãe é baixo e os dados não


sugerem nenhuma diferença no risco de infecção neonatal por SARS-CoV-2 se
o recém-nascido for cuidado em um quarto separado ou permanecer no
quarto da mãe . No entanto, as mães devem usar máscara e praticar a higiene
das mãos durante o contato com seus bebês. Em outras ocasiões, o
distanciamento físico entre a mãe e o recém-nascido ou a colocação do
recém-nascido em uma incubadora é desejável, quando possível.
► A amamentação deve ser incentivada devido aos benefícios para a mãe e o
bebê. Não se sabe se a SARS-CoV-2 pode ser transmitida através do leite
materno porque poucas amostras de leite materno foram testadas.

► Alternativamente, o bebê pode ser alimentado com leite materno ordenhado


por um cuidador saudável, seguindo as precauções de higiene, até que a mãe
se recupere ou seja comprovadamente não infectada. Nesses casos, a mãe
deve lavar as mãos rigorosamente antes do bombeamento e usar máscara
facial durante o bombeamento.

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