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Sumário
Síncope............................................................................................................................................................... 3
Cefaleia .............................................................................................................................................................. 8
Dispneia ........................................................................................................................................................... 14
Dor Torácica .................................................................................................................................................... 20
Dor Abdominal ................................................................................................................................................ 26
Febre ................................................................................................................................................................ 33
Somatização ..................................................................................................................................................... 39
Distúrbios Somatoformes................................................................................................................................. 43
HAS – 7ª Diretriz ............................................................................................................................................. 47
Icterícia ............................................................................................................................................................ 62
Doenças Infecciosas e Parasitárias................................................................................................................... 67
Dor Articular / Lombalgia ............................................................................................................................... 95
Náusea e Vômito ............................................................................................................................................ 106
2018.1 fodaci
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Síncope
Introdução
Definição: perda transitória e autolimitada da consciência decorrente do comprometimento global
agudo do fluxo sanguíneo cerebral, sendo uma MANIFESTAÇÃO e não uma doença
É de início rápido, duração breve e recuperação espontânea e completa
Pode haver pródromos: tontura, vertigem, desmaio, visão em túnel, fraqueza, fadiga e distúrbios
visuais e auditivos
Outras causas de perda transitória da consciência:
Convulsão
Isquemia vertebrobasilar
Hipoxemia
Hipoglicemia
Classificação
Com base na via aferente e no disparador provocativo
a) Síncope vasovagal
o É o desmaio comum
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o Causas: emoção intensa, dor e/ou estresse ortostático (ficar muito tempo em pé sem
movimentação)
b. Síncope cardioinibidora
o Associada a bradicardia ou assistolia devido ao aumento do efluxo parassimpático
c. Síncope mista
o Há alterações simpáticas e parassimpáticas
2) Hipotensão ortostática
Definição: quando há redução da pressão sistólica de pelo menos 20 mmHg ou da diastólica de pelo
menos 10 mmHg após 3 min em pé ou com a cabeça para cima oscilando em uma mesa oscilante
Ocorre uma insuficiência autônoma – incapacidade da via eferente simpática na manutenção do
tônus vasoconstritor
Insuficiência parcial: a hipotensão leva a um certo aumento da FC, mas não o bastante para manter
o débito
Insuficiência total: não há compensação pela FC
A prevalência de HO aumenta com o envelhecimento, visto que, com a idade, os reflexos barorreceptor
e vestibulossimpático estão atenuados e a complacência cardíaca diminuída
Variantes da hipotensão ortostática
Tardia: ocorre quando o paciente ficar mais de 3 min em pé e pode indicar uma forma discreta ou
precoce de disfunção simpática
Inicial: ocorre após 15s de pé e pode representar uma confusão transitória entre o DC e a RVP (não
representa insuficiência autonômica)
Clínica
Tontura, vertigem e pré-síncope (quase desmaio) – todos em reposta a uma alteração súbita de
postura
Pode haver fraqueza generalizada, cefaleia, fadiga, lentidão cognitiva, borramento visual,
curvatura das pernas, dor no pescoço (isquemia do músculo do pescoço), dispneia ortostática, ou
até angina
Sintomas também podem estar ausentes
Os sintomas podem ser exarcebados por exercícios, ficar muito tempo em pé, calor ou alimentação
Hipertensão supina
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Pode haver hipotensão ortostática após o tratamento da HS e pode haver HS após o tratamento de
hipotensão ortostática
Pode também ter associação entre essas duas condições devido à disfunção barorreceptora quando
há efluxo simpático residual
Causas:
Distúrbios degenerativos autonômicos primários (doenças neurodegenerativas centrais e
periféricas): Parkison, demência com corpúsculos de Lewy, atrofia de múltiplos sistemas – HO
neurogênica
Distúrbios degenerativos autonômicos secundários: diabetes, neuropatia pelo HIV, neuropatias
hereditárias sensoriais e autonômicas, deficiência de B12, etc
Pós-alimentação: mais comum em idosos
Redução do volume sanguíneo
Medicamentos
3) Síncope cardíaca
Pode ser devido à arritmias ou cardiopatias estruturais (ou os dois) que levam a queda do débito
cardíaco
Arritmias:
Medicamentos
Bloqueio atrioventricular
Síndrome de taquicardia-bradicardia: há uma disfunção do nodo sinusal que provoca primeiro uma
taquicardia atrial seguido de uma pausa prolongada, levando, assim, à síncope
Crise de Stoke-Adams: síncope devido à bradicardia ou assistolia
Taquicardias ventriculares
Canelopatias hereditárias
Cardiopatias estruturais
Podem provocar redução do DC e/ou contribuir para outros mecanismos fisiopatológicos da
síncope, como:
o Doenças estruturais contribuem para arritmias
o Tratamento da ICC com diuréticos e/ou vasodilatadores piora o quadro
o Estenose aórtica: o aumento da contratibilidade ventricular pode gerar vasodilatação
reflexa
o Mixoma atrial
o Tamponamento pericárdico
Segunda causa mais comum, presente principalmente em idosos
Esse tipo de síncope está associado ao risco de morte súbita cardíaca e mortalidade por outras causas
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Fisiopatologia
A síncope ocorre, basicamente, quando há hipoperfusão cerebral global
Fatores responsáveis pela autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral:
Fatores miogênicos
Fatores metabólicos locais
Controle autonômico neurovascular (menor extensão)
A hipoperfusão ocorre quando a pressão sistólica fica < 50 mmHg
Essa queda pode ocorrer devido à(ao):
o Redução da RVP: doenças do sistema nervoso periférico autonômico, síncope mediada
neuralmente ou medicações simpaticolíticas
o Redução do débito cardíaco: hipovolemia sanguínea, embolia pulmonar maciça, bradiarritmias
ou taquiarritmias, aumento da pressão torácica, valvulopatias, etc
o Aumento da resistência vascular cerebral: hipocapnia induzida pela hiperventilação
Normalmente, quando estamos em pé, ocorre acúmulo de sangue nas áreas inferiores e na circulação
esplânica, promovendo, então, uma redução do retorno venoso para o coração e, logo, a redução do
débito cardíaco e da PA
Para reverter isso, os barorreceptores são ativados, resultando em aumento da atividade simpática
e redução da parassimpática, o que vai aumentar a RVP e, logo, o retorno venoso, débito cardíaco
e PA
Na hipotensão ortostática e na síncope reflexa esses mecanismos compensatórios falham,
resultando na síncope
Pressão de perfusão: 50-150 mmHg
Fluxo sanguíneo cerebral normal: 50-60 mL/min/100g de tecido cerebral
Diagnóstico diferencial
Convulsão
Geralmente são precedidas por uma aura: odor desagradável, ansiedade temerosa, desconforto
abdominal ou outras sensações viscerais, diferentemente dos pródromos da síncope (vertigem,
tontura, etc)
A perda de consciência da convulsão costuma durar mais de 5 min e está relacionada à sonolência
pós-ictal (pós-convulsão) prolongada e desorientação (na síncope, após o episódio, a pessoa
rapidamente se reorienta)
Incontinência urinária pode estar presente nas duas, porem, na sincope não há incontinência fecal
As convulsões raramente são provocadas por emoções fortes
Movimentos tônico-clonicos são característicos de convulsão, mas pode haver mioclonia proximal
e distal (multifocal e arrítimica), postura flexora e extensora discreta e outros nas síncopes também
Morder a língua favorece o diagnóstico de convulsão
Hipoglicemia
Causa comum de perda da consciência em diabéticos tipo I e II com uso de insulina
Pode haver, além da perda de consciência, tremores, palpitações, diaforese, ansiedade, fome,
parestesias, tontura, fadiga, fraqueza, etc
Cataplexia
Provoca perda abrupta do tônus muscular (causado por emoções fortes)
A consciência é mantida por meio de ataques que duram de 30s a 2min
Não há pródromos
Síncope X Quedas
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Pela anamnese e por meio de testemunhas vemos se a paciente caiu devido à doenças cerebelares
ou disfunção vestibular
Doenças psiquiátricas
Desmaios frequentes sem pródromos
Não há alterações hemodinâmicas significativas ao contrário das síncopes provocadas por emoções
fortes
Ex: ansiedade, depressão, distúrbios do pânico
Como avaliar?
Deve-se fazer uma anamnese completa, exame físico e neurológico e conversar com as testemunhas
do episódio
Exame físico: medir PA e FC na posição supina e após 3 min em pé (avaliação de hipotensão
ortostática)
Exames de sangue e ECG (em caso de suspeita de sincope cardíaca) devem ser feitos
Teste da mesa oscilante: útil para diagnosticar insuficiência autônoma e uma predisposição para a
síncope reflexa
Avaliação psiquiátrica
Tratamento
Em casos de sincope mediada neuralmente: os pacientes devem ser orientados a evitar situações ou
estímulos que desencadeiam as crises .
Em casos resistentes, os agentes mais utilizados são antagonistas B-adrenergicos ou inibidores da
recaptação da serotonina.
Em casos de hipotensão ortostática: educação do paciente sobre a mudança de posição e remoção de
medicações vasoativas.
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Cefaleia
Anatofisiologia da cefaleia
A dor pode acontecer em 2 casos:
Quando nociceptores periféricos são estimulados em resposta a alguma lesão tecidual,
distensão visceral ou outros fatores
Quando as vias de produção da dor do sistema nervoso são lesionadas ou excessivamente
ativadas
Estruturas cranianas que geram dor:
Couro cabeludo, artéria meníngea média, seios durais, foice do cérebro e os segmentos
proximais das grandes artérias da pia-mater
Sistema trigeminovascular
Inerva grandes vasos intracranianos e dura-mater
Causa cefalgias autonômicas do trigêmeo (ex: cefaleia em salvas e hemicraniana paroxística)
Cefaleias Secundárias
1. Meningite
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Cefaleia difusa aguda e intensa com rigidez de nuca e febre
Punção lombar obrigatória!
Pode haver piora da dor com o movimento dos olhos
Outros possíveis sintomas: fotofobia, cafeleia latejante, náuseas, vômitos (parecido com a
enxaqueca)
2. Hemorragia intracraniana
Cefaleia difusa aguda e intensa com rigidez de nuca, mas sem febre
A TC é fundamental, mas se a hemorragia for leve o abaixo do forame magno, a TC vai ser normal.
Nesses casos, é necessário fazer uma punção lombar
3. Tumor cerebral
Em 30%, a cefaleia é a queixa principal
Geralmente é uma cefaleia maçante, profunda, intermitente de intensidade moderada que pode
piorar aos esforços ou por mudanças de posição, podendo ser acompanhada por náuseas e vômitos.
Vômitos que precedem a cefaleia: típicos de tumor da fossa posterior
Cefaleia que surge em pacientes com diagnostico de câncer: pode indicar uma metástase
cerebral ou meningite carcinomatosa
Cefaleia com inicio abrupto após inclinação/elevação do corpo ou tosse: pode indicar massa na
fossa posterior, malformação de Chiari ou baixo volume de LCS
4. Artrite temporal
Sintomas típicos: cefaleia, polimialgia reumática, claudicação mandibular, febre, perda de peso e,
em alguns casos, nódulos avermelhados ou estriação vermelha na pele sobre as artérias temporais
e dor a palpação das artérias temporais
A cefaleia pode ser uni ou bilateral, localiza-se temporalmente em 50% dos casos e pode aparecer
associada a mal-estar e mialgias
A dor é gradual (raramente pode ser de inicio explosivo), é geralmente surda e incomoda, com
episódios sobrepostos de dores lancinantes (semelhante as dores agudas da enxaqueca), é
superficial e pode piorar a noite e com o frio
Ocorre normalmente hipersensibilidade do couro cabeludo
A VHS geralmente está elevada
Mais comum em idosos e mulheres
5. Glaucoma
Cefaleia debilitante que começa com dor ocular intensa e é associada a náuseas e vômitos
Exame físico: olhos eritematosos com pupila fixa e moderadamente dilatada
Cefaleias Primárias
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Aura da enxaqueca: são perturbações visuais com flashes luminosos ou linhas em ziguezague que
se movem por meio do campo visual ou outros sintomas neurológicos
Importante diferenciar da Cefaleia Tensional !!!!
Ela não possui manifestações associadas
Gatilhos:
O encéfalo do paciente com enxaqueca é muito sensível aos estímulos ambientais e sensoriais
e esses são amplificados durante o ciclo menstrual da mulher
São eles: fome, claridade, luzes brilhantes, barulho, estresse, esforço físico, mudanças de
pressão barométrica, alterações hormonais na menstruação, alterações de sono
Patogenia
A sensibilidade sensorial típica da enxaqueca provavelmente é causada por disfunção dos
sistemas de controle sensoriais monoaminérgicos localizados no tronco encefálico e tálamo
Está relacionado a liberação de neuropeptídios vasoativos (ex: CGRP) nas terminações
vasculares do trigêmio e dentro do núcleo trigeminal
Além disso, dados apontam para o envolvimento do neurotransmissor 5-HT (serotonina)
Dopamina: a maior parte dos sintomas da enxaqueca pode ser induzida por estimulação
dopaminérgica e há hipersensibilidade dos receptores de dopamina nas pessoas que sofrem de
enxaqueca
A enxaqueca hemiplégica familiar (EHF) está relacionada a canais iônicos
2) Cefaleia Tensional
Cefaleia episódica ou crônica (persiste por mais de 15 dias por mês) com dor bilateral, em faixa e
constritiva
A dor costuma se desenvolver lentamente, oscilar em intensidade e pode persistir de maneira mais
ou menos continua por muitos dias
Não há manifestações associadas
Fisiopatologia:
Distúrbio primário da modulação da dor no SNC isoladamente (diferente da enxaqueca que é
um distúrbio mais generalizado da modulação sensorial)
Há contribuição genética
Não há evidencias de tensão nervosa na etiologia
A. Cefaleia em salvas
Dor profunda, geralmente retro-orbital, frequentemente de intensidade excruciante, não
flutuante, de característica explosiva, que em 50 % dos casos se inicia a noite
Ela é periódica = pelo menos uma das crises diárias de dor ocorre aproximadamente na mesma
hora todo dia
Geralmente, o paciente tem 1 ou 2 crises de dor unilateral de duração relativamente curta por
8-10 semanas por ano, o que geralmente é acompanhado por um período sem dor que dura em
média um pouco menos de 1 ano
Cefaleia em salvas crônica: quando não há um período significativo de remissão continuada
Mais comum em homens
Sintomas autonômicos associados (ativação parassimpática ou disfunção simpática):
Lacrimejamento, hiperemia conjuntival, rinorreia ou congestão nasal, ptose
B. Hemicraniana paroxística
Cefaleia unilateral muito intensa, frequente (mais de 5x/dia), de curta duração (2-45min),
geralmente é retro-orbital, mas pode-se senti-la em toda a cabeça
HP crônica: não há períodos de remissão
HP episódica: há período de remissão
Nos pacientes com HP bilateral aparente, deve-se suspeitar de elevação da pressão do LCS
Sintomas autonômicos associados:
Lacrimejamento e congestão nasal
Acontecem do mesmo lado da dor
C. SUNCT/SUNA
SUNCT: Crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com injeção conjuntival
e lacrimejamento
Dor intensa, unilateral, orbital ou temporal, em punhaladas ou latejante
Sintomas autonômicos: lacrimejamento e hiperemia conjuntival no mesmo lado da dor
Para haver diagnostico, deve-se ter pelo menos 20 crises que durem de 5-240s
SUNA: crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração (com sintomas
autonômicos, exceto hiperemia conjuntival e lacrimejamento)
Em ambos os casos há ausência de período refratário para desencadeamento entre as crises e
capacidade de desencadeamento cutâneo das crises
SUNCT X Neuralgia do trigêmeo
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Se tiver sintomas autonômicos ausentes ou mínimos e um nítido período refratário para
desencadeamento, é Neuralgia do trigêmeo
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6) Cefaleia primária em punhaladas
Dor em punhaladas restritas à cabeça ou, raramente, à face que duram de 1 a muitos segundos ou
min e ocorrem como uma única punhalada ou uma serie delas
Ausência de gatilhos cutâneos da crise e de sintomas autonômicos
Recorrência irregular (horas a dias)
É mais comum em pacientes com outras cefaleias primarias (CAT, enxaqueca e hemicraniana
contínua)
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Dispneia
Definição
É a dificuldade de respirar, podendo o paciente ter ou não consciência desse estado
A dispneia pode vir acompanhada de taquipneia ou hiperpneia (amplitude aumentada)
Características da dispneia
Tipos:
Ortopneia: impede o paciente de ficar deitado e o obriga a ficar sentado ou em pé para obter alívio
– ocorre na ICC, obesidade, asma desencadeada por refluxo esofágico
Trepopneia: aparece em determinado decúbito lateral, como no derrame pleural
Dispneia paroxística noturna: quando o paciente tem seu sono interrompido por uma dramática
falta de ar, levando ele a se sentar ou até mesmo se levantar. Ocorre após um certo tempo deitado
(a ortopneia é assim que deita) – comum em ICE e asma
Asma cardíaca: queixa de chiado no peito e a presença de sibilos em pacientes com ICE e sintomas
de dispneia – nesses pacientes, é comum também ter ortopneia e dispneia paroxística noturna
Platipneia: surge ou agrava-se com a posição ortostática – Pericardite, mixoma atrial esquerdo ou
síndrome hepatopulmonar
Dispneia de esforço: quando ela surge ou piora devido a atividades físicas
Ritmos:
Taquipneia: aumento da FR – o normal é de 12 a 20 irpm – e implica também na redução da
amplitude das incursões respiratórias
Hiperpneia: aumento da FR e da amplitude (respiração rápida e profunda) – presente na acidose
metabólica, ansiedade, febre
Bradipneia: redução da FR, geralmente abaixo de 8 irpm
Apneia: interrupção dos movimentos respiratórios por um tempo prolongado
Dispneia suspirosa: inspirações profundas, esporádicas, em meio a um ritmo respiratório normal
Ritmo de Cantani: aumento da amplitude dos movimentos respiratórios de modo regular –
presente na acidose metabólica
Ritmo de Biot: ritmo respiratório irregular, tanto na frequência quanto na amplitude – lesão no
SNC ou em hipertensão cerebral
Ritmo de Cheynes-Stokes: alternância de períodos de apneia, seguidos por hiperpneia crescente
e decrescente até a instalação de uma nova apneia – ICC grave
Ritmo de Kussmaul: alternância sequencial de apneias inspiratórias e expiratórias e ela ocorre
depois da Cantani na acidose metabólica, conforme ela vai piorando
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Cronologia:
Aguda: embolia pulmonar, edema pulmonar, SARA, crise asmática, pneumotórax, etc
Crônica: dura mais de 30 dias aproximadamente – DPOC, alergias, IVE, etc
Início súbito: pneumotórax, etc
Início progressivo: fibrose pulmonar, etc
Intensidade
De repouso
Aos pequenos esforços
Aos médios esforços
Aos grandes esforços
Escalas para medição: a do MRC avalia o grau da dispneia nas atividades cotidianas (dispneia
usual) enquanto que a de Borg avalia o grau durante o exercício (dispneia atual)
Fisiologia da dispneia
As sensações respiratórias são geradas por interações entre os estímulos motores eferentes que partem
do cérebro e chegam aos músculos respiratórios e os estímulos sensoriais aferentes desencadeados por
quimio, mecano e metabolorreceptores por todo corpo, assim como pelo processamento integrativo
que ocorre no SNC
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Eferentes motores: aumento da resistência e da rigidez das vias respiratórias (redução de
complacência) estão associados a acentuação do trabalho respiratório ou a uma sensação de esforço
exagerado para respirar
Aferentes sensoriais: os quimiorreceptores localizados nos corpos carotídeos e no bulbo são ativados
por hipoxemia, hipercapnia aguda e acidemia, e sua ativação estimula o aumento da ventilação, o que
produz a sensação de falta de ar. Os mecanorreceptores situados nos pulmões são estimulados por
broncoespasmo e geram uma sensação de construção torácica. Existe também os receptores J sensíveis
ao edema intersticial e os metaborreceptores presentes nos músculos esqueléticos, que, quando
ativados, contribuem para a sensação de falta de ar e o desconforto respiratório, respectivamente
Integração: a discrepância entre os estímulos aumenta a intensidade da dispneia
Fatores emocionais: a ansiedade ou o medo podem agravar a dispneia por alterar a interpretação dos
estímulos sensoriais ou gerar padrões respiratórios que acentuam as anormalidades fisiológicas do
sistema pulmonar
Diagnóstico diferencial
Doença das vias respiratórias
Asma e DPOC: há obstrução do fluxo expiratório (pode haver hiperinsuflação dos pulmões e
distensão das paredes torácicas), aumento da resistência e restrição elástica dos músculos
respiratórios (precisam fazer mais esforço para respirar)
- Em pacientes com broncoconstrição aguda pode haver sensação de constrição torácica e
geralmente há taquipneia => provavelmente isso ocorre devido a estimulação dos receptores
pulmonares e a taquipneia é o que causa a hiperinsuflação e reduz a complacência do sistema
respiratório
- Pode haver hipoxemia e hipercapnia devido a desproporção entre ventilação e perfusão (V/Q)
Doença da parede torácica
Distúrbios que enrijecem a parede torácica (cifoescoliose) ou que enfraquecem os músculos
respiratórios (S. Guillain-Barré) aumentam o esforço respiratório
Derrame pleural: aumentam esforço respiratório e estimulam receptores respiratórios quando há
atelectasia associada
Doença do parênquima pulmonar
Pode ser causado por infecções, exposições ocupacionais ou distúrbios auto-imunes
Está associado ao aumento da rigidez (redução de complacência) e aumento do esforço respiratório
Pode também haver desproporção da relação V/Q e destruição e/ou espessamento da interface
alveolocapilar, levando a hipoxemia e aumento do impulso respiratório
A estimulação dos receptores respiratórios podem aumentar ainda mais a hiperventilação, que
geralmente está associada a doença intersticial branda a moderada
Dispneia do sistema cardiovascular
Doença das câmaras cardíacas esquerdas: miocardiopatias não isquêmicas ou causadas por doença
coronariana aumentam o volume diastólico final do VE, levando ao aumento da pressão diastólica
final do VE e dos capilares pulmonares. Isso leva a um edema pulmonar, o que vai ativar também
receptores pulmonares, gerando a dispneia.
- A hipoxemia secundária a desproporção V/Q agrava o quadro da dispneia.
- Em caso de redução de complacência do VE, pode haver dispneia grave com níveis relativamente
brandos de atividade física, principalmente quando está relacionado a regurgitação mitral
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Doenças dos vasos sanguíneos pulmonares: tromboembolismo pulmonar e doenças primárias da
circulação pulmonar (hipertensão pulmonar primária ou vasculite), ao aumentar a pressão arterial
pulmonar, ativa receptores pulmonares, provocado a dispneia
- A hiperventilação é comum e alguns pacientes podem ter hipoxemia
- Na maior parte das vezes, a adm de O2 não melhora a gravidade da dispneia ou da hiperventilação
Doenças do pericárdio: pericardite constritiva e o tamponamento cardíaco eleva as pressões
intracardíacas e vasculares pulmonares, além de poder diminuir o débito cardíaco, estimulando,
nesse caso, metaborreceptores. Caso haja acidose lática, quimiorreceptores também serão ativados
e os dois combinados geram, então, a dispneia
Dispneia com sistema respiratório e cardiovascular normais
Anemia leve a moderada: dispneia associado a atividade física devido a ativação de
metaborreceptores
Obesidade: ocorre devido a vários fatores, incluindo disfunção da bomba ventilatória, DC
aumentada, falta de condicionamento físico
Falta de condicionamento físico: desenvolvimento rápido do metabolismo anaeróbio e estimulação
dos quimio e metaborreceptores
Abordagem ao paciente
História
Dispneia crônica persistente: típico de DPOC, doença tromboembólica crônia ou doenças
pulmonares intersticiais
Dispneia aguda intermitente: broncoespasmo, isquemia miocárdica ou embolia pulmonar
Pesquisar fatores de risco!
Exame físico
Medir FR e pulso paradoxal: se a pressão sitolica > 10 mmHg, deve-se suspeitar de DPOC
Percussão:
- Macicez: derrame pleural
- Hipertimpanismo: presente no enfisema
- Submacicez: pneumonia
- Timpanismo: pneumotórax
Ausculta:
- Sibilo (mais intenso na expiração): comum na asma
- Estidor (inspiração): obstrução da laringe ou traqueia
- Estertor fino (inspiração): pneumonia
- Estertor bolhoso (inicio da inspiração e toda expiração): bronquite, bronquiectasia
Coração: atentar para distensão de veias jugulares, edema, bulhas, sopros
Abdome: verificar se há movimentos paradoxais – abdome que afunda durante a inspiração indica
fraqueza do diafragma e abaulamento do abdome na expiração indica edema pulmonar
Exames:
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Radiografia, TC, ECG, ECO
Avaliar volumes pulmonares: volume aumentado indica doença pulmonar obstrutiva e diminuído
indica edema ou fibrose, entre outros
Artérias pulmonares: sua dilatação indica hipertensão
Derrame pleural bilateral é tipico de ICC e os unilaterais sugerem carcinoma ou embolia
Tratamento
Primeiramente, devemos corrigir o problema responsável pelo sintoma
Para tentar atenuar o quadro, devemos aplicar O2 suplementar se a saturação de O2 em repouso for ≤
89% ou se ela cair para esse patamar durante o exercício
Edema Pulmonar
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Dor Torácica
Avaliação diagnóstica inicial e rastreamento dos pacientes com dor torácica aguda
Estruturar em 3 categorias:
Isquemia miocárdica
Outras causas cardiopulmonares (doença pericárdica, emergências aórticas e condições
pulmonares)
Causas não cardiopulmonares
É importante também avaliar as condições de alto risco
Processos cardiopulmonares agudos (SCA), Síndrome aórtica aguda, embolia pulmonar,
pneumotórax por tensão e pericardite com tamponamento
Epidemiologia
Causas mais comuns: síndrome coronariana aguda (SCA – 25%), causas gastrointestinais (5-15%)
e outras condições cardiopulmonares potencialmente fatais (10%)
Um grande taxa de pacientes com dor torácica aguda transitória não se sabe a causa e cerca de 2-
6% desses com etiologia não isquêmica falecem por IAM posteriormente
Pacientes cujo diagnóstico de IAM passa despercebido possuem um maior risco de morrer
Exame físico
Geral: doentes cardiopulmonares parecem ansiosos, desconfortáveis, pálidos, diaforese e
cianóticos
Sinais vitais
Taquicardia e hipotensão = pode ser IM agudo com choque cardiogênico, embolia pulmonar
maciça, pericardite com tamponamento ou pneumotórax
Taquicardia sinusal = embolia pulmonar submaciça
Taquipneia + hipoxemia = causa pulmonar
Cardíaco
Aumento do pulso venoso da jugular = disfunção ventricular direita aguda ou tamponamento
cardíaco
Procurar por bulhas e sopros
Abdome: importante para ver causas gastrointestinais (para outras causas os achados abdominais
são raros)
Vascular
Pesquisar pulsos
Edema unilateral de um membro inferior: suspeita de tromboembolismo venoso
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Causas cardíacas de dor torácica
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2) Doenças pericárdicas e miocárdicas
Pericardite: dor em geral pleurítica, intensa, geralmente é retroesternal, pode durar de horas a dias,
piora com a respiração, tosse e alterações de posição, melhora na posição sentada inclinada para
frente, pode irradiar para ombros e pescoço
Miocardiopatia de Takotsubo: dor súbita, com dificuldade respiratória, relacionada ao estresse
3) Doenças vasculares
Síndromes aórticas agudas: dor súbita, lacerante, no tórax anterior, podendo irradiar para as
costas, associado aperda de pulsos periféricos e sopro de insuficiência aórtica
Pode ser:
Dissecção aórtica: laceração da íntima, criando um lúmen falso
Úlcera penetrante: pode ocorrer ulceração de uma placa aterosclerótica que se estende da
íntima para a média, podendo haver dissecação intramedial ou ruptura da adventícia
Hematoma intramural: hematoma na parede da aorta, sem lúmen falso, sem laceração
visível nas radiografias e sem retalho da íntima demonstrável. Geralmente ocorre devido a
ruptura dos vaso vasorum ou úlcera penetrante
Aneurisma da aorta: geralmente é assintomático, mas pode causar dor torácica constante e
profunda
Dissecação da aorta ascendente pode causar: comprometimento dos ostios aórticos das
coronárias (resulta em IM), ruptura da valva aórtica e ruptura de hematoma no espaço
pericárdico, causando tamponamento pericárdico
Fatores de risco para dissecção aórtica:
Hipertensão, gravidez, doença aórtica bicúspide, Síndrome de Marfan e de Ehlers-Danlos
1) Embolia Pulmonar
Dor pleurítica, em pressão, súbita, localização lateral (no lado da embolia), associado a dispneia,
taquipneia, taquicardia e hipotensão
Em caso de embolia maciça, pode haver dor subesternal grave que pode simular um IM e pode
estar associada a síncope, hipotensão e sinais de insuficiência cardíaca direita
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2) Pneumotórax
Dor súbita, pleurítica, acompanha dispneia e redução dos sons respiratórios na região do
pneumotórax
Fatores de risco: tabagismo, Síndrome de Marfan, sexo masculino e antecedentes familiares
Pode ser primária (raro) ou secundária a alguma doença
3) Doenças pleurais
Pleurisia: dor semelhante a uma facada que se agrava na inspiração e na tosse
Pneumonia e Pleurite: dor pleurítica de início variável, unilateral frequentemente localizada, com
dispneia, tosse, febre, estertores e as vezes atrito associados
2) Causas musculesqueléticas
Costocondrite: dor intensa, esternal, de duração variável, com edema, calor e sensibilidade sobre
a articulação
Radiculite cervical: dor intensa e constante na parte superior do tórax e membros e pode ser
exarcebada com o movimento do pescoço
Herpes Zoster: dor aguda ou em queimação, geralmente prolongada, com distribuição por
dermátomos, associado com exantema vesicular na área do desconforto
Trauma ou estiramento: dor intensa, geralmente constante, reproduzida por movimentos ou à
palpação
Abordagem ao paciente
Prioridades da avaliação clínica inicial:
Estabilidade clínica do paciente
Probabilidade que ele tenha uma causa subjacente da dor que seja potencialmente fatal
Dentre as causas não cardiopulmonares, a ruptura esofágica é a condição que precisa ser
diagnosticada mais rapidamente
23
Diagnóstico
ECG: crucial para diagnosticar dor torácica não traumática
Elevação do segmento ST: indicativo de IM
Depressão de segmento ST e inversões simétricas da onda T de pelo menos 0,2 mV de
profundidade: indicativo de isquemia do miocárdio na ausência de IMCEST e alto risco de
morte ou isquemia recorrente
Suspeita de SCA na emergência: fazer ECG seriados (30-60 min)
Alteração da onda T e segmento ST: pode ocorrer na embolia pulmonar, hipertrofia ventricular,
pericardite aguda e crônica, miocardite, desequilíbrio eletrolítico e distúrbios metabólicos
Embolia pulmonar: taquicardia sinusal, desvio para direita do eixo
Radiografia de tórax
Melhor para ver causas pulmonares
Biomarcadores cardíacos
Troponina cardíaca: deve ser medida em todos os pacientes com suspeita de SCA e repetida 3-
6h depois (só se repete após de 6h se não tiver certeza da causa da dor ou quando os sintomas
forem vagos) => a análise desse marcador permite diagnosticar precocemente IM
IM: lesão miocárdica com troponina em um quadro de elevação ou padrão de queda com
pelo menos um valor excedendo o 99º percentil do limite de referência e que é causada por
isquemia
Dímero D: ajuda na exclusão de embolia pulmonar
Peptídeo natriurético do tipo B: presete em alta concentração na insuficiência cardíaca, mas tb
fornece informação prognóstica sobre SCA e embolia pulmonar
Testes provocativos para isquemia
“Teste/ECG de esforço”: feito em pessoas com dor torácica sem causa específica e que foram
avaliados com risco baixo ou intermediário para SCA
O teste de esforço inicial deve ser feito em pacientes sem achados de alto risco após 8-12h de
observação
Pacientes incapazes de fazer exercício podem ser submetidos ao teste de esforço farmacológico
com imagem nuclear da perfusão ou ECG
As diretrizes de sociedades profissionais identificam a dor torácica em andamento como uma
contra-indicação para o teste de esforço
Ajuda integrada na decisão
Esse auxílio é mais usado para identificar paciente com baixa probabilidade de SCA que são
candidatos a exames provocativos precoces para detectar isquemia ou à alta da emergência
Para diagnóstico, esse recurso é fraco, mas eles podem ajudar a identificar pacientes com uma
probabilidade muito baixa de SCA
Elementos comuns dos diversos recursos:
Sintomas típicos de SCA
Idade avançada
Fatores de risco para aterosclerose ou sua presença confirmada
Anormalidades isquêmicas ao ECG
Níveis cardíacos elevados de troponina
Ecocardiograma
Não é rotineiro em pacientes com dor torácica
24
Ela é diagnóstica em pacientes com tamponamento pericárdico e complicações mecânicas do
IM
Angiotomografia
Sensível para detectar obstrução das coronárias
Ela pode excluir embolia pulmonar, dissecação aórtica e derrame pericárdico
RM: geralmente não é feita em caso de dor torácica aguda, já que a TC e ecocardiograma são mais
práticos
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Dor Abdominal
Características básicas
Causas mais comuns: apendicite aguda, dor abdominal inespecífica, dor de origem urológica e
obstrução intestinal
A maioria dos pacientes que relata dor abdominal aguda evolui com processo autolimitado
A intensidade da dor não necessariamente mantém correlação direta com a gravidade da doença
subjacente
Todo paciente com dor abdominal de inicio recente necessita de investigação precoce completa e
diagnostico preciso
Principais causas:
Mecanismos da dor:
Irritação/inflamação do peritônio parietal
Caráter constante e incômodo e a dor é bem localizada
A dor da inflamação peritoneal é sempre agravada por compressão ou alterações na tensão do
peritônio, logo, os pacientes podem relatar piora da dor na palpação da região ou com a tosse
ou espirro
Pode ocorrer espasmo reflexo tônico da musculatura abdominal
Obstrução de vísceras ocas
Dor intermitente ou em cólica que é mal localizada (em alguns casos, a distensão de uma
viscera oca pode causar dor constante)
Obstrução do intestino delgado: dor intermitente, mal localizada, periumbilical ou
supraumbilical
Distensão aguda da vesícula biliar: dor no quadrante superior esquerdo com irradiação para a
região posterior direita do tórax ou para a ponta da escápula direita
Obstrução da bexiga: dor surda de baixa intensidade na região suprapúbica
26
Obstrução dos ureteres: dor intensa em região suprapúbica e flancos que irradia para o pênis,
bolsa escrotal e face medial da parte superior da coxa
Distúrbios vasculares
Embolia/trombose da artéria mesentérica superior: normalmente se apresenta com dor intensa
e difusa, mas pode se apresentar apenas com dor leve e difusa, contínua ou em cólica, 2 ou 3
dias antes do aparecimento de colapso vascular ou do aparecimento de inflamação peritoneal.
Nesses pacientes, é comum ausência de dor à palpação e de rigidez abdominal
Possibilidade de ruptura de aneurisma da aorta abdominal: dor com irradiação para flanco,
região sacra o genitália e a dor pode persistir por vários dias antes de haver a ruptura
Distúrbios da parede abdominal
Dor constante e incomoda
Movimento, postura ereta prolongada e compressão acentuam o desconforto e o espamo
muscular associado
Imunocomprometidos
A investigação e o diagnóstico da dor nesses pacientes é muito difícil, pois as respostas fisiológicas
normais podem estar ausentes ou ocultas
Infecções incomuns que podem causar dor abdominal: citomegalovírus, micobactérias,
protozoários e fungos
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Deve-se considerar a possibilidade de abscesso esplênico causado por cândida ou Salmonella,
principalmente em caso de dor no quadrante superior esquerdo ou flanco esquerdo
Colecistite acalculosa: comum em pacientes com AIDS com infecção por criptosporídeo ou
citomegalovírus
Enterocolite neurogênica: mais comum em pacientes com supressão da medula óssea por
quimioterapia
Conduta: acompanhamento meticuloso, incluindo exames seriados para confirmar a
desnecessidade de intervenção cirúrgica como tratamento
Causas neurogênicas
Causalgia: ocorre em doenças com lesão de nervos sensitivos
Dor em queimação e geralmente se limita à distribuição de determinado nervo periférico
Estímulos não dolorosoa (mudança de temperatura ou toque) podem causar causalgia
Dor pode ser precipitada por palpação suave mas não há rigidez dos músculos abdominais e a
respiração não é afetada
Dor não apresenta relação com a ingestão de alimentos e é incomum a distensão do abdome
Dor de origem em nervos ou raízes espinhais
Dor do tipo lancinante que aparece e desaparece subitamente
Causas: Herpes-Zoster, compressão por artrite, tumores, hérnia de núcleo pulposo, diabetes ou
sífilis
Não está associada a distensão abdominal, mudanças na respiração ou a ingestão de alimentos
Espasmo muscular abdominal intenso é comum, sendo aliviado ou pelo menos não agravado
pela palpação do abdome
Agravante: movimentação da coluna vertebral
Hiperestesia é comum
Síndrome do intestino irritável (SII): distúrbio GI funcional em que há dor abdominal + alteração
no ritmo intestinal
Diagnóstico: clínica + descarte de anormalidades estruturais
Os episódios de dor são muitas vezes desencadeados por estresse e ela varia de localização e
natureza
Dor localizada à palpação e espasmo muscular são inconsistentes ou ausentes
Anamnese
Importante perguntar a irradiação, intensidade, fatores atenuantes, desencadeantes e agravantes,
caráter, evolução da dor e a relação com as funções orgânicas
Localização da dor: pode auxiliar a restringir o diagnóstico diferencial
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Duração da dor: a sequência cronológica dos eventos é geralmente mais importante do que a
localização da dor paa o diagnóstico
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Mulher: fazer história ginecológica!
Dor pélvica e e abdominal pode ocorrer na gravidez
Pacientes com necessidade cirúrgica imediata: pacientes com hemorragia intra-abdominal
exsanguinante (ruptura de aneurisma) -> não fazemos anamnese
Nesses casos, a natureza crítica da dor precisa de apenas alguns minutos para ser solucionada
Devemos, então, rapidamente obter um acesso venoso e encaminhar para cirurgia
Muitos desses pacientes morrem na espera por fazer algum exame desnecessário
Essa situação é relativamente rara
Exceção: pacientes com hemorragia intraluminal gastrointestinal => devemos fazer uma
anamnese sistemática e detalhada (mais importante que os exames complementares)
Exame físico
Exame físico geral do abdome:
1. Inspeção
Estrias de coloração rosa-violácea indica Síndrome de Cushing
Veias dilatadas indicam cirrose ou obstrução da veia cava inferior
Assimetria sugere visceromegalia
2. Ausculta
Sopro: sugere doença vascular oclusiva (estenose da artéria renal) e pode ser de causa
aterosclerótica
Abdome silencioso (sem peristalse) = peritonite química, pancreatite
Aumento de peristalse: diarreia, obstrução intestinal
3. Percussão
Varia entre timpanismo e macicez, com predominância de timpanismo
Áreas de macicez podem indicar distensão da bexiga, tumor, útero gravídico, hepato ou
esplenomegalia
Hepatimetria
Espaço de Traube: 6º EICE, linha axilar anterior, rebordo costal e apendice xifoide; se for
maciço - esplenomegalia
4. Palpação
Superficial e profunda
A rigidez involuntária é presente em peritonite
Pontos dolorosos: xifoide, epigástrico, cístico, esplênico, ureterais médios e inferiores
Fígado: bimanual, monomanual em onda, monomanual em ponta e em garra
Baço: bimanual e em garra, fazer em decúbito dorsal e posição Schuster
Rim:
- Método de Guyon: bimanual em decúbito dorsal
- Método de Israel: bimanual em decúbito lateral esquerdo
- Método de Goelet: em pé com o joelho apoiado em uma cadeira
Aorta: compressão do abdome com as 2 mãos (normalmente não é palpável)
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5. Ascite
Semicírculo de Skoda: em decúbito dorsal, percurtir de dentro para fora em várias direções a
partir do centro timpânico para a periferia (onde vai estar maciço se houver ascite)
Teste da macicez móvel (macicez de decúbito): em decúbito lateral, percurtir da linha
mediana do abdome para a periferia – ascite de médio volume
Sinal do Piparote: peteleco – ascite de grande volume
Sinal da Poça: paciente se apoia na maca e se percurte da periferia para o centro (onde vai
estar maciço em caso de ascite)
6. Manobras especiais
Sinal de Murphy: dor e para de respirar ao pressionarmos o ponto cístico com o polegar
esquerdo (ponto onde a borda lateral do músculo reto faz inserção com o gradil costal) –
Colescistite aguda
Sinal de Joubert: timpanismo na loja hepática – Pneumoperitôneo
Sinal de Giordano: punhopercussão dolorosa - Pielonefrite
Sinal de Bloomberg: descompressão dolorosa em qualquer local do abdome
Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito quando há compressão do lado esquerdo -
Apendicite
Sinal de McBurney: descompressão dolorosa em 1/3 inferior da linha imaginária entre a
cicatriz umbilical e a crista ilíaca – Apendicite
Sinal de Torres-Homem: percussão dolorosa hepática - Abscesso
Sinal de Courvoisier-Terrier: vesícula palpável indolor – câncer de vesícula, tumor
pancreático
Sinal de Lapinsk: dor a compressão de FID quando o paciente eleva o MID – Apendicite
Sinal de Markle: dor na FID ao ficar na ponta do pé – Apendicite
Sinal de Lafond: hemoperitoneo com dor irradiada para o ombro por causa ginecológica
Sinal de Chandelier: toque do colo uterino e, ao movimentar o útero, paciente sente dor –
Doença inflamatória pélvica
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Inspeção, fáceis, posição no leito e a atividade respiratória são de extrema importância
É desnecessário pesquisar o sinal de Blumberg (hipersensibilidade de rebote) em pacientes com
peritonite, pois é muito doloroso para o paciente e obtemos a mesma informação por meio da
percussão delicada do abdome
Também é possível pesquisar a hipersensibilidade de rebote pedindo para o paciente tossir
Um exame pélvico e toque retal são de extrema importância em todo paciente com dor abdominal,
pois os sinais abdominais podem estar pratica ou totalmente ausentes nos casos de peritonite
pélvica
Casos em que isso ocorre: apendicite perfurada, diverticulite, torção de cisto ovariano
Abdome silencioso (sem peristalse) = peritonite química
Na obstrução intestinal com estrangulamento ou apendicite perfurada, a peristalse pode estar
normal
Exames
Eles raramente estabelecem diagnóstico
Leucocitose não é indicação para cirurgia: ela está presente na pancreatite, colescitite aguda,
doença inflamatória pélvica e infarto intestinal
Em alguns casos, a presença de anemia é mais importante do que a contagem de leucócitos
Exame de urina: pode revelar o grau de hidratação e excluir uma doença renal grave, diabetes ou
infecção urinária
BR, glicemia e ureia tb podem ser úteis
Amilase aumentada: pancreatite, úlcera perfurada, obstrução intestinal com estrangulamento,
colescistite aguda
Raio-x: útil em obstrução intestinal, úlcera perfurada e outros
Posição: posição ortostática ou em decúbito lateral
Não é usado para apendicite aguda e hérnia externa estrangulada
Na ausência de traumatismo, a TC e a laparoscopia substituem o lavado peritoneal
TC: pode revelar um pâncreas aumentado, ruptura de baço ou espessamento da parede do cólon
ou do apêndice, estriamento de mesocolo ou do mesoapêndice (característico de diverticulite
ou apendicite)
Ultrassonografia: útil para detectar aumento de vesícula ou do pâncreas, cálculos biliares, aumento
do ovário ou gravidez tubárea
Cintilografia hepatobiliar: ajuda a diferenciar a colecistite aguda e cólica biliar por pancreatite
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Febre
Definições
Febre: elevação da temperatura corporal que ultrapassa a variação diária normal (que é de cerca de
0,5°C) com ajuste do centro termorregulador hipotalâmico
Hiperpirexia: > 41,5°C
Febre hipotalâmica: febre causada por disfunção do hipotálamo, mas isso é raro, pois, quando há
disfunção do hipotálamo, é mais comum haver redução da temperatura
Hipertermia: aumento descontrolado da temperatura corporal, que excede a capacidade do organismo
de perder calor, sem haver ajuste do centro termorregulador hipotalâmico e sem envolver a presença
de pirógenos (ao contrário da febre)
Causas: insolação, medicamentos ou produção excessiva de calor endógeno
Não responde a antipirético e pode levar a morte rapidamente
Síndrome febril: além da febre, pode haver astenia, inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia,
oligúria, dor no corpo, calafrios, sudorese, náusea, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões
Hipertermia maligna: surge durante ou após a anestesia
Febre factícia: quando o paciente induz a febre por manipulação do termômetro ou auto-inoculação
de material contaminado
Hipertermia habitual: Caracteriza-se por temperaturas entre 37,2ºC e 37,8ºC no período da tarde,
acompanhada de queixas vagas, e que desaparece junto com a remoção do problema precipitante ou
após administração de tranqüilizantes
Parâmetros
Axilar: 35,5 a 37ºC
Bucal: 36 a 37,4°C
Retal: 36 a 37,5°C (0,5°C maior que a axilar)
Sinal de Lenander: quando a diferença da temperatura axilar para a retal é > 0,5ºC (pode indicar
inflamação intra-abdominal)
Semiologia da febre
Inicio
Súbito: ex - malária
Gradual: prevalece a cefaleia, inapetência e sudorese; ex - gripe
Intensidade
Leve ou febrícula: até 37,5°C
Moderada: 37,6 a 38,5°C
Alta ou elevada: > 38,5ºC
Duração
Prolongada: quando ela persiste por mais de 1 semana, sendo continua ou não; ex – TB, malária,
febre tifoide
Termino
Em crise: febre desaparece subitamente
Em lise: febre desaparece gradualmente
Evolução
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Febre continua: sempre acima do normal com variações de até 1ºC e sem grandes oscilações –
febre tifoide, pneumonia
Febre intermitente: ocorre 2 ciclos curtos, ou seja, hipertermia com períodos cíclicos de apirexia –
linfoma, malária, TB
Febre remitente: hipertermias diárias com variações maiores de 1ºC, sem períodos de apirexia –
sepse, TB, pneumonia
Febre irregular ou séptica: é imprevisível, intercalando picos de temperaturas muito altas para
baixas ou apirexia
Febre recorrente ou ondulante: períodos de normalidade que pode durar dias, semanas, intercalados
com períodos de febre – linfomas, tumores
A. Febre no Neutropênico
Somente 35% dos casos de FOI nestes casos respondem a antibióticos de largo espectro
B. Febre na AIDS/HIV
Causas: infecções oportunistas, febre pelo próprio HIV, neoplasias, reações a drogas
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C. Febre no idoso
Nos pacientes idosos, a resposta febril pode estar ausente ou mínima em 20 a 30% dos casos,
mesmo na presença de infecção grave. Além de atrasar o diagnóstico, a ausência de febre acarreta
mau prognóstico.
O paciente idoso é considerado febril nas seguintes situações:
- Elevação persistente da temperatura maior que 37,2ºC
- Elevação ≥ 1,3ºC na temperatura basal em qualquer sítio
- Temperatura oral ou timpânica > 37,2ºC
- Temperatura retal > 37,5ºC em várias ocasiões
Ao contrário do paciente mais novo, a presença de febre em paciente idoso indica infecção grave
e geralmente bacteriana
Etiologia
O uso indiscriminado de antibióticos e antiinflamatórios, erros ou má interpretação de exames
laboratoriais e deficiências no sistema de saúde têm aumentado o número de casos de FOI
As infecções permanecem como a principal causa, seguidas pelas doenças neoplásicas e
inflamatórias
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O exame físico deve ser repetido diariamente até o diagnóstico ser obtido
Exames a serem feitos
Vários exames poderão ser feitos ainda em nível ambulatorial, outros exigirão hospitalização. O
paciente deverá ter toda medicação suspensa, com exceção daquela indispensável
Sinais que sugerem a presença de doença intra-abdominal:
- Dor abdominal, anemia e perda de peso progressiva; icterícia; hepato e/ou esplenomegalia;
massas abdominais e alterações da função hepática
Exames: hematologia e bioquímica sanguínea, culturas (sangue, urina, fezes e secreções corporais),
exame de urina e fezes, sorologia, testes cutâneos (ex: PPD), biópsias, radiologia convencional,
ultras, TC, ECO, RM, entre outros
- Biópsias: constituem o recurso propedêutico mais utilizado no esclarecimento das FOIs depois
das culturas. As mais pedidas são as de linfonodos, medula óssea e hepática. Os linfonodos estão
acometidos em diversas doenças infecciosas ou neoplásicas e sempre que estiverem aumentados
devem ser biopsiados, até mesmo os da cadeia inguinal. A biópsia de medula óssea deve ser
realizada com frequência, mesmo na ausência de alterações no sangue periférico, mas a hepática
só deve ser feita se houver alguma alteração clinica ou laboratorial que indique doença intra-
abdominal
- Laparotomia exploradora: só se diagnostica a angeíte necrosante por esse método
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Terapêutica de prova
Não existe motivo parta utilizar-la quando órgãos vitais, como coração, pulmão, rins ou cérebro,
não estão seriamente comprometidos
Desvantagens: possibilidade de haver efeitos colaterais potencialmente graves ou que podem
obscurecer o quadro clínico já confuso, acrescentando mais febre, icterícia, farmacodermias,
leucopenia, diarréia ou outros sintomas.
- Alguns medicamentos podem produzir melhora aparente sem atacar realmente a doença de base
Caso se opte pela terapêutica de prova, o paciente e seus familiares deverão estar completamente
a par de sua indicação e da possibilidade de fracasso
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Em infecções bacterianas, o uso de antipiréticos pode mascarar uma infecção bacteriana tratada
inadequadamente além de dificultar o diagnóstico
A maior parte deles atuam inibindo a COX, mas os glicocorticoides vao atuar também inibindo a
fosfolipase A2
Antipirético de melhor escolha: paracetamol
AINE e AAS produzem efeitos adversos sobre TGI e plaquetas
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Somatização
Definição
É uma tendência para experimentar e comunicar desconforto somático e sintomas que não podem
ser explicados pelos achados patológicos (incluindo o uso de drogas), atribuí-los a doenças físicas
e procurar ajuda médica para eles
Acredita-se que fatores psicológicos e psicossociais desempenham um papel importante na
etiologia dessa condição
A somatização é muito comum, mas ela frequentemente passa despercebida
Isso porque a prática médica está voltada para a identificação e o tratamento dos distúrbios
orgânicos ou dos transtornos mentais, deixando a maioria dos médicos mal preparados para
reconhecer e tratar pessoas que “somatizam”
Quando não reconhecidos e tratados de forma apropriada, esses pacientes podem ser vítimas de
intervenções frustrantes, caras e potencialmente perigosas, que não contribuem para reduzir os
altos níveis de sofrimento e incapacidade que eles geralmente relatam
É freqüente o diagnóstico de “distonia neuro-vegetativa” (DNV) ou o rótulo pejorativo de
“peripaque”, “piti” ou “paciente poliqueixoso”
Os sintomas não são produzidos de forma intencional e devem ter uma intensidade suficiente para
provocar uma perturbação clinicamente significativa ou deterioração no desempenho social, no
trabalho e na convivência familiar
Outra característica é a negativa do paciente em aceitar a possibilidade de que suas doenças tenham
uma origem psicológica
O diagnóstico
Na prática, a somatização costuma ser um diagnóstico de exclusão
Porém, é muito mais eficaz buscar um diagnóstico positivo de somatização quando o paciente se
apresenta com características típicas e iniciar estratégias de tratamento
A somatização se manifesta como um espectro, que vai desde a expressão de sintomas leves (muito
freqüentes e que costumam responder à simples tranquilização) até o diagnóstico psiquiátrico dos
transtornos somatoformes
A categoria diagnóstica “Transtornos Somatoformes” (F45) foi introduzida na Classificação
Internacional de Doenças (CID-10) em 1992 e compreende 7 entidades nosológicas:
Transtorno de somatização
Transtorno somatoforme indiferenciado
Transtorno hipocondríaco
Disfunção autonômica somatoforme
Transtorno doloroso somatoforme persistente
Outros transtornos somatoformes
Transtorno somatoforme não especificado
Existem 2 condições para haver diagnóstico de somatização:
1. Presença de mais de 3 sintomas vagos ou exagerados em sistemas orgânicos diferentes
2. Queixas com evolução crônica há mais de 2 anos
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Sinais e sintomas mais comuns:
Fatores predisponentes
Genéticos (sugeridos através de estudos de adoção) e antecedentes familiares de somatização
Os membros da família podem funcionar como modelos de papéis ou reforçar o comportamento
de doença
Antecedentes de alguma doença pessoal ou familiar na infância
Características de personalidade (vulnerabilidade ao stress, baixa auto-estima, tendência para
ansiedade, dissociação, hostilidade, depressão,)
Supervalorização do tipo físico e da atividade (perfis atléticos)
História de abuso sexual ou físico
Alexitimia:
40
Trata-se de indivíduos com uma dificuldade em reconhecer, comunicar e descrever os próprios
sentimentos, assim como em distinguir os estados emocionais das sensações físicas: as
emoções encontrariam sua forma de expressão através da linguagem corporal
Fatores desencadeantes
As situações de vida estressantes como medo de “não corresponder às expectativas”, dificuldades
no trabalho ou econômicas, perdas, desavenças, doença ou morte
Fatores mantededores
O principal seria a “necessidade de estar doente”
O papel de doente propicia o alívio de expectativas interpessoais estressantes e libera o sujeito de
suas obrigações (ganho primário)
Além disso, geralmente proporciona atenção, cuidados e, em algumas situações, compensações
financeiras (ganho secundário)
Abordagem do paciente
Depois da avaliação inicial (para afastar afecções clínicas orgânicas), o médico deve pesquisar no
prontuário e/ou na história de vida:
Se o paciente apresenta evidências de algum transtorno psiquiátrico comum associado às
queixas somáticas (depressão, ansiedade, abuso/dependência de substâncias psicoativas)
Se tem um padrão de alta utilização dos serviços de saúde (extensas investigações diagnósticas
e/ou internações)
Se há fatores específicos nos antecedentes familiares
Se já teve rejeição de médicos anteriores
Se os resultados dos exames derem todos negativos, o médico deve se comportar da seguinte forma:
“Os resultados dos exame e dos testes que fizemos mostram que você não tem doença que
coloque sua vida em risco. No entanto, você tem uma afecção médica séria e que causa
comprometimento, que não é completamente entendida. Embora não exista tratamento que
possa curá-lo completamente, há numerosas intervenções que podem ajudá-lo a lidar com os
sintomas melhor do que já tem feito até aqui”
41
Ao iniciar o tratamento do paciente, o clínico deve considerar a probabilidade de comorbidade com
um transtorno depressivo ou de ansiedade
Conduta
Consultas devem ser breves, marcadas regularmente a cada quatro a seis semanas e sempre com o
mesmo médico
Realizar curto exame físico em cada consulta
Dar aos sinais físicos maior peso do que aos sintomas relatados
Evitar procedimentos e hospitalizações, a menos que claramente indicados.
Compreender que o desenvolvimento de sintomas é inconsciente
O tratamento pode ser considerado bem sucedido se o paciente for mantido fora do hospital e do
pronto-socorro e se diminuir sua exposição a complicações iatrogênicas
42
Distúrbios Somatoformes
(http://www.msdlatinamerica.com/profissionais_da_saude/manual_merck/secao_15/secao_15_186.html)
É um grupo de distúrbios psiquiátricos caracterizados por sintomas físicos que sugerem, mas não são
completamente explicados, por um distúrbio físico, e causam desconforto importante ou interferem no
funcionamento social, ocupacional ou outras funções.
Distúrbio somatoforme é um termo relativamente novo, para o qual muitas pessoas se referem como distúrbios
psicossomáticos. Em distúrbios somatoformes, os sintomas físicos ou sua gravidade e duração não podem ser
explicados por uma condição física subjacente. Os distúrbios somatoformes incluem distúrbio de somatização,
distúrbio indiferenciado somatoforme, distúrbio de conversão, hipocondria, distúrbio da dor, distúrbio
dismórfico do corpo e distúrbios inespecíficos de somatoformes.
DISTÚRBIOS DE SOMATIZAÇÃO
É um distúrbio psiquiátrico grave, crônico caracterizado por muitas queixas recorrentes, clinicamente
significantes (incluindo sintomas de dor, GI, sexuais e neurológicos) que não podem ser completamente
explicadas por um distúrbio físico.
O distúrbio é relatado predominantemente em mulheres. Os homens parentes de mulheres com esse distúrbio
tendem a apresentar uma alta incidência de personalidade anti-social e distúrbios relacionados.
Sintomas
Os sintomas começam na adolescência ou no início da vida adulta com muitas queixas físicas vagas. Qualquer
parte corpo pode ser afetada, e sintomas específicos e sua freqüência variam muito entre diferentes culturas.
Nos EUA, os sintomas típicos incluem cefaléia, náusea e vômito, edema, dor abdominal, diarréia ou
obstipação, dismenorréia, fadiga, desmaio, dispareunia, perda do desejo sexual e disúria. Os homens
freqüentemente se queixam de disfunção erétil ou ejaculatória. Uma ampla variedade de sintomas
neurológicos são comuns. Embora os sintomas sejam primariamente físicos também ocorrem ansiedade e
depressão. Os pacientes são tipicamente dramáticos e emocionais quando recontam seus sintomas,
freqüentemente se referem a eles como “insuportáveis”, “impossíveis de serem descritos”, ou o “pior
imaginável”.
A intensidade e persistência dos sintomas refletem o forte desejo do paciente de ser cuidado em cada aspecto
da vida. Os sintomas podem auxiliar o paciente a evitar a responsabilidade da vida adulta, mas podem também
impedir que sinta prazer e atuar como punição, sugerindo sentimentos subjacentes de desmerecimento e culpa.
43
Diagnóstico
Os pacientes são inconscientes de que seu problema básico é psicológico assim pressionam seu médico por
testes e tratamentos. Usualmente os médicos solicitam muitos exames físicos e testes para determinar que o
paciente não possui distúrbio físico que explique adequadamente os sintomas. Como esses pacientes podem
desenvolver distúrbios físicos concorrentes, o exame físico apropriado e exames laboratoriais também devem
ser realizados quando os sintomas mudarem significativamente. O encaminhamento a especialistas para
consultas é comum, mesmo quando o paciente tiver desenvolvido uma relação razoavelmente satisfatória com
um médico.
Os critérios diagnósticos específicos incluem o início de queixas físicas antes dos 30 anos, a história de dor
afetando pelo menos 4 partes diferentes do corpo, dois ou mais sintomas GI, pelo menos um sintoma sexual
ou reprodutivo, e pelo menos um sintomas neurológico (excluindo dor). O diagnóstico é suportado pela
natureza dramática das queixas e pelo comportamento exibicionista, dependente, manipulativo e, algumas
vezes, suicida. Os distúrbios de personalidade, particularmente histriônico, limítrofe e anti-social (ver Cap.
191) comumente estão associados com distúrbios de somatização.
Se o paciente com problemas persistentes e somatoformes recorrentes não satisfaz completamente os critérios
diagnósticos estabelecidos anteriormente, a condição é chamada de distúrbio somatoforme indiferenciado.
Prognóstico e tratamento
O distúrbio de somatização varia em gravidade, mas persiste durante a vida. O alívio completo dos sintomas
por períodos extensos é raro. Algumas pessoas se tornam mais manifestamente deprimidas após muitos anos,
e suas referências ao suicídio (um risco definitivo) se torna mais ominoso.
O tratamento é extremamente difícil. Os pacientes tendem a ser frustrados e extremamente raivosos por
qualquer sugestão de que seus sintomas sejam psicológicos. Drogas são completamente ineficientes e mesmo
que o paciente aceite a consulta ao psiquiatra, raramente a psicoterapia é benéfica. Usualmente o melhor
tratamento é uma relação calma, firme e assistencial com um médico que oferece proteção e alívio sintomático,
protegendo o paciente de procedimentos terapêuticos e diagnósticos desnecessários.
DISTÚRBIO DE CONVERSÃO
São sintomas físicos causados por conflito psicológico inconsciente se assemelhando a distúrbios de natureza
neurológica.
Os distúrbios de conversão tendem a se desenvolver durante a adolescência ou no início da vida adulta, mas
podem ocorrer em qualquer idade. Parece ser um tanto mais comum entre mulheres. Sintomas isolados de
conversão que não satisfazem completamente o critério de um distúrbio de conversão ou um distúrbio de
somatização comumente são vistos na prática médica não psiquiátrica (ver Sintomas Físicos Refletindo
Estados Psíquicos no Cap. 185).
Sintomas e diagnóstico
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Por definição, os sintomas se desenvolvem inconscientemente e são limitados àqueles que sugerem um
distúrbio neurológico – a coordenação ou equilíbrio usualmente prejudicados, fraqueza ou paralisia de um
braço ou perna ou perda de sensações em uma parte do corpo. Outros sintomas incluem convulsões simuladas;
perda de um dos sentidos especiais, como visão (cegueira ou visão em duplicata), audição (surdez); afonia;
dificuldades com a deglutição; sensação de algo na garganta e retenção urinária.
Geralmente, o início dos sintomas está ligado a um evento social ou psicologicamente estressante. O sintoma
deve ser clinicamente significante, ou seja, deve ser desgastante o suficiente para interromper a vida social,
ocupacional ou outras áreas importantes do funcionamento do paciente. O paciente pode ter um único episódio
esporádico ou alguns episódios esporádicos, usualmente os episódios são breves. Quando hospitalizados, os
pacientes com sintomas de conversão usualmente melhoram dentro de 2 semanas, entretanto 20 a 25%
apresentam recorrência dentro de um ano, e em alguns os sintomas se tornam crônicos.
O diagnóstico inicialmente pode ser difícil porque o paciente acredita que os sintomas sejam provenientes de
um distúrbio físico. Por outro lado, os médicos aprenderam a considerar exclusivamente (e excluir) distúrbios
físicos como causa de sintomas físicos. Comumente, o diagnóstico é considerado apenas após exames físicos
extensivos e os testes laboratoriais falharem para revelar um distúrbio que pode corresponder completamente
aos sintomas e seus efeitos. Embora descartar a possibilidade de doença física de base seja crucial, a
consideração da conversão pode evitar testes que aumentariam os custos e os riscos para o paciente e que
poderiam inegavelmente retardar o diagnóstico. O melhor indício é o de que os sintomas de conversão
raramente se conformam completamente com mecanismos fisiológicos e anatômicos conhecidos.
Tratamento
Uma relação de confiança entre médico e paciente é essencial. Após o médico ter excluído um distúrbio físico
e re-assegurado ao paciente que os sintomas não indicam uma doença de base séria, o paciente usualmente
começa a se sentir melhor e os sintomas desaparecem. Quando uma situação psicologicamente estressante
precede o início dos sintomas, a psicoterapia pode ser eficiente.
Têm sido tentados vários tratamentos, mas nenhum é uniformemente efetivo. Em hipnoterapia, o paciente é
hipnotizado e questões etiológicas potencialmente psicológicas são identificadas e exploradas. A discussão
continua após a hipnose quando o paciente se encontra completamente alerta. A narcoanálise é similar à
hipnose, exceto que o paciente recebe um sedativo para induzir um estado semi-acordado. Terapia para
modificação do comportamento, incluindo treinamento e relaxamento é eficiente em alguns pacientes.
DISTÚRBIO DA DOR
(Dor Psicogênica)
É um distúrbio no qual a dor em um ou mais sítios anatômicos é exclusiva ou predominantemente causada por
fatores psicológicos, é o principal foco de atenção do paciente e resulta em desconforto e disfunção
significantes.
O distúrbio da dor é relativamente comum. A incidência exata é desconhecida, mas nos EUA a lombalgia
psicogênica sozinha causa alguma forma de incapacitação para o trabalho em cerca de 10 a 15% dos adultos
por ano.
A dor associada com fatores psicológicos é comum em muitas condições psiquiátricas, especialmente em
distúrbios da ansiedade e do humor, mas em distúrbio da mesma, a dor é a queixa predominante. Qualquer
45
parte do corpo pode ser afetada, mas as costas, cabeça, abdome e tórax são provavelmente os mais comuns. A
dor pode ser aguda ou crônica (> 6 meses). Pode haver um distúrbio físico subjacente que explica a dor, mas
não a sua gravidade, duração e o resultante grau de incapacitação. Quando esse tipo de distúrbio se apresenta,
o distúrbio da dor, associado com fatores psicológicos e uma condição física, é diagnosticado. Quando a
condição física está ausente, é diagnosticada a dor associada com fatores psicológicos.
O diagnóstico geralmente é feito excluindo um distúrbio físico que seria adequado para explicar a dor. A
identificação de fatores psicossociais estressantes pode auxiliar a explicar o distúrbio. Como em sintomas de
conversão (ver Sintomas Físicos Refletindo Estados Psíquicos no Cap. 185), o diagnóstico algumas vezes é
sustentado pelo achado de um significado metafórico no sintoma; por exemplo, um paciente com lombalgia
compara a dor com estar sendo apunhalado pelas costas ou levando uma carga muito pesada.
Tratamento
Uma avaliação médica completa por um médico que tenha uma boa relação com o paciente, seguido por
extrema transmissão de confiabilidade, pode ser suficiente. Algumas vezes, apontar com empatia uma relação
com evento social estressante é eficiente. Entretanto, muitos pacientes desenvolvem problemas crônicos e são
muito difíceis de serem tratados. Os pacientes são similares àqueles com distúrbio de conversão (ver
anteriormente). Eles são relutantes para associar seus problemas com agentes estressantes psicossociais e
rejeitam qualquer forma de psicoterapia. Tendem a procurar uma relação dependente, que usualmente envolve
uma incapacitação prolongada e a necessidade de continuar o cuidado. Visitam muitos médicos com o desejo
expresso de encontrar a cura, mas demandam um tratamento físico para um distúrbio não físico. Através de
reavaliações regulares por um médico empático, cuidadoso, que permanece alerta para a possibilidade de um
novo distúrbio físico importante, enquanto protege o paciente de procedimentos arriscados, caros e
desnecessários, oferece a melhor esperança de uma intervenção paliativa prolongada.
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HAS – 7ª Diretriz
1) Diagnóstico e Classificação
Introdução
A avaliação inicial de um paciente com hipertensão arterial sistêmica (HAS) inclui a confirmação do
diagnóstico, a suspeição e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco CV
As lesões de órgão-alvo (LOA) e doenças associadas também devem ser investigadas
Fazem parte dessa avaliação:
Medição da PA no consultório e/ou fora dele
História médica (pessoal e familiar)
Exame físico
Investigação clínica e laboratorial
Medição de PA
Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80
mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg
A medição da PA pode ser feita com esfigmomanômetros manuais, semi-automáticos ou automáticos
Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deveráser realizada nos membros
inferiores, utilizando-se manguitos apropriados
Recomenda-se a realização de várias medições com o paciente sentado em ambiente calmo e
confortável
Em pacientes idosos, diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de medicação anti-hipertensiva,
devemos suspeitar de hipotensão ortostática. Assim, particularmente nessas condições, deve-se medir
a PA com o paciente de pé, após 3 minutos
Hipotensão ortostática: redução da PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg
A. Preparo do paciente
Explicar o procedimento ao paciente e deixá-lo em repouso de 3 a 5 minutos em ambiente calmo.
Deve ser instruído a não conversar durante a medição
Certificar-se de que o paciente NÃO:
- Está com a bexiga cheia;
- Praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;
- Ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos;
- Fumou nos 30 minutos anteriores
Posicionamento:
- O paciente deve estar sentado, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na
cadeira e relaxado;
- O braço deve estar na altura do coração, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e as roupas
não devem garrotear o membro
Medir a PA na posição de pé, após 3 minutos, nos diabéticos, idosos e em outras situações em que a
hipotensão ortostática possa ser frequente ou suspeitada
B. Medição no Consultório
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1. Determinar a circunferência do braço no ponto médio entre acrômio e olécrano;
2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço
3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital;
4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial;
5. Estimar o nível da PAS pela palpação do pulso radial
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem
compressão excessiva
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da PAS obtido pela palpação
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo)
9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff) e, após, aumentar ligeiramente
a velocidade de deflação
10. Determinar a PAD no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff)
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois
proceder à deflação rápida e completa
12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase IV de
Korotkoff) e anotar valores da PAS/PAD/zero
13. Realizar pelo menos duas medições, com intervalo em torno de um minuto. Medições adicionais
deverão ser realizadas se as duas primeiras forem muito diferentes. Caso julgue adequado, considere a
média das medidas;
14. Medir a pressão em ambos os braços na primeira consulta e usar o valor do braço onde foi obtida a
maior pressão como referência;
15. Informar o valor de PA obtido para o paciente
16. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida
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D. Medição em crianças, idosos, obesos e gestantes
Crianças
É recomendado a medição em toda avaliação clínica após os três anos de idade, pelo menos
anualmente, como parte do atendimento pediátrico primário
A interpretação dos valores de PA obtidos em crianças e adolescentes deve considerar idade, sexo
e altura
Idosos
Atentar para a maior frequência do hiato auscultatório => consiste no desaparecimento dos sons
durante a deflação do manguito, resultando em valores falsamente baixos para a PAS ou
falsamente altos para a PAD
A grande variação da PA nos idosos ao longo das 24 horas torna a MAPA uma ferramenta muitas
vezes útil
A pseudo-hipertensão, que está associada ao processo aterosclerótico, pode ser detectada pela
manobra de Osler, ou seja, a artéria radial permanece ainda palpável após a insuflação do
manguito pelo menos 30 mmHg acima do desaparecimento do pulso radial
Nessa faixa etária, há maior ocorrência de EAB, hipotensão ortostática e pós-prandial, a presença
de arritmias (como fibrilação atrial) e isso pode dificultar a medição da PA
Obesos
Manguitos mais longos e largos são necessários em pacientes obesos para não haver
superestimação da PA
- Se for > 50 cm: fazer a medição no antebraço, devendo o pulso auscultado ser o radial
Gestantes
A PA deve ser obtida com a mesma metodologia recomendada para adultos
49
A hipertensão do avental branco (HAB) e a hipertensão mascarada (HM) são comuns na gravizez
e, por isso, a MAPA e a MRPA podem constituir métodos úteis na decisão clínica
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Classificação
Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico deverá ser sempre validado por medições
repetidas, em condições ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por medições fora do
consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA (lesões de
órgão-alvo) detectada
HAS não controlada:
Mesmo sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA elevada tanto no
consultório como fora dele por algum dos dois métodos (MAPA ou MRPA)
HAS controlada:
Quando, sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a PA controlada tanto no
consultório como fora dele
Algumas definições:
a) Normotensão
Quando as medidas de consultório são ≤ 120/80 mmHg e as medidas fora dele (MAPA ou MRPA)
confirmam os valores considerados normais
b) Pré-hipertensão
Caracteriza-se pela presença de PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg
Necessita de acompanhamento periódico
e) Hipertensão Mascarada
É caracterizada por valores normais da PA no consultório, porém com PA elevada pela MAPA ou
medidas residenciais
Vários fatores podem elevar a PA fora do consultório em relação àPA nele obtida, como idade
jovem, sexo masculino, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, hipertensão induzida pelo
exercício, ansiedade, estresse, obesidade, DM, DRC e história familiar de HAS
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A incidência de eventos CV é cerca de duas vezes maior na HM do que na normotensão, sendo
comparada à da HAS
Anamnese
As informações sobre a história familiar são fundamentais para aumentar a certeza do diagnóstico de
HA primária
O paciente deve ser interrogado sobre comorbidades, aspectos socioeconômicos e estilo de vida, além
do uso prévio e atual de medicamentos ou outras substâncias que possam interferir na medição da PA
e/ou no tratamento da HÁ
Da mesma forma, devem ser pesquisados indícios que sugiram uma causa secundária para a HÁ
Exame físico
Além de medir a PA, dados antropométricos, como peso, altura, circunferência abdominal (CA) e
frequência cardíaca (FC), devem ser registrados
Deve-se realizar palpação e ausculta do coração, carótidas e pulsos, medida do índice tornozelo-
braquial (ITB) e realização da fundoscopia
ITB: é normal 0,9 a 1,3
52
Exames de rotina para o paciente hipertenso
3) Decisão de Tratamento
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Abordagem para níveis de PA de 130-139/85-89 mmHg – Pré-hipertensão
Recomendam-se medidas não medicamentosas para essa faixa pressórica
O tratamento medicamentoso pode ser considerado nos pré-hipertensos com PA de 130-139/85-89
mmHg e história prévia de DCV ou naqueles com risco CV alto, sem DCV, mas não há evidências de
benefício naqueles com risco moderado
Metas
Hipertensos com alto risco de CV: < 130/80 mmHg
Exceção:
1) Em diabéticos – até o presente momento encarados como de alto risco – essa meta não foi
solidamente demonstrada em estudos
2) Em pacientes com DAC, estudos mostraram um aumento de eventos CV fatais e não fatais, bem
como aumento da troponina, quando a pressão ficou < 120/70, particularmente com a PAD < 60mmHg.
Dessa forma, para esses pacientes, a meta deve ficar numa faixa mais estreita de segurança (< 130/80
mmHg, mas não < 120/70 mmHg)
Hipertensos com PA no estágio 3: PA < 140/90 mmHg
Hipertensos idosos ≥ 80 anos: < 150/90 mmHg com redução do risco de AVE e IC
Hipertensos estágios 1 e 2, com risco CV baixo e moderado: PA < 140/90 mmHg
54
4) Tratamento Não Medicamentoso
Peso corporal
O aumento de peso estádiretamente relacionado ao aumento da PA tanto em adultos
quanto em crianças e a relação entre sobrepeso e alteração da PA já pode ser observada
a partir dos 8 anos
A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) enfatiza o consumo de frutas,
hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais integrais,
frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne vermelha,
doces e bebidas com açúcar. Ela é rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, e contém
quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada
A dieta do Mediterrâneo e dietas vegetarianas também são hipotensoras
Deve-se reduzir do consumo de sódio
Os ácidos graxos ômega-3 provenientes dos óleos de peixe e ácidos graxos
monoinsaturados estão associados com redução modesta da PA
Fibras, cantanhas, laticínios, alho, chocolate amargo reduzem a PA
Reduzir consumo de álcool
Atividade física
A prática regular de atividade física pode ser benéfica tanto na prevenção quanto no
tratamento da HA, reduzindo ainda a morbimortalidade CV
Recomenda-se que hipertensos com níveis de PA mais elevados ou que possuam mais de
3 FR, diabetes, LOA ou cardiopatias façam um teste ergométrico antes de realizar
exercícios físicos em intensidade moderada
Outros
Não há evidências que a cessação do tabagismo reduza a PA
A respiração lenta ou guiada (6 a 10 irpm durante 15-20 minutos/dia) reduz a PA
Evitar estresse
5) Tratamento Medicamentoso
Princípios gerais
Um medicamento para ser indicado deverá, preferencialmente:
Ter demonstrado a capacidade de reduzir a morbimortalidade CV;
Ser eficaz por via oral;
Ser bem tolerado;
Poder ser usado no menor número de tomadas por dia;
Ser iniciado com as menores doses efetivas;
Poder ser usado em associação;
Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas, antes de modificações, salvo em
situações especiais;
Ter controle de qualidade em sua produção
Escolha do medicamento:
A preferência inicial será sempre por aqueles em que haja comprovação de
diminuição de eventos CV, ficando os demais reservados a casos especiais em que
55
haja a necessidade da associação de múltiplos medicamentos para que sejam atingidas
as metas da PA.
Diuréticos
Ele diminui o volume extracelular e, após quatro a seis semanas, o volume circulante praticamente se
normaliza, ocorrendo redução da resistência vascular periférica (RVP)
O efeito anti-hipertensivo não está diretamente relacionado às doses utilizadas, porém, os efeitos
colaterais estão
Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos ou similares (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida)
em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação
Efeitos adversos:
Principais: fraqueza, câimbras, hipovolemia e disfunção erétil
Hipopotassemia, que as vezes é acompanhada de hipomagnesemia, que podem induzir arritmias
ventriculares, sobretudo extrassistolia
Podem provocar intolerância à glicose por reduzir a liberação de insulina, aumentando o risco do
desenvolvimento de DM tipo 2
Aumento da retenção de ácido úrico = maior chance de ter gota
Alfabloqueadores
São antagonistas competitivos dos α1-receptores pós-sinápticos, levando a redução da RVP sem
maiores mudanças no débito cardíaco
Ex: doxazosina, prazosina e terazosina
O efeito hipotensor é discreto como monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado.
Apresentam contribuição favorável e discreta no metabolismo lipídico e glicídico, e em especial na
melhora da sintomatologia relacionada à hipertrofia prostática benigna
Efeitos adversos
Podem provocar hipotensão sintomática na primeira dose
O fenômeno de tolerância é frequente
Incontinência urinária em mulheres
Pacientes tratados com doxazosina têm maior risco de incidência de ICC
Vasodilatadores diretos
Atuam diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, levando a redução da RVP
Ex: hidralazina e minoxidil
O uso dessa medicação deve ser cuidadoso em pacientes com DAC e deve ser evitado naqueles com
aneurisma dissecante da aorta e episódio recente de hemorragia cerebral
Efeitos adversos:
Cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e reação lupus-like (dose-dependente)
Anorexia, náusea, vômito e diarreia
Minoxidil pode causar hirsutismo
Um efeito menos comum éa expansão generalizada de volume circulante e taquicardia reflexa
B. Não Di-idropiridínicos
Têm menor efeito vasodilatador, e podem ser bradicardizantes e antiarrítmicos, o que restringe seu
uso a alguns casos específicos
Ex: diltiazem e verapamil
Podem deprimir a função sistólica cardíaca, principalmente em pacientes que já apresentavam tal
disfunção antes do início do seu uso, devendo ser evitados nessa condição
Efeitos adversos:
Mais comum: Edema maleolar
Cefaleia latejante e tonturas
Rubor facial
Hipercromia do terço distal das pernas (dermatite ocre) e hipertrofia gengival
Verapamil e diltiazem podem agravar a IC, além de bradicardia e bloqueio atrioventricular
Obstipação intestinal é observada com verapamil
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Inibidores diretos da renina - Alisquireno
Promove a inibição direta da ação da renina com consequente diminuição da formação de angiotensina
II
Outras ações podem contribuir para a redução da PA e a proteção tissular, tais como redução da
atividade plasmática de renina, bloqueio de um receptor celular próprio de renina/pró-renina68 e
diminuição da síntese intracelular de angiotensina II
Efeitos adversos:
“Rash” cutâneo, diarreia, aumento de CPK e tosse
Seu uso é contraindicado na gravidez
Esquema terapêutico
Monoterapia
Pode ser a estratégia anti-hipertensiva inicial para pacientes com HA estágio 1, com risco CV baixo
e moderado, mas de acordo com a meta a ser atingida, a maioria dos pacientes irá necessitar da
associação de medicamentos
A escolha inicial do medicamento a ser utilizado como monoterapia deve basear-se nos seguintes
aspectos:
- Capacidade de o agente escolhido reduzir a morbimortalidade CV
- Mecanismo fisiopatogênico predominante no paciente a ser tratado
- Características individuais
- Doenças associadas
- Condições socioeconômicas
Com base nesses critérios, as classes de anti-hipertensivos atualmente consideradas preferenciais
para o controle da PA em monoterapia inicial são:
59
1. DIU tiazídicos
2. IECA
3. BCC
4. BRA
O BB poderá ser considerado como fármaco inicial em situações específicas, como a associação
de arritmias supraventriculares, enxaqueca, IC e coronariopatia, sendo que, nas duas últimas
condições, deverá estar associado a outros fármacos
Se o objetivo terapêutico não for conseguido com a monoterapia inicial, três condutas são
possíveis:
a) se o resultado for parcial, mas sem efeitos adversos, recomenda-se aumentar a dose do
medicamento em uso, podendo também ser considerada a associação com anti-hipertensivo de
outro grupo terapêutico;
b) quando não houver efeito terapêutico esperado na dose máxima preconizada ou se surgirem
eventos adversos, recomenda-se substituir o anti-hipertensivo inicialmente utilizado, reduzir a
dosagem e associar outro anti-hipertensivo de classe diferente ou instituir uma outra associação
de fármacos
c) se, ainda assim, a resposta for inadequada, devem-se associar três ou mais medicamentos
Combinação medicamentosa
A maioria dos pacientes vai necessitar do uso de mais de um medicamento para que sejam atingidas
as metas
A utilização de associações de dois medicamentos em baixas dosagens em hipertensos estágio 1,
mesmo com baixo ou moderado risco CV, embora não preferencial, também poderáser considerada
em casos individuais
Para a escolha dos medicamentos em associação, deve ser evitado o uso de antihipertensivos com
mesmo mecanismo
Exceção: associação de DIU tiazídicos com poupadores de potássio
O uso de BB associado a DIU deve ser feito com cautela em pacientes que apresentem alterações do
metabolismo dos glicídeos, pois ambos os fármacos favorecem seu agravamento
A associação de IECA com BRA não é recomendada, pois, além de não mostrar benefício em desfechos
CV, acrescentou risco de efeitos adversos
Um estudo demonstrou que a combinação de IECA a BCC, comparada à associação de IECA com DIU,
foi mais efetiva na redução de morbimortalidade CV e progressão de doença renal
Caso o DIU não tenha sido a primeira escolha e não esteja sendo utilizado na associação de dois
fármacos, deve ser o terceiro a ser acrescentado, pois seu uso potencializa a ação anti-hipertensiva de
qualquer dos medicamentos iniciais
Nos casos em que se configure a HA resistente (falta de controle da PA com o uso de pelo menos três
medicamentos em dosagens máximas toleradas, sendo um deles um DIU), está indicada a associação
de Espironolactona
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Caso não sejam alcançadas as metas de controle da PA com dois fármacos, podem ser tomadas algumas
decisões:
a) em caso de resultado parcial e sem efeitos colaterais, pode-se optar por aumentar a dose da
combinação inicial ou acrescentar mais um anti-hipertensivo de outra classe
b) quando a meta não tiver sido atingida na dose máxima preconizada, ou se surgirem eventos
adversos, recomenda-se a substituição da combinação
c) se, nas doses máximas possíveis, não se obtiver controle da PA, devem-se associar outros anti-
hipertensivos
61
Icterícia
Definição
É uma coloração amarelada dos tecidos devido ao depósito de BR, que acontece quando há
hiperbilirruibinemia sérica => sinal de doença hepática ou hemolítica
Aumentos discretos de BR sérica são melhor detectados no exame das escleras (possui maior afinidade
pela BR devido a alta presença de elastinas). Segundo local que é alterado é a região superior da língua
Urina: fica escura devido a maior eliminação de BR pela urina
Pele: normalmente é amarelada, mas, em casos de longa duração, pode ficar esverdeada (BR é
convertida em biliverdina)
Diagnóstico diferencial para pele amarelada: carotenodermia (ingestão excessiva de cenouras,
laranja ou pêssego), uso de medicamento quinacrina e exposição excessiva a fenóis
Carotenodermia: pigmento se concentra em palmas, plantas, fronte e pregas nasolabiais e não há
pigmentação de esclera
Icterícia: coloração amarela se distribui de forma uniforme pelo corpo
Fisiologia da Bilirrubina
É derivada da degradação do heme, que vem principalmente da degradação das hemácias
BR é produzida no baço e fígado
BR não conjugada presente no sangue (derivada da degradação do heme) vai para o fígado, onde sofre
glicuronização, se tornado BR conjugada. Ela vai então, pela bile, para o trato intestinal, onde vai ser
convertida em Urubilinogênio pela flora intestinal. Parte dele é secretada nessa forma nas fezes, parte
é convertida em urobilina e excretada nas fezes e outra parte é reabsorvida passivamente
BR não conjugada sempre está ligada a albumina no soro, não sendo filtrada pelos rins
Parte da BR conjugada encontra-se ligada a albumina quando a excreção de BR conjugada pela bile
fica comprometida, se concentrando no sangue
Alguns pacientes com hiperbilirrubinemia conjugada não apresentam bilirrubinúria durante a fase
de recuperação de suas doenças porque a BR está ligada a albumina e, assim, não consegue ser
filtrada pelos rins
Assim, a ligação da BR à albumina aumenta meia-vida da BR no sangue
A BR conjugada (não ligada a albumina) é filtrada no glomérulo, sendo a maior parte reabsorvida no
túbulo proximal (pequena fração é excretada, logo, bilirrubinúria indica doença hepática)
A hiperbilirrubinemia pode ser devido a:
Produção excessiva de BR
Deficiência na captação, conjugação ou excreção de BR
Regurgitação da BR não conjugada ou conjugada
C. Icterícia pós-hepática
Obstrução do fluxo normal da bile, não deixando a BR chegar ao intestino
Aumento da BR direta
Abordagem ao paciente
Etapa inicial: exame de sangue
Se há apenas aumento da BR sérica: ve se é conjugada ou não conjugada; se for acompanhada por
outras anormalidades hepáticas, deve-se diferenciar se é hepatocelular ou colestático (esse pode
ser intra ou extra-hepático)
Assim, precisamos ver principalmente se o aumento é da conjugada ou não conjugada e se as
análises bioquímicas hepáticas estão normais
Ausculta - - - Sopro/Atrito -
Refluxo - + - - -
hepatojugular
64
Exames laboratorias:
- Dosagem de aminotransferases, BR sérica, FA, albumina (redução sugere cronicidade e normal
sugere processo agudo), tempo de protrombina (aumento pode indicar déficit de vitamina K)
FA: também é produzida por ossos e placenta (não é tão específica) => está alta na gravidez
e enfermidades ósseas (raquitismo e Doença de Paget)
Transaminases: não são específicas do fígado (estão aumentadas na Hemocromatose e
Doença de Wilson)0
- Dosagem do urubilinogênio na urina e fezes
1) Aumento de urubilinogênio: indica aumenta da sua formação => icterícia hemolítica
2) Redução de urubilinogênio: indica obstrução ou doenças do tecido hepático
1. Hepatocelulares
Hepatite viral, toxicidade medicamentosa, cirrose
Hepatite alcoolica: relação AST/ALT > 1
2. Colestáticos
Ver se é extra ou intra-hepática pela ultrassonografia. Porém, ela não é capaz de dizer a causa ou
o local da obstrução, podendo fazer uma TC, colangiopancreatografia por RM ou
colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (padrão ouro para diagnóstico de colecistite) para
isso
Se for intra-hepático, o diagnóstico é frequentemente feito por sorologia com biópsia hepática
65
Cirrose biliar primária: doença autoimune que atinge principalmente mulheres de meia idade e há
destruição progressiva dos ductos biliares interlobulares. Diagnóstico feito por sorologia
A malária, além de causar hemólise, também pode causar colestase e lesão hepatocelular =>
Icterícia
A. Colestase intra-hepática
Metabólica: pode ser com ou sem lesão hepatocelular (mais comum)
- Sem lesão: colestase da gravidez, infecções virais, metabólicas e atresias intra e extra hepáticas
em crianças
- Com lesão: hepatite e cirrose
Mecânica: são secundárias a obstáculo ao fluxo biliar intra-hepático
- Ex: cirrose biliar primária, metástases hepáticas, Doença de Hodgkin, atresia dos ductos, cálculos
intra-hepáticos
B. Colestase extra-hepática
Geralmente não há lesão hepatocelular, e a icterícia é provocada por um obstáculo situado entre a
bifurcação do hepatócito comum e a papila de Vater. Quando a obstrução é prolongada, há
dilatação das estruturas acima dela
Coledocolitíase: causa mais comum de colestase extra-hepática => clínica pode variar de
desconforto leve em QS direito até um quadro de icterícia
OBS: Bebês com icterícia ficam expostos à radiação (luz) durante um tempo para desintegrar a BR em
biliverdina e essa é eliminada na urina
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Doenças Infecciosas e Parasitárias
1. Febre Amarela
Etiologia
Arbovírus da família Flaviviridae e gênero Flavivírus
Vírus RNA
Vetores: mosquitos Haemagogus janthinomys e Aedes aegypti
Pode ser Febre Amarela Urbana (FAU) ou Febre Amarela Silvestre (FAS), depende da localização
geográfica, espécie vetorial e do tipo de hospedeiro
A transmissão pode ocorrer de 24 a 48h antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após
(período de viremia)
Clínica
Período de incubação: 3 a 6 dias
É uma doença febril aguda de curta duração (no max 12 dias) com gravidade variável
Quadro típico: evolução bifásica (período de infecção e de intoxicação) com início abrupto, febre
alta e pulso lento em relação a temperatura (Sinal de Faget), calafrios, cefaleia intensa, mialgia,
prostação, náusea e vomito durando cerca de 3 dias e depois há remissão da febre e melhora dos
sintomas
O quadro pode evoluir para a cura ou para a forma grave (período de intoxicação)
Período de intoxicação: aumento da febre, diarreia, reaparecimento de vomito com aspecto de borra
de café, instalação de insuficiência hepática e renal, icterícia, manifestações hemorrágicas
(hematêmese, hematúria, melena, epistaxe, sangramento vestibular), oliguria, albuminuria,
prostação intensa e comprometimento do sensório (obnubilação mental e torpor com evolução pro
coma)
Diagnostico
É clinico, epidemiológico e laboratorial
Laboratorial:
Isolamento do vírus no sangue ou tecido hepático
Detecção de antígeno em tecido (IF e imunoperoxidase)
Sorologia (ELISA, IH, FC, TN): para ser positivo (com exceção do ELISA), deve haver
aumento do numero de anticorpos de no mínimo 4x entre a amostra colhida na fase aguda
comparada a da convalescença da enfermidade (intervalo de 14 a 21 dias)
PCR, IF e imunohistoquimica: pouco usados, mas ótimo resultado
AST, ALT: aumentam, principalmente a AST
BR: aumenta
Diagnóstico diferencial
Formas leves e moderadas: outras viroses
Formas graves: hepatite grave, leptospirose, malária, febre hemorrágica da dengue e sepse
Características epidemiológicas
A FAS é endêmica nas regiões tropicais da África e America
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No Brasil, existem:
Áreas com recomendação de vacina: Amazônia e sul de MG por ex
Áreas sem recomendação de vacina: sul da Bahia e norte do ES por ex
É uma doença sazonal (maior incidência de janeiro a abril)
Acomete mais o sexo masculino com mais de 15 anos
É uma doença de notificação compulsória
Definição do caso
Suspeito:
Indivíduo com febre aguda (até 7 dias) com icterícia e/ou manifestação hemorrágica, não
vacinado contra a FA ou com estado vacinal ignorado
Indivíduo com febre aguda residente ou que esteve em área com transmissão viral nos últimos
15 dias, não vacinado contra FA ou com estado vacinal ignorado
Confirmado
Todo caso suspeito que apresente pelo menos 1 das seguintes condições:
- Isolamento do vírus
- ELISA +
- Laudo histopatológico compatível e com vinculo epidemiológico
- Elevação de 4x ou mais nos títulos de anticorpos IgG através da técnica de IH (inibição da
hemaglutinação)
- Detecção do genoma viral
Todo indivíduo assintomático ou oligossintomatico que não tenha sido vacinado e que
apresente sorologia (ELISA) positiva para FA
Todo caso suspeito que evolui para óbito em menos de 10 dias sem confirmação laboratorial
no início ou curso de surto ou epidemia, em que outros casos já tenham sido comprovados
laboratorialmente
Medidas de controle
Vacinação: dose única que pode ser aplicada a partir dos 9 meses com reforço a cada 10 anos. Em
locais de surto ou epidemia, pode dar a partir dos 6 meses
Controle dos vetores
Educação em saúde
Notificação dos infectados
Vigilância sanitária em aeroportos, portos e passagens de fronteira
Tratamento
Sintomático
Repouso, reposição de líquido e das perdas sanguíneas
2. Escabiose
Etiologia
Sarcoptes scabiei (ácaro)
Eles formam lesões tuneiformes
Transmissão por contato direto com doentes (compartilhamento de dormitórios, relações sexuais)
e por meio de fômites contaminados durante todo o período da doença
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Clínica
Período de incubação: 1 dia a 6 semanas
Lesões vesiculares, pápulas ou pequenos sulcos (onde deposita seus ovos) com prurido (nos idosos
o prurido geralmente é menor ou ausente)
Áreas: região interdigital, punho, axilar, periumbilical, glúteo, órgãos genitais externos (homens)
Crianças idosos: também pode ocorrer no couro cabeludo, nas palmas das mãos e planta dos pés
Piora a noite por ser o período de reprodução e deposição de ovos
Complicações: infecções secundárias pela coçadura que, quando causado pelo estreptococo beta
hemolítico, pode leva a glomerulonefrite. Em imunodeprimidos e idosos, pode haver dermatite
generalizada com intensa descamação. A forma intensamente generalizada é denominada sarna
norueguesa
Diagnostico
Clínico
Visualização do ácaro, microscopia pelo raspado ou biopsia da pele
Medidas de controle
Tratamento do doente (atentar para os familiares e lavar bem os fômites)
Isolamento do doente: afastar o individuo do trabalho ou escola ate 24h após o termino do
tratamento
Tratamento
Ivermectina: dose única, VO, dose sendo repetida após 1 semana
Permetrima a 5% em creme, uma aplicação a noite por 6 noites
Deltametrina em loções e shampoos: uso diário por 7 a 10 dias
Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado em gravidas e crianças < 2 anos
3. Leptospirose
Etiologia
Espiroqueta do gênero Leptospira, sendo a mais comum a Leptospira interrogans
O homem é hospedeiro acidental, sendo o reservatório mais importante o rato. Outros reservatórios:
caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos
Transmissão: exposição direta ou indireta a urina de animas infetados.
Microrganismo penetra na pele com presença de lesões, pele integra imersa por longos períodos
em agua contaminada ou através de mucosas
Raramente é direta: por sangue, tecidos e órgãos de animais infectados, transmissão acidental
em laboratórios e ingestão de alimentos ou aguda contaminados
A transmissão entre humanos é rara: pode ocorrer por contato com urina, sangue, secreções e
tecidos de pessoas infectadas
Clínica
Período de incubação: 1 a 30 dias
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É uma doença febril de inicio abrupto variável
Fase precoce (fase autolimitada que regride em 3 a 7 dias sem deixar sequelas): febre abrupta,
normalmente acompanhada de cefaleia e mialgia, anorexia, náusea e vomito. Pode haver diarreia,
artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse, exantema
Fase tardia: síndrome de Weil (icterícia + insuficiência renal + hemorragia). A hemorragia
normalmente é pulmonar e cursa com letalidade superior a 50%. Aproximadamente 15% dos
pacientes evoluem para essa fase, iniciando-se, em geral, após a primeira semana da doença
A icterícia mais alaranjada (icterícia rubínica) é característica e geralmente aparece entre o 3º e 7º
dia da doença
Complicações:
Comprometimento pulmonar: tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica (denota gravidade
e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência respiratória – SARA - e óbito) e,
ocasionalmente, dor torácica e cianose. Pode ocorrer SARA mesmo sem hemoptise
Sangramento na pele, conjuntivas, SNC, mucosas e órgãos internos
Insuficiencia renal: pode ser não oligurica e hipocalemica
Miocardite, pancreatite, anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações
e sinais de irritação meníngea, meningite asséptica. Pode haver tb encefalite, paralisia focal,
convulsões, nistagmo, paralisia de nervos cranianos, espasticidade, síndrome de Guillain-
Barré, mielite
Os casos da forma pulmonar grave da Leptospirose pode evoluir para óbito nas primeiras 24h
de internação e pode muitad vezes preceder a icterícia e a insuficiência renal
Diagnostico
Fase precoce:
Visualização da leptospira em exame direto de sangue, de cultura em meios apropriados,
inoculação em animais de laboratório ou detecção de DNA por PCR
Fase tardia:
Leptospiras podem ser encontradas na urina, podendo ser cultivadas ou inoculadas
Sorologia é o mais realizado (ELISA e microaglutinação)
Exames inespecíficos:
Hemograma: na fase tardia, é comum haver plaquetopenia, leucocitose, neutrofilia e desvio a
esquerda, anemia normocrômica
TGO, TGP, FA, gama-GT, BR, CPK, ureia, creatinina, Na+ e K+: na fase tardia, é comum
haver aumento de BR (principalmente a direta), ureia e creatinina elevados, CPK elevada,
transaminases normais ou elevadas
Se necessário: ECG, radiografia de tórax e gasometria arterial
Leptospirose X Hepatite
Na leptospirose, há aumento de BR direta e CPK, aumento leve a moderado das transaminases
e leucocitose dom desvio a esquerda
Diagnóstico diferencial
Fase precoce: dengue, influenza, malária, riquetsioses, Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifoide,
etc
Fase tardia: hepatites virais agudas, hantavirose, febre amarela, malária, dengue hemorrágico, febre
tifoide, endocardite, , Chagas aguda, pneumonia, pielonefrite aguda, apendicite aguda, riquetsioses,
sepse, meningite, colangite, colescistite, LES, coledocolitiase
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Epidemiologia
Associada a épocas chuvosas
É doença de notificação compulsória
Definição do caso
Suspeito: Individuo com febre, cefaleia e mialgia com pelo menos 1 dos seguintes critérios:
Presença de antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores a data de inicio
dos sintomas como: exposição a enchentes/alagamentos/lama/coleções hídricas, exposição a
esgoto, fossas, atividade ocupacional que envolva catador de lixo, limpeza de córregos, manejo
de animais ou agricultura em áreas alagadas; vinculo epidemiológico com um caso confirmado
por critério laboratorial, residir ou trabalhar em áreas de risco
Apresente pelo menos 1 dos seguintes sinais ou sintomas:
- Sufusão conjuntival, sinais de insuficiência renal aguda, icterícia e/ou aumento de BR,
fenômeno hemorrágico
Confirmado:
Clínico-laboratorial: presença de sinais e sintomas compatíveis associados com 1 ou mais dos
seguintes resultados:
- ELISA +, MAT + (ocorre quando 1 amostra na fase aguda é negativa e a 2 amostra, 14 a 21
dias depois, é +) com título ≥ 200, aumento de 4x ou mais nos títulos de MAT entre duas
amostras coletadas com um intervalo de 14 a 21 dias ou título ≥ 800, PCR + em pacientes que
evoluíram para óbito, isolamento do leptospira no sangue
Clínico-epidemiologico: todo caso suspeito que apresente febre e alterações de função
hepática, renal ou vascular, associado a antecedentes epidemiológicos que, por algum motivo,
não tenham coletado material para exames ou esses deram não reagente com amostra única
coletada antes do 7º dia de doença
Medidas de controle
Controle da população de roedores
Uso de água potável para consumo
Limpeza da lama residual das enchentes usando luvas e botas
Limpeza dos reservatórios domésticos de aguda (caixa d’agua)
Cuidado com os alimentos
Saneamento básico
Imunização de animais domésticos (cães, bovinos e suínos) com vacinas de uso veterinário
Tratamento
Fase precoce: Amoxacilina VO 8/8h por 5 a 7 dias ou Doxiciclina VO 12/12h durante 5 a 7 dias
ou Azitromicina ou Claritromicina
Doxiciclina não pode ser usada em grávidas, < 9 anos e em nefro e hepatopatas
Fase tardia: Penicilina G cristalina IV 6/6h ou Ampicilina IV 6/6h ou Ceftriaxona IV 24/24h ou
Cefotaxima IV 6/6h
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4. Hanseníase
Etiologia
Mycobacterium leprae
É a única espécie que infecta nervos periféricos, especificamente células de Schwann
Transmissão: é incerta, sendo a principal via de eliminação da bactéria é a aérea superior
Acredita-se poder ser transmitida pelo solo, inoculação cutânea direta por tatuagens e até
mesmo por vetores (percevejos e mosquitos)
Em geral, o contato com a pele não é considerado uma via de transmissão importante
Possui alta infectividade, mas baixa patogenicidade (poucos adoecem)
Há transmissão da doença enquanto o tratamento específico não for iniciado
Características epidemiológicas
Tem baixa letalidade e mortalidade
Ainda há alta incidência nas regiões N, CO e NE
É uma doença de notificação compulsória
Está associada a pobreza e a residência em área rural
Definição de caso
Confirmado: todo paciente, com ou sem história epidemiológica e que requer tratamento
quimioterápico específico, que apresente 1 ou mais dos critérios listados a seguir:
Lesões de pele com alteração de sensibilidade
Espessamento de nervo periférico com alteração de sensibilidade
Baciloscopia positiva para o bacilo de Hansen
Diagnóstico
Clínico e epidemiológico
Análise da historia e condições de vida do paciente
Exame dermatoneurológico: identifica lesões ou áreas de pele com alterações de sensibilidade e/ou
comprometimento de nervos periféricos
Os casos de suspeita de comprometimento de neural sem lesão cutânea (suspeita de Hanseníase
neural pura) e aqueles que apresentam áreas com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa
e sem lesão cutânea evidente deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior
complexidade para confirmação diagnóstica
Em crianças, os testes de sensibilidade são difíceis de interpretar
A classificação operacional do caso de hanseníase, visando o tratamento, é baseada no numero de
lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:
Paucibacilar (PB): casos com até 5 lesões
Multibacilar (MB): mais de 5 lesões
Exame baciloscópio: esfregaço intradérmico
Deve ser usada como exame complementar para classificar os casos em PB ou MB
Se der positiva, classifica o caso como MB, independente do numero de lesões
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Diagnóstico diferencial
Eczemátides Pitiríase rósea de Gilbert
Nevo acrômico Eritema solar
Pitiríase versicolor Eritrodermias
Vitiligo Psoríase
Eritema polimorfo, nodoso ou anular Fotodermatite
LES Pelagra
Sífilis Tuberculose
Xantoma Esclerodermias
Clínica
Período de incubação: em média, de 2 a 7 anos
Hanseníase Tuberculóide
Engloba a doença tuberculóide polar (TT) e a boderline tuberculoide (BT)
As lesões cutâneas consistem em 1 ou algumas máculas ou placas hipopigmentadas, que são
nitidamente demarcadas e hipoestésicas. Com frequência, apresentam borda eritematosa ou
elevada e não possuem glândulas sudoríparas ou pelos, sendo, assim, secas, descamativas e
anidróticas
Pode apresentar aumento assimétrico de 1 ou mais nervos com hipoestesia e miopatia
geralmente associado
- Mais comuns: nervo ulnar, auricular posterior, fibular e/ou tibial posterior
A invasão e destruição dos nervos na derme pelas células T são patognomônicas da doença
Hanseníase Lepromatosa
Também chamada de Hanseníase LL (lepromatosa polar)
Apresenta nódulos cutâneos de distribuição simétrica, placas elevadas ou infiltração dérmica
difusa que, quando surge na face, produz a fácies leonina
Geralmente as lesões são mais extensas do que na tuberculóide
Manifestações tardias: queda de sobrancelha e cílios, lóbulos das orelhas pendentes e pele seca
e escamosa, principalmente nos pés
Há bacilos numerosos na pele, onde ficam agregados, e nos nervos periféricos, onde
inicialmente invadem as células de Schwann, provocando uma mielinização degenerativa
espumosa, degeneração de axônios e, mais tarde, degeneração walleriana. Há muitos bacilos
no sangue e em outros órgãos também, com exceção do SNC e pulmões
Pacientes apresentam neuropatia periférica simétrica acral e distal, além de poder acometer
vias respiratórias superiores, testículo e câmara anterior do olho
Estados reacionais:
Reações hansênicas: são alterações do sistema imunológico que se exteriorizam como
manifestações inflamatórias agudas e subagudas, que podem ocorrer mais frequentemente nos
casos MB. Elas podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento com Poliquimioterapia
(PQT) e são a principal causa de lesões dos nervos e de incapacidades provocadas pela
hanseníase:
a) Reação tipo I ou reação reversa (RR): Caracteriza-se pelo aparecimento de novas lesões
dermatológicas (manchas ou placas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas,
com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite)
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b) Reação Tipo II, cuja manifestação clínica mais frequente é o eritema nodoso hansênico (ENH):
Caracteriza-se por apresentar nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre,
dores articulares e mal-estar generalizado, com ou sem espessamento e dor de nervos
periféricos (neurite)
Complicações:
Extremidades: o principal é a perda de sensibilidade e miopatia (devido a neuropatia), ulceração
plantar, “pé caído” (devido a paralisia do nervo fibular)
Nariz: epistaxe, congestão nasal crônica, nariz em sela (principalmente na LL)
Olhos: a lagoftalmia provocada facilita infecções secundárias; uveíte (na LL)
Testículos: orquite
Amiloidose
Abscessos nervosos: tem geralmente aparenca de celulite na pele adjacente e pe mais comum
na BT
Tratamento
Os pacientes devem ser tratados ambulatorialmente e com uma poliquimioterapia
A PQT mata o bacilo e evita a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades
por ela causadas, levando à cura
É administrada através de esquema padrão, de acordo com a classificação operacional do doente
em paucibacilar e multibacilar
Em mulheres na idade reprodutiva, deve-se atentar ao fato que a Rifampicina pode interagir com
anticoncepcionais, diminuindo sua ação
74
75
As reações com ou sem neurites devem ser diagnosticadas por meio da investigação cuidadosa dos
sinais e sintomas específicos, valorização das queixas e exame físico geral, com ênfase na avaliação
dermatológica e neurológica simplificada.
Essas ocorrências deverão ser consideradas como situações de urgência e encaminhadas às
unidades de maior complexidade para tratamento nas primeiras 24 horas!
Nas situações onde há dificuldade de encaminhamento imediato, os seguintes procedimentos
deverão ser aplicados até a avaliação:
- Orientar repouso do membro afetado, em caso de suspeita de neurite
- Iniciar Prednisona, devendo tomar as seguintes precauções: garantia de acompanhamento,
registro do peso, PA, taxa de glicose, tratamentos profiláticos da estrongoloidíase e da
osteoporose
a) Reação tipo I ou reação reversa (RR): Iniciar Prednisona na dose de 1 a 2mg/kg/dia. manter a
poliquimioterapia se o doente ainda estiver em tratamento específico; imobilizar o membro
afetado com tala gessada, em caso de neurite associada; monitorar a função neural sensitiva e
motora; reduzir a dose de corticóide, conforme resposta terapêutica; programar e realizar ações
de prevenção de incapacidades.
b) Reação Tipo II, cuja manifestação clínica mais frequente é o eritema nodoso hansênico (ENH):
A Talidomida é a droga de escolha, na dose de 100 a 400mg/dia, conforme a intensidade do
quadro. Na impossibilidade do seu uso, prescrever prednisona, na dose 1 a 2mg/kg/dia: manter
a poliquimioterapia se o doente ainda estiver em tratamento específico; introduzir
corticosteróide em caso de comprometimento neural, segundo o esquema já referido;
imobilizar o membro afetado em caso de neurite associada; monitorar a função neural sensitiva
e motora; reduzir a dose da talidomida e/ou do corticóide, conforme resposta terapêutica;
programar e realizar ações de prevenção de incapacidades
Recidiva:
Os casos de recidiva em Hanseníase são raros em pacientes tratados regularmente, com os
esquemas poliquimioterápicos
Geralmente, ocorrem em período superior a 5 anos após a cura
É considerado um caso de recidiva aquele que completar com êxito o tratamento PQT/OMS e
que, depois, venha, eventualmente, desenvolver novos sinais e sintomas da doença
Neste caso, o tratamento, deverá ser repetido integralmente, de acordo com a classificação
paucibacilar ou multibacilar
Medidas de controle
Diagnóstico precoce dos casos
Prevenção de incapacidades
Educação em saúde
Vacinação BCG
A vacina BCG-ID deverá ser aplicada nos contatos intradomiciliares, sem presença de sinais e
sintomas de Hanseníase, no momento da avaliação, independentemente de serem contatos de
casos PB ou MB
A aplicação da vacina BCG depende da história vacinal:
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- Se o contato não possuir cicatriz vacinal de BCG, deverá ser prescrita uma dose da vacina
BCG
- Caso possua uma cicatriz de BCG, deverá ser prescrita uma dose adicional de vacina BCG
- Caso possua duas cicatrizes vacinais, não deverá receber nenhuma dose da vacina BCG
Os contatos intradomiciliares de Hanseníase < 1 ano já vacinados não precisam de outra dose
5. Sífilis
Etiologia
Treponema pallidum
Transmissão:
Na Sífilis Adquirida, é sexual. O contágio extragenital é raro. A transmissão não-sexual da
Sífilis é excepcional, havendo poucos casos por inoculação acidental
Na Sífilis Congênita, há infecção fetal via hematogênica, em qualquer fase gestacional ou
estágio clínico da doença materna
A transmissão por transfusão sanguínea é rara nos dias atuais
Clínica
Período de incubação: 10 a 90 dias (em média 21 dias)
A sífilis é uma doença infecto-contagiosa sistêmica, de evolução crônica, com manifestações
cutâneas temporárias, sujeita a períodos de latência
Sua evolução é dividida em primária, secundária e terciária
Sífilis Adquirida Recente:
Compreende o primeiro ano de evolução, período de desenvolvimento imunitário na Sífilis não
tratada, e inclui as Sífilis primária, secundária e latente precoce e tardia
A. Sífilis Primária
- Caracteriza-se por apresentar lesão inicial denominada cancro duro ou protossifiloma, que
surge 10 a 90 dias (em média, 21 dias). O cancro duro é caracterizado por lesão erosada ou
ulcerado, geralmente único, indolor, com bordos endurecidos, fundo liso e brilhante. Pode
ocorrer adenite satélite e ele usualmente desaparece em 4 semanas, sem deixar cicatrizes
- As reações sorológicas treponêmicas para Sífilis tornam-se positivas a partir da 3ª semana de
infecção, concomitante ao aparecimento do cancro duro, e as reações sorológicas não
treponêmicas tornam-se positivas a partir da 4º ou 5º semana após o contágio
B. Sífilis Secundária
- É marcada pela disseminação dos treponemas pelo organismo
- Suas manifestações ocorrem de 4 a 8 semanas do aparecimento do cancro
- A lesão mais precoce é constituída por exantema morbiliforme não-pruriginoso (roséola)
localizado, principalmente em mãos e pés
- Posteriormente, podem surgir lesões papulosas palmo-plantares, máculas e pápulas,
papuloescamosas, alguns casos há pústulas, placas mucosas, linfoadenopatia indolor
generalizada, alopécia em clareira e os condilomas planos
- Pode haver alguns sintomas constitucionais associados como febre, mal-estar, cefaleia e
meningismo
- As reações sorológicas são sempre positivas
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C. Sífilis Latente Precoce
- Não existem manifestações clínicas visíveis, mas há treponemas localizados em determinados
tecidos
- Assim, o diagnóstico só é obtido pelas reações sorológicas
- Pode ocorrer polimicroadenopatia, particularmente de linfonodos cervicais, epitrocleanos e
inguinais
OBS: Pessoas com HIV/aids podem ter a história natural da sífilis modificada, desenvolvendo neurossífilis
mais precoce e em maior frequência
Diagnóstico
É clínico, laboratorial e epidemiológico
Microscopia de campo escuro (microscopia direta): é a maneira mais rápida e eficaz para a
observação do treponema, porém a pesquisa direta se aplica somente a material retirado das lesões.
A sensibilidade é de 70 a 80%
Sorologia:
Reações não-treponêmicas: VDRL
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- A sensibilidade do teste, na fase primária, é de 78%, elevando-se nas fases secundária (100%)
e latente (cerca de 96%). Com mais de 1 ano de evolução, a sensibilidade cai progressivamente,
fixando-se, em média, em 70%.
- Desvantagem: possui baixa especificidade, havendo reações falso-positivas, devido a outras
patologias
- Pode continuar reagente por longos períodos, mesmo após a cura da infecção
Reações treponêmicas: FTA-abs
- Alta sensibilidade e especificidade
- É o primeiro a positivar na infecção e confirma o diagnóstico
Líquor:
Comprova o comprometimento do sistema nervoso
Pode ser encontradas pleocitose, hiperproteinorraquia e positividade das reações sorológicas
Diagnóstico diferencial
Cancro primário: cancro mole, herpes genital, linfogranuloma venéreo e donovanose
Lesões cutâneas da sífilis secundária: farmacodermia, sarampo, rubéola, ptiríase rósea de Gilbert,
eritema polimorfo, hanseníase wirchoviana e colagenoses
Sífilis tardia: na presença de lesões gomosas, deve-se afastar tuberculose, leishmaniose,
esporotricose emtre outras doenças granulomatosas.
Neurossífilis: aneurisma congênito, meningite tuberculosa, tumor intracraniano, distúrbios
psiquiátricos e emocionais
Tratamento
Sífilis primária: Penicilina G benzatina dose única
Sífilis recente secundária e latente: Penicilina G benzatina 1 vez por semana, 2 semanas
Sífilis tardia (terciária e latente): Penicilina G benzatina 1 vez por semana, 3 semanas
Medidas de controle
Aconselhamento da pessoa com a DST: Promoção do uso de preservativos; aconselhamento aos
parceiros, e educação em saúde, de modo geral
Realizar detecção de anticorpos anti-HIV, quando há diagnóstico de uma ou mais DST
As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se, atualmente, a relação entre
a presença de DST e o aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
úlceras genitais
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Portanto, toda DST constitui-se em evento sentinela para a busca de outra doença sexualmente
transmissível e possibilidade de associação com o HIV
Sífilis em Gestante
Transmissão
O T. pallidum, quando presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária
e penetra na corrente sanguínea do feto
A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação, estando, entretanto, na dependência do
estado da infecção na gestante, ou seja, quanto mais recente a infecção, mais treponemas estarão
circulantes e, portanto, mais gravemente o feto será atingido. Inversamente, infecção antiga leva à
formação progressiva de anticorpos pela mãe, o que atenuará a infecção ao concepto, produzindo
lesões mais tardias na criança
Período de transmissibilidade:
Fase primária: média 21 dias - 100% de transmissibilidade
Fase secundária: entre 6 semanas e 6 meses - 90% de transmissibilidade
Fase terciária: mais de 1 ano - 30% de transmissibilidade
Período toxêmico
É cacracterizado por manifestações gerais e sinais de comprometimento simultâneo de múltiplos
órgãos, como febre, icterícia, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia generalizada, anemia, entre
outros
O tratamento adequado dos casos diagnosticados promove a remissão dos sintomas em poucos
dias, porém, as lesões tardias já instaladas, não serão revertidas com a antibioticoterapia
Característocas epidemiológicas
É uma doença de notificação compulsória (em caso de sífilis nas gestantes) para o monitoramento
da transmissão vertical
Medidas de controle
Antes da gravidez:
Diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e seus parceiros
Realização de testes VDRL em mulheres que querem engravidar
Tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus parceiros
Durante a gravidez:
Realizar o teste VDRL no 1º trimestre da gravidez ou na 1ª consulta, e outro, no início do 3º
trimestre
Na ausência de teste confirmatório, considerar para o diagnóstico as gestantes com VDRL
reagente, em qualquer titulação, desde que não tratadas anteriormente de forma adequada ou
que a documentação desse tratamento não esteja disponível
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Sífilis Congênita
Clínica
O quadro é variável, de acordo com alguns fatores:
O tempo de exposição fetal ao treponema
Carga treponêmica materna
Virulência do treponema
Tratamento da infecção materna
Coinfecção materna pelo HIV ou outra causa de imunodeficiência
O tempo de evolução é extremamente variável, geralmente interrompido com o tratamento
A remissão espontânea da doença é improvável.
A evolução da infecção treponêmica determinará lesões deformantes, com destruição tecidual em
tecido ósseo e cutâneo-mucoso, além das graves sequelas neurológicas. Quando estão presentes
lesões cutâneas e mucosas, ricas em treponemas, pode ocorrer contágio involuntário, quando do
manuseio inadequado/desprotegido das crianças com Sífilis Congênita, por parte dos familiares e
profissionais de saúde
Período toxêmico: sintomas variados de comprometimento de diversos órgãos
Remissão: similar a sífilis na gestante
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B. Sífilis Congênita Tardia
Os sinais e sintomas são observados a partir do 2º ano de vida
Os principais sintomas são: tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, dentes
deformados (dentes de Hutchinson), mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite
intersticial com cegueira, surdez neurológica, dificuldade no aprendizado, hidrocefalia e
retardo mental
Diagnóstico diferencial
Outras infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes)
Tratamento
Se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas => Penicilina
G cristalina ou Penicilina G procaína (2ª opção)
Se houver alteração liquórica (neurosífilis): Penicilina G cristalina
Se não houver alterações clínicas ou nos exames e se sorologia der negativa: Penicilina G benzatina
Conduta da gestante
Em qualquer circunstância, toda gestante deverá fazer VDRL quando entra no hospital ou
imediatamente após o parto
Todo recém-nascido cuja mãe apresente sorologia positiva para Sífilis deverá fazer VDRL de
sangue periférico
Todo recém-nascidos de mães com sífilis não tratada inadequadamente tratada, independentemente
do resultado do VDRL do recém-nascido, realizar: hemograma, radiografia de ossos longos,
punção lombar (na impossibilidade de realizar esse exame, tratar o caso como neurossífilis) e
outros exames, quando clinicamente indicados
Nas situações em que o Recém-nascidos for de mãe com sífilis adequadamente tratada, realizar o
VDRL em amostra de sangue periférico do recém-nascido: se esse for reagente com titulação maior
do que a materna, e/ou na presença de alterações clínicas, realizar hemograma, radiografia de ossos
longos e análise do LCR:
Se houver alterações clínicas e/ou radiológicas, e/ou hematológica sem alterações liquóricas
=> tratamento deverá ser feito como no item 1 de recém-nascidos de mães não tratadas ou
inadequadamente tratadas
Se houver alteração liquórica => tratamento deverá ser feito como no item 2 de recém-nascidos
de mães não tratadas ou inadequadamente tratada
Se for assintomático e o VDRL não for reagente => proceder apenas ao seguimento clínico-
laboratorial. Na impossibilidade de garantir o seguimento, tratar com Penicilina G benzatina
dose única
OBS: No caso de interrupção por mais de um dia de tratamento, o mesmo deverá ser reiniciado. Efetuar exame
oftalmológico (fundo de olho) em todas as crianças sintomáticas.
6. Hepatite A
Etiologia e transmissão
Vírus da Hepatite A (HAV): Vírus RNA da família Picornaviridae
82
Transmissão: pode ocorrer desde a segunda semana antes do início dos sintomas até o final da
segunda semana de doença
Fecal-oral
Veiculação hídrica e alimentos contaminados
Pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional) – Homens que fazem sexo com homens
Objetos inanimados
Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral (transfusão) são muito raras,
devido ao curto período de viremia
Clínica
Período de Incubação: Varia de 15 a 45 dias, média de 30 dias
É uma doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas, desde formas subclínicas,
oligossintomáticas e até fulminantes
Os sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das transaminases
A frequência de quadros ictéricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em menores de 6
anos, chegando de 70 a 80% nos adultos
O quadro clínico é mais intenso à medida que aumenta a idade do paciente
Fases:
a) Prodrômica ou pré-ictérica: Com duração em média de 7 dias, caracterizado por sintomas
constitucionais => mal-estar, cefaleia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia,
náuseas, vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôndrio direito, aversão a alguns
alimentos e à fumaça de cigarro
Complicações:
As formas prolongadas ou recorrentes são raras e caracterizam-se pela manutenção das
transaminases em níveis elevados por meses ou, até mesmo, 1 ano
Forma fulminante: apresenta letalidade elevada (40 a 80% dos casos)
- Ocorre necrose maciça ou submaciça do fígado
- Os primeiros sinais e sintomas são brandos e inespecíficos. Icterícia e indisposição
progressivas, urina escurecida, e coagulação anormal são sinais que devem chamar atenção
para o desenvolvimento de insuficiência hepática aguda (10 a 30 dias)
- Pode ocorrer acúmulo de amônia no sangue, gerando encefalopatia hepática, podendo
progredir para um coma em poucos dias
Diagnóstico
Pode ser clínico-laboratorial, clínico-epidemiológico e laboratorial
Apenas com os aspectos clínicos, não é possível identificar o agente etiológico, sendo necessária a
realização de exames sorológicos
Exames laboratorias inespecíficos:
Transaminases: denunciam lesão do parênquima hepático e geralmente estão elevadas
83
BR: geralmente esta elevada
Tempo de protrombina: geralmente esta diminuído (indica gravidade)
Albumina: pode estar baixa
Exames laboratoriais específicos: Sorologia e PCR
Diagnóstico diferencial
Hepatite por vírus B, C, D ou E
Infecções como: leptospirose, febre amarela, malária, dengue, sepse, citomegalovírus e
mononucleose
Doenças hemolíticas
Obstruções biliares
Uso abusivo de álcool, uso de alguns medicamentos e substâncias químicas
Características epidemiológicas
É de notificação compulsória e possui baixa taxa de mortalidade
Definição do caso
Suspeita clínica/bioquímica
Sintomático ictérico:
- Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente (recente ou não), com ou sem sintomas como
febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia fecal
- Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico
etiológico confirmado
Sintomático anictérico:
- Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como febre, mal-estar, náusea,
vômitos, mialgia e que, na investigação laboratorial, apresente valor aumentado das
aminotransferases
Assintomático
- Indivíduo exposto a uma fonte de infecção bem documentada (ex: hemodiálise)
- Comunicante de caso confirmado de hepatite, independente da forma clínica e evolutiva do
caso índice.
- Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual ou superior a três vezes o valor
máximo normal dessas enzimas, segundo o método utilizado.
Suspeita com marcador sorológico reagente
Confirmado:
Indivíduo que preenche as condições de suspeito com marcador anti-HAV IgM positivo
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Indivíduo que preenche as condições de suspeito mais um vínculo epidemiológico com caso
confirmado por sorologia de Hepatite A
Tratamento
Sintomático, não há tratamento específico
A única restrição relaciona-se à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo,
e, preferencialmente, por 1 ano
Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica, para não agravar o dano
hepático
Indicadores de transplante
Aminotransferase < 2500
Normalmente, elas aumentam muito no início da hepatite
Porém, com a progressão da doença, o fígado começa a perder massa/volume, provocando
então a redução da produção dessas enzimas (além de ir de uma hepatomegalia para uma
redução do fígado) => ocorre na Hepatite Fulminante
Creatinina > 2
Uso de vasopressor
Em ventilação mecânica
Medidas de controle
Notificação de surtos e os cuidados com o paciente, o isolando (trabalho ou escola) durante um
período
Se a infecção ocorrer em criança, orientar sua ausência temporária da creche, pré-escola ou
escola, durante as primeiras duas semanas da doença
Educação da população quanto às boas práticas de higiene, com ênfase na lavagem das mãos após
o uso do banheiro, quando da preparação de alimentos e antes de se alimentar
Saneamento básico
Cozimento adequado dos mariscos, frutos do mar e desinfecção (uso de cloro) dos alimentos crus
Vacinação
7. Influenza
Etiologia e transmissão
Vírus Influenza: tipo RNA da família Orthomyxoviridae
Subdivididos em três tipos antigenicamente distintos: A, B e C
O tipo A é mais suscetível a variações antigênicas e é o responsável pela maior parte das
epidemias de gripe
O tipo B sofre poucas mutações, causando epidemias mais localizadas
Os vírus Influenza C são antigenicamente estáveis, provocam doença subclínica e não
ocasionam epidemias
Transmissão:
O mais comum é por meio de gotículas expelidas pelo indivíduo infectado ao falar, tossir e
espirrar (transmissão direta)
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O modo indireto também ocorre por meio do contato com as secreções do doente. Nesse caso,
as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente
nas mucosas oral, nasal e ocular
Pode haver transmissão entre 2 dias antes do início dos sintomas até 5 dias após os mesmos
Clínica
Incubação: 1 a 4 dias
Início abrupto com febre, mialgia e tosse seca
Em geral, tem evolução autolimitada, de poucos dias
Recentemente, tem sido destacado seu potencial pandêmico, resultado da emergência de novos
subtipos virais, o que proporcionou a seguinte classificação:
a) Influenza Sazonal:
Os primeiros sintomas costumam se manifestar 24 horas após o contato
Febre (>38ºC, com duração de cerca de 3 dias), dor de cabeça, dor nos músculos, calafrios,
prostração, tosse seca, dor de garganta, espirros e coriza. Pode também apresentar pele quente
e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes
Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da doença
Com sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evidentes e mantêm-se, em
geral, por 3 a 4 dias após o desaparecimento da febre
É comum a queixa de garganta seca, rouquidão e sensação de queimor retroesternal ao tossir
Nas crianças, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento dos
linfonodos cervicais, quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrintestinais.
Já os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes sem outros sintomas
b) Influenza Pandêmica
As manifestações clínicas vão depender da patogenicidade e da virulência da nova cepa,
podendo variar de casos mais leves até manifestações compatíveis com pneumonia viral
primária
Complicações:
São mais comuns em idosos e indivíduos com algumas condições clínicas, como doença
crônica pulmonar, cardiopatias, doença metabólica crônica, imunodeficiência ou
imunodepressão, gravidez, doença crônica renal e hemoglobinopatias
Mais comum: Pneumonia bacteriana secundária (principalmente pelos agentes Streptococcus
pneumoniae, Staphylococcus e Haemophillus Influenzae) e otite média
Dentre as complicações não-pulmonares em crianças: Síndrome de Reye (também associada
aos quadros de Varicela)
- Essa síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração gordurosa do fígado, após o
uso do ácido acetilsalicílico, na vigência de um desses quadros virais
Outras complicações incluem miosite, miocardite, pericardite, síndrome do choque tóxico,
síndrome de Guillain-Barré e, mais raramente, encefalite e mielite transversa
Diagnóstico
Aspirado de nasofaringe: as amostras podem ser coletadas até o 5o dia do início dos sintomas
(preferencialmente, até o 3º dia)
Imunofluorescência indireta
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Cultura e PCR
Os dois últimos são mais usados em pesquisas e não no cotidiano
Diagnóstico diferencial
Rinovírus, vírus paraInfluenza, vírus sincicial respiratório, coronavírus e adenovírus
Chama-se a atenção para o diagnóstico diferencial de casos de Influenza grave (pneumonia
primária) com possíveis casos de síndrome respiratória aguda grave (Sars) e que, dependendo da
história de exposição, esses casos com maior gravidade podem representar a infecção por um novo
subtipo viral
Características epidemiológicas
Caráter epidêmico e alta morbidade, com elevadas taxas de hospitalização em idosos ou pacientes
portadores de doenças debilitantes crônicas
Devem ser notificados, de forma imediata, os casos suspeitos de infecção por um novo subtipo
viral (pandêmico); surtos de casos ou agregados de óbitos de Influenza Humana (sazonal);
epizootias de Influenza Aviária; os resultados de exame de Influenza Humana por novo subtipo
viral; e de surto de Influenza Humana
Tratamento
Repouso e hidratação adequada
Oseltamivir: principal antiviral usado hoje; só pode ser usado em crianças > 1 ano
Zanamivir: pode ser usado no tratamento de crianças ≥7 anos ou quimioprofilaxia em crianças ≥ 5
anos
Amantadina e Rimantadina: são pouco usadas por já haver muita resistência dos vírus
Medidas de controle
Vacinação anual
Higiene das mãos com água e sabão depois de tossir ou espirrar, após usar o banheiro, antes das
refeições, antes de tocar os olhos, boca e nariz
Evitar sair de casa enquanto estiver em período de transmissão da doença
Evitar aglomerações e ambientes fechados
Repouso, alimentação balanceada e ingestão de líquidos
Cuidados adicionais com gestantes (2º e 3º trimestre) e bebês para evitar infecções secundárias
(pneumonia) e com parturientes para evitar transmissão da doença para o bebê
8. Chikungunya
Etiologia
Vírus RNA da família Togoviridae e gênero Alphavirus
Transmissão: mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus infectado pelo vírus
Clínica
Incubação: 3 a 7 dias
Pode cursar 3 fases clínicas distintas: aguda, subaguda e crônica
87
Aguda: 14 primeiros dias
Subaguda: até 3 meses – desaparecimento da febre
Crônica: após 3 meses – desaparecimento das lesões cutâneas
Poliartralgia intensa de início súbito muitas vezes incapacitante, podendo se tornar crônica
(continuar mesmo após a cura da doença) – é bilateral e simétrica
Febre moderada a alta: pode ser intermitente, contínua ou bifásica
Edema de articulação (sem outros sinais de inflamação)
Lesões cutâneas diversas (ocorre na fase aguda): a mais comum é um exantema maculopapular que
dura de 2 a 3 dias
Outras: conjuntivite, alterações neurológicas, distúrbios cardiovasculares, pneumonia,
insuficiência renal e respiratória, nausea, vomito, diarreia
Fase crônica:
Sintomas persistem após 3 meses
Artralgia (artrite),fatiga, depressão
Definição do caso
Suspeito:
Individuo com febre de inicio súbito > 38,5ºC e dor intensa nas articulações de inicio agudo,
acompanhado ou não de edema, não explicado por outras condições
Residente ou tendo visitado áreas onde estejam ocorrendo casos suspeitos até 2 semanas antes
do inicio dos sintomas ou que tenha vinculo com algum caso confirmado
Confirmado: todo caso suspeito com positividade para:
Isolamento viral
PCR +
Detecção de IgM em única amostra
Demonstração de soroconversão de IgG
PRNT + em uma única amostra
Diagnóstico
Hemograma, transaminases, creatinina, eletrólitos
PCR: ideal fazer entre 1º e o 5º dia (período de maior viremia), mas pode ser feito até o 8º dia
Sorologia (ELISA): só pode ser feito após o 5º dia para IgM e 6º dia para IgG
PRNT
Diagnóstico diferencial
Zika e dengue
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Malária
Leptospirose
Febre reumática
Artrite séptica
Tratamento
Sintomático, não há antiviral específico
Repouso e hidratação
Fisioterapia é indicada nas fases subaguda e crônica
9. Zika
Etiologia
Vírus RNA da família Flaviviridae e do gênero Flavivirus
Doença emergente no Brasil
Transmissão: mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus infectado pelo vírus
Clínica
89
Incubação: 3 a 12 dias
Febre baixa ou ausente
Conjuntivite sem secreção purulenta
Poliartralgia (não muito intensa) e edema articular
Exantema maculopapular pruriginoso
Acometimento neurológico: síndrome de Guillain-Barré, encefalite, meningoencefalite, paralisias
flácidas agudas
Inespecíficos: náusea, vomito, anorexia, vertigem, dor retrorbital
Diagnóstico
PCR: mais sensível e especifico
Sorologia: IgM pode ser identificado a partir do 3º dia
Tem possibilidade de haver reação cruzada com outras arboviroses
Definição do caso
Suspeito:
Indivíduo que apresenta exantema mobiliforme/maculopapular até o 4º dia dos primeiros
sintomas, sem febre ou subfebril, com duração de 24-48h acompanhado de prurido, associado
a 1 ou mais sintomas a seguir:
- Artralgia
- Edema articular
- Hiperemia conjuntival
Confirmado:
Caso suspeito com: PCR + ou Sorologia +
Tratamento
Sintomático, não há antiviral específico
Repouso e hidratação
10. Dengue
Etiologia
Vírus RNA do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, com quatro sorotipos
conhecidos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4
Transmissão: picada da fêmea do mosquito Ae. Aegypti
Clínica
Febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto
Dor: Cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor retro orbitária
Presença ou não de exantema e/ou prurido
Anorexia, náuseas, vômitos e diarreia podem ser observados por 2 a 6 dias
Manifestações hemorrágicas, como epistaxe, petéquias, gengivorragia, metrorragia, hematêmese,
melena, hematúria, plaquetopenia
Complicações:
Instabilidade hemodinâmica, com hipotensão arterial, taquisfigmia e choque
90
Sinais de alarme de Dengue Hemorrágica e de choque
Diagnóstico
Prova do laço +
Isolamento viral e PCR: realizar até o 5º dia da doença
Sorologia: fazer a partir do 6º dia
Hemograma completo: leucopenia, plaquetopeniae aumento do hematócrito são comuns
Diagnostico diferencial
Arboviroses
Influenza e enteroviroses,
Doenças exantemáticas (sarampo, rubéola, parvovirose, eritema infeccioso, mononucleose
infecciosa, exantema súbito, citomegalovirose e outras)
Hepatites virais, abscesso hepático, abdome agudo, hantavirose
Leptospirose
Malária
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Definição do caso
Suspeito:
Todo paciente que apresente doença febril aguda com duração de até sete dias, acompanhada
de, pelo menos, dois sintomas:
- Cefaleia, dor retroorbitária, mialgias, artralgias, prostração ou exantema, associados ou não à
presença de hemorragias
Paciente que ter esteve, nos últimos quinze dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de
Dengue ou tenha a presença de Ae. Aegypti com quadro febril agudo e sem foco de infecção
aparente
Confirmado de Dengue Comum:
Caso suspeito e resultado laboratorial +
Confirmado de Dengue Hemorrágica:
É o caso confirmado laboratorialmente e com todos os critérios presentes, a seguir:
- Trombocitopenia (≤100.000/mm3)
- Tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais: prova do laço
positiva, petéquias, equimoses ou púrpuras, sangramentos de mucosas do trato gastrintestinal
ou outros
- Extravasamento de plasma devido ao aumento de permeabilidade capilar, manifestado por:
hematócrito apresentando aumento de 10% sobre o basal na admissão; queda do hematócrito
em 20%, após o tratamento adequado; presença de derrame pleural, ascite e hipoproteinemia
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Estadiamento e tratamento
93
94
Dor Articular / Lombalgia
Características da dor
Início Grau do acometimento
Súbito: fraturas, luxações Monoarticular
Agudo: microcristais, artrite Oligoarticular (até 4 articulações)
Insidioso: osteoartrite Poliarticular
Duração: Evolução:
Aguda: gota, bursite, artrite séptica Intermitente: microcristas
Crônica: artrite reumatoide, artrose Migratória: febre reumática
Qualidade: Aditivo: artrite reumatoide
Em peso: artrose Padrão
Cruciante: gota, artrite séptica Mecânico: piora com o movimento
Distribuição (pior à tarde)
Simétrica Inflamatório: piora com o repouso
Assimétrica (pior de manha)
Localização
Periférica: grandes e pequenas articulações
Axial: coluna vertebral (articulação sacroilíaca, esternoclavicular e manubrioesternal) – comum
na espondilite anquilosante
Sintomas associados:
Parestesia é o mais comum
- Pode ocorrer devido a compressão de raízes nervosas na coluna cervical ou lombar => suspeitar
de hérnia de disco (há contratura da musculatura lombar, levando o paciente a se inclinar para
frente ou para um lado)
- Pode ocorrer devido a compressão de nervos nos membros => se for no punho, desconfiar da
síndrome do túnel do carpo
Rigidez pós-repouso ou matinal: comum nas doenças inflamatórias
Crepitação articular: sinal de comprometimento da cartilagem articular, indicando degeneração
articular – presente na artrose
Manifestações sistêmicas: febre, perda de peso, astenia e anorexia
- Presentes nas neoplasias e doenças difusas do tecido conjuntivo
- Raramente presente nas doenças degenerativas articulares
Se a dor vier acompanhada de atrofia, fraqueza, perda de força e da mobilidade => suspeitar de
miosite
Tumefação: Pode indicar inflamação, infecção ou traumatismo
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OBS: Acometimentos articulares apresentam dor tanto à movimentação passiva quanto ativa
Pontos essenciais:
Medir a temperatura do paciente
Avaliar a amplitude de cada movimento em grau e comparar com o lado contralateral
Palpar os músculos, buscando pontos dolorosos e nódulos
A avaliação deve prosseguir para ver se a dor é de origem articular ou não e suas características
Avaliar presença de tumefação, deformidades, nódulos, simetria, cicatrizes e a marcha
Nódulos justarticulares
Artrite reumatoide e LES: nódulos subcutâneos, únicos ou múltiplos, indolores, localizados na face
posterior dos cotovelos
Eritema nodoso: nódulos eritematosos ou erimatocianóticos, hipersensíveis, localizados em face
anterior das pernas
Gota: tofos (depósito de acido úrico) geralmente localizados na face posterior dos cotovelos,
tendões de Aquiles e pavilhão da orelha
Técnicas de exame
1) ATM
Inspeção: ver se há simetria da face, tumefação ou vermelhidão
Palpação e movimentação: colocar a mão em frente ao tragus de cada orelha e pedir ao paciente
para abrir a boca, fazendo com que a ponta dos dedos deslize para os espaços articulares. Pedir
também para realizar protrusão, retração da mandíbula e movimento lateral
Ver amplitude do movimento, se há tumefação, estalido ou dor
96
Síndrome da ATM: dor unilateral crônica a mastigação, espasmos da mandíbula ou rangido dos
dentes
Artrite: edema, dor a palpação e redução da amplitude do movimento
2) Ombro
Inspeção: ver se há tumefação, atrofia, fasciculação muscular, posicionamento anormal ou
coloração anormal
Palpação: palpar os marcos osseos começando na articulação esternoclavicular
Movimentação: flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna (medial) e externa (lateral)
Manobras:
Teste do cruzamento: adução do braço na altura da clavícula
Teste de coçar de Apley: ação semelhante ao coçar o sutiã e coçar as costas por cima
3) Cotovelo
Inspeção: ver se há nódulos ou edema
Palpação: palpar o olecrano e comprimir os epicôndilos, procurando derrame ou dor a palpação e
ver se há deslocamento do olecrano
Movimentação: flexão, extensão, supinação e pronação
4) Punho e Mãos
Inspeção: ver se há edema, deformidades, espessamento ou contraturas de tendões
Palpação: palpar as partes distais da ulna e rádio, vendo se há hipersensibilidade, empastamento
ou edema. Palpar os dedos, vendo se há tumefação ou hipertrofia óssea
Nódulos de Heberden: nas articulações distais dos dedos (artrose)
Nódulos de Bouchard: nas articulações proximais dos dedos (artrite reumatoide)
Movimentação: extensão, flexão, adução e abdução
97
Manobras de punho para pesquisa da síndrome do túnel do carpo
Phalen: juntar o dorso das duas mãos – se tiver dor, é +
Tinel: dar um “peteleco” na porção anterior do punho (percussão do nervo mediano) – se tiver
dor, é +
Abdução do polegar: paciente levanta o polegar e o médico aplica
uma contra-resistencia
Manobras da mão
Preensão manual: se +, pode indicar tenossinovite
Movimento do polegar ou teste de Finkelstein: se + (presença de
dor), pode indicar tendinite no polegar
5) Coluna vertebral
Inspeção: avaliar postura, uniformidade da coordenação, coordenação, inspecionar também de
costas, se há cifose, lordose ou escoliose
Palpação: palpar os processos espinhosos de cada vértebra e ver se há dor a palpação ou desvio do
alinhamento. Pode fazer a percussão da coluna com a superfície ulnar do punho para ver se há
hipersensibilidade
Movimentação: flexão, extensão, rotação e inclinação lateral
Manobras:
Lasegue e Bragard: levanta-se a perna do paciente e vemos se ele sente dor na lombar (hérnia
ou lesão ciática). Para fazer a de Bragard, nessa posição, pede-se ao paciente pra ele fazer a
dorso-flexão do pé
Teste de Schober: marca-se um comprimento da articulação sacro-ilíaca a 10cm acima e
pedimos ao paciente para encontar as mãos nos pés. O normal é que esse movimento aumente
esse comprimento em 4-5 cm, mas em caso de espondilite anquilosante, o comprimento não se
altera
6) Quadril
Inspeção: avaliar a marcha (postural e oscilação)
Palpação: palpar os marcos da superfície do quadril, as estruturas inguinais, a bolsa trocantérica e
a bolsa isquioglútea
98
Movimentação: flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa e interna
Manobras:
Teste de Thomás ou de Flexão: paciente abraça uma
das pernas junto ao peito
Manobra de Patrick-Fabere: paciente faz um 4 com as pernas e o médico força a perna que
está dobrada para baixo
7) Joelho
Inspeção: avaliar a marcha, alinhamento e contorno dos joelho, ve se há atrofia ou edema
Palpação: com o paciente sentado com as pernas penduradas, palpar os pontos anatômicos e as
bolsas (supra-patelar, anserina e pré-patelar)
Movimentação: flexão, extensão, rotação medial e lateral
Manobras:
Sinal do abaulamento (para derrames menores): comprime-se a área superior a lateral,
fazendo com que seja possível sentir na parte medial o derrame a partir da percussão
99
Sinal do balão (para derrames medianos): colocar o polegar e o indicador da mão direita de
cada lado da patela e com a mao esquerda, comprimir a bolsa suprapatelar contra o fêmur. Sinta
o liquido entrando nos espaços próximos a patela sob o polegar e indicadores direitos
Principais doenças
A. Febre Reumática
As manifestações começam a aparecer 15 a 20 dias apósa amigdalite ou escarlatina
Clínica: poliartrite migratória, podendo provocar deformidades, com cardite (sopro de
insuficiência mitral, aumento do volume cardíaco, bloqueio atrioventricular, atrito pericárdico e
insuficiência cardíaca) na maioria dos casos. Eventualmente, a coréia de Sydenham está associada.
Pode apresentam também eritema marginado, nódulos no olecrano e sintomas constitucionais
Critério de Jones: para o diagnóstico, é necessário 2 sinais maiores ou 1 maior e 2 menores
Critérios maiores:
Critérios menores:
- Poliartrite - Eritema marginado
- Febre
- Cardite - Nódulos subcutâneos
- Bloqueio AV
- Coreia
- Alto VHS
- Presença de estreptococos beta-
hemolíticos na rinofaringe
B. Artrite Reumatóide
É um distúrbio generalizado do tecido conjuntivo
Clínica: poliartrite evolutiva crônica, não migratória, com deformação das articulações,
acometimento das articulações é bilateral e simétrico, rigidez matinal, atrofia muscular, nódulos
subcutâneos, sintomas constitucionais (febre, anorexia, perda de peso, astenia)
Localização: afeta as articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais
C. Artrose
100
Doença articular degenerativa, com comprometimento da cartilagem
Clínica: artralgia (leve a muito intensa) assimétrica, com piora ao movimento e ao levantar peso,
rigidez articular, que se agrava pelo repouso, limitação de movimento, crepitação, não há sintomas
sistêmicos
Articulações mais acometidas: interfalangeanas distais e proximais, metatarsofalangeana do 1º
dedo dos pés, as primeiras articulações carpometacarpianas e a temporomandibular
Diagnóstico: clínica + radiologia
Radiologia: presença de proliferação óssea marginal (osteofitose), redução do espaço articular
(pinçamento articular) e esclerose do osso subcondral
D. Gota
Transtorno caracterizado por hiperuricemia
Clínica: crises recidivantes de artrite aguda (assimétrica) que ocorrem geralmente de madrugada e
que, com os anos, torna-se crônica (com crises de agudização) e surgem os tofos (acumulo de
monourato de sódio).
Localização: articulação metatarsofalangeana do primeiro dedo (mais comum – podagra), joelhos
(gonagra) e punhos (quiragra)
Pode ser de causa primária (genética) ou secundária (ex: insuficiência renal crônica)
E. Reumatismos extra-articulares
Presença de processo inflamatório, que pode evoluir para fibrose e calcificação
Pode acometer tendões, bainha tendinosa, bursas, músculos, fáscias e nervos
Fazem parte desse grupo: tendinite, tenossinovite, bursite, capsulite, periartrite, miosite, fibrosite
e peniculite
Clinica: dor com ou sem sinais flogisticos e quase sempre com limitação de movimento
101
Lombalgia
Características da dor
Intensidade
Leve a moderada: doenças degenerativas
Intensa: doenças compressivas ou inflamatórias
Duração
Curta duração: afecções compressivas ou infecciosas piogênicas
Longa duração: degenerativas
Localização
Irradiação
A dor na coluna, principalmente nos segmentos cervical e lombossacral, quando se irradia para os
membros superiores ou inferiores, sugere a possibilidade de comprometimento radicular, cuja
etiologia pode ser degenerativa (artrose) ou compressiva (hérnia discal ou neoplasia)
Fatores agravantes, precipitantes ou atenuantes
Melhora com o movimento e piora a noite: doença inflamatória
Dor contínua no repouso com piora com o movimento: hérnia discal
Dor melhora com o repouso, piora no início dos movimentos, mas melhora com o decorrer
deles: espondiloartrose
Dor referida
Pancreatite aguda: dor pode irradiar para a região toracolombar
Úlcera duodenal: dor na coluna torácica
Dor de origem renal: dor na coluna lombar
Dor das afecções ginecológicas: dor na coluna lombossacral
Etiologia
Degeneração discal (espondilose)
Inflamação da coluna torácica ou lombar e das articulações sacroilíacas
Origem no retroperitônio ou víscera pélvica
Rigidez articular
A rigidez pós‐repouso, geralmente matinal, costuma ocorrer tanto em doenças inflamatórias quanto
degenerativas
Porém, a rigidez de origem inflamatória é mais persistente, ou seja, o paciente levanta‐se com dor
e rigidez na coluna, que persiste por tempo prolongado, enquanto nos processos degenerativos o
paciente pode levantar‐se com rigidez, mas ela é fugaz, passageira e logo desaparece
Reflexos
Nos casos de compressão radicular, como ocorre nas hérnias discais, podem estar diminuídos ou
abolidos alguns deles
Exame físico
Inspeção
Palpação
Movimentação: flexão, extensão, rotação, lateraridade
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Pontos essenciais do exame físico
A abordagem da coluna deve ser feita em três planos:
Frontal (anterior e posterior): deve‐se observar a simetria das cinturas escapular e pélvica, o
ângulo toracolombar (talhe), o alinhamento dos membros inferiores, a orientação das patelas e
o posicionamento dos pés.
Sagital: deve‐se observar o grau das lordoses lombar e cervical, assim como a cifose torácica
e o posicionamento da pelve
Deve-se realizar uma avaliação motora e sensorial de braços e pernas (ver se há compressão de
nervos)
Testes de compressão
A dor pode ser agravada basicamente por três mecanismos:
Estreitamento do forame de conjugação
a) Teste de Valsalva: o paciente prende a respiração e faz força como se quisesse evacuar. O
teste acarreta aumento da pressão intratecal e, se houver afecção expansiva ou compressiva
(neoplasias, hérnia discal), o paciente relata dor ao fazer a manobra
b) Sinal de Lasegue: O sinal de Lasègue é positivo quando surge dor até 60° e bloqueio e dor
até 30° sugerem hérnia discal
c) Sinal de Bragard: É necessário caracterizar se a dor provocada pela elevação do membro
ocorre devido à real compressão do ciático ou à contratura dos músculos posteriores da
coxa. A dor muscular ocorre somente na parte posterior da coxa, enquanto a ciatalgia pode
acometer todo o membro
Principais doenças
A. Espondiloartrose
Degradação do disco intervertebral, das facetas articulares e dos ligamentos
À radiografia, observam‐se degradação do disco, proliferação óssea marginal, com formação dos
osteófitos (“bicos de papagaio”), e esclerose óssea subcondral das vértebras envolvidas
Segmentos mais comprometidos: de maior mobilidade - regiões cervical e lombossacra
Clínica: dor e a limitação dos movimentos, podendo estar associados com parestesia e sintomas de
compressão nervosa
Na espondiloartrose sacrolombar, além de lombalgia, costuma haver dor irradiada para membros
inferiores (lombociatalgia)
Os testes laboratoriais são normais
D. Espondilite Anquilosante
Comprometimento inicial das articulações sacroilíacas que evoluem para ancilose, para artrite das
articulações sinoviais e depois para calcificação dos ligamentos vertebrais
Clínica: dor sacroilíaca a princípio, com tendência a comprometer toda a coluna, rigidez matinal,
dor piora a noite e pela manhã, melhora com exercício, limitação dos movimentos, pode haver
tendinite associada.
Manifestações extrarticulares: fadiga, febre, fibrose pulmonar, prolapso da válvula aórtica
Radiografia: “coluna em bambu”
Tratamento: exercício, fisioterapia, anti-TNF alfa
E. Osteoporose
Há comprometimento da força óssea, aumentando o risco de fratura
Há baixa massa óssea (redução da densidade óssea) e deterioração da microarquitetura do tecido
ósseo
É assintomática
Quando há dor, é devido a fraturas e deformidades, podendo haver também de rigidez e dificuldade
de se movimentar
Pode ser primária ou secundária
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Clínica: dor lancinante lombar ou sacro-lombar com irradiação para nádegas, face posterior da
coxa, podendo chegar até o pé, de intensidade variável. Mudança de posição, tossir e espirrar
pioram a dor, enquanto que o repouso e anti-inflamatórios melhoram
Na Doença de Paget pode ocorrer a lombociatalgia
Sinal da campainha: quando a compressão da região lombar desperta dor pelo trajeto do nervo
ciático
G. Osteomielite
Processo infeccioso ósseo provocado por microorganismo patogênico
Clínica: dor na vértebra acometida, sinais flogísticos, pode haver derrame articular. Presença de
febre, nausea, vomito, desidratação
Pode estar associado a endocardite
H. Neoplasia
Dor focal e tumefação ou fratura traumática na coluna
I. Osteomalácia
Resultado da deficiência de vit D ou anormalidade no metabolismo do fosfato
Dor, deformidade, fraturas, debilidade muscular proximal com “marcha de pato”, podendo haver
parestesia
Redução de Ca+ e fosfato
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Náusea e Vômito
Definições
Náusea: sensação subjetiva da necessidade de vomitar (é o “enjoo”)
Vômito: é a eliminação oral de conteúdo gastrintestinal devido a contrações do intestino e da
musculatura da parede abdominal
Regurgitação: retorno do alimento ou conteúdo gástrico para a boca sem esforço, ou seja, sem a
atividade muscular abdominal e diafragmática que caracteriza o vômito
Acontece na DRGE, estreitamento esofágico e câncer de esôfago
Ruminação: regurgitações forçadas repetidas do conteúdo gástrico para o interior da boca, logo
após a ingestão de alimentos, que pode ser mastigado e deglutido novamente
Mecanismos
Os mecanismos básicos da náusea são poucos conhecidos, mas envolvem provavelmente o córtex
cerebral, pois a náusea requer percepção consciente
Coordenação da êmese: os núcleos do TE coordenam o inicio dos vômitos.
Os músculos inspiratórios da parede torácica e abdominal se contraem, produzindo altas
pressões intratorácica e intrabdominal, o que leva ao esvaziamento do estômago
Ativadores da êmese:
Pensamentos ou odores desagradáveis: a êmese é originada no cérebro, enquanto os nervos
cranianos medeiam os vômitos após a ativação do reflexo nauseoso
Irritantes gástricos e agentes citotóxicos: eles estimulam os nervos aferentes vagais
gastroduodenais
Obstrução do intestino ou isquemia mesentérica: ativa aferentes não-gástricos
A zona de gatilho quimiorreceptora (medula) responde a estímulos sanguíneos
Etiologia
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Vômito + dor abdominal severa (agudo):
Pensar em: pancreatite, isquemia mesentérica aguda, cólica biliar ou condinções que causam
peritonite (apendicite ou víscera perfurada)
Vômito sem dor abdominal (agudo):
Medicamentos, cinesia, intoxicação alimentar, gastroenterite, hepatite, doença aguda do SNC
Vômito e náusea recorrente ou crônicos com dor abdominal:
Distúrbios do TGI que resultam em obstrução intermitente ou parcial do estômago e intestino
delgado
Vômito e náusea crônicos sem dor abdominal:
Distúrbios que dificultam o esvaziamento gástrico ou motilidade do intestino delgado,
medicamentos, gestação, doença cardíaca, endócrina, distúrbios do labirinto, etc
2. Composição
Alimentar
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Quimificação – 1 a 2 horas após ingestão dos alimentos
Podem estar digeridos ou não – se não estiver digerido mesmo após vários horas, há forte
indicação de estase gástrica
Mucoso
Secreção pulmonar deglutida
Secreção gástrica - Gastrite e úlceras gástricas ou duodenais (pode haver alimento se for
recentemente ingerido)
Bilioso
Obstrução abaixo da ampola de Vater (obstrução alta), vômitos persistentes (refluxo bile para
estômago), sepses ou íleo paralítico – lactente, pancreatites, invaginação intestinal
Não bilioso
Estenose Hipertrófica do Piloro - RN
Porráceo
Cor esverdeada clara, formando uma massa, associado a obstrução intestinal, pp//alta, precede
os fecalóides
Fecalóide
Obstrução intestinal baixa com incontinência da válvula Ileocecal e fístula gastro-cólica
Purulento
Ruptura de abcesso extra-gástrico para o interior do estômago (não confundir com Vômica)
Corpo estranho
Tricobenzoar, parasitas intestinais
Aquosos
Alcoolista – matinal
Esofagianos- claros como saliva, por espasmo do cardia se acumulam no esôfago. É um falso
vômito pois não vem do estômago
Sangue – Hematêmese
Volumoso > de 500ml (adulto): Varizes esofágicas, Esofagite péptica, úlcera péptica,
carcinoma de estômago, hemangioma esofágico, gastrites, tóxicos, cáusticos, DUP,
medicamentoso (AINES), stress
Estrias: Esofagite e Síndrome de Mallory Weiss
Escurecido – Borra de café: Sangue deglutido – RN, Epistaxe, Sangramento lento – lesão
AINES
3. Odor
Ácido: Leite talhado – lactentes – DRGE – APLV
Amoniacal: na uremia
Fecal: Obstrução intestinal baixa, fístulas gastrocólicas
Hálito cetônico: diabetes
Vinho branco: estase gástrica
4. Volume
> nas obstruções intestinais
< pequenos episódios entre as refeições
5. Frequência
Isolados
Erro alimentar, Parasitose alimentar, Gastrite alcoolica
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Em crise
Migranea, Gastrites agudas (AINES)
Incoercíveis
Gastrites tóxicas exógemas (mercúrio e chumbo)
Uremia, Cetoacidose diabética, hiperemese gravídica
Divertículo de Zenker
Formação do divertículo faringoesofágico
A herniação da mucosa e da submucosa faríngea ocorre no ponto de transição entre as fibras
oblíquas do músculo tireofaríngeo e as fibras mais horizontais do músculo cricofaríngeo. Conforme
o divertículo aumenta, ele disseca na direção lateral esquerda e inferiormente para o mediastino
superior, no espaço pré-vertebral.
Ocorre devido a fragilidade da musculatura
Causa acúmulo de saliva e comida por dias
Regurgitação, halitose, tosse, brocoespasmo
Testes diagnósticos
Anamnese e exame físico (principal)
Endoscopia superior: detecta úlceras, neoplasia, resíduos alimentares ( presente na gastroparesia)
TC ou radiografia com bário: no instestino delgado pode diagnosticar obstrução
Colonoscopia: detecta obstrução colônica
Ultrassom e TC: conseguem detectar inflamação periotoneal
Entre outros
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Tratamento
Antieméticos
Anti-histamínicos e anticolinérgicos: atuam nas vias labirínticas para tratar cinetose e os
distúrbios da orelha interna
Antidopaminérgicos: estimula a área postrema e são usados para as etiologias medicamentosas,
tóxicas e metabólicas
Agentes pró-cinéticos (estimulam o esvaziamento gástrico)
Eritromicina: ativa os receptores da motilina, um estimulante endógeno da atividade motora do
jejum
Metocloropramida (plasil): agonista de serotonina e antagonista dopaminérgicos usado em caso
de gastroparesia
Esquemas especiais (para quimioterapia)
Lorazepam ou metilprednisolona + dexametasona
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