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Mariana Chaud XV PNEUMO

ESPIROMETRIA:
Refere-se à medida do ar que entra e sai dos pulmões (Capacidade vital).

Revisão conceitual:
Volumes:
- Volume corrente (VC): 300-400 mL de ar (repouso- FR: 10-12 por minuto)
- Volume de reserva inspiratório (VRI): inspiração máxima. Usado para exercícios.
- Volume de reserva expiratório (VRE): expiração máxima
- Volume residual (VR): ar que sobra nos pulmões após expiração máxima. Sobra ar ainda para
que os pulmões não colabem. Isso é possível porque o pulmão é grudado na caixa torácica pela
pleura. Medido por um exame chamado Pletismografia.
Capacidades:
- Capacidade vital (CV): VC + VRI + VRE
- Capacidade pulmonar total (CPT): VC + VRI + VRE + VR

Então, a espirometria mede a CV. Pode ser feita por 2 métodos:


1. Manobra lenta: enche o pulmão de ar e solta lentamente, até sair todo o ar.
2. Manobra forçada: enche o pulmão de ar e solta tudo rapidamente (dura até cerca de 4
segundos até que saia tudo). Nesse tipo de manobra, 80% do volume de ar saem no
primeiro segundo. O pulmão pode ser esvaziado rapidamente e isso permite o
aumento da FR (em um exercício físico, por exemplo). Na obstrução da VA (dificuldade
na expiração), a quantidade de ar que sai no primeiro segundo DIMINUI. Quando a FR
aumenta, diminui o tempo que tem para soltar o ar. Assim, o paciente começa a reter
ar no pulmão (hiperinsufla) e tem sensação de falta de ar. Então a manobra mede a
obstrução das VA.

A manobra forçada é a mais usada no dia-a-dia, pois mede melhor as obstruções de VA (asma
e DPOC- muito comuns). Mede basicamente 3 coisas:
- CV forçada (CVF)
- Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): quantidade de ar que saiu
no primeiro segundo.
VEF 1
- : vale 0,8 (regra). No mínimo 0,7 (com a idade cai para esse valor).
CVF
Na manobra lenta, a quantidade de ar que sai é maior.

Curva de fluxo-tempo:
Mostra o pico de fluxo expiratório. Esse pico mede a obstrução da VA. Quanto menor o pico,
maior a dificuldade que o ar está tendo para sair.
Nas doenças obstrutivas, a obstrução leva a: redução do fluxo expiratório e aumento do tempo
de expiração. O paciente não consegue ter expiração máxima durante um exercício e, por isso,
ele se cansa mais rápido.

Aplicações da espirometria:
- identificação de doença ou envolvimento pulmonar
- detecção precoce de DPOC e ASMA principalmente
- acompanhamento da resposta ao tratamento
- investigação de dispneia
- avaliação de incapacidade
- avaliação pré-operatória
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Na espirometria, podem ser identificados dois grupos de doenças:


1. Obstrutivas: diminui o VEF1 e demora mais para esvaziar todo o pulmão. Exemplo:
Asma e DPOC – perda da contração elástica brônquica.
2. Restritivas: diminui a CVF, sem alterar o VEF1. Doenças da caixa torácica
(cifoescoliose), doenças neuromusculares (fraqueza dos músculos respiratórios) ou
doenças do parênquima pulmonar (lobectomia por tumor).

Obs.: na suspeita de asma o paciente pode fazer uma espirometria antes e outra depois de
aplicar um broncodilatador (Salbutamol ou Formoterol – Aerolin e Berotec). Depois do
broncodilatador, a CV desse paciente irá aumentar se ele tiver asma.

Avaliação da espirometria:
Avaliar na seguinte ordem:
1. Olhar a relação VEF1/CVF. Deve ser > 70% (0,7- regra). Se estiver abaixo é porque tem
uma obstrução. Dar broncodilatador, esperar 15 minutos e fazer uma nova
espirometria. Se sumir a obstrução, é diagnóstico de ASMA. Se estiver acima de 70%,
ou vai estar tudo normal ou vai ter doença restritiva.
2. Depois avaliar separadamente CVF e depois VEF1. Na doença restritiva, a CVF estará
diminuída.
A CV varia de pessoa a pessoa. Os parâmetros esperados para cada paciente vêm no exame
para a gente comparar. Exemplos:
Previsto Limite inferior Valores obtidos
CVF 3,420 L 2,870 L 3,490 L
VEF1
VEF1/CVF >80% 76% 81%
PACIENTE NORMAL.

Previsto Limite inferior Valores obtidos


CVF
VEF1 3,110 L 2,600 L
VEF1/CVF 81% 73%
PACIENTE COM OBSTRUÇÃO.

A avaliação dos parâmetros, portanto, vai mostrar o distúrbio que o paciente tem:
- VEF1/CVF abaixo do esperado = OBSTRUÇÃO
- CVF abaixo do esperado = RESTRIÇÃO
- VEF1 abaixo do esperado  vai mostrar o grau da obstrução:
* > 60% do esperado = OBSTRUÇÃO LEVE
* 40-60% do esperado = OBSTRUÇÃO MODERADA
* < 40% do esperado = OBSTRUÇÃO GRAVE

Laudo da espirometria:
Aparece é dado da seguinte forma:
- Obstrução: Distúrbio ventilatório obstrutivo (leve, moderado ou grave).
- Restrição: Distúrbio ventilatório restritivo.

Na obstrução grave a CVF pode estar diminuída. Nesse caso, mede-se o volume residual
através da Pletismografia. Se CVF estiver baixo por obstrução grave mesmo, o VR estará
AUMENTADO. Se for por restrição, o VR estará DIMINUÍDO e o laudo será de um distúrbio
misto.
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Tanto na obstrução quanto na restrição pode-se fazer a prova broncodilatadora (Salbutamol).


Se após essa prova (na obstrução) o laudo for:
- Normal (melhorar) = ASMA
- Aumentado: * > 200 mL = afirma que a variação foi por efeito da droga. O laudo é:
variação significativa ao broncodilatador. Se não atingir o valor esperado ainda, dizemos
também que foi sem normalização do distúrbio.
* < 200 mL = pode ser devido ao acaso. O laudo é: sem variação
significativa ao broncodilatador.

Distúrbio Distúrbio
ventilatório ventilatório
OBSTRUTIVO RESTRITIVO
CVF Diminuído ou normal Diminuído
VEF1 Diminuído Diminuído
VEF1/CVF Diminuído Normal

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