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Emergências em Odontopediatria

 Conhecer, diagnosticar e eventualmente trata pacientes em situações de


emergência na clínica de odontopediatria
 Diferenciar síncope de lipotimia e quais são os seus respectivos tratamentos
 Definir asfixia e indicar seu tratamento
 Definir hipoglicemia e indicar seu tratamento
 Definir crise alérgica e indicar seu tratamento
 Definir crise asmática e indicar seu tratamento

Síncope
 Alteração ou perda de consciência
 Perda repentina e momentânea da consciência, causada pela súbita diminuição do
fluxo sanguíneo e da oxigenação cerebral ou ainda por causas neurológicas ou
metabólicas
 Quadros geralmente são benignos, de curta duração, e regridem de forma
espontânea ou em resposta a manobras bastante simples realizadas
 Raramente se manifesta em crianças, que exteriorizam ansiedade ou o medo por
meio do choro e movimentação constante
 Pode incluir algumas entidades nosológicas:
 Síncope vasovagal  desencadeada por fatores emocionais – ansiedades, visão de
sangue ou seringa e agulha ou não emocionais – fome, debilidade física, ambiente
quente ou úmido. É precedida de sinais sugestivos: palidez cutânea, sudorese fria,
fraqueza, braquicardia, pulso final e queda da pressão
 Síncope vasodepressora  pacientes com “pavor” à cadeira do dentista (luta ou
fuga). A vasodilatação periférica é acompanhada de diminuição de frequência
cardíaca, o débito cardíaco resulta na perda de consciência
 Síncope do seio carotídeo  sensibilidade do seio carotídeo e diante de leve
compressão podem sofrer queda brusca de pressão e desmaio
 Síncope associada à insuficiência vértebro-basilar  relacionada à hiperextensão da
cabeça (diferentemente da vasovagal – não se observa sudorese fria ou palidez da
pele e não ocorre alteração dos sinais vitais
 Síncope associada às arritmias cardíacas  frequência cardíacas menores que 30 a
35 ou maiores que 150 a 180 batimentos por minuto podem levar à síncope
(pacientes com certas cardiopatais de base – arritmias ou insuficiência cardíaca)
 Outras situações  hipoglicemia aguda, hipotensão ortostática e insuficiência
adrenal aguda (a perda de consciência pode confundir o diagnóstico diferencial em
relação às síncopes comuns)

Lipotimia
 Alteração ou perda de consciência
 Definida como mal-estar passageiro, caracterizado por uma sensação angustiante e
iminente de desfalecimento, com palidez, sudorese aumentadas, zumbidos auditivos
e visão turva, sem necessariamente levar à perda total de consciência (é a sensação
de desmaio, sem que ocorra)
 Pré-síncope
 Quadros geralmente são benignos, de curta duração, e regridem de forma
espontânea ou em resposta a manobras bastante simples realizadas
 Raramente se manifesta em crianças, que exteriorizam ansiedade ou o medo por
meio do choro e movimentação constante
Prevenção da lipotimia e síncope
1) Avaliar o grau de ansiedade do paciente (considerar protocolo de sedação mínima)
2) Se apresentar história de doença sistêmica (anamnese)
3) Orientação para se alimentar antes das consultas (estado de jejum predispõe à
hipoglicemia)
4) Posicionar a cadeira de modo que fique deitado de costal ou ao menos com a cadeira
semi-inclinada
5) Evitar estímulos visuais estressores
6) Anestesia local deve ser o menos traumática possível (evitar dor no local da punção
pelo uso de anestésico tópico)
7) Solução anestésica e técnica para proporcionar anestesia local perfeira (duração e
profundidade adequadas para evitar dor)
8) Não empregar expressões que possam parecer tranquilizadores mas que aumentam a
ansiedade
9) Nos atendimentos com idosos evitar hiperestender a cabeça e não apoiar mão ou
cotovelo no pescoço

Asfixia (obstrução aguda das vias aéreas por corpos estranhos)


 Durante o atendimento  grande risco de objetos caírem na porção posterior da
cavidade oral ou na faringe (ingestão ou aspiração)
 O corpo estranho tem dois caminhos quando cai na parte posterior da cavidade oral:
o esôfago, indo para o trato gastrintestinal (podem ser expelidos juntos às fezes,
exceto quando são perfurocortantes) ou a traqueia, obstruindo a passagem de ar
(pode ocorrer cianose e inconsciência, com consequente risco de morte)
 Pacientes de maior risco: bebês, crianças e idosos, obesos e gestantes, indivíduos
sedados, etilistas ou dependentes de outras drogas, psicóticos, deficientes mentais e
indivíduos com limitação de abertura bucal ou macroglossia

Prevenção da asfixia
1) Identificar os pacientes de risco
2) Usar lençol de borracha nos procedimentos endodônticos e restauradores
3) Colocar gaze como anteparo para proteção da orofaringe (sedados)
4) Amarrar a fio dental pequenos objetos como roletes de algodão, limas endodônticas,
componentes de implantes, grampos, etc.
5) Colocar a cadeira na posição reclinada ao atender pacientes que apresentarem
coordenação da deglutição ou o reflexo da tosse afetado
6) Usar sugador de saliva/sangue de alta potência

 Golpes (“tapas”) nas costas (em bebês  posição com a cabeça para baixo)
 Inspeção (“varredura”) com os dedos (corpos estranhos estão localizados acima
da epiglote em vítimas conscientes, contraindicada em bebês e crianças
pequenas)
 Compressões manuais (Série de 5-10 compressões na parte superior do abdome
ou da parte inferior do tórax para aumentar a pressão intra-abdominal,
produzindo “tosse artificial”  estados avançados de gravidez, obesos ou em
bebês de até 1 ano)
 Manobra de Heimlich

 Compressões torácicas
Hipoglicemia
 Um indivíduo é considerado em estado de hipoglicemia quando os níveis de glicose
no sangue encontram-se abaixo dos valores mínimo normais (60mg/100mL ou
60mg/dL)
 Pode ocorrer em indivíduos diabéticos ou não diabéticos
 O problema é o fornecimento inadequado de glicose ao cérebro, com prejuízo em
suas funções (desde discreto mal-estar até coma e raramente, morte)
 Sinais e sintomas: ansiedade, nervosismo, taquicardia, sudorese, palidez, frio,
dilatação das pupilas, sensação de fome, salivação excessiva, borborigmo (“ronco”
na barriga), náusea, vômito e desconforto abdominal (respiração, pulso e pressão
usualmente normais)
 Em estágio mais avançado é decorrente da redução da glicose no cérebro: atividade
mental anormal, alteração no humor, depressão, choro, irritabilidade, cansaço,
fraqueza, sono, tontura, olhar fixo, visão dupla ou embaçada, dificuldade de fala,
falta de coordenação motora, parestesia, dor de cabeça, coma, respiração difícil e
convulsão focal ou generalizada
 Confirmação do diagnóstico  glicosímetro (análise imediata da glicemia)

Prevenção da hipoglicemia
1) Investigar história prévia de algum episódio de hipoglicemia, mesmo não sendo
diabético
2) Oriente-o não comparecer às consultas em jejum alimentar
3) No atendimento de diabéticos  obter o máximo de informações sobre o controle
da doença (resultados do último exame ou da hemoglobina glicada, medicação de
uso, história de complicações recentes)
4) No dia do atendimento, certificar se o paciente tomou a medicação
5) Não modificar a dosagem ou posologia dos medicamentos hipoglicemianetes orais
ou insulina
6) Agendar consultas para o início da manhã, planejamento mais número de sessões
(curta duração)
7) Faça intervalos e ofereça alimentos de ingestão rápida
8) Diálogo prévio com o médico
9) Com pacientes ansiosos e apreensivos  considerar protocolo de sedação
10) Manter solução açucarada à disposição

Crise alérgica
 De acordo com os mediadores envolvidos e tempo de início (imediatos ou tardio), as
reações alérgicas são classificadas em quatro tipos:

 Na prática odontológica  tipo I ou tipo IV


 Sob o critério da intensidade da resposta  localizadas (cutâneas – vermelhidão da
pele, urticária e prurido) ou generalizadas (instalação rápida e manifestações mais
severas – broncoespasmos, edema de laringe, hipotensão arterial, arritmia e colapso
vasomotor)
 Na clínica odontológica  alérgenos podem estar presentes em vários materiais,
substâncias ou medicamentos  látex de luva, lençol de borracha, metil metacrilato
de resina acrílica ou resina composta, conservantes das soluções anestésicas locais e
o fármacos como aspirina, anti-inflamatórios não esteroides, penicilina e
cefalosporinas (história de episódios)
 Sinais e sintomas  alterações ou reações cutâneas, alterações respiratórias e
alterações circulatórias:
 Alterações ou reações cutâneas  após 60 min ou mais após contato com o alérgeno
(leves a moderadas na pele e na mucosa bucal)

 Alterações respiratórias  broncoespasmo (pacientes asmáticos com história de


sensibilidade ao bissulfito de sódio ou indivíduos alérgicos à aspririna ou anti-
inflamatórios não esteroides) – chiados e uso de músculos acessórios da respiração e
edema de faringe (risco de morte) – pouco ou nenhum movimento de ar é ouvido ou
percebido, cianótico e perde consciência
 Alterações circulatórias  choque anafilático (anafilaxia generalizada) – reação
sistêmica aguda geralmente explosiva, mediada por IgE, quando entra em contato
com o atígeno (sequência de fenômenos patológicos, ameaçadores)
Crise asmática
 Asma brônquica  doença pulmonar obstrutiva caracterizada pelo aumento da
reatividade da traqueia e dos brônquios a vários estímulos, que se manifesta por
estreitamento das vias aéreas
 Fatores causadores da doença:
 Intrínseca: mais comum em adultos e conhecida como asma não alérgica ou
idiopática
 Extrínseca ou infectiva: maior ocorrência em crianças e jovens e também chamada
de “asma de fundo alérgico”, têm histórico de reação de hipersensibilidade de tipo I
ou reação alérgica associada a um componente genético (metade dos casos de asma
– a maioria se desenvolve antes de o indivíduo completar 10 anos de idade e é
considerada como a principal doença crônica em crianças)
 Classificada de acordo com sua gravidade: intermitente (sintomas raros), leve
(sintomas semanais), persistente moderada (sintomas diários) e grave (sintomas
diários ou contínuos)
 Geralmente é autolimitada, quando os episódios se tornam constantes e refratários à
terapia farmacológica, a crise aguda exige pronto atendimento por oferecer risco de
morte ao paciente
 Manifestações clínicas podem se desenvolver de forma gradual ou súbita:
 Tosse, dificuldade respiratória, uso da musculatura acessória para respirar, aumento
da frequência respiratória (20/minutos ou mais de 40/minuto na severa) e aumento
da frequência cardíaca (mais de 120 batimento/minuto na asma severa)
 Transpiração em excesso, agitação, sonolência ou confusão e cianose (se não
tratada, pode durar minutos ou horas)
 Hiper-reatividade brônquica  precipitada por vários agentes desencadeantes,
alérgenos ou não:
 Ar frio, estresse emocional, estresse físico, poluentes e irritantes ambientais, refluxo
gastroesofágico, fármacos (como ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios não
esteroides e vacinas), substâncias antioxidantes do grupo dos sulfitos, alimentos
como leite, ovos, chocolate e peixe, etc.
 Objetivo primordial  manter a condição pulmonar estável – conseguido com o
auxílio de medicamentos de ação prolongada (anamnese – contato com o médico e
tomar medidas preventivas para evitar crise aguda): perguntas sobre o tipo de asma,
os medicamentos e frequência, últimos episódios, se tem tosse persistente, tem
antecedentes familiares, se já foi hospitalizado

Prevenção da crise asmática


1) Confiança com o paciente (meios de condicionamento), considerar protocolo de
sedação mínima
2) Anestesia local perfeita
3) Orientação para trazer a bombinha
4) Evitar prescrever ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatórios não esteroides
(alternativa: corticosteroides, paracetamol ou dipirona)
5) Pacientes sob tratamento de corticoides e história de alergia aos sulfitos  não usar
soluções anestésicas que contenham vasoconstritores adrenérgico (epinefrina,
norepinefrina, corbadrina e fenilefrina) – preferência: felipressina
6) Incluir broncodilatador na forma de aerossol e aparelho portátil de administração de
oxigênio

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