Você está na página 1de 31

Processo de enfermagem e

oxigenação/oxigenoterapia

Apresentação
O oxigênio é uma necessidade vital para o funcionamento pleno do organismo humano. A
oxigenoterapia é indicada para aumentar ou manter a saturação deste gás acima de 90%, taxa ideal
para a manutenção da saúde.

É necessário que o profissional de enfermagem tenha conhecimento sobre os fatores que


modificam a oxigenação do paciente, aplicando medidas que propiciem o melhoramento do
processo respiratório e, por conseguinte, proporcione bem-estar e conforto a esse paciente.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre a oxigenoterapia/oxigenação, tratamento


terapêutico que pode ser realizado tanto no ambiente hospitalar quanto domiciliar, desde que
seguindo os critérios para admissão ao programa estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever os principais fatores que alteram a oxigenação do paciente.


• Elencar as principais medidas e os cuidados de enfermagem para a melhora da oxigenação do
paciente em unidades hospitalares e a domicílio.

• Listar os principais métodos de administração de oxigenação em unidades hospitalares e a


domicílio.
Desafio
A oxigenoterapia é um tratamento terapêutico indicado a pacientes com doenças pulmonares, que
poderão ocasionar baixos níveis de oxigênio no corpo humano, precisando, dessa forma,
complementá-lo com uma quantidade extra para, assim, melhorar a qualidade de vida desses
pacientes.

A sistematização da assistência de enfermagem é um processo que objetiva a promoção, a


manutenção e a recuperação da saúde do cliente e da comunidade, devendo ser desenvolvido pelo
profissional de enfermagem.

Você é enfermeiro e trabalha em um hospital, no setor de internação de pacientes adultos. Entre


suas diversas funções no cargo, uma delas é acompanhar, orientar e auxiliar pacientes que realizam
a oxigenoterapia. Com isso em mente, analise o caso a seguir.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Diante destes dados, responda:

1. Você, como enfermeiro do paciente, localizou quais erros neste caso?

2. Qual seria o seu plano assistencial e as orientações a serem efetuadas ao paciente?


Infográfico
Faz-se necessário que o profissional de enfermagem, acerca do tratamento de oxigenoterapia, saiba
não somente sobre quando utilizar cada dispositivo existente nesta intervenção, como também
tenha conhecimento sobre todos os itens a serem verificados diariamente, a qual dependerá da
particularidade de cada equipamento utilizado pelo paciente.

Acompanhe, neste Infográfico, as intervenções de enfermagem prioritárias para os principais


dispositivos utilizados na oxigenoterapia.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
O tratamento com a oxigenoterapia possibilita a qualidade e prolonga a expectativa de vida de
pessoas que têm algum comprometimento do processo respiratório; afetando-as física,
psicológica e socialmente, gerando graves impactos na dinâmica familiar.

No capítulo Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia, da obra Semiotécnica, você irá


compreender os princípios e os conceitos que orientam o acompanhamento do paciente que utiliza
como tratamento terapêutico a oxigenoterapia, tanto no ambiente hospitalar quanto domiciliar,
considerando os dispositivos e os fontes de oxigênio.

Boa leitura!
SEMIOTÉCNICA

Pamela Elis Astorga Galleguillos


Processo de enfermagem e
oxigenação/oxigenoterapia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever os principais fatores que alteram a oxigenação do paciente.


„„ Elencar as principais medidas e cuidados de enfermagem para a
melhora da oxigenação do paciente em unidades hospitalares e a
domicílio.
„„ Listar os principais métodos de administração de oxigenação em
unidades hospitalares e a domicílio.

Introdução
Com frequência, o sistema respiratório é acometido por doenças infec-
ciosas transportadas pelo ar, como no caso das aglomerações, com um
ambiente aquecido e úmido, comuns no cotidiano das pessoas, quando
o trato respiratório permite que esses agentes patológicos prosperem.
Dessa forma, a administração de oxigênio compreende a medida a ser
empregada em alguns casos, na qual a oferta de oxigênio deverá ter uma
concentração maior de pressão superior em comparação à encontrada
na atmosfera ambiental, corrigindo e atenuando a deficiência de oxigênio
provinda de alguma dessas patologias ligadas ao trato respiratório.
Neste capítulo, você estudará a respeito do processo de enferma-
gem nos aspectos da oxigenação/oxigenoterapia, sabendo identificar
as condições que modificam a oxigenação do paciente, as medidas a
serem empregadas pela equipe de enfermagem e os dispositivos de
administração de oxigênio existentes tanto na unidade hospitalar quanto
no domicílio do paciente.
2 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

Principais fatores que alteram a oxigenação do


paciente
O oxigênio é o gás que promove sustentação à vida, sendo transportado para
o interior das células do organismo humano por meio das hemoglobinas,
proteínas presentes nas hemácias.
Dessa maneira, cada molécula de hemoglobina se junta a quatro moléculas
de oxigênio (que dá a característica da coloração vermelha do sangue arterial),
formando a oxi-hemoglobina, onde, por difusão, movimenta-se dos alvéolos
para a corrente sanguínea.
O caminho reverso também se dá no local em que o oxigênio, pela cor-
rente sanguínea, chega até as células, proporcionando a oxidação do material
orgânico, que se transformará em energia, essencial para as células.
Assim, a oxigenação é realizada por intermédio dos sistemas respiratório
e cardiovascular, em ocasiões normais, de maneira involuntária. Você poderá
observar essa fisiologia da oxigenação a partir do esquema estabelecido na
Figura 1.

Figura 1. Fisiologia da oxigenação.


Fonte: Vaughans (2012, p. 226).

Contudo, caso o corpo humano seja desprovido de oxigênio, o indivíduo


logo notará os sinais e sintomas resultantes dessa privação. A seguir, discor-
reremos os principais fatores que podem alterar a oxigenação do paciente.
A primeira condição observada são os fatores fisiológicos, descritos por
Vaughans (2012) como qualquer distúrbio (dano) que altere diretamente o
funcionamento dos sistemas responsáveis pelo transporte de oxigênio, com-
prometendo as demandas desse elemento no organismo humano.
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 3

Nessa perspectiva, Taylor et al. (2014) relatam que pessoas com doenças
crônicas e agudas terão a função respiratória muito prejudicada, como no caso
daquelas com distúrbios cardíacos ou renais, em consequência da sobrecarga
de líquidos e por perfusão tissular prejudicada.
Eventualmente, esses pacientes apresentam enfraquecimento muscular ou
tônus muscular insatisfatório, inclusive no caso de doenças do sistema respi-
ratório, colaborando para uma ventilação pulmonar e respiração desajustada.
Outro exemplo seria o indivíduo anêmico, já que essa condição provoca um
suprimento ineficiente de oxigênio para os tecidos do organismo humano. Deve-
-se lembrar que a hemoglobina também tem como função realizar o transporte
de dióxido de carbono aos pulmões, resultando em uma troca diminuída desse
elemento, propiciando, do mesmo modo, uma função respiratória prejudicada.
Mudanças físicas também podem alterar a oxigenação, como no caso de
pessoas com escoliose, condição em que a curvatura lateral da coluna vertebral
poderá provocar o aprisionamento de ar.
O segundo fator que pode alterar a oxigenação está associado às conside-
rações de desenvolvimento relacionadas à idade. De acordo com Vaughans
(2012), um sistema respiratório e imune ainda não plenamente desenvolvido,
somado a um coração menor, coloca as crianças em um patamar na qual a
oxigenação se apresenta deficiente.
Os idosos, por sua vez, também apresentam riscos de uma oxigenação
prejudicada, uma vez que a capacidade funcional tanto dos pulmões quanto do
coração diminui com o passar do tempo. Esse fator (idade) pode ser observado
de maneira sintetizada no Quadro 1, desenvolvido por Taylor et al. (2014).
O terceiro fator que altera a função do sistema respiratório são os medica-
mentos, já que poderão afetar o sistema nervoso central do paciente, exigindo
um monitoramento mais efetivo. Um exemplo citado por Taylor et al. (2014)
são os pacientes que fazem o uso de opioides, visto que esses medicamentos
contêm agentes químicos que deprimem o centro respiratório medular, refle-
tindo em frequência e profundidade das respirações diminuídas.
O quarto fator corresponde ao estilo de vida do indivíduo que também
contribuirá para a deficiência ou não da oxigenação. Por exemplo, nas pessoas
sedentárias, por não realizarem atividades físicas, há pouca expansão do
pulmão e, assim, pouca estimulação dos alvéolos.
4 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

Quadro 1. Variações respiratórias ao longo da vida

Adulto
Bebê Primeira Segunda
idoso (60
(nascimento infância (1 infância (6
anos ou
a 1 ano) a 5 anos) a 12 anos)
mais)

Frequência 30 a 60 20 a 40 15 a 25 16 a 20
respiratória respirações/ respirações/ respirações/ respirações/
minuto minuto minuto minuto

Padrão Respiração Respiração Respiração Torácico,


respiratório abdominal, abdominal, torácica, regular
irregular na irregular regular
frequência
e na
profundidade

Parede Fina, poucos Igual à dos Mais gordura Fina,


torácica músculos, bebês, mas subcutânea estruturas
costelas com mais depositada, salientes
e esterno gordura estruturas
facilmente subcutânea menos
vistos proeminentes

Sons da Crepitantes Expiração Inspiração Claros


respiração altos, fortes, alta, forte e clara é mais
no final da mais longa longa que a
inspiração do que a expiração
profunda inspiração

Formato Arredondado Elíptico Elíptico Em forma


do tórax de barril
ou elipse

Fonte: Adaptado de Taylor et al. (2014, p. 1385).

Vaughans (2012) cita, ainda, o tabagismo, pois, além de estar vinculado a


distúrbios respiratórios crônicos e ao câncer, a nicotina produz uma série de
outras alterações, como constrição das artérias coronárias, aumento da pressão
arterial e aumento da quantidade de monóxido de carbono na corrente sanguí-
nea, que provocam uma diminuição na concentração de oxigênio disponível
para a circulação e para os tecidos do organismo.
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 5

O quinto fator refere-se aos fatores ambientais, uma vez que poluentes e
elementos alérgenos no ar, como pólen ou produtos químicos tóxicos, podem
lesar o tecido pulmonar, provocando graves consequências no futuro, como
câncer pulmonar. Outro exemplo relatado por Vaughans (2012) são os locais
com altas altitudes, nos quais há uma diminuição de oxigênio no ar inspirado
pelo indivíduo.
Já sexto fator corresponde à saúde psicológica, visto que situações de
estresse provocam hiperventilação ou suspiro em excesso, que acarretará a
diminuição dos níveis de dióxido de carbono arterial. Por sua vez, a ansiedade
generalizada tem promovido broncoespasmos quando de episódios de asma
brônquica.
O sétimo e último fator está ligado diretamente à dieta do indivíduo, uma
vez que o conteúdo alimentar ou a quantidade de alimento ingerido poderá
levar a problemas que influenciam na diminuição da oxigenação.
Alimentos com alto teor de gordura ou de colesterol, de acordo com Vau-
ghans (2012), estão vinculados à formação de placas nos vasos sanguíneos,
ou seja, desenvolvimento de aterosclerose. Caso seja formado nas artérias
coronárias, haverá um alto risco de ocorrer um infarto agudo de miocárdio
ou acidente vascular encefálico, se as artérias do cérebro forem obstruídas.
Outros exemplos relacionados à dieta são alimentos com alto teor de sódio,
que podem acarretar hipertensão, ou o grande consumo de cafeína, capaz de
aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Em relação à quantidade de alimentos, o seu consumo desenfreado poderá
resultar em obesidade, que pode ocasionar insuficiência cardíaca, limitação
do movimento torácico e diminuição da expansão pulmonar, promovendo,
por conseguinte, diminuição da inalação de oxigênio.

Principais medidas e cuidados de enfermagem


para a melhora da oxigenação de pacientes em
unidades hospitalares e a domicílio
Muitas são as medidas de enfermagem que melhoram a oxigenação nos pa-
cientes, tanto em nível hospitalar quanto domiciliar, facilitando a execução
de atividades diárias a partir da diminuição dos sintomas provenientes da
redução dos níveis de oxigenação.
6 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

O primeiro cuidado descrito refere-se à orientação sobre os ambientes


livres de poluição. Taylor et al. (2014) relatam que cabe ao profissional de
enfermagem orientar o paciente quanto a investigar o ambiente em que está
inserido, realizando ajustes sempre que possível nos fatores desencadeadores
do mau funcionamento respiratório.
Para minimizar esses elementos em casa, são necessárias ações como
retirar o pó com o aspirador no mínimo duas vezes por semana; em determi-
nadas situações, o paciente poderá utilizar uma máscara para prevenir alguns
sintomas provenientes do sofrimento respiratório.
O profissional poderá também orientar o paciente acerca dos efeitos ne-
gativos do cigarro, devendo estimulá-lo quanto à decisão de parar de fumar
ou jamais fazê-lo, uma vez que, além das lesões causadas pela nicotina já
mencionadas, a inalação da fumaça do cigarro causa redução da ação ciliar,
aumento da produção de muco, espessamento da membrana alveolocapilar e
espessamento e perda da elasticidade das paredes brônquicas.
A segunda medida consiste na criação de locais que propiciem a redução
dos níveis de ansiedade do paciente, desenvolvendo medidas para amenizar
o seu desconforto. O profissional deverá praticar as habilidades da escuta,
compreendendo os hábitos do paciente, tanto em nível hospitalar quanto
domiciliar, possivelmente facilitando a sua intervenção quanto ao tratamento
e a mudanças a serem seguidas.
O terceiro cuidado está na manutenção de uma boa nutrição, visto que
muitos fármacos utilizados no tratamento de problemas respiratórios têm
como efeitos colaterais anorexia e náuseas, fatores que poderão implicar uma
má alimentação por parte do paciente.
De acordo com Taylor et al. (2014), o profissional de enfermagem deve
avaliar, no hospital ou em visitas domiciliares, constantemente a condição
nutricional do paciente, realizando a medição de altura, peso, circunferência
da parte superior do braço, níveis séricos de proteína e equilíbrio de nitrogênio
do paciente. Deve-se garantir a ingestão de proteínas, vitaminas e minerais.
Nas visitas domiciliares, orientar a ingestão de seis pequenas refeições
durante o dia, diferentemente das três refeições usuais maiores (café da manhã
— almoço — janta). É preciso lembrar que as refeições deverão ser realizadas
entre 1 e 2 horas após o tratamento e/ou os exercícios respiratórios.
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 7

Tanto no ambiente hospitalar quanto domiciliar, estimular a higiene oral nos


períodos de repouso, antes das refeições, já que essa ação favorece a melhora
da ingestão dos nutrientes pelo paciente.
No caso de pacientes portadores da doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC), o profissional deverá incentivar uma dieta com grandes quantidades
de proteínas e calorias, com o objetivo de combater a desnutrição, um problema
comum desses pacientes.
Para pacientes obesos, o enfermeiro deverá incentivar a perda de peso,
a partir de uma dieta com calorias controladas. De acordo com Taylor et al.
(2014), essa dieta deve apresentar de 40 a 45% de carboidratos, 30 a 40% de
gordura e de 12 a 20% de proteínas.
Caso o paciente utilize o oxigênio suplementar, lembrá-lo sobre a impor-
tância de utilizar a cânula durante e após as refeições, uma vez que o processo
de digestão exige muita energia do organismo humano, levando-o a consumir
mais oxigênio.
Há, ainda, as intervenções de enfermagem para oferecer conforto ao pa-
ciente com alterações nas funções respiratórias, como promover a posição
correta, a ingestão adequada de líquidos e a umidificação do ar inspirado e
orientar quanto às técnicas respiratórias apropriadas, ações que viabilizam a
sensação de bem-estar ao paciente.
O posicionamento correto constitui uma atitude essencial que facilita a
respiração do paciente, uma vez que possibilita a movimentação livre do dia-
fragma e a expansão da parede torácica. Entre as várias posições, destacam-se
as seguintes.

„„ Posição sentada com uma leve inclinação à frente (Figura 2a) — possi-
bilita que o conteúdo do abdome realize as movimentações ascendentes
do diafragma, diminuindo a expansão pulmonar na inspiração.
„„ Posição de Fowler alta (Figura 2b) — nesta, os músculos acessórios
conseguem facilmente ser utilizados para promover a respiração, sendo
indicada para o conforto de pacientes com dispneia ou ortopneia.
„„ Alternação constante para a posição pronada ou prona (Figura 2c) —
promove uma melhor oxigenação de pacientes portadores de doença
pulmonar em situação aguda, uma vez que diminui o colabamento
alveolar.
8 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

a
Figura 2. Posições que facilitam o movimento respiratório. (a) Posição sentada com leve
inclinação à frente; (b) posição de Fowler alta; (c) posição prona.
Fonte: (a) Positions... (2018, documento on-line); (b, c) Michaels (2014, documento on-line).

A manutenção de uma ingestão hídrica adequada é muito benéfica para


os pacientes com dificuldades respiratórias, uma vez que auxilia na redução
do espessamento das secreções. Taylor et al. (2014) recomendam o consumo
de 1,9 a 2,9 L de líquidos puros diários, já que indivíduos com febre elevada,
tosse ou que estejam respirando pela boca perdem em excesso líquidos pelo
organismo.
Outra medida importante consiste no oferecimento de ar umidificado, uma
vez que inspirar ar seco retira a umidade normal contida nas vias respiratórias,
uma proteção contra irritações e infecções. Assim, estando em casa, o paciente
poderá usar vaporizadores elétricos.
Os produtores de vapor ou névoa fria não são muito indicados, pois, se a
sua limpeza não for realizada corretamente, poderão representar um meio de
proliferação de patógenos, diferentemente do vaporizador elétrico, cujo calor
produzido mata os patógenos.
E, por fim, a promoção de uma respiração adequada, uma vez que muitas
pessoas não têm hábitos respiratórios que propiciam a maximização do fun-
cionamento respiratório (p. ex., algumas pessoas desenvolvem um padrão de
respiração superficial).
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 9

Os pacientes enfermos tendem a reduzir o esforço respiratório, a fim de


compensar os sintomas da enfermidade. Dessa forma, faz-se necessária a
elaboração de exercícios de respiração para auxiliar o paciente a alcançar
uma ventilação mais eficaz.
Uma técnica muito empregada refere-se à respiração profunda, utilizada
para cessar a hipoventilação, podendo ser realizada tanto em nível hospitalar
quanto domiciliar. O profissional deverá solicitar ao paciente que, em cada
respiração profunda, movimente as costelas inferiores, salvo os casos em que
apresentar alguma condição nasal que o proíba ou evite a respiração normal.
Essa atividade deverá ser executada de hora em hora ou quatro vezes ao dia.
Outro exercício executado para fins de melhoria da movimentação respi-
ratória é a espirometria de incentivo, como observado na Figura 3. Esse tipo
de equipamento permite que o próprio paciente visualize o seu progresso na
atividade, promovendo reforço imediato. O exercício de insuflar possibilita
maximizar a inflação pulmonar, prevenindo ou reduzindo as chances do
desenvolvimento da atelectasia, que corresponde ao colapso total ou parcial
de um pulmão ou lóbulo pulmonar.

Figura 3. Espirometria de incentivo.


Fonte: suntorn somtong/Shutterstock.com.
10 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

Deve-se lembrar que o oxigênio é um gás inflamável, e o seu uso terapêu-


tico em domicílio exige orientação do paciente e de sua família/cuidadores
quanto à revisão e à manutenção periódica do equipamento a ser utilizado
na oxigenoterapia.
Outro fator importante para os cuidados na oxigenoterapia para o ambiente
hospitalar reside na disposição dos instrumentos, tornando-se necessário afastar
todos os itens que possam causar faíscas e não fumar no ambiente terapêutico.

Principais métodos de administração de


oxigênio em unidades hospitalares e em
domicílio
O oxigênio é administrado via inalatória, com o intuito de prevenir ou melhorar
as condições de hipóxia tecidual, de maneira a manter no ar inspirado uma
concentração de gás favorável para oxigenar eficientemente o sangue.
É importante lembrar que o oxigênio contido no ambiente tem a concentra-
ção de 21% de O2 no nível do mar, e o oxigênio canalizado, que se encontra nos
serviços de saúde, tem 4% por litro de O2. Dessa maneira, o paciente receberá
no total 24% de O2, caso receba o volume de 1 L de oxigênio.
Dessa maneira, é necessário ter cautela quanto à sua administração, uma
vez que o seu uso constante ou em grandes quantidades poderá provocar
ressecamento das mucosas do trato respiratório, em razão da absorção maior
que a encontrada no meio ambiente, podendo provocar atelectasia.
De acordo com o Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (2013), para a
administração do oxigênio, os sistemas de liberação do oxigênio podem ser
classificados em:

„„ sistema de baixo fluxo;


„„ sistema de alto fluxo.

Os equipamentos que usam o sistema de baixo fluxo suprem o oxigênio com


fluxos inferiores em relação ao volume inspiratório do indivíduo, normalmente
de 1 a 10 L por minuto. O volume restante é conduzido pelo ar ambiente, o
que dificulta especificar a fração de oxigênio inspirado (FiO2) que está sendo
administrado ao paciente.
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 11

Já os dispositivos que usam o sistema de alto fluxo suprem o oxigênio


consideravelmente para oferecer duas a três vezes o volume inspiratório da
pessoa. É recomendado para pacientes que precisem de grandes quantidades
de oxigênio. A seguir, serão descritos os dispositivos utilizados para a admi-
nistração de oxigênio.
A cânula nasal varia de tamanho quando utilizada para adultos ou crianças.
Para realizar a mensuração, toma-se como ponto de referência a ponta do nariz
até o início do conduto auditivo, constituindo a medida para ser introduzida,
sendo fixada com fita cirúrgica.
Apresenta como vantagens: maior conforto que o cateter; o paciente pode
comer e falar, sem obstáculos; e é fácil de manter em posição. As desvantagens
consistem no fato de não pode ser utilizada por pessoas que apresentem pro-
blemas nos condutos nasais, concentração de oxigênio inspirada desconhecida,
não permite nebulização e é pouco aceita por crianças.
Para o cateter nasal, são necessários uma fonte de oxigênio, circuito de
conexão, umidificador com água, fluxômetro e aviso de “não fumar”. O
oxigênio deve ser aberto antes da instalação do dispositivo, a fim de diminuir
os riscos de altas dosagens acidentais de oxigênio.
Suas vantagens consistem no fato de ser econômico, pois usa dispositivo
simples, e de fácil aplicação. As desvantagens são: produz um pouco de des-
conforto; facilidade quanto ao deslocamento do cateter; não permite nebuli-
zação (a cada 8 horas, é necessário revezar a narina); irritabilidade tecidual
da nasofaringe; e a respiração bucal diminui a fração inspirada de oxigênio.
No caso de o paciente necessitar de concentrações de oxigênio a partir
de 40%, tanto a cânula quanto o cateter nasal devem ser substituídos pelo
dispositivo de máscara facial. É necessário ter fonte de oxigênio, frasco de
umidificador com água e circuito de conexão.
Existem três tipos de máscaras: a simples, a de reinalação parcial e a de não
reinalação. A máscara simples libera menor concentração de oxigênio e a de
maior fluxo corresponde a de não reinalação, pois libera maior concentração.
A máscara simples (Figura 4a) tem um fluxo de 5 a 12 L por minuto com
FiO2 variável. As vantagens desse dispositivo estão no fato de ser de fácil e
rápida colocação, além de barata e descartável. As desvantagens estão no fato
de ser desconfortável, devendo ser retirada para a alimentação, e bloquear o
vômito de pacientes inconscientes.
12 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

Já a máscara de reinalação parcial (Figura 4b) e de não reinalação (Figura 4c)


têm o fluxo de oxigênio de 6 a 10 L por minuto com FiO2 variável. As vantagens
são: é de fácil e rápida colocação, barata e descartável. E suas desvantagens
consistem no fato de ser desconfortável, devendo ser retirada quando da
alimentação, e bloquear o vômito de pacientes inconscientes, havendo o risco
de sufocação.

a b c

Figura 4. (a) Máscara facial simples; (b) máscara de reinalação parcial; (c) máscara de não
reinalação.
Fonte: (a) alejandro dans neergaard/Shutterstock.com; (b, c) Adaptada de Koutsohristos e Storni (2017,
documento on-line).

E, por fim, a máscara de Venturi (Figura 5), na qual a concentração de


oxigênio é constante, sendo indicada para pacientes com DPOC. Esse dispo-
sitivo libera uma concentração exata do gás, independentemente do volume a
ser administrado. Dispõe de um aparato que permite misturar o ar ambiente
com o oxigênio para, dessa forma, administrar uma concentração constante
do oxigênio.
Assim, suas vantagens residem no fato de ser de fácil colocação, FiO2 estável
e precisa. Já as desvantagens consistem em: é desconfortável, emite muito
barulho e deve ser retirada para o paciente se alimentar. Deve-se lembrar que
a quantidade de oxigênio liberado é de 4 a 10 L por minuto, e as cores dos
pinos refletem a concentração de oxigênio empregada: azul é 24%, branco é
28%, laranja é 31%, amarelo é 35%, vermelho é 40% e verde é 60%.
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 13

Figura 5. Máscara de Venturi.


Fonte: Dario Lo Presti/Shutterstock.com.

Quanto ao tratamento em nível domiciliar, o Núcleo de Educação em


Saúde Coletiva (2013) relata que as fontes de oxigênio são cilindros de gás
sob pressão, concentradores de oxigênio e oxigênio líquido. As vantagens e
desvantagens de cada um deles poderão ser analisadas no Quadro 2.

Quadro 2. Fontes de oxigênio para uso no domicílio

Tipos Vantagens Desvantagens

Cilindro de Pode ser armazenado Custo variável conforme a


oxigênio por longo tempo quantidade de cilindro necessária
sem perdas para attender a pessoa
Existem pequenos É pesado e grande
cilindros para Não pode sofrer quedas
locomoção

Oxigêncio Permite a locomoção Tem custo variável, conforme


líquido com uso de refil portátil a quantidade de recargas
portátil Fornece fluxo de até 6 mensais da matriz
L/minuto de O2 gasoso Necessita de recargas frequentes

(Continua)
14 Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia

(Continuação)

Quadro 2. Fontes de oxigênio para uso no domicílio

Tipos Vantagens Desvantagens

Concentrador Custo mais baixo e fixo Fluxo máximo limitado


de oxigênio Volume de oxigênio a 5 L/minuto
é ilimitado Necessita de energia
É de fácil manuseio elétrica para funcionar
Exige manunteção de um
cilindro de O2 gasoso de
reserva para o caso de
falta de energia elétrica
Fonte: Adaptado de Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (2013).

KOUTSOHRISTOS, A.; STORNI, J. G. Oxigenioterapia dispositivos utilizados. Concurso


e Fisioterapia, Franca, abr. 2017. Disponível em: http://www.concursoefisioterapia.
com/2017/04/oxigenioterapia-dispositivos-utilizados.html. Acesso em: 20 maio 2019.
MICHAELS, T. CNA Skills Set: Patient Positions. CNA Exam Cram, [S. l.], 11 May 2014.
Disponível em: https://cnaexamcram.com/cna-skills-set-patient-positions/. Acesso
em: 20 maio 2019.
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA. Oxigenoterapia e ventilação mecânica em
atenção domiciliar. Belo Horizonte: Nescon UFMG, 2013. 82 p. Disponível em: https://
www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4259.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
POSITIONS to Reduce Shortness of Breath. Cleveland Clinic, Cleveland, 14 Sep. 2018.
Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/articles/9446-positions-to-reduce-
-shortness-of-breath. Acesso em: 20 maio 2019.
TAYLOR, C. R. et al. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de
enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1768 p.
VAUGHANS, B. W. Fundamentos de enfermagem desmistificados: um guia de aprendizado.
Porto Alegre: AMGH; Artmed, 2012. 372 p.

Leituras recomendadas
COSTA, A. L. J.; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed, 2014.
244 p. (Série Tekne. Eixo Ambiente e Saúde).
Processo de enfermagem e oxigenação/oxigenoterapia 15

GOMES, C. O. et al. (org.). Semiotécnica em enfermagem. Natal: EDUFRN, 2018. 431


p. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/25862/1/
Semiot%C3%A9cnica%20em%20Enfermagem.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
SOUTO, M. B.; LIMA, E. C.; BREIGEIRON, M. K. (org.). Reanimação cardiorrespiratória pedi-
átrica: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2008. 200 p.
Dica do professor
A administração de oxigênio medicinal, ao mesmo tempo em que causa inúmeras beneficências aos
pacientes que necessitam regular o seu processo respiratório, pode também causar lesões físicas,
pulmonares ou sistêmicas, dependendo da concentração do gás inalado, do período prolongado de
uso ou da fixação incorreta do dispositivo utilizado.

Nesta Dica do Professor, você conhecerá as complicações mais comuns provenientes da


Oxigenoterapia.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Um paciente com problemas respiratórios tem a necessidade de controle rigoroso acerca da


concentração do oxigênio a ser ministrado. Qual é o melhor dispositivo do tratamento de
oxigenoterapia, mais seguro e com quantidades mais exatas para a liberação da
concentração necessária ao paciente em questão?

A) Cateter nasal.

B) Cânula nasal.

C) Máscara Venturi.

D) Máscara facial simples.

E) Máscara de reinalação parcial.

2) A forma de administração da oxigenoterapia dependerá de distintos fatores, como: se o


paciente é respirador bucal ou nasal, o seu grau de desconforto, grau de hipoxemia, entre
outros. Assim sendo, para garantir uma forma adequada de oxigênio, o melhor
posicionamento do paciente será em:

A) fowler alta.

B) trendelenburg.

C) genupeitoral.

D) sims.

E) lateral.

3) O oxigênio é um elemento vital para os seres vivos. Esse gás está diretamente envolvido no
ciclo energético deles, sendo essencial para o pleno funcionamento do organismo humano.
Contudo, existem alguns fatores externos que podem alterar essa oxigenação. Frente a esse
assunto, é possível afirmar que:

A) A hemoglobina realiza o transporte de dióxido de carbono aos pulmões, resultando em uma


troca aumentada desse elemento no organismo.
B) Sobre o fator externo idade, quanto maior a idade do paciente maior será a capacidade
funcional dos pulmões.

C) Pacientes que utilizam opioides têm excitação do centro respiratório medular, acarretando
em uma frequência respiratória aumentada.

D) Pessoas sedentárias têm grande expansão dos pulmões e, consequentemente, pouca


estimulação dos alvéolos.

E) A obesidade provoca limitações do movimento torácico, diminuição da expansão pulmonar e


da inalação de oxigênio.

4) Os cuidados executados pelos profissionais da saúde são extremamente importantes para


melhorar o funcionamento do padrão respiratório. Existe um exercício a ser executado que
promove maximizar a inflação pulmonar e também permite que o próprio paciente visualize
o seu progresso na tarefa. Essa atividade é chamada de:

A) Inspiração.

B) Expiração.

C) Espirometria de incentivo.

D) Respiração profunda.

E) Tosse voluntária.

5) Atualmente, a oxigenoterapia domiciliar por tempo prolongado é o tratamento mais


eficiente para pacientes com insuficiência respiratória e hipoxemia. Assim sendo, sobre as
fontes de oxigênio para uso domiciliar, é correto afirmar que:

A) O cilindro de oxigênio tem fluxo máximo limitado de 5 litros por minuto.

B) O cilindro de oxigênio precisa de recargas frequentes.

C) O concentrador de oxigênio precisa de energia elétrica para funcionar.

D) O concentrador de oxigênio possibilita a locomoção e uso de refil portátil.

E) O oxigênio líquido portátil tem um volume de oxigênio ilimitado.


Na prática
A oxigenoterapia domiciliar é um tratamento terapêutico que fornece uma quantidade extra de
oxigênio, definida em prescrição médica e indicada para pacientes que têm problemas que alteram
o seu processo respiratório.

Conheça, Na Prática, o estudo de caso sobre oxigenoterapia domiciliar e a necessidade da


orientação dos cuidados pertinentes a esse tratamento.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Oxigenioterapia por máscara de cateter nasal


Assista ao vídeo realizado pela Associação Paulista para o desenvolvimento da medicina (SPDM)
acerca da técnica de oxigenoterapia pelo dispositivo: máscara de cateter nasal.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Oxigenioterapia por máscara de Venturi


Assista ao vídeo gravado pela Associação Paulista para o desenvolvimento da medicina (SPDM)
acerca da técnica de oxigenoterapia pelo dispositivo: máscara de Venturi.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você sabe o que é oxigenoterapia domiciliar prolongada?


Vídeo realizado pelo SBT Rio acerca da oxigenoterapia domiciliar prolongada.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP)


Artigo científico elaborado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia acerca do ODP.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Programa Oxigenoterapia Domiciliar atende 2,4 mil


catarinenses
Assista ao vídeo realizado pela Secretaria do Estado de Saúde de SC sobre o Programa de
Oxigenoterapia Domiciliar do Centro Catarinense de Reabilitação (CCR).

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar