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OBJETIVOS

1. Entender a fisiologia do músculo cardíaco, evidenciando o mecanismo de contração das


células miocárdicas.
- Ciclo cardíaco.
- Tecido muscular cardíaco.
- Funcionamento sincrônico das células musculares e potencial de ação.
2. Comparar o funcionamento do coração nas atividades aeróbicas e anaeróbicas.
3. Explicar os tipos de hipertrofia.
4. Descrever o funcionamento do eletro e do ecocardiograma.

REFERÊNCIAS

GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

HOWLEY, E. T. e POWERS, S. K. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao


condicionamento e ao desempenho. 8. Ed. Barueri: Manole, 2014.

MELO, T. L.; et al. Contração do músculo cardíaco. Revista de Trabalhos Acadêmicos -


Universo Recife. v. 4, n. 2-1, 2017.

MOORE, K. L.; et al. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.

PLEWS, D. J.; et al. Training adaptation and heart rate variability in elite endurance athletes:
opening the door to effective monitoring. Sports Medicine, v. 43, n. 9, p. 773-781. DOI:
10.1007/s40279-013-0071-8. Acesso em: 13 ago. 2021.

ROSS, M. H. e PAWLINA, W. Histologia: texto e atlas. 7. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2016.
CORAÇÃO - OBJETIVO PRIMEIRO

Propriedades do miocárdio:
Inotropismo - força de contração.
Cronotropismo - frequência.
Dromotropismo - condução elétrica.

Ciclo cardíaco

O ciclo cardíaco abrange o período de diástole (relaxamento), no qual o coração se enche de


sangue, e o período de sístole que é de contração, onde o sangue é ejetado.

Fases do ciclo cardíaco (Guyton, et al 2006)

1. Bomba de escova (primer pump) ou enchimento ventricular lento ou sístole atrial


Geralmente, cerca de 80% do sangue que está no átrio escoa diretamente para o ventrículo sem
o auxílio da contração, ficando apenas 20% com ela para terminar de encher os ventrículos.

2. Enchimento ventricular rápido


O sangue vai se acumulando nos átrios durante a sístole ventricular. Quando termina essa fase e
o ventrículo volta para a fase de diástole, que é o relaxamento, o volume sanguíneo que ficou
nos átrios exerce pressão nas valvas atrioventriculares (direita: tricúspide; esquerda: mitral ou
bicúspide) e, então, passa rapidamente para os ventrículos. Isso ocorre no primeiro momento da
diástole. No segundo momento, pouco sangue escoa diretamente para os ventrículos, e o
sangue vindo das veias continua a chegar nos átrios. Esses dois momentos correspondem aos
80% do enchimento ventricular. E, por último, no momento final da diástole ventricular, ocorre a
sístole atrial (contração do átrio) para terminar de encher o ventrículo, essa parte se refere aos
20% do enchimento dos ventrículos.

3. Contração isovolumétrica ou isométrica


Logo após o início da contração ventricular, ocorre o aumento da pressão ventricular e as valvas
atrioventriculares se fecham. Então, o ventrículo começa a se contrair, mas o sangue ainda não
é ejetado, pois, para que isso ocorra, é preciso até 0,03 segundos a mais para que tenha a
pressão necessária para que as valvas semilunares (direita: pulmonar; esquerda: aórtica) se
abram e o sangue seja ejetado de encontro à pressão nas artérias correspondentes, pulmonar
ou aorta.

4. Ejeção rápida
As valvas semilunares abrem quando a pressão no interior do ventrículo direito está por volta
dos 8 mmHg e do ventrículo esquerdo aos 80 mmHg; logo o sangue é ejetado para as
respectivas artérias. No primeiro momento da ejeção, 70% do sangue é expelido, esse período é
chamado de ejeção rápida.

5. Ejeção Lenta
Como 70% do sangue já foi ejetado, agora restam os 30%, que serão lançados no segundo e
terceiro momento, logo após o período de ejeção rápida. Destes, 30% correspondem ao período
de ejeção lenta.

6. Relaxamento isovolumétrico (isométrico)


Quando acaba o período de contração dos ventrículos, o relaxamento deles começa a ocorrer, e
as pressões em seu interior começam a diminuir. As valvas semilunares se fecham quando as
artérias começam a empurrar o sangue de volta para os ventrículos. Neste momento, o
ventrículo continua a relaxar, mas o volume não altera, sendo o período de relaxamento
isovolumétrico. Depois disso, as pressões dos ventrículos diminuem, o volume aumenta e eles
voltam ao momento de diástole. Assim, as valvas atrioventriculares se abrem dando início a um
novo ciclo.
Tecido muscular cardíaco

Podemos identificar três tipos de células cardíacas, com diferentes propriedades


eletrofisiológicas:

(1) células musculares, miócitos cardíacos (cardiomiócitos), presentes nas paredes atriais e
ventriculares, são especializadas na contração, sendo responsáveis, assim, pelo acoplamento
entre o impulso elétrico e a contração mecânica cardíaca;
(2) células de condução que são especializadas na condução rápida de impulso elétrico e estão
localizadas no sistema His-Purkinje, sendo essenciais para que o coração se contraia como um
todo;
(3) células marcapasso, que têm propriedade de autodespolarização, sendo capazes de gerar o
estímulo elétrico que se propagará pelo sistema cardíaco de condução, destacando-se as
células marcapasso presentes no nodo sinoatrial.

O tecido muscular é composto por células longas que contém, em seu interior, grande
quantidade de proteínas contráteis. O músculo cardíaco tem os mesmos tipos e o mesmo arranjo
de filamentos contráteis (filamentos de miosina e actina) do músculo esquelético. Portanto, as
células musculares cardíacas apresentam estriações transversais, mas ao contrário das fibras
esqueléticas que são multinucleadas, as fibras cardíacas possuem apenas um ou dois núcleos
centralmente localizados.
Essas proteínas geram as forças necessárias para a contração desse tecido, através do gasto
de ATP. O tecido muscular é dividido em três tipos específicos, de acordo com suas
características morfológicas e funcionais:

1. Tecido muscular liso


O músculo liso é formado por aglomerados de células fusiformes que não têm estrias
transversais. No músculo liso, o processo de contração é lento e não está sujeito ao
controle voluntário. Está presente nas paredes de vasos e órgãos (sistemas digestivo,
respiratório, urinário e reprodutor).
2. Tecido muscular estriado esquelético
O músculo estriado esquelético é formado por feixes de células cilíndricas muito longas e
multinucleadas, que apresentam estriações transversais. Essas células, ou
fibras, têm contração rápida e vigorosa e estão sujeitas ao controle voluntário. Liga-se
aos ossos.
3. Tecido muscular estriado cardíaco
O músculo estriado cardíaco, cujas células também apresentam estrias transversais, é
formado por células alongadas e ramificadas, que se unem por meio dos discos
intercalares, estruturas encontradas exclusivamente no músculo cardíaco. A contração
das células musculares cardíacas é involuntária, vigorosa e rítmica. O sistema gerador de
impulsos é formado por uma rede de células musculares cardíacas modificadas com a
função de produzir e conduzir o estímulo elétrico para a contração dos miócitos. Outro
ponto importante é que os miócitos não se regeneram.
Contração muscular

Os componentes da célula recebem nomes especiais nesse tecido: a membrana celular é


chamada de sarcolema; o citoplasma, de sarcoplasma, e o retículo endoplasmático liso, de
retículo sarcoplasmático. Observa-se que há uma membrana que reveste a fibra muscular
chamada de sarcolema, envolvendo, também, o líquido intracelular entre as fibras, chamada de
sarcoplasma. Estas fibras possuem o nome de miofibrilas, que, basicamente, são compostas de
actina e miosina.
O músculo não contrai como um todo, mas pela soma das contrações de unidades
microscópicas conhecidas como sarcômeros. Um sarcômero, então, vai de uma linha Z a outra
e, entre elas, destacam-se as estrias, típicas dos tecidos musculares estriado esquelético e
estriado cardíaco. Estas estrias, por sua vez, formam-se pela sobreposição ou não das
miofibrilas – filamentos de proteínas como actina e miosina. Assim, ao olharmos uma amostra de
músculo estriado ao microscópio é possível observar diferentes regiões:

Faixa escura (banda A): região na qual estão dispostos os filamentos proteicos mais espessos,
correspondentes à proteína miosina.

Faixa clara (banda I): região na qual estão dispostos os filamentos proteínas menos espessos,
dos quais se destaca a proteína actina. No centro de cada banda I aparece uma linha transversal
escura, a linha Z (Discos intercalares - linha zig zag - zônulas de adesão, desmossomos e
junções comunicantes).

Banda H: zona mais clara no centro da banda A (dividida ao meio pela linha M) onde os
filamentos de actina não estão sobrepostos aos filamentos de miosina.
O mecanismo da contração muscular consiste no deslizamento dos filamentos de actina sobre
os de mio­sina, o que resulta em um encurtamento dos sarcômeros. Com isso, há diminuição do
comprimento de cada fibra muscular e, portanto, contração do músculo.

A membrana da célula muscular, o sarcolema, possui algumas invaginações, conhecidas como


túbulos T.

Quando o potencial de ação é gerado e percorre por esses túbulos T, ocorre mudança em um
receptor de membrana, o DHP (Receptor diidropiridina).

Esse receptor DHP possui uma interação com um outro receptor presente na membrana do
retículo sarcoplasmático, o receptor Ryr 1 (rianodina), e, ao ocorrer a alteração de conformação
do DHP, há abertura do Ryr 1, e, com isso, o cálcio, que estava armazenado no retículo
sarcoplasmático, é liberado para o sarcoplasma.

Com a chegada do impulso nervoso de Ca à fibra muscular (por meio de uma despolarização do
sarcolema), ele passa pelo túbulo T (invaginação do sarcolema), alcançando a junção entre
túbulo T e cisternas terminais (fazem parte do retículo sarcoplasmático e armazenam cálcio) e
abrindo o canal de rianodina, há liberação de íons Ca2+ a partir do retículo sarcoplasmático. O
cálcio, que estava armazenado no retículo sarcoplasmático, é liberado para o sarcoplasma. Com
a elevação da concentração desses íons no sarcoplasma, o Ca2+ se liga à molécula de
troponina, alterando sua conformação, o que gera uma movimentação e desloca a molécula de
tropomiosina e libera a região da actina que tem afinidade com a miosina, possibilitando que as
cabeças da miosina escorreguem pelos filamentos de actina. A troponina é a dobradiça e a
tropomiosina é a porta da actina. O deslocamento destas proteínas inibitórias possibilita a
interação das miofibrilas com ATP e deslizamento da actina em relação à miosina. Isto reduz a
dimensão da banda H, encurtando o sarcômero e, consequentemente, levando à contração
muscular.

Após a contração, o relaxamento muscular ocorre quando o Ca2+ é bombeado de volta ao


retículo sarcoplasmático por um mecanismo de transporte ativo pela SERCA ou pela saída de 1
Ca e a entrada de 3 Na+. Há também a Bomba de Sódio e Potássio (que ocorre através de
enzimas que quebram o ATP. Por isso, são chamadas de ATPases) para equilibrar a quantidade
de sódio que entrou. Ativação da Ca2+ ATPase que bombeia Ca2+ de fora para dentro do
retículo sarcoplasmático. A redução da concentração deste íon no sarcoplasma retorna troponina
e tropomiosina à sua posição inibitória, impedindo a interação entre actina e miosina (que tem a
molécula de ATP ligada novamente a suas cabeças).
A Contração Muscular (Parte 1 de 4)
A Contração Muscular (Parte 2 de 4)
A Contração Muscular (Parte 3 de 4)
A Contração Muscular (Parte 4 de 4)

Funcionamento sincrônico das células musculares e potencial de ação


Primeiramente, o músculo cardíaco tem caráter sincicial, formado pelo sincício atrial e pelo
sincício ventricular, separados por uma camada de tecido fibroso. Esse carácter corresponde à
habilidade do coração de propagar o estímulo muito facilmente. Também, podemos comentar
que o tecido fibroso que circunda as aberturas das valvas atrioventriculares é responsável, em
situações normais, por não permitir que os potenciais atravessem essa barreira. Esses
potenciais não conseguem atingir diretamente os ventrículos, que são conduzidos pelo feixe
atrioventricular. Dessa maneira, os átrios se contraem antes dos ventrículos.

A contração do músculo cardíaco é um sistema intrínseco, pois o coração funciona como um


grande sincício, onde as fibras musculares encontram-se interconectadas por discos
intercalares, que promovem a propagação do potencial de ação, provocado pela abertura de dos
canais de sódio e de cálcio por toda a treliça de intercomunicações, proporcionando sua
contração.
O músculo cardíaco apresenta membranas celulares que separam fibras musculares cardíacas
adjacentes: os discos intercalares. Eles formam uma rede que visa propagar o potencial de ação
de uma fibra muscular à outra, no sentido longitudinal;
O músculo cardíaco age como um sincício, ou seja, uma interligação de células musculares
cardíacas que tem a propriedade de propagar um potencial de ação de uma fibra muscular para
todas as demais; Por definição, um sincício é uma “massa de protoplasma (citoplasma, núcleo,
organelos) multinucleada produzida por uma fusão de células”.
O coração possui dois sincícios: o sincício atrial (paredes dos átrios) e o sincício ventricular
(paredes dos ventrículos), interligados por um sistema especializado de condução, o Feixe de
His (fascículo atrioventricular). Esta presença dos dois sincícios é fundamental para a eficácia do
bombeamento cardíaco.

Microscopicamente, o tecido apresenta discos intercalados com gap junctions, ou junções


comunicantes, associadas a desmossomos (é uma junção celular constituída por duas partes,
uma delas na membrana de uma das células e a outra, na membrana da célula vizinha). Essa
forma organizacional permite maior adesão das células cardíacas, pelos desmossomos; concede
mais estabilidade; oferece mais força; e as junções comunicantes fazem com que haja um fluxo
livre de íons, possibilitando, além de maior velocidade de contração, que o coração em sua
totalidade se contraia.

Os discos intercalares são encontrados exclusivamente no tecido cardíaco e possuem a função


de transmitir os sinais de uma célula para outra, garantindo a sincronização da contração
cardíaca e impedindo a separação dessas células durante o batimento cardíaco.

CORTE LONGITUDINAL
Nos discos intercalares (linha em zig zag) encontram-se três especializações juncionais
principais: zônula de adesão, desmossomos e junções comunicantes. As zônulas de adesão
representam a principal especialização da membrana da parte transversal do disco, estão
presentes também nas partes laterais e servem para ancorar os filamentos de actina dos
sarcômeros terminais. Os desmossomos unem as células musculares cardíacas, impedindo que
elas se separem durante a atividade contrátil. Nas partes laterais dos discos encontram-se
junções comunicantes, que, ao permitir a passagem de íons de uma célula à outra, promovem a
rápida propagação da despolarização da membrana e a sincronização da contração das células.
As junções comunicantes são responsáveis pela continuidade iônica entre células musculares
vizinhas, o que se torna importante para que a contração passe como uma onda de uma célula
para outra.
Por definição, o potencial de repouso de uma membrana é o potencial transmembrana da
mesma quando se observa um fluxo nulo efetivo de correntes através desta. Ou seja, o número
de cargas positivas que entram na célula deve ser exatamente igual ao de cargas positivas que
saem dela. Tratando-se do coração, esta é a razão pela qual, durante a diástole, o potencial
permanece estável ao longo do tempo em todas as células miocárdicas, exceto nos
marcapassos, que despolarizam e transmitem esse estímulo para a sístole que acontecerá a
seguir.

O potencial transmembrana de uma célula depende, basicamente, das concentrações dos vários
íons nas duas faces da membrana plasmática, portanto, dos potenciais de equilíbrio destes íons,
e das condutâncias da membrana a estes íons, ou seja, da facilidade com que a membrana
plasmática se deixa permear por cada um destes íons a cada momento. Deste modo, todos os
íons presentes nos meios intra e extracelular podem contribuir para o potencial transmembrana
de uma célula.

No quadro:

Propriedades miocárdio
Tipos de células do tecido muscular cardíaco
Desenho do nodo sinoatrial transmitindo p tecido muscular cardíaco um impulso elétrico
Tecido muscular cardíaco
Puxa setinha de zoom, abre a célula, mostra os componentes, falar de miofibrilas, sarcolema,
sarcoplasma, retículo sarcoplasmático, mitocôndria
Puxa setinha de zoom nos discos intercalares e mostra a zônula de adesão, o desmossomo e a
junção comunicante
Puxa setinha de zoom na parte estriada (miofibrilas) e abre o sarcômero, mostra o sarcômero
contraído e relaxado
Puxa setinha de zoom para mostrar actina com troponina e tropomiosina aderida nela e a
miosina com suas cabeças

Ciclo cardíaco
CORAÇÃO - OBJETIVO SEGUNDO

- Atividades aeróbicas (dinâmicas)


Elas promovem:
– Fortalecimento e aumento do músculo cardíaco;
– Melhora da circulação do sangue;
– Redução e controle do peso;
– O coração é submetido a uma sobrecarga volumétrica que provoca dilatação da
cavidade ventricular;
– Hipertrofia cardíaca excêntrica.

- Atividades anaeróbicas (estáticas)


São exercícios de alta intensidade e curta duração que envolvem um esforço intenso
realizado por um número limitado de músculos em que há produção de ácido lático. Eles
são muito bons para a queima de gordura e para o tônus muscular, aumentando a
resistência e a performance.
– Aumento da musculatura e força do coração.
– Aumento da resistência anaeróbia
– Hipertrofia cardíaca excêntrica.
CORAÇÃO - OBJETIVO TERCEIRO

Definição de Hipertrofia

Diferente da hiperplasia, a qual aumenta o órgão por meio da proliferação celular, na


hipertrofia não são formadas novas células, há alteração apenas no tamanho e no volume
daquelas já existentes, por meio do aumento de seu conteúdo intracelular. Os fatores que
estimulam a hipertrofia podem ser:

● Aumento da demanda funcional do órgão. Por exemplo, quando uma pessoa passa a
requerer mais contração muscular em seu cotidiano devido a prática de atividade física,
as células musculares iniciam o processo de hipertrofia para atender essa demanda
fisiológica;
● Fatores de crescimento.
● Estímulos hormonais. Por exemplo, a testosterona estimula também a hipertrofia
muscular, assim como a insulina a estimula nos adipócitos.

Causas de Hipertrofia

- Situações patológicas: associadas a maiores índices de mortalidade. Ocorre um aumento


do volume dos cardiomiócitos, as células musculares do coração, porém essas
mudanças são acompanhadas de necrose ou morte dos miócitos e fibrose no interstício
do miocárdio devido à produção de colágeno e deposição de proteínas da matriz, como
fibronectina e laminina.
1. CIA: Comunicação interatrial por problema no fechamento do forame oval do
desenvolvimento embrionário ou por uma abertura posterior. O sangue oxigenado
que chega ao átrio esquerdo atravessa para o átrio direito. Causa a comunicação
interatrial e hipertrofia o átrio e o ventrículo direitos e o tronco pulmonar (a artéria
pulmonar). Há a sobrecarga do sistema vascular pulmonar.
2. Hipertensão: Aumento da pressão arterial. A pressão arterial elevada representa o
aumento da resistência à passagem do sangue pelas artérias do corpo, exigindo
maior força por parte do coração e, consequentemente, hipertrofiando o
miocárdio. Pode haver uma hipertrofia continuada, que vai ser limitada pelo
suprimento de ATP pelas mitocôndrias, podendo haver degenerações celulares e
ocorrer a dilatação ventricular e a consequente falência cardíaca.

- Situações fisiológicas: melhora do funcionamento do miocárdio.


1. Atletas, aumento da demanda fisiológica.

Tipos de Hipertrofia

- Concêntrica
Atletas dedicados ao treinamento de força (treinamento resistido) apresentam períodos
breves com aumentos consideráveis da pressão arterial sistólica e diastólica, e aumentos
moderados da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. A resposta
cardíaca é uma hipertrofia fisiológica caracterizada por aumento da espessura da parede
ventricular, com os novos sarcômeros depositados “em paralelo” em relação aos
pré-existentes, aumentando a seção transversal das células. A espessura do miocárdio
não ultrapassa o limite da normalidade. “Hipertrofia concêntrica do coração”. A hipertrofia
concêntrica é resultado de uma sobrecarga de pressão que promove aumento da
espessura da parede do ventrículo sem, no entanto, ampliar a cavidade ventricular.
Ocorre um aumento regular da espessura da parede ventricular com diminuição do
tamanho das câmaras cardíacas.

- Excêntrica
Atletas de resistência, como ciclismo e corrida e triathlon são submetidos a longos
períodos de sobrecarga de volume no ventrículo esquerdo, caracterizada por aumentos
importantes de frequência cardíaca, de volume sistólico, de débito cardíaco e aumentos
moderados de pressão arterial média. Há um alongamento das fibras miocárdicas e
dilatação das câmaras cardíacas, aumentando o volume diastólico. A resposta do
coração é aumento importante de câmara ventricular esquerda e grande aumento da
espessura da parede do miocárdio, sendo os novos sarcômeros depositados “em série”
em relação aos pré-existentes, aumentando a seção longitudinal das células. “Hipertrofia
excêntrica do coração”. Na hipertrofia excêntrica o coração está submetido a uma
sobrecarga volumétrica que provoca dilatação da cavidade ventricular. O mecanismo de
Frank-Starling diz que quanto mais distendido o miocárdio for durante o enchimento,
maior será a força de contração ventricular, então quando uma quantidade adicional de
sangue chega aos ventrículos, o músculo cardíaco é mais distendido.

CORAÇÃO - OBJETIVO QUARTO

- Eletrocardiograma
O paciente deve deitar-se numa maca, de barriga para cima, tendo ao lado o pequeno
aparelho chamado de eletrocardiógrafo portátil que será usado para registrar o exame no
computador. O técnico em eletrocardiograma colocará eletrodos grudados à pele dos
braços (faces anteriores dos punhos), pernas (faces ântero-mediais) e tórax do paciente,
que captam os estímulos elétricos do coração ou as repercussões deles à distância. A
pele deve estar bem limpa e desengordurada nos locais de fixação dos eletrodos. Para
facilitar a captação desses estímulos geralmente é aplicado sobre a pele um gel condutor.
Os eletrodos dos membros são fixados por braceletes e os do tórax por uma espécie de
ventosa de borracha, permitindo aderência à pele sem o uso de agulhas ou outros
instrumentos invasivos. Se o corpo do paciente tiver muitos pelos, a depilação deve ser
feita e se a pele for especialmente oleosa deve ser promovida uma limpeza local com
álcool.
Veja na figura abaixo a posição correta dos eletrodos no tórax do paciente.

O aparelho de eletrocardiograma é composto de um sistema eletrônico capaz de captar os


estímulos elétricos na pele, produzidos pelo coração. Ele amplia o sinal do batimento e
transforma num traçado visível na tela do computador na forma de um gráfico. Por isso o nome
de exame gráfico.
PONTO P
A onda P representa a ativação dos átrios. Despolarização atrial - nó SA dispara
espontaneamente (um evento invisível no ECG) e uma onda de despolarização começa a se
espalhar de dentro para fora pelo miocárdio atrial (igual a quando uma pedra é atirada em um
lago calmo e sereno). A despolarização das células miocárdicas atriais resulta em contração
atrial, a onda P.

Após a despolarização atrial, a condução elétrica é canalizada pelo septo interventricular, visto
que as válvulas cardíacas impedem a comunicação direta com os ventrículos. Na parede septal,
um segundo nódulo, o AV, diminui a velocidade de condução (uma pausa elétrica no ECG), a fim
de o ventrículo conseguir se encher adequadamente.

SEGMENTO QRS
A corrente elétrica flui para as câmaras inferiores do coração (ventrículos). O complexo QRS
representa a ativação dos ventrículos. Despolarização ventricular - após a corrente passar pela
parede septal, esta atinge rapidamente os ventrículos por meio de um sistema especializado de
condução ventricular: Feixe de His, Ramos do feixe e Fibras terminais de Purkinje. O feixe de His
emerge do nó AV e se divide em ramos direito e esquerdo. O ramo esquerdo se divide ainda em
três fascículos: (1) septal, que despolariza a parede septal da esquerda para direita; (2) anterior,
que segue pela superfície anterior do VE; (3) posterior, que segue pela posterior do VE. A
despolarização do miocárdio ventricular produz a contração ventricular. Ela é marcada por uma
grande deflexão no ECG chamada de complexo QRS. A amplitude do complexo QRS é muito
maior do que a da onda P porque os ventrículos têm muito mais massa muscular do que os
átrios.
O complexo QRS consiste em várias ondas distintas, que são designadas de acordo com cada
deflexão:
Se a primeira deflexão for para baixo, é chamada de onda Q.
A primeira deflexão para cima é chamada de onda R.
Se houver uma segunda deflexão para cima, ela é chamada R’.
A primeira deflexão para baixo, após uma deflexão para cima, é chamada de onda S.

ONDA T
Normalmente de início lento e final rápido. Os ventrículos precisam passar por uma alteração
elétrica para se prepararem para o próximo batimento cardíaco. Esta atividade elétrica é
chamada onda de recuperação, representada pela onda T. Repolarização - após a
despolarização dos ventrículos, as células miocárdicas passam por um período refratário no qual
são resistentes a outra estimulação. Neste meio tempo, as células repolarizam. No ECG essa
repolarização ventricular é representada pela onda T. Por ser um processo mais lento que a
despolarização, a onda T é mais larga do que o complexo QRS.

INTERVALO QT
Compreende o período entre o início do complexo QRS e o final da onda T. Representa a
duração total da atividade elétrica ventricular. O valor deve ser corrigido de acordo com a
frequência cardíaca. É a medida do início do complexo QRS até o final da onda T, o que
representa toda atividade de despolarização e repolarização ventricular. É a representação
elétrica do período compreendido entre a contração isovolumétrica até o relaxamento ventricular
isovolumétrico.
- Ecocardiograma
Registro gráfico da posição e do movimento do coração por meio do eco obtido de feixes
de onda de ultrassom direcionadas através da parede torácica. O ecocardiograma é um
exame realizado por meio de um aparelho de ultrassom. O dispositivo é capaz de captar
ondas sonoras e transformá-las em imagens. Para a realização do ecocardiograma, é
necessário remover todas as jóias e roupas acima da cintura. Poderá ser oferecido ao
paciente uma roupa cirúrgica para o seu melhor conforto. O paciente será posicionado de
barriga para cima e em seguida o médico cardiologista especializado deslizará um
transdutor com gel (este dispositivo recebe energia mecânica (som) e, após interação
com o meio de propagação, converte-a em energia elétrica, de forma que se pode
armazenar, processar e visualizar este sinal) sobre o peito do paciente para visualizar
todas as partes do coração. O gel facilita a visualização, é fabricado à base de água e
não causa alergia em contato com a pele.

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