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● Partes do rim
○ Hilo renal: porção central do rim, onde chegam os nervos e vasos renais
○ Parênquima renal: responsável pela formação da urina
■ Cortical
● Mais externa
● Constituída dos glomérulos e túbulos contorcidos
proximais e distais
■ Medular
● Mais interna
● Constituída pelas alças de Henle e ductos coletores, os
quais se abrem nas papilas dos cálices menores
○ Após ser formada no parênquima renal, a urina drena para uma rede
de cavidades:
■ Cálices renais menores → cálices renais maiores → pelve renal
○ Envolvendo o rim, encontra-se a cápsula renal, a qual é circundada
pela gordura perirrenal, denominada fáscia de Gerota
■ A gordura perirrenal, localizada entre o rim e a fáscia renal, é a
responsável pela visualização radiológica da silhueta renal
● Principais funções dos rins
○ Manutenção da volemia e da osmolaridade do fluido extracelular
○ Regulação das concentrações de Na+, K+, Ca++, Mg++, Cl-, HCO3-,
fosfato e outros íons
○ Excreção de produtos derivados do metabolismo: ureia, creatinina,
ácido úrico
○ Manutenção do equilíbrio ácido básico
○ Eliminação de drogas e toxinas exógenas
○ Participação no sistema endócrino: produção de renina, eritropoetina,
1,25-diidroxicolecalciferol (vitamina D3 ativa), prostaglandinas e cininas
Néfrons
● Cada rim possui cerca de 1 milhão de néfrons
● Cada néfron é formado por:
○ Cápsula de Bowman + glomérulo + vasos + túbulos + intersticio
● Segmentos e suas principais funções
■ Então, a constrição da arteríola aferente causa uma diminuição
da Pressão Capilar Glomerular (PCG) e portanto uma diminuição
no fluxo e na TFG
■ Por outro lado, a constrição da arteríola eferente causa um
aumento na PCG, um aumento na TFG mas uma diminuição do
fluxo, já que a vasoconstrição aumenta a resistência vascular
○ Quando aumenta a PA, a arteríola aferente faz vasoconstrição para
diminuir a pressão glomerular
○ Em picos hipertensivos muito elevados, o paciente sai da faixa de
modulação e proteção renal
■ Quando há instalação da hipertensão acelerada maligna, tem
lesão renal e o paciente evolui para IRC em poucas semanas se
não houver tratamento rápido
○ Medicamentos que interferem na circulação renal
■ AINEs: inibem a produção local de prostaglandinas que
protegem a arteríola aferente (fazem vasodilatação). Assim, com
sua inibição há vasoconstrição aferente, levando a uma
diminuição da pressão de ultrafiltração (Pcg), diminuição da TFG
e aumento de creatinina
■ IECA e BRA: inibem o SRAA que quando ativado provoca retenção
hidrossalina, aumento da PA e vasoconstrição da eferente,
entrando na fase de hiperfluxo (aumenta TFG). Assim, esses
medicamentos agem provocando uma vasodilatação eferente,
promovendo uma diminuição da pressão de ultrafiltração de
forma mais fisiológica e não tão intensa como ocorre na
vasoconstrição aferente (onde o fluxo renal também cai)
● Essa vasodilatação causa proteção renal por diminuir a
sobrecarga glomerular, diminuir a pressão de perfusão e
perda de proteína
● Paciente com IRC grave, com pouca função renal, as vezes
precisa de uma pressão de perfusão maior para manter a
função
○ Por isso as vezes paciente com IRC tomam IECA e
BRA e acaba indo parar no PS
Aprofundando nos glomérulos pra conseguir entender (ou não rs) as
glomerulonefrites lá na frente
● É a porção do néfron responsável pela produção de um ultrafiltrado a partir
do plasma
● É formado pelo tufo de capilares especializados, ligado ao mesângio, e pela
cápsula de Bowman. Os capilares e o mesângio são revestidos por células
epiteliais (podócitos), formando o epitélio visceral da cápsula de Bowman
● O glomérulo é formado essencialmente por 3 estruturas
○ Células especializadas
■ Células endoteliais: formam o lúmen do capilar glomerular
■ Células mesangiais: localizam-se na região centrolobular do
glomérulo
■ Células epiteliais viscerais (podócitos): situam-se no revestimento
externo dos capilares glomerulares
● PP = podócito primário
● PS = podócito (ou processo) secundário
■ Células epiteliais parietais: revestem a cápsula de Bowman
○ Membrana Basal Glomerular (MBG)
■ Única estrutura contínua que separa o sangue glomerular do
espaço de Bowman
■ Funciona como esqueleto do tufo glomerular e forma a barreira
de filtração entre o sangue e o espaço urinário
■ É sintetizada pelos podócitos e pelas células endoteliais e
constituída por colágenos tipos IV e V, laminina, sulfato de
heparan (proteoglicanos) e entactina
● O principal constituinte é o colágeno tipo IV, entretanto o
sulfato de heparan que é o responsável pela carga
negativa da MBG
■ A constituição da MBG permite que ela funcione como um filtro,
sendo permeável a pequenas substâncias (filtragem
tamanho-seletiva) e com carga iônica positiva (filtragem
íon-seletiva)
○ Mesângio
■ Tecido de sustentação entre as alças capilares glomerulares
■ Apresenta um tipo celular - a célula mesangial
● Os prolongamentos podocitários ao se cruzarem delimitam importantes
espaços alongados, as fendas de filtração. Assim, como as células endoteliais
são fenestradas e o folheto visceral da cápsula de Bowman apresenta fendas
de filtração, a única estrutura contínua que separa o sangue glomerular do
espaço de Bowman é a MBG
● A força que move o fluido dos capilares glomerulares para o espaço de
Bowman é derivada da força hidráulica do coração
● A TFG depende da:
○ Pressão de ultrafiltração
○ Pressão oncótica do sangue
○ Área de superfície dos capilares
○ Permeabilidade do capilar (propriedade intrínseca)
Aparelho justaglomerular
● Localizado no pólo vascular do glomérulo e é constituído por quatro
estruturas
○ Arteríola aferente (porção terminal): antes de se capilarizar em
glomérulos, costuma apresentar uma modificação da camada média e
passa a exibir células especiais que, pela localização, são chamadas
justaglomerulares (ou granulares produtoras de renina)
○ Arteríola eferente (porções iniciais)
○ Mácula densa: formada por modificação da parede do túbulo
contorcido distal, exatamente no ponto onde estão as células
justaglomerulares, e por células especializadas que estão em íntimo
contato com a região distal do glomérulo
○ Mesângio extraglomerular
● É a estrutura mais importante do SRAA
● Funções do aparelho justaglomerular
○ Produção de renina
■ Nas paredes das arteríolas aferentes, há as células granulares
responsáveis pela produção de renina
○ Alça importante do reflexo tubuloglomerular
■ A redução do aporte de sódio na mácula densa aciona um
sistema de feedback que leva à dilatação da arteríola aferente,
aumentando a TFG
● Isso acontece por exemplo em hipovolemia, que diminui a
PA e chega menos sódio, aumentando a produção de
renina
■ O aumento do aporte de sódio leva à constrição da arteríola
aferente, o que reduz o ritmo da TFG. A resposta é mediada pela
angiotensina II
● A estenose de artéria renal diminui o fluxo glomerular, pois atua diretamente
no aparelho justaglomerular. Ocorre, então, estímulo do sistema
renina-angiotensina-aldosterona, levando ao quadro de hipertensão arterial
sistêmica de causa renovascular
Lembrando da ação dos diuréticos
● Osmóticos
○ Exemplos: manitol, isossorbida, sorbitol
○ Agem: TCP, alça de Henle e ducto coletor
○ Média potência
○ Em altas concentrações, a glicose (diabetes mellitus) e a uréia (uremia)
podem agir como diuréticos osmóticos
○ Como não são absorvidos pelas células tubulares sua presença cria
pressão osmótica dentro do túbulo, impedindo a água de ser
reabsorvida passivamente
● Inibidores da anidrase carbônica
○ Exemplos: acetazolamida, metazolamida, indapamida
○ Agem: TCP
○ Fraca potência
○ Quase não se usa mais, mas ainda é usado para glaucoma
○ Inibem reversivelmente a anidrase carbônica (AC) no TCP, promovendo
uma diminuição do número de prótons H+ disponíveis para a troca
Na+/H+ e consequente há uma diminuição da reabsorção de água
■ Os diuréticos que agem no túbulo proximal são apenas
medianamente potentes, uma vez que seu efeito é, em grande
parte, compensado pelos demais segmentos
○ Provoca excreção de HCO3-, levando a alcalinização da urina e
acidificação do sangue
● Diuréticos de alça
○ Exemplos: furosemida, bumetanida, ácido etacrínico
○ Agem: na porção ascendente da alça de Henle (porção espessa)
○ Alta potência
○ Inibem o funcionamento do cotransportador Na+/K+/2Cl-, o que diminui
drasticamente a absorção de eletrólitos nesse segmento e promove
■ Hipocalemia (K)
■ Alcalose metabólica
■ Hipocalcemia (Ca)
■ Hipomagnesemia (Mg)
○ Devido a depleção desses eletrólitos pode causar arritmias e alcalose
metabólica hipocalêmica
● Diuréticos tiazídicos
○ Exemplos: HCTZ, clorotiazida
○ Agem: TCD
○ Atuam no cotransporte de Na+ e Cl -, inibindo a reabsorção de Na e Cl,
deixando mais dos dois íons livres no sistema tubular
○ Média potência, pois atuam no túbulo distal (uma vez que esse
segmento não reabsorve mais de 5% da carga filtrada de sódio)
○ Também é espoliador de K (pode provocar hipocalemia)
■ Como tá perdendo dois positivos (Na+ e K+) tem que absorver
outro, então absorve o Ca²+
■ Por isso são preferíveis em pacientes com osteoporose
○ Pode também gerar hiperglicemia, diminuição à tolerância à glicose,
aumento do LDL, colesterol, TG, alcalose metabólica hipocalêmica,
impotência masculina
● Poupadores de potássio
○ Exemplos: espironolactona, amilorida
○ Agem: no ducto coletor
○ Baixa potência
○ Inibe a ação da aldosterona no túbulo coletor, fazendo com que não
tenha reabsorção de Na e eliminação de K
○ Podem gerar hipercalemia e acidose metabólica hiperclorêmica
2) MÉTODOS COMPLEMENTARES DIAGNÓSTICOS EM
NEFROLOGIA
Introdução
● A história e o exame físico, muitas vezes, não são suficientes para o
diagnóstico preciso das enfermidades renais
● Normalmente, os rins não podem ser palpados no exame físico, porém rins
aumentados de volume (como os rins policísticos ou com tumor renal), em
geral, podem ser palpados, assim como a bexiga aumentada de volume
EAS ou análise de urina tipo I
● A urina utilizada para exame deve ser
○ Recém-emitida
○ Preferencialmente sem cateterismo vesical
■ Mas as vezes é preciso colher
○ Pela manhã ou cerca de 2 horas após a última micção
○ Em condições ideais, deve ser obtida a fração do jato médio da urina
da segunda micção da manhã, cerca de 2 horas após a primeira
■ Tem situações que quer o primeiro jato, por exemplo, algum
problema na uretra, prostatite etc
○ Para a coleta de urina na mulher, a genitália deve ser cuidadosamente
limpa
■ Deve-se evitar a coleta em dias próximos do início ou fim do
período menstrual, ocasião em que poderá ocorrer
contaminação com hemácias
○ A amostra pode ser avaliada, no máximo, 120 minutos após a coleta,
desde que mantida durante esse período sob refrigeração (2 a 8 °C)
● As análises do exame de urina são agrupadas em 3 categorias:
Análise física
○ Volume
■ No adulto o volume urinário varia de 0,5 - 1,5 mL/kg/hora
■ Poliúria: pode fazer parte das alterações iniciais da DRC, maior
ingestão hídrica, diabetes insipidus ou descompensação
diabética
■ Oligúria: volume urinário ≤ 0,5 ml/kg/hora. Presente na IRA,
desidratação, obstrução
■ Anúria: ≤ 100 mL/dia. Sempre afastar causas obstrutivas
○ Cor e aspecto
■ Amarelo-claro/âmbar: normal
■ Incolor: hiperhidratação, uso de diuréticos, diabetes insipidus
■ Amarelo-escuro: urina concentrada (pode significar desidratação
ou simplesmente restrição hídrica)
■ Amarelo-escuro/marrom: bilirrubina (colúria), cloroquina,
nitrofurantoína, metronidazol, levodopa, babosa
■ Laranja: fármacos como rifampicina, fenazopiridina e riboflavina,
vitamina C, warfarina, alimentos como cenoura, pigmentos
biliares
■ Vermelha/marrom: hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria,
Necrose Tubular Aguda (NTA), rabdomiólise, fenitoína, ingesta
excessiva de beterraba
■ Turva/leitosa: infecções, piúria, quilúria, fungos, cristais de
fosfato, propofol
■ Rosa: cristalúria de ácido úrico maciça, beterraba
■ Azul/verde: azul de metileno, Pseudomonas, amitriptilina,
propofol
■ Esverdeada fluorescente: complexo B
■ Preta: alcaptonúria (metabolismo da tirosina)
○ Odor
■ Fétido: infecção urinária
■ Adocicado: cetonúria
■ De óleo de peixe: hipermetioninemia
■ De mofo: fenilcetonúria
○ Densidade e osmolaridade
■ A densidade urinária normal varia de 1.015 a 1.025 g/mL
● < 1005 = diabetes insipidus ou intoxicação por água
● < 1010 = defeito na concentração (DRC, NTA)
● > 1025 = desidratação
● > 1032 = compatível com glicosúria
● > 1040 = considerar agentes osmóticos (manitol)
Parâmetros químicos
○ pH
■ Reflete a presença de íons de hidrogênio (H+)
● Não necessariamente reflete a carga total de ácidos na
urina, uma vez que a maior parte dos ácidos é excretada
como amônia
■ Varia entre 5,5 e 6,5 (normal)
■ pH < 5,5
● Acidose metabólica
● Dieta rica em proteínas
● Depleção de volume
● Urinas ácidas e litíase
○ Geralmente cálculos de ácido úrico
■ pH > 6,5
● Acidose tubular renal (reabsorção inadequada de HCO3-
ou incapacidade de acidificar apropriadamente a urina)
● Infecção por organismos urease positivos (por exemplo
Proteus e Klebsiella) - geram amônia a partir da uréia e
favorecem a formação de cálculos de estruvita
(coraliformes)
● Dietas vegetarianas
● Diuréticos
● Vômitos
● Uso de substâncias alcalinas
○ Bilirrubina e urobilinogênio
■ A urina normalmente não contém quantidades detectáveis de
bilirrubina
■ Apenas a bilirrubina direta (conjugada) é hidrossolúvel e pode,
portanto, passar para a urina
● Na estase biliar por obstrução (colestase) ou drogas, a
pesquisa de bilirrubina na urina é positiva
■ Em situações de hemólise, em que aumenta a bilirrubina indireta
(que não é hidrossolúvel), a pesquisa de bilirrubina na urina é
negativa
● Já o urobilinogênio pode ser positivo em casos de
hemólise e hemorragias digestivas, já que a bilirrubina
indireta vai pro trato gastrointestinal (ex: hemorragia
digestiva alta, esse sangue vai ser digerido), vai ser
transformado em urobilinogênio pelas bactérias, que vai
ser reabsorvido e excretado pelos rins
RESUMINDO (rs)
■ O urobilinogênio urinário é negativo nas icterícias obstrutivas
(colestase, por ex), pois não há quebra de bilirrubina na luz
intestinal
■ A quantidade de urobilinogênio considerada normal na urina é
de 0,2 a 1 mg/dL
○ Esterase leucocitária e nitrito
■ Tanto a positividade do nitrito quanto a da esterase leucocitária
são achados indiretos que podem sugerir infecção urinária
■ Esterase leucocitária é uma enzima liberada por neutrófilos e
macrófagos lisados na inflamação do epitélio vesical por
bactérias presentes na urina
● Degrada ésteres em álcool presentes em células brancas
■ Um teste positivo para nitrito significa que essas bactérias estão
presentes em mais de 10.000/mL
● Bactérias redutoras de nitrato em nitrito pela enzima
nitrato redutase (gram -): Pseudomonas e Enterococcus
● Neisseria gonorrhoeae não converte (então nitrito é
negativo)
■ Piúria = associada a bacteriúria
● Quando estéril: NIA, TB renal ou nefrolitíase
○ Glicose
■ Fitas reagentes detectam concentrações entre 0,5 e 20 g/L
■ Comum em diabéticos descompensados (glicosúria aparece com
glicose sérica acima de 180, geralmente > 210 mg/dL)
■ Pode ocorrer em tubulopatias proximais (Sd. de Fanconi) e em
outras patologias diversas como uricosúria, acidose tubular
renal, aminoacidúria
○ Corpos cetônicos
■ Acetoacetato e acetona podem aparecer na urina de pacientes
com jejum prolongado, dietas pobres em carboidratos,
cetoacidose diabética ou alcoólica
■ Geralmente são detectados com a reação de nitroprussiato
○ Hemoglobina e mioglobina
■ Feito também pela fita reativa - peroxidase like
■ Hemoglobinúria: presença da molécula de Hb, ou seja, do
pigmento, não da célula (hemácia)
● Detecta o grupo HEME
● Pensar quando há hemólise intravascular
■ Fonte do excesso de mioglobina é a degradação do músculo
esquelético (rabdomiólise), que também está associada à
elevação acentuada da concentração de creatinofosfoquinase
(CPK) no soro
■ Quando o teste é positivo para hemoglobina, porém com
quantidade de hemácias normal, sugere se que o paciente tenha
hemoglobinúria (hemólise) ou mioglobinúria (rabdomiólise)
■ Nessas circunstâncias, o aspecto do plasma pode ajudar, pois,
na hemoglobinúria, sua coloração é avermelhada e, na
mioglobinúria, sua coloração está inalterada
○ Proteinúria
■ Detecção semi quantitativa de proteína, predomina a albumina
■ Normalmente, são filtrados pelos glomérulos de 170 a 180 L de
plasma diariamente, e cada litro filtrado contém cerca de 70 g de
proteína
■ No entanto, os túbulos apresentam um mecanismo eficiente de
reabsorção da proteína filtrada, portanto menos de 150 mg são
excretados por dia
● Desses 150 mg excretado
○ 30 a 50 mg são proteínas de Tamm-Horsfall
■ Causas: lesão tubular ou glomerular
■ Transitória: ITU, febre, exposição ao frio ou calor, exercício físico,
postural e convulsões
■ Quantificação
● 1+/4+ = 30 mg/dL
● 2+/4+ = 100 mg/dL
● 3+/4+ = 300 mg/dL
● 4+/4+ = 1000 mg/dL
■ Melhor avaliação de proteinúria é pela amostra de 24h ou
relação proteína/creatinina urinária
● Superior a 150 mg/dia sugere alterações da
permeabilidade glomerular ou na função tubular
● Normal < 150 a 200 mg/24h e 20 a 30 mg/dia de albumina
○ Microalbuminúria: 30 - 300 mg/dia
○ Macro: > 300
● Proteinúria não nefrótica: < 3,5 g/dia
● Nefrótica: > 3,5 g/dia (adultos) e > 40 mg/hora/m²
(crianças)
Análise do sedimento urinário
○ Células epiteliais
■ Nefropatias: degeneradas e eliminadas em grande número,
principalmente com proteinúria intensa
■ Com proteinúria ocorre degeneração gordurosa das células
epiteliais = corpúsculos ovais (nefrótico)
○ Leucócitos
■ Leucocitúria: geralmente as custas de neutrófilos
■ Normal até 10 leucócitos por campo
■ Patologias associadas
○ ITU bacteriana é a mais comum
■ Leucocitúria + cultura + sintomas
○ Doenças renais císticas
○ Litíase urinária
○ HPB com resíduo miccional > 80 mL
○ TB urinária - leucocitúria estéril sem outra explicação
○ Nefrite intersticial aguda (NIA) - caracterizada pela
presença de eosinófilos
○ Glomerulonefrites
○ Hemácias
■ Normais até 3 por campo
■ Hematúria: achado de enorme relevância para diferenciar
síndromes nefrológicas
■ Transitória: jovens, exercícios, atividade sexual, além de cistites e
prostatites
■ Importante diferenciar dismorfismo eritrocitário
■ Causas
● Sd. glomerulares: sempre com dismorfismo (nefrítica,
GNPR, vasculite de pequenos vasos)
● Doenças renais císticas
● Litíase urinária
● Traumas
● Tumores de vias urinárias (bexiga principalmente)
● ITU/pielonefrites
○ Cristais
■ Cristais de ácido úrico, fosfato e oxalato
● Podem não ter significado (alterações de pH)
■ Cristais de ácido úrico
● Podem se relacionar com a IRA
■ Cristais de oxalato de cálcio
● Podem se relacionar a intoxicação por etilenoglicol
○ Cilindros
■ Hialinos: proteínas de Tamm-Horsfall (secretadas pela alça de
Henle) comumente identificadas em desidratação
■ Hemáticos: hematúria glomerular
■ Granulares: fisiológicos ou NTA
■ Lipoides: lipidúria/sd. nefrótica
■ Leucocitários: sugere inflamação intersticial (pensar em
pielonefrite, não em cistite)
■ Epiteliais: NTA, NIA e glomerulonefrite proliferativa
■ Céreos: muito largos, fase final da dissolução dos cilindros.
Presentes em estágios finais de doença crônica
Obs: tudo que gruda na proteína de Tamm-Horsfall vira cilindro. Se
gruda hemácia = cilindro hemático
TFG x clearance
● TFG é estimada por fórmulas matemáticas levando em consideração
creatinina sérica, sexo, idade, peso, etnia, valor ajustado para superfície
corporal padrão de 1,73 m²
● O valor normal de TFG é > 120 mL/min/1,73 m²
○ É considerada reduzida < 90
● A TFG apresenta uma queda normal de 1 mL/min/ano após os 50 anos
● Para as provas de residência a gente usa Cockroft-gault (que dá pra calcular
sem precisar de calculadora)
○ Multiplicar o resultado final por 0,85 se for mulher
● Fatores que podem alterar a creatinina sérica
○ Idade
○ Sexo
○ Etnia
○ Dieta vegetariana x hiperproteicas
○ Massa muscular
■ Sarcopenia = cai a creatinina
○ Desnutrição
○ Obesidade
○ Medicações
● Clearance de creatinina é calculado a partir da coleta urinária de 24h
○ Desvantagem: dificuldade técnica para coletar urina e apresenta boas
relações com as fórmulas de TFG
○ Ainda é utilizada para extremos de idade (idosos sarcopênicos) e peso
(obesos)
USG
● Vê tamanho e simetria renal, diferença córtico-medular (região medular é mais
branca e em DRC perde essa diferenciação e fica tudo mais branco)
○ Cortical tem que medir cerca de 1 a 1,2 cm
● Vê também dilatação do sistema pielocalicial, irregularidades de parênquima,
ecogenicidade, cistos (diferenciação de complexidade), nódulos, cálculos (< 3
mm geralmente não aparece), avaliação de vias urinárias
● Na DRC geralmente o rim tem tamanho menor que o normal
● Doenças que cursam com tamanho de rim normal mesmo com DRC avançada
○ DM
○ Doença renal policística
○ Anemia falciforme
○ Nefropatia pelo HIV
○ Hidronefrose
○ Amiloidose
○ Esclerodermia
USG doppler
● Avalia o fluxo renal, principalmente artéria renal
● Deve ser pedido principalmente quando há suspeita de doença renovascular
isquêmica ou HAS refratária (estenose da artéria renal?)
● Importante na avaliação de assimetria renal
○ Primeiro exame de triagem na avaliação de estenose de artéria renal
(fica menor) ou tromboses venosas (dor em flanco + hematúria + fator de
risco)
TC de abdome
● Maior detalhamento técnico
● Importante para diferenciar cistos e nódulos
● Avaliação de litíase (sem contraste)
● Avaliação abdominal mais detalhada/avaliação de acometimento extra renal
● Limitação: peso/necessidade de contraste
○ Na DRC, TFG < 30 é proibido
● Avaliação pré-operatória
RNM
● Também pode ser usado para avaliação de estenose de artérias renais
○ Embora o padrão ouro seja arteriografia, pode ser feita a angio-TC e
angio-RNM
● Maior detalhamento
● Melhor em casos selecionados para diferenciação de cistos e nódulos
● Pouco utilizado para litíase
● Usa meio paramagnético (gadolínio), que é menos nefrotóxico que o contraste
iodado da TC
Arteriografia renal
● Avaliação diagnóstica, prognóstica e de proposta terapêutica em estenose de
artérias renais
● Principais causas de estenose
○ Jovens: displasia fibromuscular da artéria renal
■ Arteriopatia não esclerótica da artéria renal em seguimento
médio e distal
■ Predomínio unilateral (70%)
■ Ocorre mais em mulheres jovens (90%)
■ Sempre é de abordagem cirúrgica: revascularização ou
angioplastia com stent
○ Idosos: doença aterosclerótica
■ Causa mais comum
■ > 50 anos
■ Comorbidades (HAS, DM, dislipidemia, obesidade, tabagismo)
■ Lesão predominantemente proximal
Cintilografia renal
● Com DMSA = avalia função tubular (cintilografia estática)
○ As imagens são obtidas em um único momento com a pessoa em
repouso
○ DMSA é um fármaco de captação tubular
○ Avalia cicatrizes renais (rins menores, ITU de repetição), refluxo
vesicoureteral
○ Para avaliação de obstrução = cintilografia com furosemida
● Com DTPA = avalia função glomerular (cintilografia funcional)
○ Renograma = dá estimativa complementar de função glomerular (junto
com a TFG)
○ Renograma com captopril = avaliação de hipertensão renovascular
Questões sobre o tema que não foram abordadas no capítulo
● Qual dos marcadores laboratoriais é mais útil como indicador de melhora da
função renal em um paciente com Síndrome de Lise Tumoral e Insuficiência
Renal Aguda? Ácido úrico
3) DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO
Equilíbrio do potássio
● VR: 3,5 - 5,5
● Potássio é essencial em diversas funções celulares
● Importância no potencial de repouso das membranas celulares
● Cátion predominante intracelular
● 70% do K corporal está nos compartimentos musculares
○ Por isso lesões musculares maciças (esmagamento, grandes queimados,
choque elétrico…) e causas de rabdomiólise maciça causam
hipercalemia
● 1 a 2% do K corporal se encontra no LEC, esse que é dosado no sangue
● Lembrar que:
○ “Pacientes com distúrbio de K morrem do coração (arritmias)”
○ “Pacientes com distúrbio de Na morrem de edema cerebral”
● Regulação do K corporal
○ Absorção intestinal
○ Excreção e reabsorção renal (tubular)
○ Shift entre o extra e intracelular
■ Na-K-ATPase
● Pode ser ativada nos dois sentidos
● Toda célula tem
Então, por exemplo, as alcaloses, respiratórias ou metabólicas, na presença de
acidúria paradoxal, só são corrigidas quando, além do tratamento da depleção de
espaço extracelular, corrige-se também, e principalmente a? Hipocalemia!
Hipocalemia
● K sérico < 3,5 mEq/L
● Mecanismos causadores
○ Causas renais (K urinário > 15 mEq/L) - principal causa de hipocalemia
■ Diuréticos de alça e tiazídicos
■ ATB - aminoglicosídeos e anfotericina
● Alteram a absorção tubular de K, causando uma
tubulopatia transitória
■ Excesso de aldosterona (hiperaldosteronismo primário)
● A aldosterona age no ducto coletor, fazendo com que
haja eliminação de K+ e reabsorção de Na+ e H2o
■ Hipomagnesemia
● Também pode levar a uma tubulopatia transitória
■ Nefropatias perdedoras de sal
○ Causas intestinais (K urinário < 15 mEq/L)
■ Diarreias (causa mais comum)
■ Vômitos
■ SNG aberta com alto débito
■ Sudorese excessiva
○ Mecanismos de redistribuição
■ Insulina
■ B2-agonistas
■ Alcalose
● Quadro clínico
○ Alteração no potencial de repouso celular, principalmente em células
nervosas, vasculares, CARDÍACAS, intestinais, musculares e renais
○ Gravidade da apresentação clínica tem relação com a velocidade de
instalação e intensidade de hipocalemia (< 3 mEq/L)
○ Cardiopatia e uso de digitálicos pioram apresentação clínica nas
hipocalemias
○ Apresentação clínica
■ Fraqueza muscular
■ Cãimbras
■ Íleo paralítico
■ Poliúria - dano tubular
● A própria hipocalemia pode levar a tubulopatia
transitória
■ Rabdomiólise
● Lesão de grupos musculares por alteração do potencial
de membrana celular
■ Distúrbio do ritmo cardíaco
● Alterações no ECG
○ Onda U proeminente (concavidade ao final da onda T)
○ Achatamento da onda T
○ Depressão do segmento ST
○ Arritmias (principalmente cardiopatas e em uso de digitálicos)
○ Atividade elétrica sem pulso ou assistolia
○ ECG normal
○ Hipocalemia moderada: depressão do ST, achatamento da ondas T
(vermelho), ondas U proeminentes (amarelo)
○ Hipocalemia severa: depressão do ST, ondas T negativas (vermelho),
Ondas U proeminentes (amarelo)
● Tratamento
○ Correção das causas: diarréias, vômitos
○ Suspensão dos medicamentos implicados
○ Princípios básicos da reposição de K
■ Sempre que possível VO é prioridade porque é mais segura
■ Evitar usar K IV quando a concentração está > 3 mEq/L
■ Soluções de K muito concentradas devem ser evitadas na
administração periférica, pois podem causar flebite e são muito
dolorosas
■ Concentração recomendada em veia periférica: 20 a 40 mEq/L
● Concentração máxima em veia periférica: 40 a 60 mEq/L
■ Concentração recomendada em veia central: 100 a 200 mEq/L
● Concentração máxima em veia central: 200 a 1000 mEq/L
■ Volume ideal: 5 a 20 mEq/h
■ Volume máximo: 40 a 100 mEq/h
● Apenas se o paciente apresenta paralisia ou arritmias
graves secundárias a hipocalemia
Hipercalemia
● K sérico > 5,5
● Mecanismos
○ Consumo excessivo: alimentos ricos em K, principalmente em pacientes
com DRC em estágio avançado, ou seja, IIIb, IV e V (raro acontecer isso
sem ser em DRC avançado)
○ Redução da eliminação renal
■ DRC em estágios avançados
■ Medicações
● IECA, BRA, espironolactona, digitálicos, B-bloqueadores e
ciclosporina
■ Hipoaldosteronismo
○ Injúria celular maciça
■ Rabdomiólise
■ Isquemia
■ Hemólise maciça
■ Lise tumoral
○ Mecanismos de redistribuição de K intra-extracelular
■ Acidose metabólica
■ B-bloqueador
■ Hiperglicemia
● Quadro clínico
○ Gravidade de apresentação clínica tem relação com a velocidade de
instalação e intensidade (>6)
○ Muitas vezes assintomático
○ Pode ter sintomas musculares (afeta contração muscular), causando
cãibras e dores
○ Alteração no sistema de condução cardíaco (gravidade relacionada à
possibilidade de arritmias fatais)
● Alterações no ECG
4 - 5 Normal
6 - 7 Onda T apiculada
● Tratamento
○ Realizar ECG sempre que houver hipercalemia
○ Cardioproteção: gluconato de Ca²+
■ Estabiliza a membrana do sistema de condução cardíaco,
diminui o risco de arritmia grave
■ Fazer até normalizar o ECG
■ 10 - 20 mL IV
● Fazer rápido assim que detectar alteração no ECG
■ Ação de 0 - 5 min
■ Duração de 1h
■ Não normalizou = repetir a dose
○ Medidas de shift celular
■ Glicose + insulina
● Ação em 15 a 60 minutos
● Dura de 4 a 6 horas
● 10 UI de insulina regular + 100 mL de glicose 50% EV em 1h
● Ação em hipercalemia moderada
■ HCO3-
● Ação em 15 a 30 minutos
● Dura de 1 a 2 horas
● Usado em hipercalemia moderada com acidose
● 50 mEq (50 mL) em 5 minutos
● Repetir com 15 minutos
■ B2 agonista inalatório
● Ação em 15 a 30 minutos
● Dura de 2 a 4 horas
● NBZ 10 - 20 gotas de fenoterol + 5 mL de SF em 10 min
Obs: todas essas medidas não removem o K do corpo
○ Medidas de espoliação
■ Diurético de alça
● Início em 30 min a 2 horas
● Duração de 1h
● Furosemida 20 - 40 mg EV a cada 6-8h
■ Poliestirenossulfonato de Ca
● VO
● Promove secreção intestinal de K em troca da absorção
de Ca
● Geralmente faz com manitol para chegar mais rápido
■ Hemodiálise
● Mais agressiva e definitiva
● É medida que mais retira K
● Só se usa quando há refratariedade do tratamento clínico
4) DISTÚRBIOS DO SÓDIO
Fisiologia do equilíbrio hídrico
● Equilíbrio da água no organismo
○ Regra geral: entrada = eliminação
● Objetivo: manutenção da osmolaridade (tonicidade) plasmática entre 285 e 290
mOsm/Kg
● Mecanismo de concentração e diluição urinária tem papel fundamental para a
manutenção desse equilíbrio
● Vasopressina (ADH): produção pelo hipotálamo, com ação nos receptores V2
dos túbulos coletores, levando a expressão de aquaporinas (AQPs)
● AQPs: aumentam a reabsorção renal de água livre (efeito antidiurético)
● Centro da sede + ADH = controlam o equilíbrio hídrico (“osmostato”)
○ ADH é o principal hormônio regulador da osmolaridade corporal
○ Sede é o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade (mais
importante ainda que o ADH)
○ As alterações do sódio sérico na verdade são decorrentes de distúrbios
no manejo da água corporal
● Aumento da osmolaridade = sede + aumento do ADH
● Redução da osmolaridade = supressão da sede + supressão do ADH
Hiponatremia
● Na+ < 135 mEq/L
● Distúrbio eletrolítico mais comum no hospital geral
● Pseudo-hiponatremia
○ Decorrente de um artefato técnico na medida do sódio sérico pelo
método espectrofotométrico (o mais utilizado), mas não pelo método
iônico. Como o sódio não está presente nas frações lipídica e proteica
do soro, a hiperlipidemia e a hiperproteinemia (ex.: mieloma múltiplo)
podem “enganar” o espectrofotômetro, como se existisse menos sódio
por volume total de soro
● Associado com redução de osmolaridade = hipotonicidade
○ Por isso geralmente as hiponatremias são hipotônicas
○ Lembrando que o sódio é o principal eletrólito plasmático e de
manutenção da osmolaridade
○ A concentração é plasmática, ou seja, não é a quantidade de sódio
total do corpo, mas dissolvido no plasma
■ Embora os solutos presentes nos nossos líquidos sejam
osmoticamente ativos, nem todo soluto é osmoticamente efetivo
● Ex: uréia = ela passa livremente pela membrana das
células por ser lipossolúvel, o que faz sua concentração
plasmática ser igual à concentração IC. Ou seja, ela não
contribui para a osmolaridade efetiva ou tonicidade
■ Osmolaridade efetiva (tonicidade) = dada pela concentração de
solutos que não passam livremente pela membrana plasmática e,
portanto, podem exercer um efeito osmótico entre os
compartimentos IC e EC
■ Para calcular a osmolaridade efetiva, é só tirar o cálculo da ureia
da fórmula
● Causas de hiponatremia não hipotônica
○ Relacionadas às síndromes hiperglicêmicas do diabético
■ Cetoacidose
■ Estado hiperosmolar não cetótico
○ Um aumento importante da glicemia é capaz de elevar a osmolaridade
plasmática o suficiente para “puxar” água de dentro das células,
diluindo o sódio sérico
○ De uma forma geral, para cada 100 pontos de aumento na glicemia
(acima de 100 mg/dl), teremos em média uma redução de 1,6 pontos na
natremia
■ Por exemplo, você atende na emergência um paciente com
síndrome hiperosmolar diabética ou cetoacidose, apresentando
glicemia = 600 mg/dl e Na = 132 mEq/L. Como a glicemia está 500
pontos acima de 100 mg/dl (isto é, 5 x 100 pontos), faremos a
seguinte conta: “Sódio corrigido” = 132 + (5 x 1,6) = 140 mEq/L
■ Isto significa que na verdade ele não tem hiponatremia
hipotônica, portanto, não há necessidade de se tratar esta
hiponatremia
■ Para calcular a osmolaridade efetiva (tonicidade) devemos usar a
natremia real, e não a corrigida! Neste caso, a conta será:
● Osm pl (efetiva) = 2 x Na + G/18
● Osm pl (efetiva) = 2 x 132 + 600/18 = 297 mOsm/L
(hipertônico)
● Para avaliar as causas de hiponatremia hipotônica temos que acessar o perfil
volêmico dos pacientes
Hiponatremia hipotônica HIPERVOLÊMICA
● Aumenta a água corporal total, com edema
● Patologias que cursam com retenção hídrica
○ Insuficiência cardíaca
○ Hepatopatias crônicas
○ Síndrome nefrótica
○ DRC em estágio avançado
■ Cada néfron tem que excretar mais solutos, porque tem poucos
néfrons funcionantes, o que compromete a diluição
○ Gestação
● A ICC e a cirrose hepática promovem redução do volume circulante efetivo
(presente em leito arterial). Esse líquido se acumula no sistema venoso
(venoplegia), no interstício (edema) e nas serosas (ascite, derrame pleural e
pericárdico). Essa hipovolemia relativa induz a secreção de níveis elevados de
ADH
● Em geral há aumento de sódio corporal total, porém o mecanismo da
hiponatremia é dilucional
Hiponatremia hipotônica HIPOVOLÊMICA
● Redução da água corporal total com perda de sódio
● Nesses casos, a perda primária de volume induz aumento na secreção de ADH
por mecanismo não osmótico (barorreceptor-dependente)
● Dosar sódio urinário
○ Na urinário < 10 mEq/L - perda extra renal (desidratação, diarreia,
vômitos, hemorragias)
■ “Hiponatremia secundária à IRA pré renal”
○ Na urinário > 20 mEq/L
■ Diuréticos tiazídicos (principal fator)
■ Síndrome cerebral perdedora de sal
● Ocorre na primeira semana após uma lesão cerebral
grave
● Ocorre hiperativação simpática (por desregulação do
SNC), levando a uma “natriurese pressórica”, isto é, o
aumento da PA (por efeito das catecolaminas) promove
aumento da TFG e da natriurese e secreção anômala do
peptídeo natriurético cerebral (BNP) que estimula
diretamente a perda de sódio pelos túbulos renais
● Costuma resolver espontaneamente em 2-4 semanas
● Importante diagnóstico diferencial da SIAD
○ Mas a SIAD é normovolêmica
○ Sugerem hipovolemia
■ Hipotensão postural
■ Taquicardia responsiva a volume
■ PVC diminuída, especialmente se não houver
aumento após infusão de 1-2 L de soro
fisiológico
○ Outras formas de diferenciar
■ Resposta favorável da natremia à infusão de
SF 0,9% (na SIAD a hiponatremia piora)
■ Diminuição da osmolaridade urinária após
infusão de SF 0,9% (também a favor da
síndrome perdedora de sal)
■ Hipoaldosteronismo (baixa aldosterona = baixa reabsorção de
Na. Perda de sódio na urina induz a hipovolemia, que estimula a
secreção de ADH...)
Hiponatremia hipotônica EUVOLÊMICA
● Aumento da água corporal total (mecanismo dilucional) sem edema, ou seja, o
paciente tem mais água no corpo mas não tem sinais de hipervolemia
● Sódio corporal total pode estar normal ou baixo
● Hiponatremia euvolêmica com diurese hipertônica
○ Principal mecanismo nesses casos é a incapacidade renal de excretar
água livre, secundária a hiper secreção de ADH
○ Sódio urinário > 40 mEq/L
○ Osmolaridade urinária > 100 mOsm/L
○ Causas
■ SIADH (principal causa)
■ Insuficiência suprarrenal (secundária)
● Hipocortisolismo isolado estimula a produção e liberação
de ADH, uma vez que o cortisol exerce “feedback” negativo
sobre a produção hipotalâmica de ADH
● Na insuficiência suprarrenal primária (ex.: doença de
Addison), o hipocortisolismo associado ao
hipoaldosteronismo promove hipovolemia
■ Hipotireoidismo
● Hiponatremia com diurese hipotônica
○ É o único grupo que cursa com osmolaridade urinária
apropriadamente baixa
○ Aqui o distúrbio primário pode ser tanto o influxo de soluções
hipotônicas quanto a baixa ingestão de solutos
■ No primeiro caso a resposta renal é apropriada, com eliminação
de urina maximamente diluída, e a interrupção da administração
de fluidos hipotônicos dá início à recuperação do quadro
■ No segundo caso, há um déficit de solutos, o que prejudica a
excreção do excesso de água livre
○ A polidipsia primária (psicogênica) é um distúrbio comum em pacientes
psiquiátricos, em geral esquizofrênico ou maníacos, que ingerem
líquido compulsivamente
■ Uma ingesta diária > 16 L excede a capacidade renal fisiológica
de eliminação de água livre, levando à hiponatremia
■ Na tentativa de excretar o excesso de água livre, a urina
encontra-se maximamente diluída
■ Estes pacientes podem ter distúrbios associados que contribuem
para a hiponatremia, como a baixa ingestão de alimentos e o
uso de neurolépticos (que promovem sede e estimulam a
secreção não osmótica de ADH)
○ A cirurgia de Ressecção Transuretral de Próstata (RTU) exige a
instilação de um grande volume de solução isotônica (manitol) ou
hipotônica (glicina, sorbitol), com o intuito de lavar a bexiga
■ A utilização das soluções hipotônicas (às vezes até 20 L) pode
precipitar hiponatremia aguda nos pós-operatórios, não raro
com repercussões clínicas
■ Outros tipos de procedimento que podem utilizar irrigação de
cavidades com soluções hipotônicas são a laparoscopia e a
histeroscopia
■ Outros exemplos de hiponatremia aguda por administração de
excesso de água livre são:
● Fórmulas infantis diluídas
● Ingestão acidental de água de piscina (em grande
quantidade)
● Múltiplos clisteres glicerinados
○ No alcoolismo, o consumo diário excessivo de bebidas alcoólicas,
pobres em soluto, está frequentemente associado a uma ingestão muito
baixa de alimentos e sal, pois o etanol oferece o aporte calórico
principal destes pacientes. O resultado é uma menor eliminação de
solutos urinários
■ Se este paciente consumir uma quantidade de líquidos superior
a 4 L por dia (por exemplo, sob a forma de cerveja), um quadro
de hiponatremia se instalará (a chamada “hiponatremia da
potomania”)
■ Como estes pacientes consomem pouca proteína e eletrólitos, há
prejuízo na eliminação do excesso de água livre ingerido ou
administrado sob a forma de soro glicosado
○ O sódio urinário encontra-se baixo (< 20 mEq/L) na hipovolemia e alto (>
40 mEq/L) na SIAD. A osmolaridade urinária encontra-se sempre acima
de 450 mOsm/L na hipovolemia, mas na SIAD costuma variar entre
100-800 mOsm/L. Lembre- se que na SIAD uma osmolaridade urinária >
100 mOsm/L está inadequadamente elevada em face ao estado
hipotônico... Quando não dispomos da osmolaridade urinária,
utilizamos a densidade urinária (1.025 de densidade corresponde a uma
osmolaridade de 450 mOsm/L)
● Apresentações clínicas das hiponatremias
○ Assintomática quando Na > 125 mEq/L
○ Na < 120 mEq/L = cefaleia, letargia, desorientação, convulsão, torpor,
coma
○ Gravidade dos sintomas têm relação com a velocidade de instalação e
com a intensidade da alteração
○ Na hiponatremia aguda grave, com Na < 110-115 mEq/L, é frequente o
surgimento de crise convulsiva tônico- clônica generalizada (com
mortalidade podendo chegar a 50%)
○ Edema cerebral é a complicação mais grave da instalação rápida (48 -
72h) de hiponatremia
■ Neurônio está mais hipertônico em relação ao plasma =
movimento de entrada de água no neurônio = edema cerebral
● Tratamento
○ Sintomas e tempo de instalação da hiponatremia determinam o
tratamento
○ Hiponatremia hipovolêmica
■ O tratamento é a reposição volêmica com cristaloides, sendo o
soro fisiológico 0,9% a solução de escolha
● Não corrige a hiponatremia simplesmente por ser um soro
com alta concentração de sódio (154 mEq/L)
● Ele corrige a hiponatremia por restaurar a volemia,
reduzindo o estímulo à secreção hipotalâmica de ADH
● Na síndrome cerebral perdedora de sal após
normalização da volemia com SF 0,9% pode-se aumentar o
aporte de sal na dieta do paciente, ou mesmo empregar
uma droga que aumente a reabsorção tubular de sódio,
como a fludrocortisona (análogo da aldosterona)
○ Hiponatremias crônicas assintomáticas, normovolêmica ou
hipervolêmica
■ Em primeiro lugar, caso se identifiquem fatores etiológicos
removíveis – por exemplo: medicamentos, como os inibidores de
recaptação de serotonina, anticonvulsivantes como a
carbamazepina e diuréticos tiazídicos (só pra citar os mais
comuns) – estes devem ser suspensos ou substituídos e a
insuficiência suprarrenal e hipotireoidismo devem receber
reposição hormonal específica
■ Restrição hídrica - redução da água corporal total
■ Uso de furosemida - aumenta a eliminação renal de água livre
● Principalmente se a restrição hídrica não funcionar
● Os diuréticos tiazídicos são contraindicados, pois ao
contrário da furosemida, eles dificultam a excreção renal
de água livre
■ Tolvaptan - antagonista dos receptores V2 do ADH
● Tem muitas complicações
● No Brasil não tem
■ Em pacientes com SIAD, a ingestão de sódio deve ser estimulada,
pois a restrição hídrica isolada pode levar à hipovolemia
● O acréscimo do diurético de alça deverá ser considerado
quando não houver resposta
■ Por outro lado, lembre-se que devemos restringir a ingesta de
sódio nos portadores de quadros edematosos – ICC, cirrose
hepática e insuficiência renal crônica, que na verdade possuem
excesso corporal de sal – e, portanto, nestes pacientes o
tratamento inicial se baseia apenas em restrição hídrica +
furosemida
○ Hiponatremias crônicas ou agudas sintomáticas
■ Correção cautelosa
● Fórmula de Adrogue para correção segura de sódio
● Isso é importante porque uma das principais
consequências da reposição rápida de sódio é a
síndrome da desmielinização osmótica
● Como fazer essa correção?
○ Caso: paciente do sexo masculino, 75 anos, 74 Kg,
identificada hiponatremia grave com [Na] = 118
mEq/L
○ Fórmula de Adrogue = 513 - 118/ (74 x 0,45) + 1 = 10,3
○ Se for feita reposição de 1 L de salina hipertônica
(513 mEq) para esse paciente, teremos uma
variação de aproximadamente 10 mEq (1 mEq a
cada 100 mL de salina hipertônica)
○ Devemos repor 1 mEq por hora nas primeiras 3
horas: 300 mL em 3 horas
○ Após, 0,5 mEq/L/hora: bomba de infusão 50 mL
hora até completar os 700 mL restantes da solução
(14 horas)
■ Aumentar Na sérico em 1 mEq/L/hora nas 3 primeiras horas
■ Depois aumentar 0,5 mEq/L/hora até completar 24 horas
(máximo 12 mEq/L em 24 horas)
■ Utilizar salina hipertônica (3%)
● O conceito básico é: a solução de reposição deve possuir
osmolaridade superior à osmolaridade urinária do
paciente, para que de fato aumente a sua natremia. A
osmolaridade da salina a 3% é 1026 mOsm/L. Como a
osmolaridade do SF 0,9% é de 308 mOsm/L, este soro pode
piorar a hiponatremia se a osmolaridade urinária do
paciente estiver acima de 300 mOsm/L
■ Associar furosemida (0,5 - 1,0 mg/kg/EV) em SIADH - eliminação de
água livre
■ Na prática, é importante que haja uma monitorização seriada da
natremia (a cada 2-4h), com eventuais reajustes na taxa de
infusão
○ Se a osmolaridade plasmática for corrigida rapidamente, o extracelular
agora ficará hiperosmolar em relação ao neurônio. A consequência
será a crenação ou desidratação neuronal, levando a uma forma
especial de lesão neurológica, muitas vezes irreversível ou até mesmo
fatal
■ Esta é a Síndrome de Desmielinização Osmótica (SDO),
manifestando-se clinicamente por distúrbios da consciência
(podendo evoluir para o coma), tetraparesia, disartria e disfagia
(síndrome pseudobulbar). Particularmente sensíveis a este tipo
de lesão são os axônios da ponte (tronco cerebral). Por causa
disso, a lesão anatomopatológica clássica é chamada de
mielinólise pontina.
■ Tais lesões podem ser visualizadas na RNM
Hipernatremia
● Na+ > 145 mEq/L
● Geralmente leva a aumento da osmolaridade sérica (geralmente acima de 300
mOsm/kg)
● Diversas etiologias
● Mecanismos
○ Hipernatremia HIPERVOLÊMICA: aumento da água e do sódio corporal
total
■ Forma menos comum de hipernatremias
■ Causas
● Uso de bicarbonato de sódio
● Síndrome de Cushing (excesso de mineralocorticóides)
● Hiperaldosteronismo primário
○ Hipernatremia HIPOVOLÊMICA: redução da água corporal total, com
perda de sódio
■ Causas mais comuns
● Desidratação - protótipo dessa alteração
○ Diarreia
○ Vômitos
○ Sudorese profusa
○ Diuréticos
○ Grandes queimados
○ Hipernatremia EUVOLÊMICA: sódio corporal total em geral está normal
■ Diabetes insipidus
● Perda de água livre pelos rins por deficiência central ou
resistência tubular ao ADH
● Poliúria e polidipsia - relação com deficiência de ADH
● Sede excessiva
● DI central - deficiência na produção central de ADH
● TCE, tumores do SNC, aneurismas, TB de SNC,
granulomas, meningite, encefalite
● DI nefrogênico - resistência tubular a ação do ADH
○ Lítio - causa mais comum
● Congênito ou adquirido (doença cística medular,
anfotericina, doscarnet)
● Quadro clínico
○ Sintomatologia e gravidade do quadro também tem relação com
velocidade de instalação da hipernatremia
○ Na > 160 mEq/L e osmolaridade > 320 mOsm/L
■ Sede - relacionado a hiperosmolaridade
■ Fraqueza muscular
■ Confusão mental
■ Déficit neurológico focal
■ Convulsões
■ Torpor
■ Coma
○ Complicação mais grave
■ Hiperosmolaridade plasmática - saída de água do neurônio para
o plasma hiperosmolar - desidratação neuronal (a mesma da
reposição rápida de Na na hiponatremia)
● Tratamento
○ Objetivos
■ Interromper a perda de água livre
■ Repor a água perdida (hidratação)
■ Tratar a causa de base (se possível)
■ Redução da concentração de sódio sérico
○ Princípios do tratamento da hipernatremia
■ Paciente hipovolêmico: a prioridade é o soro fisiológico até
conseguir estabilização hemodinâmica
■ Após estabilização, deve-se trocar a reposição volêmica por soro
hipotônico (0,45 ou 0,22%)
■ Taxa máxima de redução de sódio sérico para evitar edema
cerebral iatrogênico
● Máximo de 0,5 a 1 mEq/L/h ou máxima de 12 mEq em 24
horas
■ Deve-se sempre calcular a variação estimada do sódio com 1 L
de qualquer solução a ser infundida
● Fórmula de Adrogue
○ Quer calcular o do soro ao meio, só colocar a
concentração de Na dele na fórmula (Na da
infusão)
○ Vai encontrar quantidade de sódio negativo (o do
paciente é maior), coloca em módulo
○ Então se você acha -8, sabe-se que 1L de soro ao
meio vai diminuir o Na em 8 mEq/L
● E também calcular:
● ACT = água corporal total
● Vamos supor que o déficit de água livre deu = 6 L
○ 50% de SF 0,9% e 50% de soro ao meio
■ 3L de SF e 3L de solução salina hipotônica
○ Diabetes insipidus central = reposição de hormônio antidiurético
■ Desmopressina - DDAVP (spray nasal/VO)
○ Diabetes insipidus nefrogênico = suspensão da droga envolvida
(atenção ao lítio)
■ Diurético tiazídico: aumenta a natriurese
■ Restrição de sódio na dieta
■ Uso de amilorida para DI associada ao lítio
5) DISTÚRBIOS DO CÁLCIO
Fisiologia do equilíbrio do cálcio
● Massa óssea: 99% do cálcio
● Cálcio intracelular (citoplasmático): 50 - 100 nmol/L
● Cálcio extracelular: 2,25 - 2,65 nmol/L (9,0 - 10,6 mg/dL)
○ 45% ligado a proteínas (principal proteína de ligação de cálcio é a
albumina)
○ 55% difusível (cálcio ionizado)
● Responsáveis pela homeostase do cálcio
○ Receptor sensível a cálcio na paratireoide (CaR)
■ Elevação do cálcio sérico: sensibilização dos CaR na
paratireoide = redução na produção de PTH e aumento na
liberação de calcitonina (feedback negativo) = redução na
absorção tubular, intestinal e reabsorção óssea de cálcio
■ Redução do cálcio sérico: baixa sensibilização dos CaR =
aumento na produção de PTH = aumento na absorção tubular,
intestinal e reabsorção óssea de cálcio
○ PTH
○ 1,25 hidroxivitamina D (calcitriol, vitamina D ativada)
■ O calcitriol, então, tem como função:
● Mobiliza o cálcio ósseo (parecido com o PTH, mas de
forma mais branda)
● Age na absorção de cálcio intestinal (principal ação)
● Aumenta absorção de cálcio tubular
○ Calcitonina
○ Estrogênios
○ Prolactina
Hipercalcemia
● Manifestações clínicas
○ Ca > 10,5 mg/dL
○ Hipercalcemia grave = cálcio > 14
○ Dependem da velocidade da instalação do distúrbio
■ Polidipsia, poliúria, nefrocalcinose (em quadros crônicos), litíase
renal (também crônico)
■ DI nefrogênico, insuficiência renal
● Hipercalcemia crônica causa distúrbio tubular,
diminuindo a ação do ADH
■ Fraqueza muscular, osteoporose
● Pode levar a osteoporose por diminuição do cálcio ósseo
■ Confusão mental
■ Hipertensão, bradicardia
■ Anorexia, náuseas, vômitos e constipação
● Causas
○ Dependente do PTH
■ Hiperparatireoidismo primário
● Nódulo único hiperfuncionante na paratireoide, cursando
com hipercalcemia, osteoporose, litíase renal
■ Hipercalcemia hipocalciúrica familiar - doença autossômica
dominante (mutação do CaR)
○ Independentes do PTH
■ Oncogênicas - PTHrp (PTH recombinante, produzido por diversos
tumores)/metástases osteolíticas/mieloma
múltiplo/feocromocitoma
■ Intoxicação com vitamina D/abuso de compostos cálcicos
■ Doenças granulomatosas (sarcoidose, TB) - aumentam a
conversão da 25 em 1,25 hidroxivitamina D
■ Tireotoxicose
■ Insuficiência adrenal - redução da eliminação renal de cálcio
■ Imobilização
■ Doença de Paget
■ Síndrome do leite álcali - ingesta excessiva de antiácidos (álcalis
+ cálcio)
■ Diuréticos tiazídicos - aumentam a reabsorção de cálcio tubular
no TCD
● Manejo
○ PTH aumentado
■ Hiperparatireoidismo primário = encaminhar para a cirurgia se
preencher indicações
○ PTH diminuído
■ Dosar PTHrp se disponível
● Aumentado = hipercalcemia de malignidade
○ Tratar conforme níveis séricos de cálcio
■ Hidratação
■ Bifosfonados
■ Calcitonina
● Normal
○ Dosar vitamina D e metabólitos
■ Aumento de 25 hidroxivitamina D = ingestão
excessiva de vitamina D
● Corrigir hipercalcemia
● Orientar dieta
■ Aumento de 1,25 di hidroxicalciferol
(calcitriol) = investigar linfoma e doenças
granulomatosas (principalmente sarcoidose)
● Tratar hipercalcemia
● Boa resposta com corticoides
○ Hipercalcemia leve a moderada (Ca sérico < 14 mg/dL)
■ Hidratação vigorosa com SF 4 a 6 L em 24h
■ Pamidronato 90 mg IV durante 4 a 6 horas
● É um anti reabsortivo ósseo, diminuindo a atividade
osteoclástica, aumentando a atividade osteoblástica e
diminuindo o Ca do plasma
■ Furosemida 20 a 40 mg IV de 12/12h até de 6/6h - após expansão
volêmica adequada
● Espolia cálcio tubular
■ Corticosteroides 1 mg/Kg de peso de prednisona - linfoma,
mieloma, doenças granulomatosas (evitar em outras condições)
○ Hipercalcemia grave (Ca sérico > 14 mg/dL)
■ Hidratação, pamidronato e furosemida no mesmo esquema
■ Calcitonina 4 a 8 UI/Kg IM ou SC de 12/12h por 24 horas
Hipocalcemias
● Manifestações clínicas
○ Cálcio < 8,5 mg/dL
○ Hipocalcemia grave = cálcio < 8
○ Dependem da velocidade da instalação (aguda ou crônica)
○ Crônicas
■ Calcificações ectópicas (inclusive no SNC)
■ Demência, parkinsonismo
○ Agudas
■ Parestesias
■ Espasmos musculares
■ Sinais de Chvostek e Trousseau
● O sinal de Chvostek é um sinal médico que consiste na
presença de espasmos dos músculos faciais ipsilaterais
em resposta à percussão do nervo facial na região
zigomática. É um dos sinais de tetania observados na
hipocalcemia
● O sinal de Trousseau de tetania latente pode ser
observado em pacientes com hipocalcemia, quando
espasmos carpais pode ser provocados ao se ocluir a
artéria braquial
■ Convulsões
■ Laringoespasmo
■ Broncoespasmo
■ Arritmias
● Causas
○ PTH baixo
■ Agenesia de paratireoides
■ Destruição das paratireoides - cirúrgica, radiação, doenças
infiltrativas
■ Autoimunes
○ PTH elevado
■ Deficiência de vitamina D
■ Resistência a vitamina D - raquitismo, osteomalácia
■ Medicações - bifosfonatos (muitos anos de uso),
anticonvulsivantes, diuréticos de alça
■ DRC
● Quando tem menos de 50% dos néfrons funcionantes,
começa a ter diminuição da função renal e elevação da
creatinina
● O rim produz a enzima 1-alfa-hidroxilase, que converte a
forma inativa para a ativa
● Com a redução dessa enzima, reduz a ativação da
vitamina D, reduzindo a absorção de cálcio tubular, ósseo
e principalmente intestinal
■ Hipomagnesemia crônica - induz resistência e/ou deficiência do
PTH
● E induz tubulopatia, diminuindo a absorção de cálcio
● Manejo
○ Ca²+ corrigido = Ca² medido + [(4 - albumina) x 0,8]
■ Hipoalbuminemia grave tem que corrigir o Ca sérico
○ Dosar fósforo (P)
■ Se P diminuído
● Dieta muito deficiente em fósforo
● Hipoparatireoidismo secundário
○ Checar dosagem de vitamina D e metabólitos
■ Calcitriol baixo = dieta deficiente em
vitamina D
■ Calcitriol normal = raquitismo e
osteomalácia vitamina D dependente
○ Tratar conforme a causa. Se sintomas graves (ex:
tetania), iniciar reposição de cálcio EV
■ Se P aumentado
● Verificar função renal
○ Alterada = IRC
○ Normal = dosar PTH. Se diminuído =
hipoparatireoidismo
○ Investigar e diagnosticar causa de base
○ Suplementação de cálcio VO ou EV (inicialmente 0,5 a 1,5 mg/kg de
cálcio elementar) dependendo da gravidade dos sintomas
○ Suplementação de vitamina D - calcitriol é a escolha por ter ação mais
rápida
○ Correção da hipomagnesemia, se necessário
○ Nos casos de DRC, tratamento conforme protocolo - quelantes de
fósforo, calcitriol etc
6) DISTÚRBIOS DO FÓSFORO
Fisiologia do equilíbrio do fosfato
● 99% do fosfato do organismo se encontra nos ossos, dentes e no intracelular
(membranas, ATPs, ácidos nucleicos etc)
● 1% do fosfato é circulante (plasmático), nas formas de HPO4²- e H2PO4-
● Hormônios reguladores
○ PTH
■ Hormônio fosfatúrico, inibindo o cotransportador NPT2a
○ FGF - 23
■ É um hormônio fosfatúrico, produzido pelos osteócitos, que inibe
reabsorção tubular renal de fosfato quando há excesso, por
inibição do co transportador renal NPT2a
○ Calcitriol (único que aumenta)
■ Ativa cotransportador intestinal NPT2b, promovendo absorção
de fosfato
● Em condição normal, o balanço de fosfato é positivo na infância e
adolescência, neutro na fase adulta e negativo nos idosos
Hiperfosfatemias
● [Fosfato] > 5,5 mg/dL
● Dependem da velocidade de instalação do distúrbio
○ Maior complicação é a deposição de fosfato e cálcio em partes moles e
calcificações vasculares, em especial na DRC (principalmente aquelas
com TFG < 30 mL/minuto)
■ Ação reduzida dos hormônios fosfatúricos (PTH e FGF-23 no
sistema tubular)
○ Prurido
● Causas
○ Estados líticos
■ Oncogênicos (leucemias/linfoma/lise tumoral)
● Muito fosfato dentro de células (assim como o K)
■ Rabdomiólise
○ Ingesta excessiva
■ Suplementos alimentares
■ Nutricional, em especial pacientes com DRC
○ Hipoparatireoidismo
■ Idiopático
■ Iatrogênico (remoção de paratireoides durante tireoidectomia)
○ Acromegalia
■ Aumento na reabsorção tubular de fosfato pelo excesso de GH
● Tratamento
○ Tratar a causa base do distúrbio
○ No contexto da DRC, se fosfatemia persistente após orientações
nutricionais, associar quelantes de fosfato (cloridrato de sevelamer, por
exemplo)
○ Hemodiálise
Hipofosfatemia
● [Fosfato] < 3,5 mg/dL
● Grave < 2
● Manifestações clínicas
○ Encefalopatia metabólica
○ Íleo paralítico
○ Disfunção de células sanguíneas
○ Redução de força/trabalho muscular
○ Inotropismo cardíaco negativo
○ Rabdomiólise
● Causas
○ Dieta pobre em fosfato/desnutrição
○ Alcoolismo
■ Causa comum de hipofosfatemia
■ Redução da ingesta proteica e perda da massa muscular
○ Hiperparatireoidismo primário
■ PTH - hormônio fosfatúrico
■ Excesso de PTH = elevada fosfatúria/hipofosfatemia
○ Hereditárias
○ Raquitismos hipofosfatêmicos e suas variantes (autossômico dominante,
ligado ao X, autossômico recessivo)
○ Síndrome de Fanconi/tubulopatias proximais - 70% do fosfato filtrado
tem reabsorção tubular proximal
● Tratamento
○ Em geral não requerem tratamento de urgência
○ Tratar causa base
○ Suplementação proteica via oral
○ Em casos severos, reposição EV
7) INSUFICIÊNCIA RENAL
Obs: Insuficiência renal não é mais considerado um termo adequado no meio
científico, porque quer dizer que o rim não é capaz de exercer sua atividade, é um rim
insuficiente. Mas na verdade, nem sempre é grave o suficiente para impedir a
atividade do rim.
Insuficiência Renal Aguda (IRA)
● Definição: redução aguda da TFG com retenção de escórias nitrogenadas
○ Creatinina com aumento ≥ 0,3 mg/dl ou ≥ 50% em 48h; ou aumento de 1,5
ou mais em 7 dias segundo KDIGO ou
○ Diurese < 0,5 ml/kg/h por mais de 6h
● Estadiamento KDIGO
III > 3x o valor basal ou ≥ a < 0,3 ml/kg/h por mais de 24h ou
4 mg/dL anúria por mais de 12h
● Manifestações clínicas
○ Maioria é assintomático, tendo somente os sintomas da doença de base
(ex: paciente com desidratação que evolui com lesão renal - geralmente
apresenta só os sinais da desidratação)
○ Sobrecarga de volume
■ HAS
■ Derrames cavitários (derrame pleural, ascite)
■ Edema periférico (predileção por ser periorbitário)
○ Uremia
■ Manifestações gastrointestinais (náuseas, vômitos, soluços) - é a
mais comum
■ Pericardite urêmica (é grave e pode causar tamponamento
cardíaco precocemente e por isso quando presente é indicativa
de diálise)
■ Encefalopatia urêmica (flapping - tremor das mãos com
hiperextensão dos punhos)
○ Infecções
■ A insuficiência renal cursa com alteração da imunidade e pode
provocar infecções graves
○ Hemostasia
■ Muito mais comum na doença renal crônica
■ Anemia (os rins são responsáveis pela produção da
eritropoetina, estimulando a medula óssea a produzir os
precursores de hemácias)
■ Disfunção plaquetária (paciente com IR têm risco aumentado
para sangramentos, sendo o principal fator a disfunção
plaquetária, ou seja, você não tem queda das plaquetas -
paciente não tem plaquetopenia - porém elas não funcionam
como deveria. O tratamento não é a reposição de plaquetas, mas
o uso de desmopressina (dDAVP), que é um análogo do ADH, e
pode ser usada intranasal)
○ Distúrbios eletrolíticos
■ Hiponatremia e hipocalcemia
■ Hipercalemia, hiperfosfatemia, hipermagnesemia, hiperuricemia
● Hipocalemia: leptospirose, aminoglicosídeos
(gentamicina), anfotericina B, cisplatina, nefroesclerose
hipertensiva maligna
■ Acidose metabólica com AG aumentado
● Etiologias
○ Qual a causa mais comum de IRA em pacientes
■ Hospitalizados: NTA por sepse (IRA intrínseca)
■ Não hospitalizados: IRA pré-renal
○ Pré-renal (causas que diminuem a perfusão renal)
■ Desidratação é a causa mais comum
■ Sangramentos (muito comum na hemorragia digestiva alta-
cirrose por exemplo)
■ Instabilidade hemodinâmica (sepse, por exemplo)
○ Renal intrínseca
■ Importante conseguir diferenciar da causa pré-renal. Por
exemplo, temos um paciente com sepse. Estava com PNM grave,
fechou os critérios de sepse e começou a ter uma IRA. Será que
lesão é apenas por causa da diminuição da perfusão ou o
paciente começou a ter necrose das células tubulares (NTA)? Só
consegue diferenciar laboratorialmente. Então vamos raciocinar:
se tem má perfusão, ainda com todas as células funcionando, o
rim tende a reabsorver o máximo possível de água e sódio (tentar
estabelecer a homeostase do organismo)
Pré-renal Necrose Tubular Aguda
G1 ≥ 90
G2 60 - 89
G3a 45 - 59
(começa a aparecer os sintomas)
G3b 30 - 44
(principalmente a partir daqui)
G4 15 - 29
A2 30 - 300
↓ ↓ ↓
Vasopressina ↑ Peptídeo SRAA ativado
↓ natriurético atrial ↓
Retenção hídrica (ANP) normal/baixo Retenção de Na
↓
Edema
● A perda de albumina provoca o aumento da síntese hepática de lipoproteínas
(hiperlipoproteinemia)
○ Pode cursar com lipidúria
Manejo do edema nefrótico
● Restrição de sódio < 2,4g/24h
● Suspensão de medicações que possam contribuir com edema - anlodipina
(BCC), betabloqueadores, vasodilatadores etc
● Diuréticos de alça - furosemida VO/EV
○ É o de escolha pela potência
○ Inicialmente VO mas pode optar pela via EV para pacientes muito
hipoalbuminêmicos (< 2,5 - 2 g/dL)
■ Esses pacientes necessitam do diurético EV, porque para a
furosemida agir na alça de Henle, tem que ter ligação da
furosemida às proteínas. Como está muito diminuída, tem baixa
ação da furosemida
■ Além disso, tem edema de alça intestinal e gástrico, diminuindo a
absorção dos medicamentos
● Diuréticos tiazídicos - HCTz, clortalidona
● Se tendência a hipocalemia associar diuréticos poupadores de potássio -
amilorida, espironolactona
● Ultrafiltração - hemodiálise
○ Refratários ao tratamento clínico
Prevenção de eventos tromboembólicos
● Evitar imobilização prolongada
● Antiagregantes plaquetários - AAS, clopidogrel
○ Quando está sob efeito da síndrome nefrótica e hipoalbuminêmico
grave
● Heparinização profilática - em especial em internações com paciente
acamado
● Tratar a dislipidemia - estatinas, ezetimiba, fibratos (no caso de TG alto)
Manejo da proteinúria
● Geralmente doenças do espectro da síndrome nefrótica cursam com
proteinúrias muito elevadas
○ Prognóstico: quanto menor a proteinúria, maior a sobrevida renal
● IECA/BRA (antiproteinúricos) - manter a maior dose tolerada
● Alvo de proteína < 0,5 a 1,0 g/24h
● Controle pressórico rigoroso - PA < 130x80 mmHg
● Controle de ingesta protéica e de sódio
○ Ingesta proteica de 0,6 a 0,8 g/kg/dia
● Tratamento da doença de base
○ Em alguns casos precisa de imunossupressão
Doenças associadas
● Doença de lesões mínimas (DLM)
○ Principal causa de síndrome nefrótica em crianças < 10 anos (90%)
○ Causa de síndrome nefrótica em adultos (10 a 15%)
○ Proteinúria maciça
○ Ausência de hematúria
○ SEM consumo de complemento
○ Em geral HAS ausente e função renal preservada
○ Resposta muito positiva a corticoides, em especial em crianças
○ Fatores associados a DLM
■ Drogas: AINHs, interferon, sais de ouro/lítio
■ Alérgenos: pólen, pó, imunizações
● Raro e difícil de fazer relação com a doença
■ Malignidades: doença de Hodgkin, micose fungóide, LLC
(incomum)
○ Fisiopatologia
■ Idiopática
■ Fatores associados podem ser o gatilho
■ Fusão dos processos podocitários
■ Ausência de infiltrado celular - doença de caráter não
proliferativo
● Biópsia de glomérulo em DLM mostra glomérulo normal à
microscopia óptica, mas na microscopia eletrônica é
possível ver a fusão dos processos podócitos, mudando a
polarização e aumentando a perda de proteínas
● Não tem necessidade de biópsia, porque essa doença é
tão elevada na faixa etária pediátrica que o diagnóstico é
presumível
● O melhor exame é a proteinúria de 24h
○ Tratamento
■ Medidas gerais
■ Corticoides - 1 mg/kg (máximo 80 mg/dia) VO
● Duração de 8 a 12 semanas, desmamando o corticóide nas
próximas semanas
■ Remissão completa (PTU < 0,5g/24h) em 95% dos casos
● Em adultos cerca de 60 a 70%
■ Associação com ciclosporina (imunossupressor) se não houver
remissão
● Principalmente em adultos
● Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF)
○ 30 a 35% dos casos de síndrome nefrótica em adultos
○ Sem hematúria e sem consumo de complemento
○ Proteinúria variável
■ Menor proteinúria = melhor prognóstico renal
○ 50% dos pacientes evoluem para DRCt em 5 a 10 anos
■ Independente do tratamento, que freia essa evolução, mas que
ainda acontece
○ Primária (idiopática) - fatores imunológicos circulantes (mais comum)
○ Secundária - diversos fatores potencialmente envolvidos
■ Genéticas - GESF familiar
■ Virais - HIV (variante colapsante)
● Prognóstico ruim
■ Drogas - heroína, interferon, lítio, pamidronato
■ Adaptação estrutural funcional, levando a sobrecarga
glomerular (hiperfiltração, hipertensão glomerular, esclerose)
● Baixo peso ao nascer
● Agenesia renal unilateral
● Nefropatia de refluxo vesicoureteral
● Obesidade
● Anemia falciforme
○ Biópsia
■ Áreas acometidas e áreas saudáveis no glomérulo
■ Áreas acometidas tem esclerose glomerular em segmentos do
glomérulo e focal (em focos, em alguns glomérulos da biópsia)
■ Na imunofluorescência é possível ver depósitos de
imunocomplexos de IgM e C3, de forma segmentar e focal
○ Tratamento
■ Síndrome nefrótica + paciente sintomático + paciente com
elevado risco de complicações
● Otimizar controle da PA < 130x80 mmHg
● iECA/BRA
● Estatinas
● Dieta normo/hipoproteica
● Prednisona 1mg/kg/dia VO por 4 - 16 semanas
○ Desmame gradual em até 6 meses
○ Quanto melhor a resposta ao corticoide, melhor o
prognóstico
■ Terapia alternativa para corticorresistência (não responde) e/ou
corticodependência (quando diminui um pouco a dose, volta
tudo) OU pacientes com contraindicação a corticoterapia - pode
fazer junto com o corticoide para diminuir a dose dele
● Ciclosporina oral 3 - 5 mg/kg/dia por 4 - 6 meses
● Ciclofosfamida oral 2 mg/kg/dia por 2 - 4 meses
● MMF oral 1 - 1,5 g/dia por 4 - 6 meses
● Nefropatia membranosa
○ 15 a 50% das causas de síndrome nefrótica em adultos (em especial
acima de 40 anos)
○ Rara em crianças
○ Mais comum em homens
○ Sempre procurar causas secundárias potencialmente associadas
■ Tumores sólidos (em especial pulmão, mama e intestino)
■ Associação com hepatite B
■ AINHs
■ Sais de ouro/penicilamina
■ LES
○ Causas primárias: anticorpo conhecido, responsável pela formação de
imunocomplexo da doença membranosa - receptor da fosfolipase A2
nos podócitos
○ Apresentação clínica
■ Sem hematúria e sem consumo de complemento
■ Proteinúrias importantes - maior risco de complicações
relacionadas à síndrome nefrótica
■ Doença dos terços
● ⅓ vai evoluir com remissão espontânea
● ⅓ vai evoluir com PTU e função renal estáveis
● ⅓ vai evoluir com DRC em estágio avançado
■ Risco para progressão - sempre avaliar potencial para evolução
desfavorável, visando escolher os pacientes com benefício para
imunossupressão
● Função renal normal + PTU < 4g/24h = baixo risco
● Função renal normal + PTU 4 - 8g/24h = médio risco
● Deterioração da função renal + PTU > 8g/24 = alto risco
○ Biópsia
■ Depósitos subepiteliais (abaixo dos podócitos) - espessamento
da membrana basal e padrão em espículas
■ IF - depósitos granulares de IgM ao longo da alça capilar
glomerular
○ Tratamento
■ Proteinúria < 4 + TFG normal
● PA ≤ 130x80 com IECA e BRA
● Dieta
■ Proteinúria entre 4 - 8 + TFG normal
● PA ≤ 130x80 com IECA e BRA
● Dieta
● Monitorar 6 meses
○ Se cair após o período , fica o mesmo esquema de <
4 (PA ≤ 130x80 com IECA e BRA)
○ Se persistir > 4
■ Drogas citotóxicas
(imunossupressor)/esteróides(corticóide)/ini
bidores da calcineurina
■ Proteinúria > 8 + TFG reduzida
● PA ≤ 130x80 com IECA e BRA
● Dieta
● Monitorar 6 meses
○ Se persistir > 8
■ Drogas citotóxicas/esteróides/inibidores da
calcineurina
■ Diferente da GESF e DLC, a NM não utiliza corticoide de forma
isolada na imunossupressão
10) SÍNDROME NEFRÍTICA
Características gerais
■ Consumo de C3 e C4
○ Tipo II - associação com presença de fator nefrítico C3 e/ou deficiência
de fator H do complemento (mais rara)
■ Associação clássica com hepatite C
● Biópsia
○ Hipercelularidade + desdobramento da membrana basal
○ IF com depósito de IgM e C3
● Tratamento
○ Praticamente nada funciona bem
○ Tratamento em geral conservador
■ Antiproteinúricos
■ Controle pressórico
■ Demais medidas de suporte clínico
■ Formas rapidamente progressivas - mesmo tratamento
preconizado (imunossupressão) + plasmaférese em casos
selecionados
■ Imunossupressão não está indicado nas formas de GNMP
relacionadas ao HCV - tratar a doença viral (interferon +
ribavirina)
● Se ainda tem o vírus = tratar ele
11) HEMATÚRIA E PROTEINÚRIA ISOLADAS
Hematúria isolada
● DM = nefropatia diabética
● Evolução natural da doença
○ Gráfico da DM tipo I
○ Fases I e II = hiperfiltração
■ O paciente apresenta hiperfluxo sanguíneo glomerular,
associado ao descontrole glicêmico
■ Hipertrofia glomerular
■ Aumento da TFG (25% - 50%)
■ No primeiro momento não tem lesão glomerular
○ Fase III = nefropatia diabética incipiente
■ Tem redução da hiperfiltração, cai um pouco a TFG
■ Começa a ter lesão glomerular devido ao grande fluxo e
aumento da pressão glomerular
■ Há expansão mesangial, porque a lesão causa o aumento de
células inflamatórias, afilamento de MBG e hialinose arteriolar
■ Com isso tem perda de glomérulos e lesão tubular, levando ao
aumento da perda de proteína = microalbuminúria
○ Fase IV = nefropatia diabética manifesta
■ Paciente começa a definitivamente perder função renal, com
aumento de creatinina e redução da TFG
■ Microalbuminúria passa para macroalbuminúria = síndrome
nefrótica
■ Presença de nodulações mesangiais (Kimmelstiel Wilson) e fibrose
tubulointersticial
● Essas nodulações são muito características da ND
● São lesões escleróticas, lembrando a GESF
○ Fase V = doença renal crônica em estágio terminal
■ Necessidade de diálise
● Características
○ Ausência de hematúria ou leucocitúria
○ Sem sinais/sintomas sistêmicos
○ Investigar marcadores de outras doenças
○ Em geral apresentam retinopatia antes da nefropatia
○ Pode cursar com proteinúria em níveis nefróticos
○ Geralmente com mais de 10 anos de doença
● Tratamento
○ Controle glicêmicos
■ HbA1c < 7 % e glicemia de jejum < 120 mg/dL
○ Controle pressórico
■ PA < 130 x 80 mmHg
○ Antiproteinúricos iECA/BRA
■ Objetivar o menor valor de PTU, de preferência < 500 mg/dia
○ Outros fatores: atividade física, tratamento do tabagismo, dislipidemia,
abordagem da obesidade
Hipertensão arterial sistêmica
● HAS = nefroesclerose hipertensiva
● Ausência de hematúria ou leucocitúria, assim como na nefropatia diabética
● Sem sinais/sintomas sistêmicos
● Investigar marcadores de outras doenças
● Em geral já apresentam retinopatia antes da nefropatia - na investigação,
solicitar sempre avaliação oftalmológica
○ Fundo de olho
● Pode cursar com proteinúria em níveis nefróticos
● Geralmente com mais de 5 a 10 anos de doença mal controlada
● Tratamento
○ Controle pressórico (< 130x80)
○ Antiproteinúricos (iECA/BRA, objetivando PTU < 500)
○ Outros fatores: atividade física, tratamento do tabagismo, dislipidemia,
DM, abordagem obesidade
Microangiopatias trombóticas
● Dois espectros de apresentação clínica
○ Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU)
○ Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT)
● Trombocitopenia (agregação plaquetária na microcirculação)
○ Tem depósito de plaqueta nos capilares glomerulares
○ Nas glomerulopatias primárias o depósito é de imunocomplexos
● Anemia hemolítica microangiopática (fragmentação mecânica dos eritrócitos)
○ Tem plaquetas grudadas na microcirculação e eritrócitos tentando
passar por lá
● Manifestação clínica
○ Geralmente severa
○ Reticulocitose (porque aumenta a produção de hemácias)
○ Haptoglobina consumida
○ Hiperbilirrubinemia indireta
○ Esquizócitos/DHL elevado
○ Consumo da fração C3
○ IRA em geral com oligúria (SHU)
■ Acometimento renal por lesão do endotélio dos capilares
glomerulares
○ Déficit neurológico agudo (PTT)
■ Anemia hemolítica microangiopática + perda de função renal +
coma
○ Hematúria dismórfica e proteinúria nefrótica
○ Tratamento agressivo - plasmaférese
● Síndrome hemolítico-urêmica (SHU)
○ O estímulo para a agregação no geral é provocado pela
E. coli O157:H7 (esse sorotipo é agressivo do ponto de vista clínico)
○ Provoca cólicas abdominais, diarréia
■ Diarréia muco ou sero sanguinolenta
○ Prognóstico
■ Resolução = 95%
■ SHU = 5%
● Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT)
○ Há uma deficiência de uma enzima chamada ADAMTS13, que cliva,
fragmenta os polímeros do vWF
○ O vWF é um fator da cascata de coagulação e se ele não é clivado,
tem-se um estímulo para agregação e adesão plaquetária na
microcirculação
○ Predomínio de acometimento clínico neurológico
Vasculite de pequenos vasos
● Vasculite necrotizante de pequenos vasos
● Mecanismos não claramente conhecidos
● Pauci-imune = não há deposição de imunocomplexos
● Complemento sérico normal
● Associação com ANCAs circulantes
○ Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos
○ ANCAp ou antimieloperoxidase (padrão perinuclear)
■ Classicamente associado a poliangeíte microscópica
■ Lesão renal e acometimento pulmonar (hemoptise)
○ ANCAc ou antiproteinase C (padrão citoplasmático)
■ Classicamente associado a granulomatose de Wegener
■ Acometimento renal, sintomas de vias áreas superiores (úlceras
orais, nasais) e pulmonares (nódulos, hemoptise)
● Manifestação clínica vasta = acomete diversos órgãos
○ Constitucional: febre, emagrecimento, anorexia
○ Cabeça: rinite, úlceras orais, púrpura em palatina, esclerite e uveíte
○ Pulmões: capilarite pulmonar, hemorragia alveolar, infiltrado não
específico, fibrose pulmonar, derrame pleural
○ TGI: vasculite mesentérica, aneurisma mesentérico
○ Rins: GNs
○ Pele: púrpura palpável, úlceras, lesões vesicobolhosas
○ Articulações: poli ou oligoartrite migratória, artralgias
○ Nervos periféricos: mononeurites sensitivas ou motoras
○ SNC: vasculite central
● Três espectros principais
○ Poliangeíte microscópica
■ Ausência de asma ou granulomas
■ ANCAp
○ Doença de Wegener
■ Ausência de asma ou granulomas
■ ANCAc
■ As duas se parecem muito nas manifestações, mas o ANCA muda
na análise laboratorial
○ Churg-Strauss
■ Eosinofilia, asma ou granulomas pulmonares
● Clínica renal
○ Hematúria glomerular
○ Proteinúria subnefrótica
○ IRA - quadros graves, com evolução rapidamente progressiva
● Tratamento
○ Imunossupressão agressiva
○ Pulsoterapia com corticoide + ciclofosfamida
○ Rituximabe
○ Plasmaférese
Causas de síndrome pulmão-rim
Doenças Marcadores
O O O, A, B, AB
A O, A A, AB
B O, B B, AB
■ HLA distinto = as seis casas distintas
● Pode transplantar? Pode, mas é uma contraindicação
relativa
■ Quando tem alguma discordância = discordância em A ou B ou
DR
● Prova-cruzada de linfócitos (cross-match)
○ Pesquisa de o receptor tem anticorpos específicos contra antígenos do
doador
○ Prova cruzada positiva em geral se rejeita a doação
○ Esse é uma contraindicação absoluta
○ Como se forma esses anticorpos específicos?
■ Gestação
■ Transfusão sanguínea
■ Transplante de órgãos
Avaliação do receptor de rim
● Sensibilização - produção de anticorpos específicos (os 3 casos acima)
● Malignidades
● Avaliação cardiovascular
● Avaliação do trato urinário, principalmente quando em diálise por muito
tempo
○ Pacientes em diálise há mais de 2 anos, principalmente oligúricos e
anúricos, tem uma contração da bexiga
○ Muitas vezes tem que fazer expansão cirúrgica da bexiga
■ Evitar refluxo vesicoureteral para o rim transplantado
● Avaliação vascular - importante angio TC/arteriografia
○ Tem que saber se a vasculatura do abdome, pelve e membros inferiores
são viáveis
○ Pacientes com catéter de hemodiálise em veia femoral tem mais chance
de trombose do sistema venoso e CI de transplante do rim novo
● Sorologias
● RX tórax, mamografia
● Tipagem sanguínea, HLA e prova cruzada
Cirurgia
● Geralmente feito na FID
● Em geral a anastomose (término lateral) da artéria do rim transplantado é
feito na artéria ilíaca, não na aorta
○ Anastomose tanto arterial quanto venosa
○ Término da artéria do rim e lateral da ilíaca
● Implanta o ureter na bexiga
Imunossupressão
● Pós cirurgia
● É preciso fazer para o resto da vida
● Fase de indução
○ Mais agressiva
○ Em geral com doses de corticoterapia EV + outro imunossupressor EV +
um terceiro que ficará na fase de manutenção
● Fase de manutenção (VO) - após a primeira semana
○ Corticosteróides
○ Ciclosporina
○ Tacrolimus
○ Micofenolato
○ Azatioprina
○ Rapamicina
Complicações pós-transplante
● Semana 1 (aguda)
○ NTA
■ Principalmente de doador falecido, com isquemia fria
■ Geralmente recupera em 7 - 10 dias
○ Rejeição hiperaguda
■ Principalmente quando tem prova cruzada positiva
○ Obstrução do trato urinário
■ Coágulos vesicais
■ Estenose de ureter
■ Estenose de uretra
■ Outras complicações relacionadas à abordagem cirúrgica
○ Tromboses vascular
■ Principalmente de artérias e veias renais do rim transplantado
■ Pensar nessa hipótese principalmente se o paciente tiver alguma
coagulopatia prévia, doenças reumatológicas ou que tem
histórico de trombose vascular
○ Hipovolemia
■ O paciente principalmente quando recebe o rim de um doador
vivo, ele passa por uma fase poliúrica
■ Isso acontece também em alguns dias depois no rim de doador
falecido
■ Se não repor a volemia adequadamente, esse paciente pode
desidratar nos primeiros dias
● < 12 semanas pós transplante (subaguda)
○ Rejeição aguda
○ Toxicidade por inibidores de calcineurina (tacrolimus)
■ Doses altas e não ajustadas podem levar a toxicidade tubular e
piora da função renal
○ Causas urológicas obstrutivas
○ Infecções bacterianas (pielonefrite)
○ Infecções virais
○ Nefrite intersticial
■ Aguda ou crônica por drogas, principalmente
imunossupressores
○ Recorrência da doença de base (por exemplo, GESF)
■ Prestar atenção em PTU e perda de função renal pós transplante
● > 12 semanas (crônica)
○ Rejeição aguda
○ Toxicidade por inibidores de calcineurina (tacrolimus)
○ Causas urológicas obstrutivas
○ Infecções bacterianas (pielonefrite)
○ Infecções virais
○ Recorrência da doença de base (por exemplo, GESF)
○ Nefropatia crônica do enxerto
■ Pelo tempo de ação dos imunossupressores, pela própria
característica fisiológica de perda do enxerto (paciente ao longo
dos anos vai tendo perda de função renal progressiva)
■ Enxerto renal não é pra sempre
● De doador falecido: dura em média de 5 a 10 anos
● De doador vivo
○ Aparentado: dura em média + de 10 anos