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Diuréticos

Diuréticos anti-hipertensivos disponíveis no Brasil isso, a literatura os classificou em 5 distintos


Diretrizes 2020: grupos: os diuréticos de alça, os diuréticos
tiazídicos, os diuréticos poupadores de
Potássio, os inibidores da anidrase carbônica
e os diuréticos osmóticos.

DIURÉTICOS DE ALÇA

Furosemida (Lasix®), Bumetanida (Burinax®)

A alça ascendente de Henle é chamada de


segmento diluidor urinário – esta porção do néfron
possui baixa permeabilidade a água que foi filtrada
Diuréticos no tratamento da insuficiência cardíaca e um mecanismo de reabsorção (20-30% Na+) de
Diretrizes 2018: íons que retornam para o sangue, tornando a urina
mais diluída.

A bomba de Na+/K+ é responsável por este


processo. A bomba devolve sódio para o sangue
em troca de K+. Em condições normais este sódio
vem do cotransportador de Na+-K+-2Cl-. No
entanto, quando o Na+ sai do túbulo, 1K+ e 2Cl-
saem juntos. Este K+ pode recircular pelo
cotransportador K+/Cl- ou parte dele pode sair pelo
canal de K+ presente na membrana tubular.

Os diuréticos de alça atuam na alça ascendente


de Henle inibindo reversível e competitivamente o
NÉFRON
cotransportador Na+-K+-2Cl- mantendo estes íons
no túbulo e formando um gradiente de
concentração onde a água tende a ficar e não ser
reabsorvida.

A água do sangue é filtrada no glomérulo,


sendo reabsorvida para o sangue nas porções
permeáveis do néfron.

Os diuréticos têm como objetivo principal Esses diuréticos exercem um efeito vasodilatador
(“fator renal”). A principal hipótese é de que, por
produzir um balance hídrico negativo de água,
um mecanismo ainda desconhecido, estes
são classificados segundo o local do túbulo
diuréticos estimulam de síntese de PGL nos rins
que ocorrerá o mecanismo de ação; e para
exercendo o efeito vasodilatador. Quanto maior a - Edema pulmonar agudo
vasodilatação maior será a chegada de sangue - Insuficiência cardíaca
para ser filtrado, contribuindo para o efeito - Hipertensão associada a comprometimento
diurético. renal
- Síndrome nefrótica
São classificados como diuréticos de alto limiar
- Cirrose com ascite
por produzirem grande volume urinário.
- Insuficiência renal (o aumento do fluxo urinário
pode facilitar o controle clínico do equilíbrio
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS
hídrico na presença de diminuição da filtração
Os diuréticos de alça ligam-se fortemente às glomerular);
proteínas plasmáticas e não passam diretamente - Hipercalcemia (aumentar a diurese de cálcio).
ao filtrado glomerular. Para chegarem no local de
ação são secretados no túbulo contorcido proximal DIURÉTICOS DE TÚBULO CONTORCIDO DISTAL
pelo mecanismo de transporte de ácidos
Os diuréticos que atuam sobre o túbulo distal
orgânicos.
incluem os tiazídicos (hidroclorotiazida) e
fármacos relacionados com estrutura química
PARTICULARIDADE
diferente, mas com mesmo efeito terapêutico
Apresentam uma estrutura sulfonamídica = (clortalidona, indapamida).
altamente alergênicos – contraindicado a alérgico
a sulfas. Estes fármacos ligam-se ao sítio do Cl− e inibem a
ação do cotransportador de Na+/Cl− presente na
membrana tubular distal, impedindo a reabsorção
EFEITOS INDESEJADOS
ativa destes dois íons. A permanência de Na+ e Cl−
Com base em seu mecanismo de ação: torna a urina concentrada e a água deixa de ser
reabsorvida, promovendo a diurese.
• Diminuição da reabsorção de Ca2+ Mg2+ e
K+: A entrada e saída de K+ pelo canal da
membrana tubular gera um potencial de
membrana positivo que promove a reabsorção
de Ca2+ e Mg2+. Com o bloqueio do
simportador pelos diuréticos de alça, o
potencial de membrana positivo não se
estabelece e mantém Ca2+ e Mg2+ na luz
tubular.

(hipocalcemia, hipomagnesemia e hipocalemia)

• Hiperuricemia: aumento de ácido úrico no


sangue. O transportador orgânico responsável
pela secreção no túbulo renal para ser
excretado na urina está impedido de realizar
sua ação pelos fármacos diuréticos e, dessa
forma, acumula-se no sangue. Em indivíduos Nesta porção do néfron há receptores para o PTH
predispostos, o uso de diuréticos de alça pode que mantém o equilíbrio de Ca2+ no organismo. O
causar gota como efeito adverso. PHT ativa seus receptores presentes na
membrana intersticial que promove a expressão
• Ototoxicidade: surdez, diminuição dos do antiportador Na+/Ca2+ que irá secretar Na+ em
líquidos que preenchem os canais auditivos. troca da reabsorção de Ca2+.

Este aumento da reabsorção de Ca 2+ pode ser


PRINCIPAIS USOS
vantajoso em pacientes mais idosos com risco de
Associações em tratamento de sobrecarga de Na+ osteoporose.
e água:
São classificados como diuréticos de limiar a abertura dos canais de K+ e movimenta a bomba
moderado, pois não há tanta produção urinária de H+, resultando em perda de K+ e H+.
quando comparado aos diuréticos de alça. Consequentemente, há hipocalemia e alcalose
metabólica.
EFEITOS INDESEJADOS

• Hipercalcemia (bloqueio do simportador


Na+/Cl− diminui o Na+ disponível para o
funcionamento da bomba de Na+/K+. Com isso,
o antiportador devolve o Na+ do interstício para
dentro da célula em troca da reabsorção de
Ca2+;
• Hipomagnesemia;
(efeito crônico, particularmente em idosos)
• Hipocalemia; (níveis baixos de potássio no
sangue)
• Alcalose metabólica;
• Hiperuricemia (efeito agudo);
• Diabetes insípido (efeito paradoxal que ↓
volume de urina).

Estão associados também a transtornos


metabólicos: DIURÉTICOS DE DUCTO E TÚBULO COLETOR

Também chamados de diuréticos poupadores de


• Hiperglicemia (menor com reposição do K);
K+ (Espironolactona e Amilorida) aumentam a
• Dislipidemia;
reabsorção de K+ no néfron.
• Disfunção erétil.
Os agentes pertencentes a essa classe
PRINCIPAIS USOS interrompem a reabsorção de Na+ das células
principais do ducto coletor por um de dois
- Hipertensão
mecanismos: a espironolactona inibe a
(Indapamida: doses subdiuréticas: estimulam
biossíntese de novos canais de Na+ nas células
o fator vasodilatador renal que contribui para
principais, enquanto a amilorida e o triantereno
diminuição da pressão com menos efeitos
bloqueiam a atividade dos canais de Na+ na
adversos.
membrana luminal dessas células.
- IC leve;
- Edema resistente grave • Espironolactona (antimineralocorticoide) liga-
- DB insipido nefrogênico (para diminuir o se ao receptor mineralocorticoide basolateral
volume urinário) no ducto coletor como um antagonista
- Prevenção de cálculos (hipercalciúria), pois competitivo do receptor de aldosterona,
aumentam reabsorção de cálcio. bloqueando os efeitos da aldosterona:

Obs: tiazidas são contraindicadas a alérgicos a o ↓ reabsorção de Na+ → água permanece no


sulfas. lúmen tubular com o Na + → diurese

Por que os diuréticos de alça e os diuréticos do o ↓ secreção de K+ → poupa potássio


túbulo distal causam hipocalemia e alcalose
o ↓ secreção de H+ → tendência para acidose
metabólica? metabólica
Essas classes de diuréticos promovem um O início do efeito é lento pois é um receptor
aumento na porção distal do néfron de água e nuclear que quando ativado atua na transcrição
sódio. O Na+ quando reabsorvido da luz tubular gênica.
causa a despolarização da membrana que realiza
• Triantereno se ligam e bloqueiam diretamente • ↓ reabsorção renal de até 45% do
os canais de Na+ das células que revestem os HCO3– levando a:
túbulos contorcidos distais e ducto coletor:
o ↓ reabsorção de Na+ o Acidose metabólica hiperclorêmica
o ↓ secreção de K+ (indicado no tratamento de alcalose metabólica)
A água segue sempre o Na → a água permanece
+
o Alcalinização da urina.
com o Na + nos túbulos (ao invés de ser
reabsorvida). • ↑ secreção de Na+ → água segue Na+ →
diurese:
Também parece estimular a síntese de PGL renais
contribuindo para o efeito vasodilatador. o Devido à atividade reduzida do
trocador Na+ / H+
EFEITOS INDESEJADOS
o Após vários dias, a reabsorção
• Hipercalemia (uso isolado ou associado a compensatória de Na+ aumenta em
drogas que reduzem renina); outras partes do nefron → a diurese
• Acidose metabólica. diminui significativamente.

Espironolactona – afinidade por receptores


PRINCIPAIS USOS
androgênicos reduzindo a atividade dos
receptores da testosterona, principalmente. A - Alcalose metabólica (uso agudo);
longo prazo pode causar ginecomastia, - Glaucoma: ↓ pressão intraocular devido à ↓
impotência e hiperplasia prostática. produção de humor aquoso dependente de
HCO3– ;
Triantereno – fármaco de baixa solubilidade,
- Edema cerebral: ↓ pressão intracraniana
podendo precipitar e formar cálculos renais.
devido à ↓ produção de LCR;
- Epilepsia
USOS
Associados aos diuréticos que promovam a perda EFEITOS INDESEJADOS
de K+ para diminuir o efeito colateral poupador de
• Parestesias e sonolência (ações no SNC);
K+.
• Depressão de MO
Espironolactona pode ser indicada para • Toxicidade cutânea
tratamento de hiperaldosteronismo (produção • Lesões renais
exacerbada de aldosterona) e SOP síndrome de • Hipersensibilidade
hiperatividade ovariana (sensibilidade
DIURÉTICOS OSMÓTICOS
androgênica da SOP).
Os diuréticos osmóticos (Glicerina, Isossorbida,
INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA (IAC)
Manitol e Uréia) são substâncias
A anidrase carbónica apical-IV converte H2CO3 em farmacologicamente inertes filtradas no glomérulo,
H2O e CO2 e a anidrase carbónica intracelular-II mas não reabsorvidas pelo néfron → ↑
converte CO2 e H2O em H2CO3. Este processo osmolaridade do fluido tubular.
resulta em excreção de H+ e absorção de HCO3-.
Dentro do néfron, seu principal efeito é exercido
Em condições normais 80% HCO3- do filtrado é
sobre aquelas partes do néfron que são livremente
reabsorvido no túbulo contornado proximal.
permeáveis à água: o túbulo proximal, o ramo
Os inibidores da anidrase carbônica (IAC) descendente da alça e os túbulos coletores.
bloqueiam as enzimas da anidrase carbônica no
Por causa desta osmolaridade mais alta do fluido
túbulo contornado proximal, inibindo a reabsorção
tubular, a água que normalmente seria
de bicarbonato de sódio (NaHCO3), o que resulta
reabsorvida, permanece nos túbulos.
em:
EFEITOS INDESEJADOS
• Edema pulmonar (ICC ou congestão
pulmonar): ↑ osmolaridade plasmática resulta
na expansão de volume inicial;
• Hiponatremia (inicialmente): baixa
concentração de sódio no sangue em relação
ao volume de água no organismo – cefaleia,
náuseas e vômitos.
• Hipernatremia e desidratação (tardio): perda
de água excede as perdas de Na+.

PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS

Os peptídeos natriuréticos são classificados em


Atrial (PNA), cerebral (PNB) e tipo C (PNC) sendo
secretados pelo coração, células renais e
endoteliais.

São antagonistas naturais do sistema renina-


angiotensina aldosterona e do sistema nervoso
simpático.

Os receptores metabotrópicos presentes no ducto


coletor quando ativados ocorre o mecanismo de
bloqueio dos canais cátion não específico
regulado pelo nucleotídeo (CNGC), promovendo a
excreção de cátions, em especial o Na+.

Os peptídeos natriuréticos aumentam GMPc, um


mensageiro vasodilatador importante,
promovendo os efeitos esperados:

- Vasodilatação;
- Natriurese e diurese;
- Aumento da taxa de filtração glomerular e
fluxo sanguíneo renal;
- Menor liberação de renina e aldosterona;
- Aumento da atividade simpática;
- Efeitos anti-hipertróficos e anti-fibróticos.

FÁRMACOS QUE ATUAM ATRAVÉS DOS PEPTÍDEOS


NATRIURÉTICOS
São fármacos utilizados para redução da PA,
hipertrofia cardíaca e fibrose.

Nesitirida – PNB humano recombinante.

Sacubitril*: inibidor neprilisina (enzima de


degradação do PNA, PNB e PNC; AngI e
bradicinina).

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