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FUNÇÃO TUBULAR:

PROCESSAMENTO DE ÁGUA E ELETRÓLITOS PELOS TÚBULOS RENAIS:


A composição da urina, tanto em termos de água quanto solutos depende de 3 processos fundamentais:
Filtração glomerular, Reabsorção tubular e Secreção tubular.
Balanço Zero: “tudo que entra sai” = toda a água e soluto que são ingeridos, saem na mesma proporção
Absorção da Água x Absorção de Solutos ao longo do néfron:

O cálculo do clearance (depuração) de uma substância permite a ideia de como ela é processada nos
rins, no caso temos que diferentes substâncias possuem diferentes clearances: a glicose possui
clearance zero (totalmente filtrada e reabsorvida), o sódio possui um clearance renal baixo de 1 L/dia e
o potássio um clearance maior de 10 L/dia.
Isso indica que os túbulos são capazes de aumentar a sua taxa de absorção conforme a demanda
corporal (maior ingesta de determinado soluto), porém, somente até determinado ponto/TETO DE
ABSORÇÃO (Tm = transporte máximo). A partir desse valor qualquer acréscimo à concentração
plasmática de glicose acarretará um aumento proporcional de sua carga excretada, assumindo que o
RFG permaneça constante.
FRAÇÃO DE EXCREÇÃO:
Concentração excretada da substância na urina sobre a quantidade filtrada dessa substância.
• FE = Concentração urinária x Volume / Concentração plasmática x RFG.
• RFG = Concentração urinária x Volume urinário / Concentração plasmática

CE: carga excretada na urina


CF: carga filtrada
U: concentração da substância na urina
V: fluxo urinário
P: concentração plasmática da substância
Desidratações = FENa < 1% (retenção de sódio)
Lesão que provoca injúria tubular (necrose tubular aguda) FENa > 1% (retenção excessiva de sódio)
TRANSPORTE DE SOLUTO E ÁGUA TUBULAR:
Tipos de Transporte:
• ATIVO: transporte contra gradiente eletroquímico (ocorre com o gasto de ATP)
Bomba Na-K-ATPase: joga sódio para fora e potássio para dentro (3Na-2K)
Transporte ativo secundário: outras substâncias são transportadas em conjunto com o Na pois se liga
a uma molécula especial situada na membrana e que também se liga ao Na, que no caso está fazendo
um transporte contra o gradiente eletroqúimico e leva uma segunda substância.
Cotransporte: quando duas substâncias são transportadas no mesmo sentido por uma molécula
carreadora comum.

• PASSIVO: transporte sem gasto de energia a favor do gradiente de concentração


O Transporte Passivo ocorre tanto da água pelos túbulos quanto dos solutos, mas esse último ocorre
conforme 3 forças básicas: arraste conjunto com o fluxo de água (absorção de potássio no TCP);
diferença de potencial químico (diferença de concentração como as aquaporinas); e diferença de
potencial elétrico (absorção de cloreto e outros íons na porção espessa da alça de henle).
TUBULO PROXIMAL:
Epitélio simples: absorve 75% da água e realiza um transporte maciço de sódio!!!
Membrana basolateral: Bomba Na+/K+ATPase (mantém baixa concentração intracelular de sódio)
Membrana luminal: borda em escova + contratransportador Na+/H+ (absorve Na+ e excreta H+)
Segmento S1:
• Contratransportador NaH: reabsorve Na+ e elimina H+ = ACIDIFICAÇÃO DA URINA!

• Absorção de HCO3: bicarbonato não é absorvido


através de canais de bicarbonato (HCO3), e sim
pois ele se combina com H+ pela reação
catalisada pela AC (anidrase carbônica),
formando CO2 que consegue passar de forma
passiva para o interior da célula, onde se combina
com a H2O e se transforma novamente em HCO3
e H+ (elimina H+ e reabsorve o HCO3-)

• Transportador SGLT (cotransporte sódio-glicose):


- SGLT1: seguimento S2 = baixa capacidade e alta
afinidade → reabsorção da glicose acoplada ao sódio
quando sua concentração já caiu a valores muito baixos
no segmento S2 do TCP.
- SGLT2: seguimento S1 = alta capacidade e baixa
afinidade → reabsorção de glicose quando está
presente no lúmen tubular em alta concentração.
OBS: Canal SGLT quando inibido faz com que haja
eliminação renal de glicose por falta de sua reabsorção,
gerando perda de peso, glicosúria (risco de ITU), redução
da TFG e hiperfluxo glomerular!

Efeito renal da inibição de SGLT2:


DM = Hiperglicemia (ultrafiltrado rico em glicose) gera aumento de inserção de SGLT2 no TCP,
aumentando a reabsorção de Na e glicose, reduzindo a quantidade de Na que chega na mácula densa,
o que ativa o SRAA e leva a vasodilatação da AA e vasoconstrição da AE = HIPERFILTRAÇÃO!
ANG II = Hiperfiltração por vasoconstrição AE > AA
*MD: porção do TD sensível a variações de sódio e ativação do SRAA (libera RENINA)
SEGMENTOS FUNCIONAIS DO TP:
O intenso transporte de sódio e água que se processo ao longo do TP acaba por levar indiretamente a
absorção de vários outros solutos (potássio, cálcio, magnésio e ureia) que são reabsorvidos em
cotransporte com o sódio, ou seja, na mesma proporção que o sódio e a água.
TCP: realiza intensa reabsorção de SÓDIO e ÁGUA (motor do processo = bomba Na+/K+/ATPase),
para facilitar o transporte usa de transportadores da membrana luminal e dos complexos juncionais
celulares.
SEGMENTO S1:
- Contratransportador Na+/H+ (NHE3)
- Sódio é reabsorvido junto ao Bicarbonato: enquanto o NHE3 faz a secreção de H+ para o lúmen,
esse H+ permite a absorção do bicarbonato sobre a forma de ácido carbônico (H2CO3), sobre o qual
age a enzima AC e então o CO2 entra na célula de forma passiva.
- Reabsorção de parte do sódio acoplado a glicose (SGLT2)
SEGMENTO S2:
- Reabsorção de Cloreto: Na+/Cl-
Como a reabsorção d eHCO3- no segmento S1 é muito intensa e assim ocorre uma redução rápida da
concentração luminal desse íon, e como ocorre reabsorção igualmente intensa de água, as
concentrações do Cl- (que é reabsorvido mais lentamente), eleva-se progressivamente. Quando o fluido
intratubular atinge o segmento S2 a concentração de Cl- está 30% superior a do plasma, levando a
passagem desse íon por entre as junções intercelulares, provocando uma deficiência de cargas
negativas no lúmen tubular e assim facilitando até a reabsorção do sódio.
SEGMENTO S3:
- Secreção de ácidos orgânicos, AAS, antibióticos e diuréticos
ALÇA DE HENLE:
MECANISMO DE CONTRACORRENTE:
• PORÇÃO DESCENDENTE: muito permeável a água
- Aquaporinas: absorção passiva de água
• PORÇÃO ASCENDENTE: muito permeável a soluto = 25% do sódio (não a água)
- Porção impermeável a água
- Seguimento diluidor: absorve solutos para garantir a hipertonicidade da medula na parte
descendente e assim permitir a absorção de água! = Transportador NaK2Cl (NKCC)
A porção espessa ascendente da alça de henle é pouco
permeável a água, sendo um segmento diluidor em que
há a intensa reabsorção de íons Na+, Cl- e K+,
permitindo a criação de uma hipertonicidade da medula
renal que influencia a saída de água do segmento
descendente.

Diurético de Alça: Furosemida – Síndrome de Barter: decorrente da furosemida!


SÍNDROMES E DEFEITOS NAS PROTEÍNAS TUBULARES RENAIS:

SÍNDROME DE BARTTER:
- Decorrente da ingestão crônica e excessiva de diurético de alça (FUROSEMIDA).
- Síndrome neonatal com apresentação de polidrâmnio, vômitos, perda de peso, irritabilidade, atraso no
desenvolvimento, desidratação, hipopotassemia, hipomagnesemia, cloro aumentado na urina, alcalose
metabólica, cloro elevado na urina e HIPERCALCIÚRIA (furosemida pode gerar pedra no rim).
OBS: diurético faz alcalose metabólica = diurético reduz o volume corporal de sangue onde o
bicarbonato pode ser diluído, por isso fica mais “concentrado”, levando a alcalose!!!
TÚBULO DISTAL:
Transportador NCC: cotransporte de Na e Cl
SÍNDROME DE GITELMAN:
- Desidratação e hipotensão
- Hipocalemia, alcalose metabólica
- Calciúria NORMAL, cloro elevado na urina, hipomagnesemia!
TÚBULO COLETOR:
Canais ENac e ROMK: absorção de Na+ e eliminação de K+
- Local de atuação da aldosterona!
- A secreção de K+ é influenciada:

OBS: Célula intercalada: fazem a acidificação da urina!


AS CÉLULAS INTERCALADAS ALFA FAZEM SECREÇÃO DE ÍONS HIDROGÊNIO PARA O INTERIOR DO
TÚBULO RENAL ATRAVÉS DOS TRANSPORTADORES HIDROGÊNIO -ATPASE NA MEMBRANA LUMINAL. A
SAÍDA DE H+ PARA A LUZ DO TÚBULO FAZ COM QUE HAJA SUA JUNÇÃO COM A AMÔNIA (NH3 ),
FORMANDO O ÍON AMÔNIO (NH4 +). A FORMAÇÃO DO ÍON AMÔNIO É A PRINCIPAL FORMA DE
ELIMINAÇÃO DE H+ PELA URINA, SENDO O MECANISMO RESPONSÁVEL PELO PROCESSO FINAL DE
ACIDIFICAÇÃO URINÁRIA. JÁ NA MEMBRANA BASOLATERAL DA CÉLULA INTERCALADA ALFA HÁ O
TROCADOR CLORO-BICARBONATO (CL- /HCO3 - ), QUE REABSORVE O BICARBONATO PARA O
INTERSTÍCIO E O CLORO PARA O INTERIOR DA CÉLULA. POSTERIORMENTE, ESSE CLORO SAI PARA A
LUZ DO TÚBULO E É ELIMINADO JUNTO COM O AMÔNIO NA FORMA DE CLORETO DE AMÔNIO (CLNH4 )

DIURÉTICOS:

DIURÉTICOS OSMÓTICOS – TÚBULO PROXIMAL (MANITOL):


O TP é conhecido pelo transporte de aproximadamente 2/3 da água filtrada e do sódio corporal por
conta de possuir junções intercelulares com “frouxas” ligações que permitem a passagem dessas
substâncias. Sendo assim, os diuréticos osmóticos (MANITOL) funcionam como solutos não
absorvíveis pelo epitélio do TP, por isso são progressivamente acumulados no lúmen tubular à medida
que a água vai sendo reabsorvida, consequentemente ocorre um aumento da pressão oncótica
intratubular e assim a reabsorção de água pelo túbulo fica limitada (já que depende de uma pequena
hipotonicidade intratubular associada a altos índices de condutância hidráulica); assim, com a retenção
intratubular de água o sódio é progressivamente diluído.
MÉDIA POTÊNCIA: é considerado de média potência pois os segmentos do néfron que se sguem ao
TP, em especial a porção espessa da alça de henle, são capazes de ajustar suas taxas de absorção
quando confrontados com maiores cargas de sódio. Sendo assim, na administração de um diurético
osmótico, o excesso de água e sódio retidos no lúmen tubular chegam até a porção espessa da alça de
Henle de alta capacidade absortiva, que pode se adaptar a essa sobrecarga, absorvendo de novo 75%
da carga de sódio que chega até ela; mas quando se trata do túbulo distal e coletor, esses segmentos
possuem uma capacidade absortiva limitada; assim sendo, o manitol provoca uma elevação apenas
moderada do fluxo urinário e excreção de sódio.
EFEITO CALIURÉTICO (perder potássio) = HIPOCALEMIA/HIPOPOTASSEMIA
O manitol ao aumentar as concentrações de sódio que não são filtradas e chegam até o final dos túbulos
coletores, onde agem os canais ENaC e ROMK, acaba por aumentar a excreção de potássio, pois
quanto mais sódio é reabsorvido no TC, mais potássio é excretado; levando a um quadro de hipocalemia
transitória durante o tratamento com diuréticos osmóticos.
Além disso, outro fator que influencia a secreção de K+ é a ação da ALDOSTERONA nos TC!
USO CLÍNICO:
- Uso clínico do manitol: edema cerebral, glaucoma agudo = aumenta a osmolaridade do sangue!!!
- Exclusivo para AMBIENTE HOSPITALAR: como os diuréticos osmóticos são solutos impermeáveis ao
epitélio intestinal, não são drogas reabsorvidas por via oral e devem ser administradas via EV.
DIURÉTICOS DE ALÇA - FUROSEMIDA:
MECANISMO DE AÇÃO: Inibição da NaK2Cl
O uso de diuréticos de alça pode levar ao desenvolvimento de alcalose metabólica:
- Alça de Henle secreta íons H+ pelo contratransportador Na+/H+ na membrana luminal, o que permite
contribuir para a recuperação do HCO3- filtrado; assim, a inibição do transportador NaKCl leva a
redução da concentração intracelular de Na+ (uma vez que a Na+/K+ATPase continua funcionando);
com isso, aumenta o transporte de Na+ para o interior da célula através do contratransportador Na+/H+
luminal e com isso maior a secreção de H+.
- A própria hipopotassemia promove a secreção exagerada de H+ devido a ativação da H+/K+ATPase
no ducto coletor que retém K+ ao mesmo tempo que excreta H+.
Diuréticos de alça reduzem a reabsorção de cálcio (HIPOCALCEMIA): a diferença de potencial na
membrana da alça de henle que permite reabsorção de cátions, com a redução da sua ddp menor será
a reabsorção de outros cátions como o cálcio.
EFEITO CALIURÉTICO POTENTE: muito sódio deixa de ser reabsorvido na alça de Henle e chega no
Túbulo Coletor, ativando ROMK e perda de mais potássio; além disso, o uso crônico dessas drogas
leva a aumento da aldosterona que atua no TC e aumenta a secreção de K+.
OBS: Diuréticos de alça são espoliadores de potássio potentes!!!
DIURÉTICOS TIAZÍDICOS – TÚBULO DISTAL (HIDROCLOROTIAZIDA): *1ª OPÇÃO!!!!!
MECANISMO DE AÇÃO: Inibe cotransportador NaCl luminal
- DIURÉTICOS DE MÉDIA POTÊNCIA: o TD é responsável pela reabsorção de apenas 5% do sódio
filtrado, sendo assim nem sempre são indicados na terapêutica do edema (exige diuréticos de alça);
mas por isso são largamente utilizados no tratamento da HAS (aumento sutil na excreção renal de Na).
EFEITO CALIURÉTICO: mecanismo de aumentar a oferta de sódio aos TC.
Em princípio a caliurese que os tiazídicos provocam deveria ser menor do que os diuréticos de alça por
conta da sua intensidade diurética e por não inibirem a absorção de potássio na alça de Henle; no
entanto, os tiazídicos são eliminados mais lentamente do organismo, assim, mesmo sem efeito diurético
exuberante ocorre casos de hipopotassemia grave.
- Típicos (hidroclorotiazida)
EFEITOS COLATERAIS DOS TIAZÍDICOS: hipotensão, ativação do SRAA, hiponatremia, hipocalemia,
hiperuricemia (gota), impotência sexual, alcalose metabólica, hiperglicemia e hiperlipidemia, prevenção
da disfunção renal, vasodilatador, hipotensor, redução do risco de AVC e SD coronariana aguda, reduz
calciúria (aumento da absorção de cálcio no TCP, redução do volume extracelular).
- Hiperuricemia
- Impotência sexual: importante para paciente jovem masculino
- Hiperglicemia e hiperlipidemia
- Redução do risco de AVE e SCA
- Reduz risco de calciúria: limitam excreção renal de cálcio
DIURÉTICOS RETENTORES DE POTÁSSIO – TÚBULO COLETOR:
MECANISMO DE AÇÃO:
- Bloqueia ENaC: diminui absorção de sódio e reduz a eliminação de potássio
- Antagonistas dos receptores de ALDOSTERONA: reduz efeitos do SRAA
São utilizados para limitar a perda de potássio causada por outros diuréticos; sendo dividos em 2
grupos: 1) bloqueadores do canal luminal de sódio (ENaC) como o amiloride e triamtereno; 2)
antagonistas de aldosterona como a espironolactona.
1.AMILORIDE:
- Bloqueio dos canais ENaC: impede absorção de sódio pelo ducto coletor levando a aumento da
excreção urinária deste, porém com uma natriurese moderada em comparação a diuréticos de alça e
tiazídicos. Sendo assim, sua grande utilidade consiste em seu efeito sobre a secreção de potássio, ou
seja, possui um efeito que limita a excreção urinária de potássio pelos canais ROMK.
- Idosos hipertensos: combinação de retentores de potássio + tiazídicos
- Efeito dose dependente
- Usado na intoxicação por lítio
2.ANTAGONISTAS DA ALDOSTERONA:
- A aldosterona aumenta nas células principais a quantidade de canais de sódio e de potássio, além de
estimular a atividade da Na+/K+ ATPase basolateral, sendo por isso um hormônio retentor de sódio e
espoliador de potássio. Nos estados edematosos é comum o hiperaldosteronismo secundário,
agravando a hipopotassemia causada pelo uso frequente desses diuréticos potentes. A consequente
depleção de potássio pode ser limitada pelos antagosnistas de aldosterona com efeito farmacológico
análogo aos bloqueadores do canal luminal de sódio.
- Espironolactona = pode provocar ginecomastia, irregularidade menstrual e impotência sexual.
- Eplerenone (segunda geração): maior seletividade com menos efeitos colaterais, possuindo menor
afinidade pelos receptores mineralocorticoides e com risco de hipercalemia!
ANTAGONISTA DO RECEPTOR MINERALOCORTICOIDE:

EFEITO COLATERAL: HIPERCALEMIA!!!


OBS: Receptor Mineralocorticoide de aldosterona = aumenta com idade, hiperglicemia e sal
OBS: uso para IC e DCV = melhora da sobrevida (risco apenas de hiperpotassemia)
FINERINONA!!!! – antifibrótico e antinflamatório (CAI NA PROVA) faz menos hipercalemia
A finerinona é um antagonista seletivo dos receptores de mineralocorticoides!!!
USO CRÔNICO DE DIURÉTICOS E TOLERÂNCIA:
O efeito farmacológico dos diuréticos é limitado pois a natriurese resultante num primeiro momento
reduz-se de forma progressiva até que a taxa de excreção renal de sódio caia após alguns dias aos
valores anteriores ao tratamento, ou seja, igualando-se novamente as taxas de ingestão.
Esse efeito é denominado ESCAPE é uma consequência do rigor com que o organismo conserva a
volemia arterial efetiva, o que termina por estimular a reabsorção de sódio nos segmentos do néfron
que não estão bloqueados pelo diurético.
A suspensão abrupta de um diurético administrado cronicamente pode levar a um efeito rebote com
retenção de sódio e formação de edema!!!
Escape do diurético: urina bastante e depois para = redução da PA gera ativação da SRAA
Sacubitril (efeito vasodilatador, natriurese, diurético) + valsartan
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPÓREA:
Os mecanismos de concentração e diluição urinária são essenciais para garantir que todos os solutos
sejam excretados conforme a necessidade corporal sem gerar nenhum déficit. Nesse caso, se os rins
fossem incapazes de modificar a osmolaridade da urina, não conseguindo variar a reabsorção de água
independente da reabsorção de solutos, a urina seria sempre isosmótica em relação ao plasma, ou
seja, sempre “travada” no mesmo valor; para isso o volume de água necessário para eliminar a carga
diária de soluto seria de 4L (necessários a serem bebidos por dia pelo indivíduo); e se o volume ingerido
fosse superior a esse valor, haveria retenção de água, o que faria cair a osmolaridade plasmática e
promoveria a entrada de água no espaço intracelular, expandindo esse compartimento e provocando
uma hiponatremia com aparecimento de edema cerebral; já uma ingestão de água inferior a esse valor
levaria a um estado de desidratação.
MECANISMOS DE CONCENTRAÇÃO E DILUIÇÃO URINÁRIA PELOS SEGMENTOS DO NÉFRON:
- Túbulo Proximal: altamente permeável a água (aquaporinas), ocorrendo uma reabsorção isotônica de
água e solutos (2/3 de água e sódio).
- Porção fina descendente da alça de Henle: abundância de aquaporinas 1 com grande permeabilidade
a água mas não aos solutos, levando a concentração do ultrafiltrado.
- Porção fina e grossa ascendentes da alça de Henle: a porção fina é impermeável água, permitindo
saída de cloreto de sódio e entrada de ureia; enquanto a porção espessa promove intensa reabsorção
de sódio; como são impermeáveis a água são segmentos diluidores.
- Túbulo Distal e Coletor: reabsorção de sódio e água em baixas proporções, sendo um transporte
influenciado pela aldosterona e ADH.
MECANISMO DE CONCENTRAÇÃO URINÁRIA:

A importância de concentrar a urina se deve ao fato de


que assim o corpo consegue eliminar todas as suas
excretas (solutos) com um baixo volume de água,
como nos casos de restrição hídrica.

Mecanismo Contracorrente Medular: o segmento espesso ascendente da alça de Henle provoca a


saída de muitos solutos para o meio intersticial por meio dos transportadores NaK2Cl, aumentando a
osmolaridade da medula renal e assim facilitando o funcionamento da porção descendente da alça,
permitindo que a água seja reabsorvida em grande quantidade = formação de urina hipertônica!!!
Vasopressina (ADH – Hormônio Antidiurético): Ao chegar nos túbulos distais finais e túbulos
coletores, o ADH se liga ao receptor V2 e ativa a adenilatociclase, promovendo um aumento a
permeabilidade à água. Essa ligação promove uma sequência de eventos no interior das células, que
compõe os túbulos, a fim de expor as aquaporinas, proteínas que são canais de água, na membrana
luminal = beber pouca água ativa o ADH para poupar água corporal, assim aumentando a osmolaridade
da urina.
OBS: Na presença de ADH a osmolaridade urinária eleva-se e o fluxo urinário reduz drasticamente,
enquanto na sua ausência o organismo elimina quantidades enormes de urina diluída. Assim, o ADH
promove a inserção na membrana luminal das células principais do túbulo distal e coletor de
aquaporinas-2.
É necessário também a presença de antagonistas do ADH, isso é obtido pela síntese local de uma
prostaglandina PGE2, que por sua vez inibe a AC, levando a uma retroalimentação negativa!!
Aldosterona: A aldosterona, atua sobre as células principais do túbulo renal distal e ducto
coletor aumentando a reabsorção de Na+ pelos canais ENaC, levando o aumento do LEC e volume
sanguíneo, por isso concentrando a urina e reduzindo o volume de água excretado.
Ureia: a ureia vai sendo concentrada ao longo dos túbulos (ADH torna o túbulo permeável a ureia),
saindo fácil pelo túbulo coletor descendente e aumentando a hiperosmolaridade da medula renal (facilita
concentração urinária). OBS = desidratação aumenta muito a ureia!!!
O transporte tubular da ureia depende de transportadores denominados UT. No caso da porção fina
ascendente da alça de Henle o transportador envolvido é o UT1, regulado pelo ADH; pode-se ainda
demonstrar a ocorrência de difusão facilitada da ureia nas hemácias (UT3), permitindo uma
recirculação. Nas porções mais internas da medula a ureia altamente concentrada penetra nos vasos
retos e é transportada pelas hemácias de volta à circulação, sendo posteriormente filtrada de novo nos
glomérulos; esse mecanismo é intensificado quando o fluxo medular está reduzido (hipovolemias),
contribuindo com a reabsorção exagerada no TP para retenção de ureia.
OBS: A recirculação de uréia entre o final do túbulo coletor e a porção ascendente fina da alça de Henle é essencial à
formação de uma medula hipertônica e à excreção de uma urina concentrada ao máximo
MECANISMO DE DILUIÇÃO URINÁRIA:
Ausência de ADH: aumenta água eliminada quanto mais água bebemos
Desidratação = ativa ADH e gera SEDE!!!
O ADH tem sua taxa de secreção diminuída quando a osmolaridade plasmática cai abaixo do normal,
e suprimida quando cai abaixo de 280mOsm/L.
Sob o ponto de vista da conservação de água é inútil elevar indefinidamente a produção de ADH, uma
vez que a osmolaridade urinária atinge um máximo quando a concentração plasmática do hormônio
ultrapassa o dobro do valor normal. No entanto, concentrações mais altas de ADH estimulam fortemente
seus receptores vasculares, levando a uma vasoconstrição instensa que contribui para a manutenção
dos níveis pressóricos. Em consequência, os indivíduos desidratados retém muita água “pura”,
apresentando frequentemente hiponatremia.
POLIÚRIAS:
- Excesso de ingestão de H2O
- Perda renal de H2O: DIABETES INSÍPIDOS (hipotalâmico ou nefrogênico = deficiência de ADH)
DIABETES INSIPIDUS:
É um tipo de diabetes sem poliúria ou polidipsia intensas, sendo causada por uma deficiência ou
ausência da ação do ADH sobre as porções finais do néfron, não permitindo a reabsorção adequada
de água. Verificou-se ainda que ela pode resultar de 2 mecanismos básicos:
1) Secreção insuficiente de ADH pela neuro-hipófise (DI central ou hipofisário)
2) Resposta deficiente dos túbulos renais à ação do ADH (DI nefrogênico)
1.Diabetes Insipidus Hipofisário: a
capacidade do sistema hipotálamo-
hipófise em responder adequadamente a
uma elevação da Posm cai drasticamente,
assim os níveis plasmáticos de ADH
permanecem baixos mesmo frente uma
elevação da Posm. Sendo os rins
incapazes de concentrar a urina e de
conservar água adequadamente, a única
defesa do organismo é a SEDE, assim o
indivíduo ingerirá a quantidade de água
necessária para trazer a Posm de volta ao
valor normal.
Tratamento hipotalâmico-hipofisário:
- Uso externo de ADH
Além da adequada reposição de fluídos por VO ou EV, a DI é tratada com administração exógena de
análogos do ADH absorvidos via intranasal.
2.Diabetes Insipidus Nefrogênico: a capacidade do sistema hipófise-hipotálamo em produzir e
secretar o ADH está intacta, mas a resposta tubular ao ADH é deficiente, fazendo com que a
permeabilidade à água desses túbulos seja sempre baixa, levando a poliúria.
Os achados clíncos típicos em um paciente com DI nefogênica são: poliúria e polidipsia (cuja
intensidade vai depender do grau de resposta renal residual ao ADH); ADH moderadamente elevado
ou mesmo dentro da faixa normal.
Tratamento nefrogênico (ADH não consegue agir no rim):
- Uso do lítio excessivo inibe o ADH
Nesses casos o paciente deve ser mantido hidratado até que a condição que originou o DI seja
superada, no caso de DI hereditária, as sulfonilureias, usualmente usadas como hipoglicemiantes no
tratamento da DMII, estimulam a produção residual de ADH pelo hipotálamo e ao mesmo tempo
mimetizam o efeito do ADH no túbulo coletor, aumentando a permeabilidade a água e a inserção de
AQP-2 nas membranas.

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