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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
ENGENHARIA QUÍMICA

QUÍMICA APLICADA

Produção de Gás Natural

Discentes: Docentes:
Magul, João Luciano Engª : Bina Laquel
Nhaduco, Clésio Júlio Dr. engº : Jonas
Nhancuahe, Ivan Emanuel

Maputo, Dezembro de 2019


Índice
Introdução.............................................................................................................................................3
Objectivos.............................................................................................................................................4
Geral..................................................................................................................................................4
Específicos........................................................................................................................................4
Produção de gás natural.....................................................................................................................5
Composição.......................................................................................................................................5
Ocorrência.........................................................................................................................................5
Classificação......................................................................................................................................6
Vantagens e desvantagens.................................................................................................................6
Etapa de produção de gás natural.......................................................................................................7
Exploração do gás natural..............................................................................................................7
Extracção.......................................................................................................................................8
Unidades de processamento de gás natural (UPGN)....................................................................10
Purificação do gás natural............................................................................................................17
Transporte e armazenamento.......................................................................................................20
Conclusão............................................................................................................................................25
Bibliografia..........................................................................................................................................26
Introdução
A indústria química é fundamentalmente uma indústria de transformação, e para se chegar
aos produtos finais, com as especificações desejadas, é necessário separar, concentrar e
purificar as espécies químicas presentes nas diferentes correntes resultantes dessas
transformações.

O gás natural possui qualidades excepcionais como combustível por ser pouco poluente e
apresentar boas condições no controle de sua operação. O fluido consiste de uma mistura de
hidrocarbonetos que à temperatura ambiente e pressão atmosférica permanece no estado
gasoso, e possui, em geral, baixos teores de contaminantes, tais como nitrogénio, dióxido de
carbono, água e compostos sulfurados, com raras ocorrências de gases nobres tais como hélio
e árgon. Encontra-se acumulado em rochas porosas, frequentemente acompanhado por
petróleo, quando é denominado de gás associado, porém ao ser encontrado em reservatórios
saturados apenas com gás e água são chamados de gás não associado.

Este trabalho apresenta duma forma resumida e bem esclarecedora os processos físico-
químicos em que o gás natural é submetido ( desde a etapa de exploração até ao transporte e
armazenamento). O mesmo apresenta também algumas vantagens e desvantagens do uso do
gás natural como combustível. A seguir são apresentados gráficos que demostram duma
forma geral os países que lideram a produção e os que têm maiores reservas de gás natural no
mundo, e é apresentada também uma tabela que indica o posição do nosso pais
(Moçambique) no que tange as reservas do gás natural no ranking mundial.

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Objectivos

Geral
 Descrever o processo de produção do gás natural.

Específicos
 Mostrar as vantagens e desvantagens do uso do gás natural;
 Indicar a localização das maiores reservas mundiais de gás natural;
 Indicar a posição de Moçambique no ranking mundial;
 Descrever detalhadamente as etapas de produção de gás natural.

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Produção de gás natural
O gás natural é resultado da decomposição de matéria orgânica originada de grandes
organismos que existiam nos mares no período pré-histórico. É extraído das jazidas, é um
produto incolor e inodoro, não é tóxico e é mais leve que o ar. Além disso, é uma energia
livre de enxofre e a sua combustão é completa, liberando como produtos da mesma o dióxido
de carbono e vapor de água.

Composição 

O gás natural é formado por uma cadeia de hidrocarbonetos, compostos químicos


constituídos basicamente por átomos de carbono e hidrogénio.   O componente principal
do gás natural é o metano (CH 4). No restante de sua composição há pequenas parcelas de
etano, propano e outros hidrocarbonetos de maior peso molecular. O que faz dele um
combustível menos poluente é o fato de apresentar como produtos de combustão, além
de vapor de água e dióxido de carbono, baixos índices de óxidos de enxofre e fuligem.
  
Elemento Percentual
Metano 88,5%
Etano 6,2%
Propano 2,2%
C4+ 0,8%
CO₂ 1,8%
N₂ 0,5%
  

Ocorrência
A principal fonte de obtenção do gás natural é através de jazidas, sendo um combustível
fóssil, pois ele é o resultado da degradação ao longo de milhares de anos de matéria orgânica,
como restos de animais, flores, plantas e outros. Portanto, é muitas vezes encontrado em
reservas associado com o petróleo. No entanto, quando se encontra no estado não associado,
ele constitui uma energia mais limpa que o petroleo, seus derivados e outros combustíveis
fósseis, como o carvão mineral, pois ele contém menos impurezas.

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Figura 1: Ocorrência do gás natural

Classificação

Na natureza, o gás natural é encontrado em acumulações de rochas porosas no subsolo


( terrestre ou marinho), e em locais arenosos que contém petróleo nas profundidades do
sobsolo. Ele pode ser classificado em duas categorias:

Gás associado: é aquele que, no reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a forma de capa
de gás. Neste caso, a produção de gás é determinada basicamente pela produção de óleo. Boa
parte do gás é utilizada pelo próprio sistema de produção, podendo ser usada em processos
conhecidos como reinjeção e gás lift, com a finalidade de aumentar a recuperação de petróleo
do reservatório, ou mesmo consumida para geração de energia para a própria unidade de
produção, que normalmente fica em locais isolados. Ex.: Campo de Urucu no Estado do
Amazonas.

Gás não-associado: é aquele que, no reservatório, está livre ou em presença de quantidades


muito pequenas de óleo. Nesse caso só se justifica comercialmente produzir o gás. Exemplo:
campo de San Alberto Bolívia.

Vantagens e desvantagens

A utilização do gás natural vem se expandido ao acompanhar a tendência mundial de busca


por fontes de energia mais eficientes e limpas.

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Aspectos ambientais
Vantagens: por realizar combustão completa, o gás natural gera menores emissões de gases
de efeito estufa em relação ao petróleo e carvão mineral, apresenta reduzido risco de
acidentes, visto que possui densidade menor que a do ar, facilitando a sua dispersão na
atmosfera em caso de vazamentos .
Desvantagens: embora os gases emitidos sejam em menor quantidade, esses gases
contribuem para o aumento do efeito estufa; em locais de baixa concentração de oxigénio, se
entrar em combustão, pode gerar monóxido de carbono (tóxico).

Aspectos económicos
Vantagens: sua queima gera grande quantidade de energia, diminui gastos com sistemas
antipoluentes, proporciona maior durabilidade aos equipamentos em que é utilizado, requer
baixo investimento em armazenamento, pois não necessita de estocagem.
Desvantagens: requer infra-estrutura cara para sua produção, instabilidade dos preços no
mercado.

Aspectos logísticos

Vantagens: seu fornecimento é contínuo através de gasodutos (redes de tubos), que ligam o
produtor directamente ao consumidor.

Desvantagens: concentração geográfica de suas jazidas.

Etapa de produção de gás natural


 Exploração
 Explotação/ extracção;
 Unidade de processamento;
 Produção e processamento em campo;
 Beneficiamento;
 Transporte e armazenamento.

Exploração do gás natural


  A exploração é a etapa inicial dentro da cadeia de gás natural, consistindo em duas fases. A
primeira fase é a pesquisa onde, através de testes sísmicos, verifica-se a existência em bacias
sedimentares de rochas reservatórios (estruturas propícias ao acumulo de petróleo e gás
natural). Caso o resultado das pesquisas seja positivo, inicia-se a segunda fase, e é perfurado

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um poço pioneiro e poços de delimitação para comprovação da existência gás natural ou
petróleo em nível comercial e mapeamento do reservatório, que será encaminhado para a
produção.

Extracção

Figura 2: Esquema de extracção

O processo de extracção do gás natural é simples. Como as suas jazidas se encontram no


subsolo, utiliza-se poços de perfuração para levá-lo à superfície por meio de ductos. Na
maioria dos poços a pressão do gás natural é suficiente para jogá-lo para fora e conduzi-lo por
tubulações até pontos de colecta.

Tipos de plataforma para extracção do gás natural

Figura 3: Tipos de plataformas

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tipos Fixa Autos Semissubmersive FPSO FPSO TLWP Navio de
levável l monocoluna (plataforma de sonda
fun (Jack-up) pernas
ciona atirantadas)
mento

profundidade Até 500 Até 150 Mais de 2000 Mais de 2000 Mais de 2000 Até 1500 metros Mais de 2000
no local da metros metros metros metros metros metros
instalação
Descrição Funciona Tem pernas Plataforma Plataforma Tem as mesmas Plataforma Plataforma
como que flutuante flutuante, características da flutuante de casco flutuante com
uma autoelevam estabilizada por convertidas a FPSO mais seu semelhante a uma casco em
estrutura ao chegar à colunas. Pode ser partir de navios casco tem semissubmersivel. forma de
rígida, locação, um ancorada no solo petroleiros, na formato Em ancorada no navio usada
fixada no mecanismo marinho ou maioria dos cilíndrico fundo do mar por para
fundo do faz as pernas dotada de sistema casos. cabos ou tendões de perfuração de
mar por descerem e de aço traccionadas. poços.
um serem posicionamento
sistema assentadas no dinâmico
de solo marinho
estacas
gravadas
Actividade de Sim Sim Sim (algumas Não Não Sim (só Sim
perfuração podem ser só de manutenção de
produção) poços )
Actividade de Sim Não Sim (algumas Sim Sim (geralmente sim não
produção podem ser só de são unidades de
perfuração) perfuração ou de
produção)

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Unidades de processamento de gás natural (UPGN)
O gás natural é utilizado principalmente como combustível industrial, doméstico e
automotivo, e, nesse último caso, passa a se chamar gás natural veicular (GNV).
Diferentemente do GLP, o gás natural processado, ou seco, só pode ser liquefeito sob
condições criogénicas, pois seu principal constituinte é o metano. A compressão do gás
natural gera o gás natural comprimido (GNC), permitindo o seu transporte até ao consumidor
final.

O gás natural é conhecido como gás húmido, devido a presença de hidrocarbonetos com mais
de 3 átomos de carbono que irão gerar o GLP e uma nafta leve conhecida como gasolina
natural. Em função do seu maior valor agregado tais hidrocarbonetos são conhecidos como a
riqueza do gás natural. Par ser comercializado, o gás húmido precisa passar por uma unidade
de processamento, cujas características dependerão da composição e da vazão desse gás e do
mercado a ser atendido.

Assim o objectivo das unidades de processamento de gás natural (UPGN) é recuperar, na


forma liquida, o GLP e a gasolina natural e especificar o gás natural seco para os seus
diversos usos.

Figura 4: Entradas e saídas típicas de uma UPGN

A fim de atender o mercado petroquímico, é possível produzir uma corrente rica em etano
para utilização como carga para a produção de etano.

Figura 5: Esquema de uma UPNG produzindo etano

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As recuperações das fracções liquidas presente no gás natural depende do tipo de
processamento realizado e da riqueza do gás, podendo alcançar valores próximos de 100%,
no caso dos butanos mais pesados, 90% a 95% para o propano e até 80% par etano,
dependendo do tipo de processo utilizado.

Tipo de processo

Em uma UPGN, a etapa mais importante e o abaixamento da temperatura do gás natural, para
permitir a liquefacção dos hidrocarbonetos mais pesados do que o etano. Os tipos de
processos empregados diferem entre se quanto a rota termodinâmica adoptada. São eles:

 Expansão Joule- Thomson


 Refrigeração simples
 Absorção refrigerada
 Turboexpansão

De maneira simplificada, pode-se dizer que esses processos são constituídos de uma
sequência de operações que podem incluir: desidratação, para eliminação da humidade
remanescente, a compressão, a absorção e resfriamento. Os hidrocarbonetos recuperados
podem ser estabilizados e separados por fraccionamento, para obtenção dos produtos
desejados, nos próprios UPGN ou unidades especificas, tais como as unidades de
fraccionamento de líquidos (UFL) e de processamentos de condessado de gás natural
(UPCGN). A escolha de processo utilizado depende de factores técnicos e económicos e do
mercado a ser atendidos.

Processo Joule- Thomsom

É o processo mais barato, mais simples e, actualmente, o mais limitado, não sendo
suficientemente flexível para tratar adequadamente qualquer tipo de gás natural produzido.
Por isso, é utilizado somente quando a composição do gás é tal que necessita de um ajuste no
teor dos componentes mais pesados, para o acerto do seu ponto de orvalho, a fim de permitir
o seu transporte sem que ocorra condensação.

O processo tem fundamento no efeito Joule- Thomsom, que explica como a temperatura
varia quando o gás se expande, mantendo-se a entalpia do sistema constante. De forma geral,
para a composição media do gás natural, a despressurização ocorrida em uma válvula de
controle de pressão, nas condições de temperatura e pressão do processo, leva a liquefacção
dos seus componentes mais pesados, devido a redução da temperatura do gás.

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O processo consiste em uma compressão inicial (opcional) e resfriamento do gás antes da sua
despressurização na válvula, onde ocorre A liquefacção dos componentes mais pesados,
formando uma mistura bifásica, que e separada em um vaso.

Figura 6: Processo de Joule-Thomson

A pressão de controle do vaso depende do ponto de orvalho do gás e da pressão de destino


(consumidor), e, portanto, se a pressão do gás húmido não for suficientemente alta, será
necessária uma etapa adicional de compressão.

Refrigeração simples

O processo de refrigeração simples, conforme o próprio nome sugere, consiste no


resfriamento do gás natural por um fluido refrigerante, usualmente o propano, e posterior
remoção do liquido condensado, que contem hidrocarbonetos mais pesados do gás natural. O
liquido pode ser separado posteriormente em GLP e C5+ (gasolina natural).

O processo de refrigeração simples e mais eficiente do que o Joule- Thomsom, mas e


também utilizado quando não se tem uma elevada exigência em relação a recuperação da
riqueza do gás, ou seja, quando se deseja fazer apenas um ajuste no ponto de orvalho do gás
para o transporte em gasodutos.

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Figura 7: Processo de refrigeração simples

O gás e inicialmente comprimido e submetido a resfriamentos sucessivos, primeiramente pelo


próprio gás natural seco e depois pelo fluido refrigerante (propano), até atingir uma
temperatura em torno de -37ºC, sendo que na entrada de cada trocador de calor é injectado
glicol (MEG), para inibir a formação de hidratos.

A corrente resfriada entra em um vaso trifásico no qual são separados o gás seco, os
hidrocarbonetos condensados e o glicol injectado. O gás seco troca com o gás rico na entrada
da unidade até atingir a temperatura de 38ºC, o glicol é enviado para a regeneração, e o
líquido sofre uma expansão em uma válvula, e, consequentemente, a sua temperatura é
reduzida até aproximadamente -60ºC. Após a expansão, a mistura liquido-Vapor formada
segue para uma torre desetanizadora, onde o produto de topo é ainda uma corrente de gás
natural seco, e o produto de fundo segue para a torre desbutanizadora, onde é separado em
GPL e C5 (gasolina natural).

Neste processo e também no processo Joule-Thomson, o gás natura húmido deve ser
previamente desidratado, devido às baixas temperaturas de trabalho empregadas.

Absorção refrigerada

Este processo se baseia na recuperação dos componentes pesados do gás por absorção física
com óleo de absorção, ao mesmo tempo que o gás é refrigerado, uma vez que o processo de
absorção é favorecido pela redução da temperatura.

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A força electromotriz desse processo é a diferença de pressão de vapor entre os componentes.
Assim, quando em contacto com o óleo de absorção, os componentes mais pesados do gás
tendem a permanecer na fase liquida. Nesse tipo de processo, é possível se recuperar até
cerca de 50% do etano.

O óleo de absorção é normalmente uma nafta leve ou aguarrás, injectada na torre


absorvedora, em contracorrente com o gás natural. A eficiência do processo depende, entre
outros factores: da pressão, da temperatura, da quantidade de óleo de absorção em contacto
com o gás e da qualidade do contacto entre o gaus e o óleo de absorção.

Inicialmente, é feita uma depuração do gás, para remoção da água livre e de hidrocarbonetos
condensados. Após essa etapa, o gás é resfriado pelo próprio gás natural seco e por uma
corrente de propano líquido, recebendo uma injecção de MEG antes dos trocadores de calor,
para evitar a formação de hidratos. A seguir, o gás segue para o vaso de separação, de onde o
MEG segue para a regeneração.

Nessa etapa de pré-resfriamento, o gás atinge temperaturas de ordem de -25ºC e ocorre a


condensação de cerca de 50% total previsto para a unidade, sendo o restante condensado na
torre de absorção. Nessa torre, o gás entra pelo fundo, e ocorre o contacto em contracorrente
desse gás com o óleo de absorção que vem do topo. O gás natural seco sai pelo topo da torre
e é encaminhado para o sistema de distribuição, depois de resfriar o gás natural húmido. O
+¿¿
líquido de fundo (óleo de absorção + os hidrocarbonetos C 2 ) é expandida em uma válvula,
se vaporiza parcialmente, e a mistura bifásica segue para um vaso, onde é separada em uma
+¿¿
corrente de vapor e uma corrente de óleo rico em C 2 , Ambas correntes seguem para a torre
desetanizadora, sendo o vapor alimentado na parte superior da torre e o oleona parte inferior.

A desetanizadora também recebe no topo uma corrente de óleo de absorção, que entra em
contacto com a corrente com a corrente de gás, absorvendo os hidrocarbonetos mais pesados.
Dessa maneira, no topo, a corrente de gás produzida é constituída basicamente por etano,
+¿¿
enquanto o produto de fundo é o óleo de absorção rico em hidrocarbonetos C 3 (óleo
desetanizado), que segue então para uma etapa de regeneração, em uma torre de destilação
convencional, designada por torre de fraccionamento. O óleo de absorção regenerado, pobre
em hidrocarbonetos leves, sai pelo fundo da torre e é injectado nos topos das torres de
absorção e desetanizadora. O produto de topo é fraccionado posteriormente em uma torre
+¿¿
desbutanizadora em GLP e C 5 (gasolina natural).

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As recuperações geralmente obtidas com esse processo são de, no máximo, 50% para o etano,
90% a 95% para o propano e de aproximadamente 100% para o butano e mais pesados.

Figura 8: Processo de absorção simplificada

Turbo expansão

Esse processo é mais eficiente, por gerar temperaturas mais baixas que os demais (abaixo de -
95ºC), sendo usado quando se deseja obter alta recuperação de propano no GLP e etano
especificado para a industria petroquímica.

É especialmente indicado para gases disponíveis a alta pressão, embora também possa ser
viável para pressões moderadas ou até mesmo baixas. Geralmente, essas unidades possuem
capacidade superior a 2 500 000 m³/d, e as recuperações típicas com esse processo podem
chegar a: 85% a do etano, 99% do propano e 100% de butano e mais pesados.

Diferentemente do processo Joule-Thomson, que é isentálpico, o processo de turbo expansão


permite o aproveitamento da energia liberada na expansão do gás natural em uma turbina,
disponibilizando trabalho, que pode ser utilizado nos compressores da própria unidade ou
para a geração de energia eléctrica. A maior inovação desse processo foi o projecto de turbo
expansores que são capazes de aceitar condensação dentro do expansor, onde a fracção
condensada pode chegar a 50% (em massa).

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O princípio de funcionamento consiste em se utilizar gás a alta pressão para accionar um
expansor e gerar trabalho, que será transmitido por meio de um eixo comum para um
compressor, que será transmitido por meio de um eixo comum para um compressor, que
poderá comprimir o próprio gás. Quanto maior a velocidade do gás que sai com compressor e
entra no expansor, maior será a eficiência geral do turbo expansor.

Figura 9: Tubo-expansor

As etapas do processo de uma forma geral, são as seguintes:

Expansão inicial: necessária para garantir a pressão exigida pelo turbo expansor;
Pré-tratamento: dessulfurização e destilação;

Figura 10: Processo de tubo-expansão

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Refrigeração: realizada pelo aproveitamento energético das correntes frias e pelo propano
disponível do ciclo de refrigeração;

Expansão: realizada no turbo expansor, onde se aproveita o trabalho realizado para accionar
o compressor de carga ou o compressor do gás enviado para venda;
+¿¿
Desmetanização: separação entre o gás e a corrente liquida de gás natural saturada de C 2 ; e
Fraccionamento do produto de fundo da desmetanizadora: separação da corrente liquida
nos produtos previstos, podendo, no caso mais amplo, conter as seguintes torres:
desetanizadora, despropanizada, desbutanizadora a deisopentanizadora.

Purificação do gás natural


Além do propano e do butano, de valor industrial, o gás natural bruto contém componentes
indesejáveis, água e sulfeto de hidrogénio, que devem ser removidos antes do gás ser
injectado nas linhas de transmissão. São usados quatro métodos importantes para a
desidratação do gás: compressão, tratamento com substâncias secativas, adsorção e
refrigeração.

Uma unidade para a remoção da água por compressão consiste num compressor do gás,
seguido um sistema de arrefecimento, para remover o vapor de água mediante a condensação.
O tratamento do gás com substâncias secativas tem uso generalizados no estado unidos. Os
agentes empregados com esta finalidade são a alumina e a bauxita activadas, a sílica gel, o
ácido sulfúrico, a glicerina, o dietileno glicol e a solução concentrada de cloreto de cálcio ou
de tiocianato de sódio.

Quando não se remove a água presente na maioria dos gases combustíveis, ocorrem taxas de
corrosão muito elevada nas linhas de transmissão, e podem aparecer dificuldades
provenientes da formação de hidratos, com o entupimento das linhas. Outras dificuldades
podem surgir com o congelamento da água, no inverno, em válvulas e reguladores.

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Processos de remoção de enxofre presente em gases

Processo ou Reacção Regeneração


reagente
Girbotol 2 RNH 2 + H 2 S ↔( RN H 3)2 S Extracção por
vapor
Fosfato (Shell) K 3 PO 4+ H 2 S ↔ KHS + K 2 H PO 4 Extracção por
vapor
Óxido de ferro Fe2 O3 x H 2 O+3 H 2 S → Fe 2 S3 + ( x +3 ) H 2 O Oxidação pelo
ar
2 Fe2 S3 +3 O2 + x H 2 O→ Fe2 O3 x H 2 O+6 S
Thylox Na2 As2 S 2 O3 + H 2 S → Na4 As 2 S 6 O+ H 2 O Oxidação pelo
ar
Seaboard Na2 CO 3 + H 2 S ↔ NaHCO 3 + NaHS Sopragem ao ar
Soda Cáustica 2 NaOH + H 2 S → Na2 S +2 H 2 O Não se regenera
Cal Ca(OH )2 + H 2 S → CaS+2 H 2 O Não se regenera
Alkazid RCHN H 2 COONa+ H 2 S ↔ RCHN H 2 COOH + NaHS Extracção por
vapor

As normas estatais exigem aremoção do H 2 S e de outros sulfetos presentes no gás, não


apenas em virtude do problema da corrosão, mas também em consequência dos
inconvenientes causados pelos óxidos de ferro, formado durante a combustão. Por outro lado,
os compostos de enxofre, particularmente o H 2 S e o enxofre, têm valor comercial e são
empregados como fontes de enxofre ou SO 2 para as fabricas de acido sulfúrico. No gás
natural, o teor de H 2 S presente pode ir de 0 até 100 g/¿ft ¿ (0 a 2.30 g/¿m ¿), Podendo ser
3 3

muito maior no gás de certos campos. O gás de refinaria proveniente de óleos sulfurados,
pode ter também grande proporção de enxofre.

É bastante difícil, entretanto, fazer afirmações gerais sobre a escolha das aminas para a
purificação do gás. Para remover o H 2 S de gases de refinaria , emprega-se comumente a
dietanolamina em solução aquosa a 10 ou 20%. Na dessulfurização do gás natural, usa-se
normalmente solução aquosa, a de 10 ou 30%, de monoetanolamina. As etanolamina têm

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selectividades diferentes na absorção de H 2 S e de CO 2: é esta propriedade, juntamente com
os compostos de enxofre e de oxigénio presentes no gás, que determina a escolha entre a
monoetanolamina e a dietanolamina. Por exemplo, ao tratar o gás de refinaria, escolhe-se a
dietanolamina, quando o sulfeto de carbonila esta presente, pois esta amina não reage com
esta impureza com a facilidade da monoetanolamina, para formar compostos não
regeneráveis.

Quando se quer efectuar simultaneamente a desidratação e a dessulfurização, o gás natural


pode ser levado com uma solução constituída pela amina, água e dietilenoglicol. As
composições dessas soluções variam entre 10 a 36% de monoetanolamina, 45 a 85% de
dietilenoglicol, o restante em água. a reacção geral das aminas com acido sulfídrico, que é
reversível pelo aquecimento pode ser expressa como: 2 RN H 2 +¿ H 2 S ↔( RN H 3)2 S .

A unidade é constituída por uma torre de absorção, seguida por uma torre de extracção e
diversas bombas, condensadores e trocadores de calor. O líquido da extracção sai do
absorvedor e passa por trocadores de calor, chegando ao extractor, onde encontra vapor de
água ascendente e é aquecido até 250ºF (121.1ºC): assim, são removidos o H 2 S e outros
gases em solução.

O gás natural com teor elevado de nitrogénio pode ser refinado mediante um processo
criogénico, em que o gás seco entra a 2000psig (136atm manométrica), é refinado a -200 ºF (-
129 ºC) e expandindo até 500psig (34atm manométrica). O nitrogénio gasoso é separado do
GNL numa coluna. O gás natural é então vaporizado, e ele, assim como o nitrogénio
separado, passa em trocadores de calor para arrefecer o gás entrante.

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Figura 11: Processo de purificação

Transporte e armazenamento

Figura 12: Transporte e armazenamento

Para o transporte do gás natural em pequenas quantidades e distâncias, é necessário que seja
no estado gasoso, podendo ser levado por barcaças ou caminhões-feixe, armazenado em
feixes de tubulações, mas, comprimido a pressões de cerca de 230 Kgf /cm², nesse sentido o
volume é da ordem de 5.000 m³ de gás natural por reboque, para o caso do transporte
rodoviário.
Para maiores distâncias e no caso de grandes volumes e em regime de operação contínua, o
transporte deve ser efetuado por gasodutos a pressões de até 120 Kgf/cm², esse que
proporciona um tipo de transporte económico e confiável.

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Em se tratando do transporte do gás natural na fase líquida, verifica-se antes que o mesmo
deve ser refrigerado e mantido à temperatura de 160 graus centígrados negativos e à pressão
próxima da atmosférica, exigindo um complexo sistema de armazenamento e transporte.
Assim se verifica que em média, 600 m³ de gás natural na forma liquefeita ocupam 1m³ de
espaço, portanto a baixa temperatura é considerada a forma apropriada para ser transportado
em navios ou barcaças bem como, o armazenado no terminal receptor.

Quanto ao transporte marítimo do gás natural liquefeito deve ser efetuado em navios com
capacidade para até 125.000 m³, e o fluvial por meio de barcaças ou navios de menor porte
com capacidade que deve variar de 600 à 6.000 m³ do mesmo.

Segundo Salgado (2004), habitualmente, o gás natural liquefeito é armazenado em terminais


marítimos em tanques criogénicos e, é enviado ao sistema de transporte dutoviário com o
auxílio de bombas centrífugas e vaporizadores.

No caso do transporte terrestre do gás em questão, geralmente é realizado por meio de


caminhões-tanque ou vagões-tanque com capacidade para de 35 m³ de gás natural liquefeito.
Para tal, os tanques utilizados devem fabricados em aço com isolamento térmico especial
para que o mesmo seja mantido na fase líquida, mas, em contrapartida, observa-se que os
custos são elevados.

O gás natural é normalmente armazenado no subsolo, em reservatórios de armazenamento de


grande porte. Existem três tipos principais de armazenamento subterrâneo: reservatórios de
gás esgotados, aquíferos e cavernas de sal . Além do armazenamento subterrâneo, no entanto,
o gás natural pode ser guardado como gás natural liquefeito (GNL). GNL permite que o gás
natural seja transportado e armazenado em forma líquida, ou seja, ocupa muito menos espaço
que o gás natural gasoso.

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Produção e reserva mundial

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Moçambique

As recentes descobertas de Hidrocarbonetos, colocaram Moçambique entre os 13 países com


as maiores reservas de Gás Natural do mundo, o que levou o país a ser um dos mais novos
países produtores de hidrocarbonetos. Foram descobertos cerca de 2,8 triliões de pés cúbicos
de Gás Natural, o que torna Moçambique na 3ª Maior Reserva do Continente Africano.

Desde 2010, Moçambique tem vindo a assistir um novo cenário no que diz respeito à
pesquisa de hidrocarbonetos. Com o início das primeiras descobertas de gás na Bacia do
Rovuma, através da marca americana Anadarko e posteriormente pela marca italiana ENI,
cujos recursos estão actualmente na ordem dos 180Tpc (triliões de pés cúbicos de gás),
Moçambique foi colocado na lista dos maiores produtores de Gás no Mundo.

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Gás natural - reservas provadas
País Ano
(metros cúbicos)

1 Rússia 47,799,999,660,032 2017

2 Irão 33,500,000,419,840 2017

3 Catar 24,300,000,116,736 2017

4 Estados Unidos 8,714,000,007,168 2016

5 Arábia Saudita 8,602,000,031,744 2017

6 Turquemenistão 7,503,999,926,272 2017

7 Emiratos Árabes
6,091,000,250,368 2017
Unidos

8 Venezuela 5,701,000,232,960 2017

9 Nigéria 5,283,999,907,840 2017

10 China 5,194,000,105,472 2017

11 Argélia 4,503,999,873,024 2017

12 Iraque 3,158,000,009,216 2017

13 Moçambique 2,832,000,090,112 2017

14 Indonésia 2,775,000,023,040 2017

15 Cazaquistão 2,406,999,916,544 2017

16 Egipto 2,185,999,941,632 2017

17 Canadá 2,182,000,017,408 2017

18 Austrália 1,989,000,036,352 2017

19 Noruega 1,855,999,967,232 2017

20 Usbequistão 1,840,999,956,480 2017

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Conclusão
Após a investigação feita acerca dos processos de produção de gás natural, constatou-se que,
estes processos envolvem varias operações e processos para a produção de gás natural sem
impurezas. Estas impurezas são eliminadas porque não possuem capacidade energética
(nitrogénio e dióxido de carbono), e também devido ao seu alto peso molecular em
comparação com metano, podem deixar resíduos nos condutores.

Este gás produzido por ser inodoro é necessário adicionar aroma para utilização comercial.
Devido a sua qualidade garante baixos níveis de emissão e isenção total de contaminantes
após a sua combustão; dá uma vida mais longa aos equipamento que utilizam gás e menor
custo de manutenção.

Substituindo a gasolina e o álcool pode ser até 70% mais barato e é menos poluente. O gás
natural é desvantajoso em relação ao butano pois: é mais difícil ser transportado, devido ao
facto de ocupar maior volume mesmo pressurizado, também é mais difícil de ser
liquidificado, requerendo temperatura da ordem de -160 0C.

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