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7/31/2023

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA


OPERAÇÕES UNITÁRIAS MECÂNICAS

Caracterização de sistemas de partículas -


Movimento de partículas em fluidos

Docentes:
Profa. Doutora Maria Eduardo, Eng.
Lic. Dominic Joaquim, Eng.

MOVIMENTO DE PARTÍCULAS EM FLUIDOS

➢ Não é uma operação unitária.


➢ É um conceito físico que será utilizado em várias
operações unitárias de transferência de quantidade de
movimento:
• Fluidização
• Transporte de sólidos em leito particulado
• Sedimentação simples
• Centrifugação
2

etc.

VELOCIDADE TERMINAL
Definição:
➢ As partículas ao cair no seio de um fluido, sob acção
de uma força constante
• Ex.: a força da gravidade
• sofrem aceleração durante um período de
tempo muito curto e depois disso se movem à aceleração
uma velocidade constante.

➢ Essa máxima velocidade que as partículas Velocidade


podem alcançar é chamada de velocidade constante
terminal (terminal)
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• Depende: densidade, tamanho e forma da


partícula, propriedades do fluido e
propriedades do campo.

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Cálculo da Velocidade Terminal

• Da segunda lei de Newton, tem-se:

F = m*a

F – força resultante que actua sobre a partícula (N);

m - massa da partícula (kg);

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a – aceleração da partícula (m/s2).

Que forças agem sobre uma partícula sólida em movimento num


fluido (líquido ou gás) (ou em queda livre)?
➢ As forças de campo, de impulsão e de arraste
Resistência
• Força de campo gravitacional: Fe
Fa
Fc = mp .a =  p Vp g
Fc Movimento da
• Força de impulsão:
partícula

Fe = m f deslocadoa =  f V f deslocado g =  f Vp g
• Força de arraste (atrito):

Fa =
1
 f Ac Cd (vR ) 2 (v f − v p ) = v R
5

2
 Força resultante Fr = m p aresultante = Fc − Fa − Fe

m p aresultante = Fc − Fa − Fe
m p aresult. = (  p V p g ) − (1 2)  f Ac Cd (vR ) 2 − (  f V p g ) [1]

mP – massa da partícula Factores de que depende Cd:


a – aceleração ▪ propriedades físicas
do fluido
g – aceleração da gravidade ▪ velocidade relativa
ρf – densidade do fluido ▪ tamanho das partículas
Ac – área característica da partícula ▪ forma, ou
Cd – coeficiente de arraste esfericidade da partícula
vR – velocidade relativa da partícula ▪ número de Reynolds
ρP – densidade da partícula definido para a partícula
VP – volume da partícula
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(NRe,p)

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Que possibilidades existem para a velocidade relativa de uma partícula


numa corrente de fluido sob acção de um campo gravitacional:


Velocidade da partícula (+)
g p   f
Velocidade do fluido (+)
(v f − v p ) = v R

vf = 0

vp = 0
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vf = 0

vp = 0
(a) (b) (c) (d) (e)

(a) v R = v f − v p = −( −v p ) = + v p

(b) vR = v f − v p = v f − (−v p ) = v f + v p
(c) vR = v f − v p = −v f − (−v p ) = −v f + v p
(d) vR = v f − v p = v f − v p
vf = velocidade do fluido + -
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(e) vR = v f − v p = v f
vp = velocidade partícula + -

Considere-se uma partícula isolada, sob acção da força gravitacional e


em movimento uniforme (sem aceleração). Do balanço de forças [1],
tem-se:
m p aresult. = (  p V p g ) − (1 2)  f Ac Cd (vR ) 2 − (  f V p g ) [1]
Como não há aceleração da partícula, tem-se: aresult. = 0

0 = (1 2)  f Ac Cd (vR ) 2 − (  p −  f )V p g
Rearranjando tem-se:

2 ( p −  f )Vp g
vt = [2]
 f Ac Cd
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Como calcular VP, Ac e Cd?

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Cálculo de Vp e Ac:

A área característica é a área projectada. Quando a partícula é esférica, tem-se:

 [3]
Ac = d p2
Partícula esférica 4
Ac - Área projectada de uma esfera sobre um
plano perpendicular à direcção do escoamento


Área projectada Vp = (d p )3 [4]
6
Fluxo de fluido
Volume de uma esfera
Para partículas não esféricas, usar o diâmetro equivalente (d eq).

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6 *V partículanão esférica  (deq.) 2

deq. = 3 =
 Área partícula não esférica

Substituindo [3] e [4] em [2] tem-se:

4d p g (  p −  f )
vt = [5]
3Cd  f
E o valor de Cd?
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A equação 5 é utilizada para obter a velocidade terminal em qualquer


regime de escoamento

O coeficiente de arraste (Cd) é função do número de Reynolds da


Partícula:
d p vt  f
C d = f (Re) onde Re p = [6]
f

Regime Laminar Re p  0,4 24


Cd =
(Eq. de Stokes) Re p
Regime 10
0,4  Re p  500 Cd =
Intermediário Re p
(de transição)
Regime Turbulento
500  Re p  2 x 105 Cd = 0,44
(Eq. Newton)
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Regime de Alta
Re p  2 x 105 Cd = 0,2
Turbulência

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Gráfico do Coeficiente de Arraste


2 ( p −  f )Vp g
Cd = 24
Ac  f vt2 Regime laminar Cd =
Lei de Stokes Re p
1000
Região camada Região camada Região alta
quase laminar turbulenta turbulência
100
Cd =
10 Cd = 0,44 Cd = 0,2
Re
10

13
0.1
0.1 1 10 102 103 104 105 106 107
Reynolds da Partícula

Quando o Re atinge valores altos


ocorre uma separação de camada de
fluido, no início laminar depois
turbulenta
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Ao aumentar a velocidade relativa (vR), A pressão na parte frontal aumenta e


as linhas de corrente começam a oscilar ocorre um atrito adicional devido as
na parte de trás da esfera. oscilações.
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Coeficiente de arrasto para esferas em função do número de Reynolds


(RICHARDSON; HARKER, 2002).

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No regime laminar tem-se: Cd =
Re p

Substituindo Rep [6] em Cd laminar e usando [5]


d p vt  f
Re p = [6]
f

4d p g (  p −  f )
vt = [5]
3Cd  f

Se obtém:
Lei de Stokes
1 d p g ( p −  f )
2

16
vt =
Equação fundamental do movimento de
18 f partículas em fluidos.

De forma análoga para os outros regimes tem-se:


Re p  0,4
1 d p g ( p −  f )
2
24 Regime laminar
vt =
Cd = 18 f
Re p

0,4  Re p  500 1
 4 ( p −  f )2 2 
3

Regime de transição vt =  g  dp
Cd =
10  225  f  f 
Re p

1
 ( −  f ) 
2

500  Re p  2,5 x 105 Regime turbulento


vt = 3,1 p g dp
sem oscilações
 f 
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Cd = 0,44

Mas como saber o regime se Rep depende de vt?

Abordagens para o cálculo de vt:


Método Método
1 2
18

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As equações [5] e [6] podem ser utilizadas para Método de


calcular vt por tentativas e erro. tentativas
1
Processo de cálculo:

Início d p vt  f
Assumir um valor de vt Re p =
f
[6]

Comparar valores. Assumir novo valor


ou aceitar o valor de vR calculado
Gráfico
4d p g (  p −  f )
vt vt = Cd
3Cd  f
[5]

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O processo de interação continua até que o valor da velocidade calculada
seja igual (próximo) ao valor da velocidade assumida.

Método
Define-se o número
2
adimensional de Arquimedes
Uso de números
Cd Re2p
adimensionais

4 gd 3p  f (  p −  f ) Isola-se vt de [6] e
Cd Re 2p =
3 2f substitui-se em [5].

Gráfico
Cd Re2p versus Rep

d p vt  f
Re p =
f
vt
20

Cd Re 2p Cd Re 2p
21

d p vR  f
Re p =
f

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Exemplo:
Considere um sistema onde um fluido tem um fluxo
ascendente e uma partícula sólida (grão de soja) descende,
utilize os dois métodos estudados para calcular a velocidade
terminal. As características do grão de soja são:

dp = 0,006m; p = 0,98; p = 1190 kg/m3

f = 1,2 kg/m3
O fluido é ar a 20ºC: μf = 1,7.10-5 kg/m.s

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d p vt  f 4d p g (  p −  f )
Método Re p = vt =
1 f 3Cd  f

Assumir Vt (m/s) Calcular Rep Ler CD no gráfico Calcular Vt (m/s)

2.00 838.55 0.50 12.40

12.40 5199.24 0.40 13.86

13.86 5812.93 0.40 13.86


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Re
Gráfico do Coeficiente de Arraste Cd (gráfico)
838,55 0,50
2 (  p −  f )Vp g 24
Cd = Regime laminar Cd = 5199,24 0,40
Ac  f vR2 Re p 5812,93 0,40
Lei de Stokes
1000
Região camada Região camada Região alta
quase laminar turbulenta turbulência
100
Cd =
10 Cd = 0,44 Cd = 0,2
Re
10

1
0.5
24

0.1
0.1 1 10 102 103 104 105 106 107
Reynolds da Partícula

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Método
2

4 gd 3p  f (  p −  f )
Cd Re 2p =
3 2f
1,35.107
2 Cd Re 2p
Cd Re p

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d p vR  f 6,00.103
vt=14,3m/s Re p =
f

(2) Calcule a velocidade relativa de partículas de pó com 60 m e 10 m de diâmetro, em ar a


21oC e 100 kPa de pressão. Se assume que as partículas são esféricas, com densidade de 1280
kg/m3, que o ar tem uma viscosidade de 1,8.10-5 N.s/m2 e uma densidade de 1,2 kg/m3.
Assuma regime laminar para iniciar os cálculos.

Regime Laminar Regime Transição

1 d p g ( p −  f )
2 1
 4 ( p −  f )2 2 
3

vR = . vR =  g  dp
18 f  225  f  f 
Para a partícula de 60 m: d p vR  f
vR = (60 10-6)2 9,8 (1280 – 1,2) = 0,139 m s-1 Re p =
f
18 (1,8 10-5)
Verificando o Re para a partícula de 60 m:
Re = (60 10-6) 0,14 (1,2) / (1,8 10-5) = 0,556 (Transição)
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Recalculando para regime transição:


vR = 0,303 m s-1 ; Re = 1,212 (confirmado regime de transição).

TPC
3. No processamento de açúcar a partir de caldo de cana, é usada a
operação de decantação para separar as partículas indesejadas. O
processo ocorre a 30ºC e o diâmetro das partículas foi obtido
experimentalmente, sendo 2,9 μm e a densidade das partículas foi de 1180
kg/m3. Determine a velocidade terminal dessas partículas considerando
regime em escoamento laminar e adopte as propriedades da água para o
caldo clarificado.

Dados da água a 30 ºC: viscosidade 8x10 -4 Pa.s e densidade 995,67


kg/m3.
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