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Depart.

de Engenharia Mecânica
Mecânica Aplicada II (1ºAno, S2)
Exame Ano Lectivo: 2021/2022
08/06/2022 Duração: 2h
1. Considere um avião McDonnell Douglas F/A-18 Hornet a descolar de um porta-aviões
da classe Nimitz. O avião descola a uma velocidade de 260 km/h e
a pista tem um comprimento de 80 m. (a) Calcule a aceleração e o
tempo que demora a levantar voo considerando uma aceleração

constante. (b) Considere um objecto de 100 g suspenso por um
fio de comprimento 15 cm. Qual a inclinação  do fio
relativamente à vertical durante a descolagem? (supondo que
está estável)

R: (a) Trata-se de um problema de cinemática de um corpo rígido com movimento de


translação (=cinemátiva da partícula). O corpo tem movimento uniformemente
acelerado, pelo que:
v 2  v 02  2a ( x  x 0 )

260 000 m
v  260 km/h   72,2 m/s velocidade quando levanta voo
3 600 s

 72,2 2  0  2  a  80

 a  32,6 m/s 2 Esta aceleração é bastante alta (3,3 g)


Por outro lado:
v  v0  a  t
 72,2  0  32,6  t
 t  2,2 s Diagrama de forças

T
(b) O corpo tem um movimento de translação, pelo que:
m.a x 

Fxext m  32,6  T cos( )

m.a y   ext
Fy   0  Tsen ()  P
P
 0 
 
M ext
z  

 mg  32,6
  m.  32,6  sen ()
cos()  g  cot g()   73,2 º
 mg   
 T       
 sen ()   
     
 
 

1
2. Considere a comporta do sistema de rega, que existe no Salreu, Aveiro, que tem uma

massa de 117 kg. O fuso tem uma massa de 24,2 kg, um passo de 10 mm e uma só
entrada. Considere que o coeficiente de atrito entre a comporta e as guias laterais é de
0,6.
(a) Calcule a força em cada mão para subir a comporta (sem água).
(b) Calcule a força em cada mão para subir a comporta na presença de água.
(c) Faça uma análise conceptual deste equipamento.
(a) 40 %
Vista (b) 40 %
superior 57 cm (c) 20%

1,6 m Vista
lateral

Fmão

água=1000 kg/m3

Fmão
água
1,5 m
água

Local:
https://www.google.pt/maps/@40.722359,-
8.5957816,3a,15y,302.02h,85.82t/data=!3m7!1e1!3m5!1sxfNW7hJ3C6YYvEFaoUcgLA!
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2
(a) Tendo em conta a complexidade do sistema é recomendável uma abordagem
energética:
dE c dWext dWint
 
dt dt dt
dE c
 0 pois assume-se que a velocidade é muito baixa e constante
dt
dW ext
  2  Fmão v mão  ( Pc  Pf )  v s
dt
O que aciona o equipamento (+) são as forças nas mãos
A resistência a vencer (-) é o peso da comporta (Pc) e do fuso (Pf)
dW int
 0,5  2  Fmão v mão
dt
Assume-se uma dissipação de 50% para o fuso e para o contacto
entre o volante e a base

Assim,
0   0,5  2  Fmão v mão  ( Pc  Pf )  v s

( Pc  Pf )  v s
 Fmão 
v mão

Agora é necessária uma análise cinemática, para relacionar as velocidades:


v mão vol
v 
Rv vmão
Rv
A transmissão fuso-cubo permite
transformar rotação em translação:
28,5 cm vmão
v
vs  p
2
f
v mão p
 vs  
R v 2

0,01
 vs  v mão
0,285  2

 v s  v mão  0,0056 vs

Então
(117  9,81  24 ,2  9,81)  v mão  0,0056
Fmão 
v mão

 Fmão  7 ,8 N em cada mão

3
(b) A situação é perfeitamente similar, havendo agora a resistência de atrito nas
guias. É necessário calcular a força da água:
1
Fágua  p máx  Área
2
1
 Fágua   14715  (1,5  1,6)  17658 N
2 1,5 m
A força de atrito nas guias é: Fágua
Fa  N  0,6  17658  10595 N

Assim, p max   água  g  h max


dE c dWext dWint  1000  9,81  1,5
 
dt dt dt  14715 Pa
 0   0,5  2  Fmão v mão  ( Pc  Pf )  v s  Fa  v s Lei fundamental da hidrostática
(fluidos em repouso)
(117  9,81  24 , 2  9,81  10595 )  v mão  0,0056
 Fmão 
v mão

 Fmão  67 ,1 N

(c) Análise conceptual

O elemento principal é
Roda: permite o
a comporta, que
acionamento pelo
impede a passagem de
homem
água.

Fuso-cubo: transforma
rotação do fuso em
translação vertical; chassis: suporta o
Faz auto-bloqueio conjunto.

Nota 1: A comporta deve ser resistente mecanicamente (para aguentar a pressão da água) e
ser resistente à oxidação.
4
3. Considere a barra e o cilindro
representados. A barra tem um 

comprimento de 0,5 m e massa de 3 kg. O R

cilindro tem massa de 8 kg, raio de 7,5 cm


e rola sem escorregar.
(a) Calcule a inércia equivalente, tomando
como referência a coordenada .
(a) 35 %
(b) Qual a velocidade da barra na posição (b) 40 %
(c) 25 %
=90º, sabendo que parte do repouso da posição =0º. Despreze os atritos.
(c) Remova o cilindro. Calcule a aceleração angular da barra e as reações no apoio em
função de .

(a) A inércia equivalente calcula-se sempre a partir da energia cinética.


A barra tem movimento de rotação, enquanto o cilindro tem movimento plano (T+R):
1 1 1
Ec  I b  2b  ( m c v c2  I c c2 )
2 2 2
 A
v c   b  L pois a barra roda em torno de A
b
v c  c  R C
o contacto do cilindro com o chão é vc
v
 c  c o centro instantâneo de rotação
RC
c
 L Rc
 c  b vc
RC

1 1 1  L 2
 Ec  I b  2b  m c ( b  L) 2  I c ( b )
2 2 2 RC

1 2 L 2 2 1
 Ec  I b  m c L  I c ( )   b  I eq  2b
2 RC  2

L 2
 I eq  I b  m c L2  I c ( ) inércia equivalente
RC

1 1
Ib  m b L2   3  0,5 2  0,25 kg.m 2
3 3
1 1
Ic  m c R c2   8  0,075 2  0,0225 kg.m 2
2 2
0,5 2
 I eq  0,25  8  0,5 2  0,0225( )  3,25 kg.m 2
0,075

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(b) Neste caso temos duas posições bem definidas, tal como se representa.
Nesta situação recomenda-se uma formulação energética integral:
Ry
Rx
E c  W ext  W int A
E c  E c,f  E c,i Pb
Pc
1
 E c  I eq  2b,f  0 Pc
2

W int  0 Desprezam-se os atritos Pb

W ext  WPc  WPb Rx, Ry não produzem trabalho pois o ponto está fixo

W ext   Pc  0,5  Pb  0,25  8  9,81  0,5  3  9,81  0,25  46,6 J

1
  3,25   2b,f  46,6
2
  b,f  5,4 rad/s

(c) Na figura representa-se o diagrama de forças.


Trata-se de um corpo rígido com movimento de rotação em torno de um eixo, pelo que:

M z  Ib

L (z)
 mg cos()  I b 
2
L d d d
 mg cos()  I b  Ib
2 dt d dt
L mg
 mg cos()d  I bd
2
f 
L


 mg cos()d  Ib d
2 0

0

2
 mg
L
sen ()0  Ib 
2 2
mgLsen 3  9,81  0,5  sen
    7,7 sen
Ib 0,25

6
Rt Rn
As reações nos apoios são calculadas a partir de:


F t
ext
 m..r

(z)
F ext
n  m. 2 .r
 

R t  mg cos   m..L / 2
 mg
  R n  mgsen  m. 2 .L / 2
 

R t  mg cos   m..L / 2

  R n  mgsen  m. 2 .L / 2
 

Em que
  7,7 sen
mgL cos() mgL cos() 3g cos()
  
2I b 2mL2 / 3 2L

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4. Considere o sistema vibratório representado na figura da esquerda em que m=8 kg,
K=5000 N/m e C=50 N.s/m.
(a) Calcule o fator de amortecimento, , e o período de vibração livre.
(b) Represente esquematicamente a resposta em vibração livre às condições iniciais
x0=5 mm, v0=0. Qual a amplitude de vibração ao fim de 4 ciclos?
(c) Seja y(t)= 5 sen (15t) [mm]. Calcule a amplitude de vibração da massa m e da mola.
(d) Considere a figura da direita em que K=5000 N/m; L=50 cm; m=5 kg; m2=2 kg;
mbarra=1 kg; KTA=100; KTB=200 N.m/rad. Calcule a rigidez equivalente, a massa
equivalente e o amortecimento equivalente tomando como referência a coordenada .
(a) 30 %
(b) 20 %
(c) 30 %
KTA
y(t) (d) 20 %

K
L
m  K
m2

C KTB m

C
1 2
R Cx Potencial de dissipação
2

(a) O fator de amortecimento é:


c 50
   0,125 (sistema subamortecido)
2m n 2  8  25

em que:
k 5000
n    25 rad/s (frequência natural de vibração)
m 8
O período de vibração é:
2 . 2 .
Ta    0, 25 s
 a 24 ,8

em que

 a   n 1   2  25 1  0,125 2  24,8 rad/s

(b) Represente esquematicamente a resposta em vibração livre às condições iniciais


x(t)

t [s]

1
O decremento logarítmico é:
2 2  0,125
   0,7916
2
1  1  0,125 2

Por outro lado;


1 X
  ln( i )
j X i j

1 5
 0,7916  ln( )
4 X i 4

 X i  4  0,21 mm

(c) Seja y(t)= 5 sen (15t) [mm]. Calcule a amplitude de vibração da massa m e da mola.
A amplitude de vibração da massa é;

X 1  (2) 2

Y (1   2 ) 2  (2) 2
A amplitude de vibração da mola é;
Xr 2

Y (1   2 ) 2  (2) 2

Formulário:
1
(z) L (z) Iz  mR 2
R 2

9
Cinemática
1 corpo
Translação, rotação, movimento plano
Mecanismos
Análise pela definição
Seguindo o caminho do movimento

Dinâmica
Inércia
Translação, rotação, equivalente
Formulação de Newton
Formulação energética

Vibrações
Vibração livre
Não amortecida
Amortecida
Amortecimento crítico
Sobreamortecimento
Subamortecimento
Vibração forçada sinusoidal

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