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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Curso de Engenharia Civil
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CONSTRUÇÕES METÁLICAS
(CO65A)

Prof. Rodolfo Krul Tessari


(Notas de Aula)

Apucarana
2018

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1
PROPRIEDADES FISICO-MECÂNICAS
DO AÇO PARA CONSTRUÇÕES

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS DE PROJETO

As obras executadas total ou parcialmente com estrutura de aço ou com estrutura mista
de aço e concreto devem obedecer a projeto elaborado de acordo com a NBR 8800-2008.
A fabricação e a construção devem ser feitas por empresas capacitadas e que mantenham
a execução sob competente supervisão.
Entende-se por projeto o conjunto de cálculos, desenhos e especificações de fabricação e
de montagem da estrutura.

1.2 MATERIAIS

Os aços estruturais, o concreto, os aços para armaduras e os materiais de ligação estão


citados na Norma NBR 8800:2008. Nesta norma são usados os valores característicos ou
nominais das propriedades mecânicas dos materiais, conforme definidos nas normas e
especificações correspondentes.

1.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO


Resistência dos materiais é o estudo da relação entre as cargas externas que atuam em um
corpo e a intensidade das cargas internas no interior desse corpo.
As propriedades mecânicas do aço estrutural são obtidas à partir de ensaios padronizados
como o Ensaio de Tração, onde a curva de tensão em função da deformação é obtida
tracionando-se um corpo de prova padrão até a ruptura

2
Em um ensaio de compressão, sem a ocorrência de flambagem, obtém-se um diagrama
tensão-deformação similar ao do ensaio de tração.

Trecho 0-1
­ Trecho linear, até certos limites o aço obedece a Lei de Hooke. Na fase linear ou
elástica as tensões são proporcionais às deformações;
­ Fase elástica;

Para efeito de cálculo devem ser adotados, para os aços aqui relacionados, os seguintes
valores de propriedades mecânicas:

a) módulo de elasticidade, = tan = 205 GPa;


b) coeficiente de Poisson, = 0,3 (independente do tipo de aço);
c) massa específica, = 7 850 kg/m3.
E
G=
2 (1 + ν)
Limite de escoamento: indica o final do comportamento elástico. É bem definido nos
aços de baixo teor de carbono (MR-250, AR-345), sendo caracterizado pelo início de
deformações com tensões constantes.
= tensão onde inicia o escoamento
= deformação elástica máxima.

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Trecho 1-2
- Fase plástica do aço
- Chamada de patamar de escoamento
- Nesta fase, fy é constante e as deformações crescem acentuadamente.
- Microscopicamente o escoamento é explicado como um arranjo da estrutura
cristalina interna do aço. Ao final, com a estrutura reordenada, começa o
encruamento do material (Strain Hardening)
- As deformações ocorridas na fase plástica são permanentes.

Dutilidade: é a propriedade que possuem certos aços de deformarem-se sem que haja
ruína do material, e as deformações são permanentes. Isto permite que os aços sejam
trabalhados/dobrados.
Esta propriedade deve-se ao patamar de escoamento. A este fenômeno deve-se também
as deformações de rotulas plásticas com transferência de esforços em estrutura continua.

= deformação plástica máxima (inicio do encruamento)

~ 15 ×
é em geral inatingível em peças de estruturas metálicas, por que a ruína ocorre antes

associada a outros fenômenos como flambagem, torção, etc.

Trecho 2-3
- Chamado de encruamento do material
- Após começa a ocorrer o encruamento do material, o material continua a

resistir a aumentos de tensão com modulo de elasticidade reduzido E até que a

tensão atinja o valor Maximo (tensão ultima).

Á partir de , a seção transversal do corpo de prova sofre redução localizada. A redução


da tensão da ruína não é real pois a tensão é obtida dividindo-se carga aplicada pela área
inicial, e na verdade ocorre redução desta.

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1.4 OUTRAS PROPRIEDADES

Tenacidade: capacidade de absorver energia sem ruptura (importantes em estruturas


sujeitas a impactos).

Resiliência: capacidade de absorver energia no regime elástico.

Temperatura: o efeito da temperatura é muito importante na resistência do aço. A 500°C


o aço perde metade da sua resiliência. Em temperaturas próximas a 0°C o aço perde muito
sua tenacidade e ocorrem as chamadas rupturas frágeis. Os aços perdem a dutilidade em
temperaturas mais baixas.

Fadiga: ocorrem em cargas cíclicas. Limite de resistência a fadiga é uma tensão para a
qual podemos repetir um número ilimitado de ciclos de carga sem ruína. A ruína por
fadiga é acusada através de trincas no aço. Tais fissuras são iniciadas em pontos de
concentração de tensões tais como furos, variação brusca de seção, falha em soldas, etc.

Soldabilidade: o processo de soldagem envolve altas temperaturas com fusão do metal


básico e o eletrodo. Nem todos aços estruturais podem ser soldados com qualquer
eletrodo.

Corrosão: para evitar corrosão do aço, o projeto deve conter especificação de limpeza e
tinta adequada ao meio ambiente onde será montada a estrutura.

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1.5 TABELAS – AÇOS

TABELA 1.A - AÇOS PARA PERFIS, CHAPAS E TUBOS - SÉRIA ASTM

Classificação Denominação Produto Grupo/Grau


(Mpa) (Mpa)
Perfis Todos os grupos 400
A36 Chapas t <= 200 250 a
Barras t <= 100 500
Grau 33 23 360
A570 Chapas Todos os grupos
Grau 40 280 380
Aços Carbono
Grau A 232 320
Redondo
Grau B 296 408
A500 Tubos
Quadrado ou Grau A 274 320
Retangular Grau B 323 408
A501 Tubos Todos os grupos 250 408
Grupo 1 e 2 345 485
Perfis
Grupo 3 315 460
t <= 19 345 485
A441
Chapas e 19 < t <= 38 315 460
Aços de baixa liga e Barras 38 < t <= 100 290 435
alta resistência
mecânica 100 < t <= 200 275 415
Grau 42 290 415
Perfis Todos os grupos
Grau 50 345 450
A572
Chapas e Grau 42 (t <= 150) 290 415
Barras Grau 50 (t <= 50) 345 450
Grupo 1 e 2 345 480
Perfis
Grupo 3 315 460
A242 t <= 19 345 480
Aços de baixa liga e Chapas e
19 < t <= 38 315 460
alta resistência Barras
38 < t <= 100 290 435
mecânica e à
corrosão atmosférica Perfis Todos os grupos 345 485
t <= 100 345 485
A588 Chapas e
100 < t <= 127 315 460
Barras
127 < t <= 200 290 435

Notas:
Grupo 1 e 2 - perfis "I" de abas inclinadas, perfis "U" e em cantoneiras com espessura menor ou igual a
19mm.
Grupo 3 - cantoneiras com espessura maior que 19mm.

t = maior dimensão da seção transversal da barra (em mm).

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TABELA 1.B - EQUIVALENCIA DE AÇOS POR PRODUTOS
Norma Classe ASTM
Produto Classe Grau
ABNT NBR (Mpa) (Mpa) equivalente
7007 MR-250 - 250 400 A-36
7007 AR-290 - 290 415 A-572 GR-42
Perfis 7007 AR-350 - 350 450 A-572 GR-50
7007 AR-COR-345 A 345 485 A-242 GR-1
7007 AR-COR-345 B 345 485 A-242 GR-2 e A-588
6648 CG-26 255 410 A-36
6649/6650 FG-26 260 410 A-36
5000 G-30 300 415 A-572 GR-42
Chapas 5000 G-35 345 450 A-572 GR-50
5004 F-35 / Q-35 340 450 A-572 GR-50
5008 1,2 e 2A t<= 19mm 345 480 A-588
5920/5921 CF 340 480 A-588
8261 circular B 290 400 A-500 GR-B
quadrado ou
8261 B 317 400 A-500 GR-B
retangular
Tubos
8261 Circular C 317 427 A-500 GR-B
quadrado ou
8261 C 345 427
retangular

TABELA 1.C - PROPRIEDADES MECÂNICAS DE ALGUNS AÇOS PATINÁVEIS


DESENVOLVIDOS NO BRASIL
Siderúrgica Produto Nome Espessura (mm) (N/mm2) (N/mm2)
COS-AR-COR-400 6,30 a 50,80 250 380
LCG
COS-AR-COR-500 6,30 a 50,80 375 490 a 630
COS-AR-COR-400 2,65 a 5,00 240 360 a 520
COSIPA LQ
COS-AR-COR-500 375 490 a 630
COS-AR-COR-400 0,50 a 3,00 215 350
LF
COS-AR-COR-500 0,70 a 3,00 320 480
LCG NIOCOR 1 e 2 5,0 a 76,2 345 485
CSN
LQ NIOCOR 1 3,00 a 5,00 345 485
SAC-41 5,0 a 76,2 300 400 a 550
SAC-50 5,0 a 16,0 350
LCG
16,0 a 40,0 353 500 a 650
40,0 a 50,8 333
USIMINAS
SAC-41 2,0 a 5,0 245 400 a 550
LQ
SAC-50 2,0 a 5,0 373 500 a 650
FF 0,40 a 3,00 - 280
LF
SAC-50 0,80 a 2,00 343 461
Abreviaturas:
LCG - chapas grossas
LQ - chapas ou bobinas laminadas a quente
LF - chapas ou bobinas laminadas a frio

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1.6 PERFIS METALICOS MAIS USUAIS EM CONSTRUÇÕES
METÁLICAS

Os perfis laminados mais utilizados em estruturas metálicas são: “L” (ou cantoneiras),
“U” ou “C”, “I” e “H”. Veja a seguir as características geométricas dos perfis.

1.6.1 Perfil “L” ou Cantoneira

Designação: L – b [pol.] x t [pol.]

Especificação: L – 2” x 1/4”

Aplicação: suportes, ligações, peças compostas, treliças, torres,


guarda-corpos, escadas, montantes e diagonais de treliças.

Variações: abas iguais, abas desiguais

1.6.2 Perfil “I” e “H”

Designação: I – h [pol.] x peso [kg/m].

Especificação: Perfil I, 6” x 18,5 kg/m.

Utilização: as seções em “I” são apropriadas para resistir esforços


de momentos fletores ou esforços combinados de flexo-compressão
ou flexo-tração.

Aplicação: vigas e colunas.

Variações: VS (vigas soldadas), CVS (viga-coluna / flexo-


compressão), CS (coluna soldada).

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1.6.3 Perfil “C” ou “U”

Designação: U – h [pol.] x peso [kg/m].

Especificação: Perfil U, 8” x 17,1 kg/m.

Aplicação: vigas a flexão, treliças e peças compostas.

1.6.4 Tubos

Utilização: econômicos quando usados com paredes finas ~ 2,0 mm, porém possuem
detalhes especiais de ligação.

Aplicação: peças a tração ou compressão, estruturas espaciais, torres.

TBAELA 1.D – PERFIL PARA TUBOS


Tubos Dimensões Designação
Tipos (mm) (exemplo)

Quadrado axbxt 50 x 30 x 2,0

Retangular axaxt 40 x 40 x 3,0

Circular Dxt 25 x 2,0

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EXERCÍCIOS

1) Na figura abaixo temos o gráfico de resultado do ensaio de tração de três


aços, baseado nestes dados, responda:

a) Explique o que é módulo de elasticidade do aço geometricamente e calcule seu


valor para os aços 1,2 e 3;
b) Enuncie a Lei de Hooke e indique qual trecho do gráfico a representa.
c) Qual dos aços romperá antes?
d) O que é dutilidade? Qual o trecho do gráfico que a representa?
e) O que o aço 2 e o aço 3 possuem em comum?
f) O que os três aços possuem em comum?
g) Qual a vantagem do aço 2 em relação ao aço 3? (aço 2 pode ser dobrado).
h) Se impusermos uma deformação = 0,7% aos três aços, o que irá acontecer à
cada um deles?
i) Em uma construção metálica, as colunas sofrem um choque devido à manobra
de um veículo e ficam deformadas (tortas), porém a estrutura não cai. A
manifestação física apresentada pelos pilares é característica de qual propriedade
do aço? (tenacidade)

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j) Devemos tirar imediatamente estas colunas ou até podemos colocar mais um
pouco de carga? Como você procederia?
k) O que significa MR 250, AR 290 e AR 345?
l) De que fatores dependem a resistência final de um perfil metálico?
m) Desenhe uma seção transversal de um perfil I e dê nome a seus elementos, com
as convenções usuais da norma.
n) O que é pátina?
o) O que é ARBL?
p) Qual o aço mais usado nas construções metálicas e qual seu nome na AISC?
q) Em uma viga verificou-se o aparecimento de fissuras devido à fadiga. As peças
fissuradas trabalham com tensão máxima de 150 MPa. Substituir as peças
fissuradas por outras que trabalhem com tensão igual à 100 MPa pode ser uma
solução? Por quê?

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2) Com base no desenho apresentado, responda as questões abaixo:
a) Quando N=38kN, explique o comportamento das tensões nos aços da barra A e B.
b) Segundo a Lei de Hooke, para a carga do item (a), a barra rígida irá pender para
qual lado? Por quê?
c) Se retirarmos N, como ficará a posição da barra?
d) Aplicando uma carga de 50kN: explique o que acontece com o aço da barra e como
ficará a posição da viga rígida. Se retirarmos a carga, como ficará a geometria da
estrutura?

BARRA AÇO fy fu ÁREA


A MR 250 250 MPa 400 MPa 78 mm²
B MR 345 345 MPa 480 MPa 78 mm²

 Desprezar o peso próprio da estrutura;


 = ó = 205.000 /

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3) Deseja-se fazer um tubo utilizando-se aço MR 250. A chapa deverá possuir
espessura t = 20 mm. Além das propriedades conhecidas no ensaio de tração,
sabe-se que = 20 .

O processo mecânico para deformar a chapa a frio (calandragem) não deforma as


moléculas da linha neutra da chapa, alonga as moléculas externas e encurta as
moléculas internas (ver desenho). O alongamento máximo admitido será ,
pois apartir daí ocorre encruamento do material com conseqüente estrição da
seção.

Baseado nestes dados calcule o menor raio que poderá ser feito este tubo.
Desenhe o diagrama tensão x deformação e explique claramente como
seriam os resultados.

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4) Para o desenho a seguir pede-se
a) Qual é a máxima carga que a estrutura suporta sem exibir deformação
permanente? Qual a posição da talha?
b) Para a carga definida em (a), qual a inclinação da barra?
c) Para uma carga P qualquer no regime elástico da estrutura, qual a posição de C
para que a barra rígida fique horizontal?
d) Como proporcionar o maior desnível na estrutura sem provocar o escoamento
dos cabos?
e) Qual a carga máxima suportada pela estrutura? O que irá acontecer com os aços
(mostrar diagrama tensão x deformação)? Qual a posição da talha?

Considere:
Desprezível o peso próprio da estrutura e do equipamento.
Viga rígida indeformável e dimensionada para os esforços.
Todas as cargas são estáticas mesmo admitindo o deslocamento da talha. Toda a análise
será feita sobre valores nominais.

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REFERÊNCIAS

ABNT NBR 8800. Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e


concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
ABNT NBR 6120. Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
1988.
ANDRADE P. B.. • Curso Básico de Estruturas de Aço. Belo Horizonte, 2000.
http://sistemasestruturais3.pbworks.com/f/EstruturasMetalicas-Cap.3-
Perfis_Metalicos_Usuais.pdf

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2
COMBINAÇÕES DE AÇÕES VISANDO
OS ESTADOS LIMITES

2.1 AÇÕES

Ações são causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas. As deformações
impostas são comumente designadas por ações indiretas e as forças por ações diretas.

ou

Subíndices: g – permanente; q – variável; k – valor característico; d – valor de projeto.

 Ações Permanentes (Fg)


São ações que ocorrem com valores praticamente constantes durante toda a vida útil da
construção. Exemplos:

– Peso próprio da estrutura; Peso próprio de paredes, divisórias e tapamentos; Peso


próprio de pisos e revestimentos; Peso próprio de coberturas.

As ações permanentes são subdivididas em diretas e indiretas:

– As ações diretas são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos pesos próprios
dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes;

– As ações indiretas são constituídas pelas deformações impostas por retração e fluência
do concreto, deslocamentos de apoio e imperfeições geométricas.

 Ações Variáveis (Fq)


Ações que ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno de sua
média, durante a vida da construção, seja em termos de frequência de ocorrência, seja em
termos de intensidade (ABNT NBR 8681).
- Uso e ocupação da edificação; Sobrecarga de utilização em pisos e coberturas; Cargas
de equipamentos; Variação de temperatura causada por equipamentos; Reservatórios e
tubulações; Ocupação de silos, caixas d’água.
- Vento; Chuva; Neve; Terremoto.

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 Ações Excepcionais
São ações que têm duração extremamente curta e probabilidade muito baixa de ocorrência
durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas no projeto de estruturas
particulares.
- Explosões; Choques de veículos; Incêndios; Enchentes; Sismos de alta intensidade.
O colapso de algumas estruturas (tais como pontes, barragens, usinas nucleares e
plataformas de exploração de petróleo) pode ter consequências catastróficas. Estas
estruturas são, por tanto, dimensionadas para resistir a carregamentos excepcionais.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES

Para os efeitos da Norma, devem ser considerados os estados-limites últimos e os estados


limites de serviço.

 Estados-limites últimos (ELU) estão relacionados com combinações mais


desfavoráveis de ações previstas em toda a vida útil, durante a construção ou
quando atuar uma ação especial ou excepcional.
 Estados-limites de serviço (ELS) estão relacionados com o desempenho da
estrutura sob condições normais de utilização.

2.3 CONDIÇÕES DE SEGURANÇA

Deve ser atendida a condição de segurança onde as resistências de cálculo (resistências


majoradas) devem ser maiores que as solicitações de cálculo (solicitações majoradas).

Riscos do não atendimento:

 Perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como um corpo rígido;


 Ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais;
 Transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático
(deformação plástica excessiva);
 Instabilidade por deformação;
 Instabilidade dinâmica;
 Aparecimento de fissuras por fadiga.

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2.4 VALORES DAS AÇÕES
 Valor Característico Nominal ( ): valor médio (ações com baixa variabilidade
ao longo do tempo) ou valor com baixa probabilidade (25 a 35%) de ser
ultrapassado no sentido desfavorável durante um determinado período de retorno
(em geral, 50 anos).
 Valor de Cálculo ( ): valor característico (ou nominal) multiplicado pelo
respectivo coeficiente de ponderação.

2.4.1 Coeficientes de ponderação das ações ( )

As ações devem ser ponderadas pelo coeficiente de ponderação , dado por:

=
onde:
γf1: fator que considera a variabilidade das ações;
γf2: fator que considera a simultaneidade de atuação das ações;
 γf3: fator que considera os possíveis erros de avaliação dos efeitos das ações, seja por
problemas construtivos, seja por deficiência do método de cálculo empregado, de valor
igual ou superior a 1,10.

São coeficientes que ponderam o valor da ação em função da construção e/ou utilização.
Os fatores de combinação γq, γg e são compostos pelos coeficiente γf, conforme a
seguir:
γq ou γg  γf1  γf3  Tabela 2.A
 γf2  Tabela 2.B

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TABELA 2.A — VALORES DOS COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO DAS AÇÕES γf = γf1  γf3

Ações permanentes (γg) 1) 3)


Diretas
Peso próprio de
estruturas
Peso próprio de
Combinações Peso moldadas no Peso próprio
Peso elementos
próprio de local e de de elementos Indiretas
próprio de construtivos
estruturas elementos construtivos
estruturas industrializados
pré- construtivos em geral e
metálicas com adições in
moldadas industrializados equipamentos
loco
e empuxos
permanentes
1,25 1,30 1,35 1,40 1,50 1,20
Normais
(1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0)
Especiais ou 1,15 1,20 1,25 1,30 1,40 1,20
de construção (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0)
1,10 1,15 1,15 1,20 1,30 0
Excepcionais
(1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0)
Ações variáveis (γq) 1) 4)
Demais ações variáveis,
Ações
Efeito da temperatura 2) Ação do vento incluindo as decorrentes
truncadas 5)
do uso e ocupação

Normais 1,20 1,40 1,20 1,50

Especiais ou
1,00 1,20 1,10 1,30
de construção

Excepcionais 1,00 1,00 1,00 1,00


1)
Os valores entre parênteses correspondem aos coeficientes para as ações permanentes favoráveis à
segurança; ações variáveis e excepcionais favoráveis à segurança não devem ser incluídas nas combinações.
2)
O efeito de temperatura citado não inclui o gerado por equipamentos, o qual deve ser considerado ação
decorrente do uso e ocupação da edificação.
3)
Nas combinações normais, as ações permanentes diretas que não são favoráveis à segurança podem,
opcionalmente, ser consideradas todas agrupadas, com coeficiente de ponderação igual a 1,35 quando as ações
variáveis decorrentes do uso e ocupação forem superiores a 5 kN/m2, ou 1,40 quando isso não ocorrer. Nas
combinações especiais ou de construção, os coeficientes de ponderação são respectivamente 1,25 e 1,30, e nas
combinações excepcionais, 1,15 e 1,20.
4)
Nas combinações normais, se as ações permanentes diretas que não são favoráveis à segurança forem
agrupadas, as ações variáveis que não são favoráveis à segurança podem, opcionalmente, ser consideradas
também todas agrupadas, com coeficiente de ponderação igual a 1,50 quando as ações variáveis decorrentes do
uso e ocupação forem superiores a 5 kN/m2, ou 1,40 quando isso não ocorrer (mesmo nesse caso, o efeito da
temperatura pode ser considerado isoladamente, com o seu próprio coeficiente de ponderação). Nas combinações
especiais ou de construção, os coeficientes de ponderação são respectivamente 1,30 e 1,20, e nas combinações
excepcionais, sempre 1,00.
5)
Ações truncadas são consideradas ações variáveis cuja distribuição de máximos é truncada por um
dispositivo físico, de modo que o valor dessa ação não possa superar o limite correspondente. O coeficiente de
ponderação mostrado nesta Tabela se aplica a este valor-limite.
Fonte: ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

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TABELA 2.B — VALORES DOS FATORES DE COMBINAÇÃO E DE REDUÇÃO E PARA AS AÇÕES VARIÁVEIS
f2 a)
Ações d) e)

Locais em que não há predominância de pesos e de


equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,5 0,4 0,3
de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas b)
Cargas
Locais em que há predominância de pesos e de
acidentais de
equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,7 0,6 0,4
edifícios
de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas c)
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens e
0,8 0,7 0,6
sobrecargas em coberturas
Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0,0
Variações uniformes de temperatura em relação à média
Temperatura 0,6 0,5 0,3
anual local
Cargas Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3
móveis e seus Vigas de rolamento de pontes rolantes 1,0 0,8 0,5
efeitos Pilares e outros elementos ou subestruturas que suportam
dinâmicos 0,7 0,6 0,4
vigas de rolamento de pontes rolantes
a)
Ver alínea c) de 4.7.5.3.
b)
Edificações residenciais de acesso restrito.
c)
Edificações comerciais, de escritórios e de acesso público.
d)
Para estado-limite de fadiga (ver Anexo K), usar Ψ1 igual a 1,0.
e)
Para combinações excepcionais onde a ação principal for sismo, admite-se adotar para Ψ2 o valor zero.
Fonte: ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

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2.5 COMBINAÇÃO DE AÇÕES

Um carregamento é especificado pelo conjunto das ações que têm probabilidade de atuar
simultaneamente sobre uma estrutura. Em cada tipo de carregamento as ações devem ser
combinadas de diferentes maneiras, a fim de que possam ser determinados os efeitos mais
desfavoráveis para a estrutura.
 Combinações últimas
Uma combinação última de ações pode ser classificada em normal, especial, de
construção e excepcional. Para as demais combinações, verificar ABNT NBR 8800:2008.

 Combinações últimas normais


As combinações últimas normais decorrem do uso previsto para a edificação. São
calculadas pela seguinte expressão:

= ( , )+ , + ( ψ , )

onde:
- valor da solicitação resultante, em seu valor de projeto;
, - valores das ações permanentes;
- coeficiente de ponderação das ações permanentes;
, - valor da ação variável principal para a combinação;
- coeficiente de ponderação da ação variável principal;
, - valores das ações variáveis que podem atuar concomitantemente com a ação
variável principal;
- coeficiente de ponderação das ações variáveis que podem atuar concomitante-
mente com a ação variável principal;
ψ - fatores de combinação (quando houver mais de uma ação acidental).

2.6 RESISTÊNCIAS

As resistências dos materiais são representadas pelos valores característicos definidos


como aqueles que, em um lote de material, têm apenas 5% de probabilidade de não serem
atingidos.
Na norma, o valor característico pode ser substituído pelo valor nominal, quando
fornecido por norma ou especificação aplicável ao material. Por simplicidade, o termo
“nominal” aplicado a uma resistência pode significar tanto uma resistência característica
quanto uma resistência nominal.
21
2.6.1 Valores de cálculo

A resistência de cálculo de um material é definida como:

onde:
- é a resistência característica ou nominal
- é o coeficiente de ponderação da resistência, dado por:

=
onde:

: parcela que considera a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos;

: parcela que considera a diferença entre a resistência do material no corpo-de-prova


e na estrutura;
: parcela que considera os desvios gerados na construção e as aproximações feitas
em projeto do ponto de vista das resistências (ex: erro nos modelos matemáticos).

Quando uma determinada resistência não depender de medidas feitas convencionalmente


em ensaios e corpos-de-prova padronizados dos materiais empregados, podem ser
utilizadas tensões resistentes de cálculo para a determinação das solicitações resistentes
de cálculo. Os valores das tensões resistentes de cálculo são estabelecidos, em cada caso
particular, a partir das teorias de resistência dos elementos estruturais considerados.

2.6.2 Coeficientes de ponderação das resistências no estado-limite último (ELU)

Os valores dos coeficientes de ponderação das resistências γm do aço estrutural, do


concreto e do aço das armaduras, representados respectivamente por γa, γc e γs, são
apresentados na Tabela 2.C, em função da classificação da combinação última de ações.

No caso do aço estrutural, são definidos dois coeficientes, γa1 e γa2, o primeiro para
estados-limites últimos relacionados ao escoamento, flambagem e instabilidade e o
segundo à ruptura.

Outros valores de coeficientes de ponderação de resistências, como os relacionados a


conectores de cisalhamento e metal de solda, são fornecidos em partes específicas da
Norma.

22
TABELA 2.C — Valores dos coeficientes de ponderação das resistências, γm

Aço estrutural 1)
γa
Aço das
Concreto
Combinações armaduras
Escoamento,
γc γs
flambagem e Ruptura
instabilidade γa2
γa1
Normais 1,1 1,35 1,4 1,15
Especiais ou de construção 1,1 1,35 1,2 1,15
Excepcionais 1 1,15 1,2 1
1)
Inclui o aço de fôrma incorporada, usado nas lajes mistas de aço e concreto, de pinos e parafusos.
Fonte: ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios.

2.6.3 Coeficientes de ponderação das resistências no estado-limite de serviço (ELS)

Os limites estabelecidos para os estados-limites de serviço não necessitam de minoração,


portanto, γm = 1,0.

2.7 COMENTÁRIO COMPLEMENTARES SOBRE CARGAS ACIDENTAIS


(ANEXO B - NBR 8800:2008)

Os valores a seguir, referentes a cargas acidentais, são valores de carregamentos que,


segundo a norma, merecem cuidado especial na majoração.

• Ações concentradas

Em pisos, coberturas e outras situações similares, deve ser considerada, além das demais
ações variáveis, uma força concentrada aplicada na posição mais desfavorável, de
intensidade compatível com o uso da edificação como, por exemplo, a ação de um macaco
para veículo, o peso de uma ou mais pessoas em terças e banzos de treliça de cobertura e
em degraus de escada, conforme a ABNT NBR 6120. Não é necessário adicionar essa
força concentrada às demais ações variáveis.

• Carregamento parcial

Deve ser considerada a ação variável aplicada apenas a uma parte da estrutura ou da barra,
se o efeito produzido for mais desfavorável que aquele resultante da aplicação da ação
sobre toda a estrutura ou toda a barra.

23
• Impacto

Devem ser considerados no projeto, além dos valores estáticos das ações, também os
efeitos oriundos de impactos tais como os causados por elevadores, pontes rolantes e
outros equipamentos, caso isso seja desfavorável.

Elevadores: Na ausência de especificação mais rigorosa, todas as ações de elevadores


devem ser majoradas em 100%.

Equipamentos: As ações decorrentes de equipamentos e cargas móveis devem ser


adequadamente majoradas.

a) 20% para talhas e equipamentos leves cujo funcionamento é caracterizado


fundamentalmente por movimentos rotativos;

b) 50% para grupos geradores e equipamentos cujo funcionamento é caracterizado


fundamentalmente por movimentos alternados.

Pontes rolantes: Na ausência de especificação mais rigorosa, as ações verticais de


cálculo devem ser majoradas nos seguintes casos:

a) pontes rolantes comandadas de uma cabine: 25%;

b) pontes rolantes comandadas por controle pendente ou remoto: 10%.

Pendurais: Na ausência de especificação mais rigorosa, as cargas gravitacionais


variáveis (inclusive sobrecarga) em pisos e balcões suportados por pendurais devem ser
majoradas em 33 %.

Coberturas comuns: Nas coberturas comuns (telhados), na ausência de especificação


mais rigorosa, deve ser prevista uma sobrecarga característica mínima de 0,25 kN/m², em
projeção horizontal. Admite-se que essa sobrecarga englobe as cargas decorrentes de
instalações elétricas e hidráulicas, de isolamentos térmico e acústico e de pequenas peças
eventualmente fixadas na cobertura, até um limite superior de 0,05 kN/m².

24
2.8 CARGAS VERTICAIS

Na falta de determinação experimental, devem ser utilizados como referência os pesos


específicos aparentes indicados pela ABNT NBR 6120 – Cargas para o cálculo de
estruturas de edificações, reproduzidos na Tabela 2.D.

TABELA 2.D – Peso específico ou unitário de materiais empregados em edifícios.


Materiais Peso específico ou unitário
Revestimento de pisos 0,5 a 1,0 kN/m²
Revestimento de forros 0,1 a 0,5 kN/m²
Cobertura com telha cerâmica incluindo madeiramento
0,8 a 1,2 kN/m²
Parede de tijolo cerâmico, maciços, com espessura total de 25cm,
inclusive argamassas de revestimento (1 tijolo) 4 kN/m²

Parede de tijolo cerâmico, maciços, com espessura total de 15cm,


inclusive argamassas de revestimento (1/2 tijolo) 2,5 kN/m²

Parede de tijolo cerâmico, furados com espessura total de 25cm, inclusive


argamassas de revestimento (1 tijolo) 2,8 a 3,2 kN/m²

Parede de tijolo cerâmico, furados com espessura total de 15cm, inclusive


argamassas de revestimento (1/2 tijolo) 1,8 a 2,2 kN/m²

Paredes de bloco de concreto, com espessura total de 25cm, inclusive


argamassas de revestimento (1 tijolo) 3,5 kN/m²

Paredes de bloco de concreto, com espessura total de 15cm, inclusive


argamassas de revestimento (1/2 tijolo) 2,2 kN/m²

Enchimento com terra 18 kN/m³


Enchimento com entulho 10 a 12 kN/m²
Caixilhos e esquadrias 0,5 a 1,0 kN/m²
Formas e madeiramento em lajes tipo "caixão perdido" 0,3 a 0,6 kN/m²
Fonte: ABNT NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.

As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de edificações, além das que se
aplicam em caráter especial referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis,
utensílios e veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos
indicados nas Tabelas 2.E.

25
TABELA 2.E - VALORES MÍNIMOS DAS CARGAS VERTICAIS
Carga
Local
(kN/m2)
2 Balcões Mesma carga da peça com a qual se comunicam e as previstas em
-
2.2.1.5
3 Bancos Escritórios e banheiros 2
Salas de diretoria e de gerência 1,5
2,5
4 Bibliotecas Sala de leitura
Sala para depósito de livros 4
Sala com estantes de livros a ser determinada em cada caso ou 2,5
6
kN/m2 por metro de altura observado, porém o valor mínimo de:
5 Casa de máquinas (incluindo o peso das máquinas) a ser determinada em cada caso,
7,5
porém com o valor mínimo de
7 Clubes Sala de refeições e de assembléia com assentos fixos 3
Sala de assembléia com assentos móveis 4
Salão de danças e salão de esportes 5
Sala de bilhar e banheiro 2
8 Corredores Com acesso ao público 3
Sem acesso ao público 2
10 Depósitos A ser determinada em cada caso e na falta de valores
-
experimentais conforme o indicado em 2.2.1.3
11 Edifícios Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5
Despensa, área de serviço e lavanderia 2
12 Escadas Com acesso ao público 3
Sem acesso ao público 2,5
13 Escolas Anfiteatro com assentos fixos 3
Corredor e sala de aula 3
Outras salas 2
14 Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
15 Forros Sem acesso a pessoas 0,5
18 Garagens e Para veículos de passageiros ou semelhantes com carga máxima de
3
estacionamentos 25 kN por veículo. Valores de φ indicados em 2.2.1.6
19 Ginásios de esportes 5
20 Hospitais Dormitórios, enfermarias, sala de recuperação, sala de cirurgia,
2
sala de raio X e banheiro
Corredor 3
21 Laboratórios Incluindo equipamentos, a ser determinado em cada caso, porém
3
com o mínimo
22 Lavanderias Incluindo equipamentos 3
23 Lojas 4
24 Restaurantes 3
25 Teatros Palco 5
Demais dependências: cargas iguais às especificadas para cinemas -
26 Terraços Sem acesso ao público 2
Com acesso ao público 3
Inacessível a pessoas 0,5
Destinados a heliportos elevados: as cargas deverão ser fornecidas
-
pelo órgão competente do Ministério da Aeronáutica
Fonte: ABNT NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.

26
EXERCÍCIOS

a) Para o galpão representado, identifique os coeficientes de combinação de ações


visando os estados limites últimos da estrutura e determine as possíveis combinações
de carga possíveis para a força normal que atua nos pilares alinhados com o eixo de
referência 2.
Obs.: Pesos dado em projeção horizontal.

DADOS PESO F F γ γ ψ
1. Telha de alumínio 50 N/m2 300 - 1,25 - -
2. Peso próprio da tesoura 300 N/m 300 - 1,25 - -
3. Peso próprio de terças e tirantes 40 N/m2 240 - 1,25 - -
4. Sobrecarga de cobertura 250 N/m2 - 1500 - 1,5 0,8
5. Ação do vento (sobrepressão) 100 N/m2 - 600 - 1,4 0,6
6. Ação do vento (sucção) -400 N/m2 - -2400 - 1,4 0,6
7. Peso próprio da viga que suporta a talha 3.300 N 3300 - 1,25 - -
8. Peso próprio da talha 5.000 N - 5000 - 1,5 1,0
9. Carga máxima da talha
20.000 N - 20000 - 1,5 1,0
(desprezar efeitos dinâmicos)

b) Dada a estrutura do galpão de estrutura metálica com uma talha, pede-se:


a) Calcule o máximo momento fletor de cálculo Md para a viga da talha (considere
o peso próprio da viga de apoio igual a 500 N/m);
b) Calcule o máximo cortante Vd para a viga da talha;
c) Calcule o pior carregamento possível para dimensionar a tesoura no sentido da
gravidade. Qual a posição da talha? Qual a máxima reação de apoio da tesoura?
d) Qual a combinação de cargas que gera a carga máxima de sucção, usada para
dimensionar os chumbadores dos pilares e qual a posição da talha?

27
28
c) Encontre as cargas de projeto de uma estrutura em perfil VS aço MR 250 atendendo
as dimensões abaixo e destinada a um mezanino cuja laje será do tipo nervurada pré-
fabricada.
 Sobrecarga de uso do piso: destinado a um clube, usado como salão de dança;
 Peso próprio da laje: 2.500 N/m²;
 Peso próprio das vigas e pilares: VS: 550 N/m;
 Para suportar as cargas especificadas na NBR 6120, as vigas podem admitir vão
máximo entre apoios de 3,50 m;
 Todas as ligações viga-viga e viga-pilar são rotuladas;
 O pilar possui base engastada nos eixos principais;
 O plano do piso não impede o deslocamento do pilar (pequenos deslocamentos);
Obs.: A estrutura hipotética deste exercício apresenta problema de estabilidade global,
considerado desprezível. Explicar qual é este problema e propor uma solução (1,0 ponto
extra).

29
d) Considere a torre de transmissão representada abaixo, tal que:
 A barra rígida e a antena são indeformáveis;
 O sistema estrutural é estável nos diferentes planos;
 O deslocamento vertical da torre e seu peso próprio são desprezíveis;
 Os cabos A, B, C e D são flexíveis, tal que quando comprimidos, deixam de ter
função estrutural;
 E = 205 GPa; fy = 300 MPa.
- Dimensione os cabos da estrutura sabendo que a mesma está sujeita a uma força
horizontal de 10 kN em sua base devido ao vento. Diâmetros disponíveis (mm): 4, 6,
8, 10, 12, 14, 16;
- Admitindo que a antena não possa se mover mais do que 15mm horizontalmente, a
fim de não perder a captação dos sinais, verifique se a condição de deslocamento
imposta foi atendida. Caso não tenha sido, redimensione os cabos para atendê-la.

e) Você é um engenheiro recém contratado de uma empresa de construções, a empresa


necessita construir um muro em torno de um terreno de condomínio. As dimensões do
terreno são de 100m x 200m.
Características do muro:
 Altura: 4m;
 Local: Subúrbio de Curitiba;
 Espessura da alvenaria: 20 cm;
 A alvenaria não resiste a esforços de flexão na sua menor inércia, para isso será
necessário projetar pilares verticais a cada 4m;
 A alvenaria será apoiada em vigas de baldrame simples, apoiadas sobre o solo;
 Toda carga horizontal será absorvida pelos pilares.
a) Quais serão as cargas de cálculo dos pilares (Md, Vd e reações de apoio na fundação)?
Que características deverá ter o bloco de apoio do pilar?
b) Toda a carga vertical do muro será absorvida pelo baldrame. Considerando a tensão
admissível do terreno igual a 0,5 kgf/cm² e o peso específico da alvenaria igual a 1800
kg/m³, qual deve ser a largura mínima do baldrame?

30
3 LIGAÇÕES PARAFUSADAS

Os parafusos - juntamente com as barras redondas rosqueadas, usadas como chumbadores


ou como tirantes – são um dos meios de ligação reconhecidos pela norma ABNT NBR
8800:2008. De acordo com o arranjo dos parafusos, a ligação pode se comportar como
uma conexão rígida, semirrígida ou flexível.

FIGURA 1 – Tipos de ligações parafusadas ou mistas.

3.1 MORFOLOGIA DOS PARAFUSOS

Os parafusos são formados por três partes: cabeça, fuste e rosca. São identificados pelo
diâmetro nominal, porém sua resistência à tração é calcada em função do diâmetro efetivo
(há um desconto em virtude da rosca).

FIGURA 2 – Morfologia do parafuso.

31
3.2 TIPOS DE PARAFUSOS ESTRUTURAIS

Nas ligações parafusadas podem ser utilizados parafusos de diferentes tipos. No Brasil, é
comum o emprego de duas classes principais:

­ Parafusos Comuns: ASTM A307 (ISO 4.6)


Fabricados em aço de baixo carbono a partir de barras redondas de aço ASTM A307, com
resistência à ruptura da ordem de 415 MPa. Possuem cabeça sextavada e podem
apresentar rosca parcial ou total ao longo de seu comprimento. Podem também ser
fabricados em aço segundo as especificações da norma ISO 4.6. São instalados com
chaves manuais comuns, sem controle de torque. Não se considera, portanto, a resistência
por atrito de conexões com parafusos comuns.
São usados para pequenas treliças, plataformas simples, passadiços, terças, vigas de
tapamento, estruturas leves, etc. Possuem baixo custo, porém também possuem baixa
resistência.
­ Parafusos de Alta Resistência: ASTM A325 (ISO 8.8) e ASTM A490 (ISO 10.9)

Parafusos fabricados em aço de médio carbono com tratamento térmico. Normalmente


possuem proteção por galvanização. São mais caros e são identificados por especificação
em relevo na cabeça do parafuso. Também podem possuir especificações adicionais
conforme a posição do plano de cisalhamento em relação à rosca do parafuso:

N = a rosca do parafuso está no plano de corte (cisalhamento).


X = a rosca do parafuso está fora do plano de corte (cisalhamento).
F = resistência por atrito
Devem ser instalados com controle de torque, por meio de chaves com torquímetro ou
diretamente por meio de parafusos ou porcas especiais com controle de deformação,
conforme a Figura 3. Transmitem esforços de tração, cisalhamento, esforços combinados
(tração + cisalhamento) e resistência por atrito.

FIGURA 3 – Parafuso com controle de torque.

32
Aplicações de parafusos de alta resistência em ligações
Devem ser usados parafusos de alta resistência com protensão inicial em ligações por
contato ou por atrito nos seguintes casos:
a) Emendas de pilares;
b) Ligações de vigas com pilares e com quaisquer outras vigas das quais depende o
sistema de contraventamento;
c) Ligações e emendas de treliças de cobertura;
d) Ligações de treliças com pilares;
e) Ligações de contraventamentos e de mãos francesas ou mísulas usadas para reforço
de pórticos;
f) Ligações de peças suportes de pontes rolantes, nas estruturas com pontes rolantes
de capacidade superior a 50 kN;
g) Ligações de peças sujeitas a ações que produzam impactos ou tensões reversas.
Para os demais casos as ligações podem ser feitas com parafusos de alta resistência sem
protensão inicial ou com parafusos comuns.

3.3 PROPRIEDADES DOS AÇOS UTILIZADOS EM PARAFUSOS

A propriedade mecânica dos aços utilizados em parafusos de maior interesse ao projeto


de estruturas é a tensão de ruptura fu do material. Em virtude do maior teor de carbono
nos aços utilizados para fabricação de parafusos, o diagrama tensão-deformação nem
sempre apresenta um patamar de escoamento definido, apresentando um formato simular
ao ilustrado na Figura 2.

FIGURA 4 – DIAGRAMA σ-ε DE AÇOS COM TRATAMENTO TÉRMICO.

A seguir, a Tabela 3.A apresenta os aços mais usuais para fabricação de parafusos
estruturais e suas respectivas propriedades mecânicas, associadas aos respectivos
diâmetros comerciais.

33
Especificação fub (Mpa) Diâmetro db

ASTM A307 415 ½” ≤ db ≤ 4”


ISO 898-1 Classe 4.6 400 12 ≤ db ≤ 36
825 ½” ≤ db ≤ 1”
ASTM A325 1)
725 1” ≤ db ≤ 1½”
ISO 4016 Classe 8.8 800 12 ≤ db ≤ 36
ASTM A490 1035 ½” ≤ db ≤ 1½”
ISO 4016 Classe 10.9 1000 12 ≤ db ≤ 36
1)
Disponíveis também com resistência à corrosão atmosférica
comparável à dos aços AR 350 COR ou à dos aços ASTM A588.

Fonte: ABNT NBR 8800:2008.

3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAÇÕES

As conexões parafusadas podem ser classificadas pela forma de transmissão dos esforços
do parafuso ou pela sua rigidez. No primeiro caso, temos: ligação por tração, ligação por
cisalhamento e contato, ligação por atrito ou ligação por esforços combinados.

Ligação por tração. Ligação por atrito.

Ligação por esforços combinados.


Ligação por cisalhamento e contato.
FIGURA 5 – TIPOS DE LIGAÇÃO.

34
Outra possibilidade é classificar as ligações de acordo com a sua rigidez. Neste caso, as
ligações podem ser classificadas em:

i) Ligação rígida: teoricamente é o tipo que impede completamente a rotação


relativa entre as peças. Em termos práticos uma ligação é considerada rígida
se restringir no mínimo 90% da capacidade de rotação.
ii) Ligação flexível: admite-se, teoricamente, que neste tipo de ligação não existe
nenhuma restrição à rotação. Na prática admite-se que a ligação é flexível se
após a aplicação do carregamento ela atingir no mínimo 80% da rotação
esperada teoricamente.
iii) Ligação semirrígida: neste tipo de conexão a rotação entre as peças varia
entre 20 e 90% da rotação total que poderia haver se a ligação fosse
perfeitamente flexível.

Embora seja usual idealizar o comportamento das ligações como perfeitamente rígidas ou
perfeitamente flexíveis, a maioria das ligações existentes enquadra-se dentro do terceiro
tipo, ou seja, são ligações semirrígidas.

FIGURA 6 – COMPORTAMENTO DE LIGAÇÕES (RIGIDEZ).

35
3.5 LIGAÇÕES PARAFUSADAS: PARÂMETROS E GEOMETRIA

FIGURA 7 - GEOMETRIA E PARÂMETRO DE UMA LIGAÇÃO PARAFUSADA

lf = distância da borda do furo até a borda da chapa, medido na direção do esforço, ou


distancia entre as bordas de dois furos consecutivos.
db = diâmetro do parafuso
t = espessura da chapa

3.5.1 Área Efetiva para Pressão de Contato

É igual ao diâmetro do parafuso multiplicado pela espessura da chapa considerada.

FIGURA 8 - ÁREA EFETIVA DE CONTATO

3.5.2 Área efetiva do parafuso para tração

A área resistente do parafuso para esforços de tração é um valor compreendido entre a


área bruta e a área da raiz da rosca.

= 0,75 , sendo =
4
A área efetiva (Abe) é um valor aproximado e recomendado pela norma NBR 8800:2008
em virtude do desconto de área para confecção da roca do parafuso e de tolerâncias de
fabricação.
A Tabela 3.B apresenta valores precisos para Abe e Ab, calculados com base na geometria
da rosca.
36
TABELA 3.B - ÁREAS BRUTA E EFETIVA DE PARAFUSOS E BARRAS ROSQUEADAS

Passo da Rosca "P" Área Bruta Área Efetiva à Tração


Diâmetro
(mm) Ab (mm2) Abe (mm2)
1/2" 1,95 126 91,6
5/8" 2,31 198 146
3/4" 2,54 285 215
7/8" 2,82 388 298
1" 3,18 506 391
1 1/8" 3,63 641 492
1 1/4" 3,63 792 625
1 3/8" 4,23 958 745
1 1/2" 4,23 1140 907
1 3/4" 5,08 1552 1126
2" 5,64 2027 1613

Fonte: Manual SIDERBRAS – Ligações em Estruturas Metálicas.

3.5.3 Tipos de Furos

O furo-padrão para parafusos comuns deverá ter uma folga de 1,5 mm em relação ao
diâmetro nominal do parafuso (db) para permitir a montagem das peças.
Em geral, furos são executados por puncionamento das chapas. Para chapas de pequena
espessura (t ≤ db + 3 mm), a punção é feita diretamente com o diâmetro definitivo do furo.
Para chapas mais espessas, os furos deverão ser puncionados com diâmetro reduzido e
posteriormente alargados com broca. Como o corte do furo por punção danifica uma parte
do material da chapa, considera-se, para efeito de cálculo da seção líquida da chapa
furada, um diâmetro fictício igual ao diâmetro do furo (d') acrescido de 2 mm, ou seja:
diâmetro fictício = d' + 2 mm = db + 3,5 mm
Além do furo-padrão, as ligações podem ser feitas com furos alargados ou alongados,
ilustrados na Figura FIGURA 9.

FIGURA 9 – Tipos de furos: (a) furo-padrão; (b) alargada; (c) pouco alongada; (d) muito alongada.
37
3.6 RESISTÊNCIA DAS LIGAÇÕES PARAFUSADAS

3.6.1 Resistência de Cálculo do Parafuso à Tração

Os parafusos estão sujeitos ao esforço de tração T quando atuar uma força de tração no
eixo longitudinal do parafuso.

FIGURA 10 – LIGAÇÃO COM CHAPA DE TOPO OU EXTREMIDADE

Obs.: A resistência de parafusos solicitados por tração é simples, porém as ligações como
as acima se comportam de maneira mais complexa e a força de tração no parafuso é
aumentada devido ao chamado efeito alavanca (prying action). O acréscimo na tração
varia de acordo com a espessura da chapa e com a posição dos parafusos na ligação. Este
assunto mais complexo é visto em ligações rígidas com considerações de cálculo
adequadas.

 Resistência à tração de um parafuso:

, =

Ft,Rd – força de tração resistente de cálculo de um parafuso;


Abe – área efetiva da seção do parafuso;
fub – tensão de ruptura a tração do parafuso;
γa2 – coeficiente de resistência à ruptura do aço (igual a 1,35).

 Resistência à tração de barras redondas rosqueadas:

, =

Ab – Área bruta da barra redonda rosqueada;


fy – Tensão de escoamento do material da barra;
γa1 – Coeficiente de resistência ao escoamento do aço (igual a 1,10).

38
3.6.2 Resistência de Cálculo ao Cisalhamento e Contato
O comportamento de uma ligação por cisalhamento e contato é mostrado na Figura
FIGURA 11. Em ligações deste tipo, a força P é considerada igualmente distribuída por
todos parafusos da ligação (hipótese simplificada).

FIGURA 11– LIGAÇÃO POR CISALHAMENTO E CONTATO

A força normal P é transferida, de uma chapa para outra, através do cisalhamento do


corpo do parafuso. Para que este cisalhamento ocorra, é necessário que haja pressão de
contato entre a superfície lateral do parafuso e a parede do furo, em ambas as chapas.
Logo, a resistência da ligação deve ser avaliada com base em dois critérios.

3.6.2.1 1° Critério – Resistência do Parafuso ao Cisalhamento (por plano de corte)


A força de cisalhamento resistente de cálculo de um parafuso ou barra redonda rosqueada
é, por plano de corte, igual a:
a) Para parafusos de alta resistência e barras redondas rosqueadas, quando o plano
de corte passa pela rosca e para parafusos comuns em qualquer situação (A307,
ISO 4.6, A325–N):
0,4
, =

b) Para parafusos de alta resistência e barras redondas rosqueadas, quando o plano


de corte não passa pela rosca (A325–X, ISO 8.8):
0,5
, =

onde:
– Área bruta do parafuso ou barra redonda rosqueada com diâmetro db;
– Resistência à ruptura do material do parafuso ou barra redonda rosqueada.

39
3.6.2.2 2° Critério – Resistência da Chapa à Pressão de Contato (por parafuso)

O segundo critério de resistência de ligações parafusadas consiste na verificação da


resistência das chapas de ligação. Os dois modos de falha possíveis são caracterizados
pelo rasgamento da chapa e pelo enrugamento do material na região de contato com os
parafusos, respectivamente, como ilustrado na FIGURA 12.

FIGURA 12 – Modos de falha das chapas de ligações parafusadas.

A força resistente de cálculo à pressão de contato na parede de um furo, já levando em


conta o rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um furo extremo e a borda, é
dada por:
a) No caso de furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em qualquer
direção e furos muito alongados na direção da força:
­ Quando a deformação no furo para forças de serviço for uma limitação de projeto:

, = 1,2 ≤ 2,4

­ Quando a deformação no furo para forças de serviço não for uma limitação de
projeto;

, = 1,5 ≤ 3,0

b) No caso de furos muitos alongados na direção perpendicular à da força:

, = 1,0 ≤ 2,0

onde:
lf – distância livre, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do furo
adjacente ou a borda da parte ligada;
db – diâmetro do parafuso;
t – espessura da parte ligada;
fu – resistência à ruptura do aço da parede do furo.
Furos alargados e furos pouco ou muito alongados na direção da força são restritos a
ligações por atrito. A resistência total é igual à soma das resistências à pressão de contato
calculada para todos os furos.

40
3.6.3 RESISTÊNCIA DE CÁLCULO EM LIGAÇÕES POR ATRITO

O comportamento dos parafusos se altera em ligações por atrito, pois não ocorre mais o
contato de suas superfícies laterais com a parede dos furos. A força normal é transferida
de uma chapa para outra através da força de atrito μ.Tp, tal que μ é o coeficiente de atrito
entre as chapas.
A forca de atrito surge a partir da pressão entre as chapas que, por sua vez, é consequência
da força de protensão Tp, conforme ilustrado pelos diagramas do corpo livre da Figura
FIGURA 5. Em ligações por atrito, a forca solicitante também é considerada igualmente
distribuída por todos parafusos da ligação.
O projeto de ligações por atrito com parafusos de alta resistência precisa levar em conta
se o deslizamento é um estado limite de serviço (ELS) ou um estado limite último
(ELU). Nas ligações com furo alongado na direção paralela à direção da força aplicada,
o deslizamento deve ser considerado ELU. Nos demais casos (furos padrão ou furos
alongados em direção transversal à força), o deslizamento da conexão pode ser admitido
ELS.
No ELU, a força resistente de cálculo de um parafuso ao deslizamento, Ff,Rd, deve ser
igual ou superior à força cortante solicitante de cálculo no parafuso:
1,13 ,
, = 1−
1,13

onde:
– Força de protensão mínima por parafuso;

, – Força de tração solicitante de cálculo no parafuso que reduz a força de protensão,


calculada com as combinações últimas de ações;
– Número de planos de deslizamento;
– Coeficiente de ponderação da resistência, igual a 1,20 para combinações normais,
especiais ou de construção e 1,00 para combinações excepcionais;
– Coeficiente médio de atrito, com valor igual a:
a) 0,35 para superfícies classe A (superfícies laminadas, limpas, isentas de óleos ou
graxas, sem pintura) e para superfícies classe C (superfícies galvanizadas a
quente com rugosidade aumentada manualmente por meio de escova de aço);
b) 0,50 para superfícies classe B (superfícies jateadas sem pintura);
c) 0,20 para superfícies galvanizadas a quente;
– Fator de furo, igual a:
a) 1,00 para furos-padrão;
b) 0,85 para furos alargados ou pouco alongados;
c) 0,70 para furos muito alongados.

41
A região mínima de contato das superfícies classes A e B que deve ficar sem pintura é
mostrada esquematicamente na FIGURA 12.

Figura 13 – Região mínima de contato sem pintura.

3.6.4 RESISTÊNCIA A TRAÇÃO E CISALHAMENTO COMBINADOS

Quando ocorrer a ação simultânea de tração e cisalhamento, deve ser atendida a seguinte
equação de interação:

, ,
+ ≤ 1,0
, ,
onde:
Ft,Sd – Força de tração solicitante de cálculo por parafuso ou barra redonda rosqueada;
Fv,Sd – Força de cisalhamento solicitante de cálculo no plano considerado do parafuso
ou barra redonda rosqueada;
Ft,Rd e Fv,Rd – Força resistente à tração e ao cisalhamento, respectivamente.
Alternativamente ao uso da equação de interação, pode-se calcular a força de tração
solicitante de cálculo (Ft,Sd) por parafuso por meio das equações previstas na Tabela 3.C.

TABELA 3.C – FORÇAS DE TRAÇÃO E CISALHAMENTO COMBINADAS

Limitação adicional do valor da força de tração solicitante de


Meio de ligação
cálculo por parafuso ou barra redonda rosqueada a
Parafusos ASTM A307 ou
barras redondas rosqueadas , ≤ ⁄ − 1,90 ,

Parafusos ASTM A325 ou , ≤ ⁄ − 1,90 , (N)


parafusos ASTM A490 ≤ ⁄ − 1,50 (X)
, ,
a
fub é a resistência à ruptura do material do parafuso ou barra redonda rosqueada; é a área bruta,
baseada no diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada, ,e , é a força de cisalhamento
solicitante de cálculo no plano considerado do parafuso ou barra redonda rosqueada.

Fonte: Tabela 11, NBR 8800-2008.


42
3.6.5 EFEITO DE ALAVANCA (PRYING ACTION)

Na determinação da força de tração de cálculo em parafusos e barras redondas


rosqueadas, deve-se levar em conta o efeito de alavanca, produzido pelas deformações
das partes ligadas.

Figura 14 – Efeito de alavanca.

Caso não se façam análises mais rigorosas, pode-se considerar que o efeito de alavanca
tenha sido adequadamente considerado se for atendida pelo menos uma das exigências a
seguir:
a) Na determinação das espessuras das chapas das partes ligadas (t1 e t2), for
empregado o momento resistente plástico (Z fy) e a resistência de cálculo à tração
dos parafusos ou barras redondas rosqueadas for reduzida em 33%;
b) Na determinação das espessuras das chapas das partes ligadas (t1 e t2), for
empregado o momento resistente elástico (W fy) e a resistência de cálculo à tração
dos parafusos ou barras redondas rosqueadas for reduzida em 25%.
Ao se determinar as espessuras das chapas das partes ligadas, deve-se tomar a força
atuante em um parafuso e a sua largura de influência na chapa, p, obtida conforme figura.
Adicionalmente, a dimensão a não pode ser inferior à dimensão b.

3.6.6 LIMITAÇÕES DE DISTANCIA ENTRE FUROS (PARAFUSOS)

3.6.6.1 Espaçamento mínimo entre furos


­ Distância entre centros de furos: ≥ 2,7db (de preferência 3db);
­ Distância livre entre as bordas de dois furos consecutivos: ≥ db.

43
3.6.6.2 Distância mínima de um furo às bordas
­ Furos-padrão
A distância do centro de um furo-padrão a qualquer borda de uma parte ligada não pode
ser inferior ao valor indicado na Tabela 14, na qual db é o diâmetro do parafuso ou barra
redonda rosqueada.

Borda cortada com Borda laminada ou


Diâmetro
serra ou tesoura cortada a maçarico
0 < d ≤ 19 mm d + 6 mm
19 < d ≤ 26 mm d + 7 mm
26 < d ≤ 30 mm d + 9 mm 1,75 d
30 < d ≤ 36 mm d + 10 mm
d > 36 mm 1,25 d

­ Furos alargados ou alongados


A distância do centro de um furo alargado ou alongado a qualquer borda de uma parte
ligada não pode ser inferior ao valor indicado para furos-padrão, dado na Tabela 14,
acrescido de β.db, sendo β definido como a seguir:
a) β = 0 para furos alongados na direção paralela à borda considerada;
b) β = 0,12 para furos alargados;
c) β = 0,20 para furos pouco alongados na direção perpendicular à borda
considerada;
d) β = 0,75 para furos muito alongados na direção perpendicular à borda
considerada.

3.6.6.3 Espaçamento máximo entre furos


Os espaçamentos máximos entre conectores são utilizados para impedir penetração de
água e sujeira nas interfaces. Eles são dados em função da espessura t da chapa mais fina:
a) 24 t (≤ 300 mm) para elementos pintados ou não sujeitos à corrosão;
b) 14 t (≤ 180 mm) para elementos sujeitos à corrosão atmosférica, executados com
aços resistentes à corrosão, não pintados.
A distância máxima de um conector à borda da chapa é tomada igual a 12 t (≤ 150 mm).

44
3.6.6.4 Padronização de espaçamentos

Figura 15 – Gabarito de furação em cantoneiras.

TABELA 3. - FURAÇÃO EM CANTONEIRAS PARA JUNTA SIMPLES

BITOLA PARAFUSO FURO LINHA DE FURAÇÃO GABARITO


Polegada mm polegada mm A(e) B(s) C
1/8" 3
1 1/2" 3/16" 38 5 1/2" 14,5 25 50 22
1/4" 6
1/8" 3
1 3/4" 3/16" 45 5 1/2" 14,5 25 50 25
1/4" 6
1/8" 3
2" 3/16" 51 5 1/2" 14,5 25 50 30
1/4" 6
3/16" 5
1/2" 14,5 25 50
1/4" 6
2 1/2" 63 35
5/16" 8
5/8" 18,0 30 60
3/8" 10
3/16" 5
1/4" 6 5/8" 18,0 30 60
3" 5/16" 76 8 40
3/8" 10
3/4" 22,0 40 70
7/16" 11
1/4" 6
5/8" 18,0 30 60
5/16" 8
3/8" 10
3/4" 22,0 40 70
4" 7/16" 102 11 55
1/2" 13 7/8" 24,0 45 80
9/16" 14
1" 27,0 50 90
5/8" 16
3/8" 10 3/4" 22,0 40 70
5" 1/2" 127 13 7/8" 24,0 45 80 75
5/8" 16 1" 27,0 50 90
3/8" 10 3/4" 22,0 40 70
6" 1/2" 152 13 7/8" 24,0 45 80 90
5/8" 16 1" 27,0 50 90

45
TABELA 3.D – DISTÂNCIA MÍNIMA DO CENTRO DE UM FURO-PADRÃO À BORDA.

Diâmetro Borda cortada com Borda laminada ou


serra ou tesoura cortada a maçarico 2)
mm mm
1/2 22 19
5/8 16 29 22
3/4 32 26
20 35 27
c
7/8 22 38 29
24 42 c 31
1 44 32
1 1/8 27 50 38
30 53 39
1 1/4 57 42
36 64 46
> 1 1/4 >36 1,75 1,25
1) São permitidas distâncias inferiores às desta Tabela, desde que a equação da NBR 8800:2008
aplicável de 6.3.3.3 seja satisfeita.
2) Nesta coluna, as distâncias podem ser reduzidas de 3 mm, quando o furo está em um ponto onde a
força solicitante de cálculo não exceda 25 % da força resistente de cálculo.
3) Nas extremidades de cantoneiras de ligação de vigas e de chapas de extremidade para ligações
flexíveis, esta distância pode ser igual a 32 mm.
Fonte: ABNT NBR 8800:2008 - Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios.

46
EXERCÍCIOS

1) Determinar a carga máxima que suporta a ligação:


Dados:
­ Parafuso ϕ 7/8”, A325-N;
­ Chapa de aço ASTM A572 grau 50, para chapa de 8mm;
­ Chapa de aço ASTM SAC-41, para chapa de 20mm;
­ Furação padrão.
Pede-se:
a) Calcular a resistência de um parafuso considerando:
­ Rosca no plano de corte;
­ Rosca fora do plano de corte;
­ Comparar os valores fornecidos pela tabela.
b) Calcular a resistência da chapa ao esmagamento
c) Concluir sobre a resistência total da ligação
d) Calcular os valores de g e s para que a chapa possua a mesma resistência dos parafusos.

40 75 35

40 mm

70 mm

40 mm

P/2
P
P/2

47
2) Projetar a ligação parafusada da treliça:
a) Projetar a ligação parafusada no ponto A
b) Com o auxílio da tabela de furação de cantoneiras, determinar a bitola dos parafusos
c) Calcular a resistência ao cisalhamento para 01 parafuso
d) Calcular o número de parafusos necessários para cada situação
e) Verificar a resistência da chapa ao esmagamento
f) Desenhar a ligação com as cotas

Dados: chapa de ligação t = 8mm; aço MR 250.

BARRA TRAÇÃO BITOLA (mm) ϕ PARAFUSO AÇO QTDE.

A307
01 120 kN Duplo L 50 x 3 A325-N
A490-N

A307
02 100 kN Duplo L 45 x 3 A325-N
A490-N

A307
03 180 kN Chapa plana 100 x 10 A325-N
A490-N

48
4 LIGAÇÕES SOLDADAS

4.1 INTRODUÇÃO

Soldas promovem a ligação entre peças metálicas mediante a fusão local, com o calor
produzido por um arco voltaico, do metal das peças com a adição de um terceiro metal
que forma o arame, denominado de eletrodo.

4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAÇÕES SOLDADAS

As ligações soldadas costumam ser classificadas em função do modo de execução da


solda, podendo ser:
­ Solda de filete (mais usual);
­ Solda de penetração, parcial ou total;
­ Solda de bujão ou de tampão.

Figura 16 – Classificação das soldas.

As soldas de filete consistem na deposição de um filete na aresta definida pela


justaposição das chapas a serem soldadas, sem exigir maiores cuidados na sua aplicação,
sendo por este motivo as mais empregadas na fabricação das estruturas atuais.
As soldas são ainda divididas de acordo com o tipo de junta executado. Os tipos possíveis
são:

Figura 17 – Tipos de junta soldada.

49
4.3 TIPOS DE ELETRODOS PARA SOLDA

Os eletrodos utilizados nas soldas são varas de aço-carbono ou aço de baixa liga. São
classificados segundo sua resistência à tração, de acordo com a posição de soldagem para
a qual são indicados, e quanto ao tipo de revestimento. A especificação de eletrodos segue
a nomenclatura das normas “AWS A5.1 – Eletrodos revestidos de aço-carbono para
soldagem a arco” e “AWS A5.5 – Eletrodos revestidos de baixa-liga para soldagem a
arco”. A nomenclatura típica utilizada é dada por expressões do tipo E70XY, onde:
E – Eletrodo;
70 – Resistência à ruptura fw da solda (em ksi);
X – Posição de soldagem satisfatória (1: qualquer posição; 2: somente na horizontal);
Y – Número que indica o tipo de corrente e de revestimento do eletrodo.
Os principais tipos de eletrodos empregados na indústria são dados na Tabela 4.A.

TABELA 4.A - RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO METAL DA SOLDA

Metal da solda fw (MPa)


Eletrodos com classe de resistência 6 ou E60 415
Eletrodos com classe de resistência 7 ou E70 485
Eletrodos com classe de resistência 8 ou E80 550
Fonte: Tabela A.4, NBR 8800-2008

4.4 SIMBOLOGIA DE SOLDA

A fim de facilitar a representação gráfica dos tipos e dimensões de soldas especificados,


a NBR 8800 adota uma simbologia convencional baseada nas normas americanas AWS.
A Figura 18 reúne as principais convenções para a representação gráfica de soldas.

Entalhe Solda de Acabamento


Filete Tampão campo
Reta V Bisel U J Plano Convexo

Figura 18 – Simbologia para solda.

50
A Figura 19 traz alguns exemplos de ligações soldadas com as respectivas simbologias.

Figura 19 – Exemplos de especificação de soldas.

4.5 PARÂMETROS E GEOMETRIA DAS SOLDAS

As dimensões de interesse de soldas são: comprimento do cordão de solda (Lw), espessura


nominal ou perna (dw), e garganta da solda (tw), ilustradas na Figura 20. A perna da solda
corresponde ao menor de seus lados, enquanto a garganta da solda corresponde à menor
dimensão da seção transversal da solda, sendo utilizada em seu dimensionamento.

Figura 20 – Parâmetros e geometria das soldas.


Para as soldas de filete, a garganta é considerada com valor tw = 0,7dw, visto que na
maioria dos casos os lados do filete são iguais. Contudo, exceção pode ser feita para
soldas de filete realizadas pelo processo de arco submerso (em virtude da melhor
qualidade do processo), cujas gargantas efetivas podem ser consideradas iguais a:

tw  d w  para d w  10 mm 

tw  d w  3 mm (para d w > 10 mm)
Já para as soldas de entalhe, a espessura efetiva da garganta é considerada:
 Igual à menor das espessuras das partes soldadas, no caso de penetração total;
51
 No caso de penetração parcial, a garganta da solda tw é tomada igual à
profundidade y do chanfro quando este é executado em V, U ou J. Caso seja
executado chanfro em bisel e o ângulo da raiz do entalhe fique entre 45º e 60º,
devem ser descontados 3 mm da profundidade y (Figura 21).

Figura 21 – Profundidade da espessura efetiva da garganta de soldas.

4.5.1 Limitações

 Soldas de Filete

O tamanho mínimo da perna de uma solda de filete deve atender a certas dimensões
mínimas para garantir a fusão completa do eletrodo às chapas, evitar a ocorrência de
fraturas a frio e minimizar distorções. A Tabela 1 apresenta as dimensões mínimas
permitidas pela NBR 8800 em função da parte menos espessa soldada.

Tabela 1. Tamanho mínimo da perna de uma solda de filete

Menor espessura do Tamanho mínimo da perna


metal-base (mm) do filete dw (mm)
t ≤ 6,35 3
6,35 < t ≤ 12,5 5
12,5 < t ≤ 19 6
t > 19 8

Fonte: Tabela 10, NBR 8800:2008.


Além destas recomendações, a perna de soldas de filete não deve ultrapassar as dimensões
indicadas na Figura 22.

Figura 22 – Dimensões máximas da perna de soldas de filete.


Com relação ao comprimento efetivo de uma solda de filete, a NBR 8800 dispõe que este
não pode ser inferior a:
≥4 e 40 mm
52
Além disso, em ligações extremas de chapas planas tracionadas, o comprimento de cada
filete (Lw) deve ser maior ou igual à largura b da chapa quando forem usadas somente
soldas de filete longitudinais (ver Fig. 4. 14a), ou deve-se soldar as extremidades de
ambas as partes no caso de ligação por superposição apenas com filetes transversais (ver
Fig. 4b).

(a) Solda longitudinal (b) Solda transversal


Figura 23 – Comprimento mínimo de ligações extremas de peças tracionadas.

 Soldas de Entalhe

A garganta de soldas com penetração parcial deve ser projetada com uma espessura
mínima a fim de garantir a completa fusão do metal-base. Espessuras mínimas são
indicadas na NBR 8800 em função da espessura da chapa mais fina, sendo apresentadas
na Tabela 2. A aplicação de soldas com penetração parcial é vetada a ligações de peças
sob flexão.

Tabela 2. Espessura mínima da garganta efetiva de soldas de penetração parcial

Espessura da chapa Espessura mínima da


mais fina (mm) garganta efetiva (mm)
t ≤ 6,35 3
6,35 < t ≤ 12,5 5
12,5 < t ≤ 19 6
19 < t ≤ 37,5 8
37,5 < t ≤ 57 10
57 < t ≤ 152 13
t > 152 16

Fonte: Tabela 9, NBR 8800:2008.

4.6 RESISTÊNCIA DAS SOLDAS

O dimensionamento das soldas segue um procedimento simplificado, partindo da


hipótese de Saint-Venant que permite considerar o metal da solda somente solicitado por
tensões de cisalhamento no plano correspondente à garganta da solda, conforme ilustrado
na Figura 24.
53
Figura 24 – Tensões atuantes na seção efetiva da solda.

Para efeito de cálculo, a resistência de soldas pode ser calculada sem considerar as tensões
de tração ou de compressão atuando na direção paralela ao eixo longitudinal da solda.
Esta situação é comum nas ligações das chapas componentes (mesas e almas) de perfis
soldados submetidos a momento fletor. Devem ser consideradas, entretanto, as tensões
de cisalhamento na garganta da solda causadas pela transferência de esforços cortantes
de uma chapa à outra.
A ruína de ligações soldadas deve-se à ruptura do metal da solda ou à falha das chapas de
ligação. A seguir serão vistos os estados-limites últimos associados à ruptura do metal
da solda em ligações.

4.6.1 Soldas de Filete

A resistência de cálculo de soldas de filete ao cisalhamento é dada por:



, = 0,6

, – Resistência de cálculo da solda;


0,6 – Relação entre cisalhamento e tração;
– Área do metal da solda: = = 0,707 ;
– Resistência mínima à tração do metal da solda;
– Coef. de minoração da resistência da solda, igual a 1,35 para combinações normais.

4.6.2 Soldas de Entalhe

Para soldas de entalhe de penetração total, as resistências de cálculo são baseadas nos
estados-limites últimos aplicáveis ao metal-base. No caso de tensões de tração ou
compressão normal à seção efetiva da solda, a resistência é dada por:

, =

– Área de ligação do metal-base: = ;


– Espessura do metal-base mais delgado;
– Tensão de escoamento do metal-base;
– Coef. de minoração da resistência, igual a 1,10 para combinações normais.

54
Quando atuarem esforços cortantes na ligação, a segurança do metal-base deve também
ser verificada ao cisalhamento na seção efetiva da solda devido à soma vetorial de tensões
internas. A resistência do metal-base neste caso é dada por:

, = 0,6

Para soldas de entalhe de penetração parcial sob tração ou compreensão normal à seção
efetiva da solda, a resistência é determinada pelo menor dentre os dois valores:
⋅ ⋅
, = e , = 0,6

, – Resistência de cálculo da solda;


0,6 – fator de redução que leva em conta incertezas na qualidade da solda;
– Área do metal da solda: = ;
– Resistência mínima à tração do metal da solda;
– Coef. de minoração da resistência da solda, igual a 1,25 para combinações normais.
Quando a ligação estiver sujeita a esforços de cisalhamento paralelos ao eixo da solda, a
resistência à ruptura da solda é dada por:

, = 0,6

4.6.3 Estados-Limites Últimos do Metal-Base

Além do metal da solda, a segurança das chapas ligadas (metais-base) também deve ser
verificada. Os modos de falha dos elementos de ligação envolvem os estados-limite
últimos de escoamento da seção bruta, de ruptura da seção líquida e de flambagem
(quando aplicável). As expressões para cálculo da resistência destes elementos serão
vistas em maior detalhe ao estudarmos o comportamento de peças tracionadas e
comprimidas na sequência do texto.
a) Escoamento da seção bruta:

, =

– Área bruta da seção transversal do metal-base: = . ;


– Tensão de escoamento do metal-base;
– Coef. de minoração da resistência, igual a 1,10 para combinações normais.
b) Ruptura da seção líquida:

, =

– Área líquida efetiva da seção transversal do metal-base;


– Tensão de ruptura do metal-base;
– Coef. de minoração da resistência, igual a 1,35 para combinações normais.

55
EXERCÍCIOS

1) Projete uma ligação para as chapas de maneira que a ligação resista a uma força normal
de cálculo igual a 110 toneladas. Especifique:
a) Perna da solda (dw);
b) Eletrodo;
c) Símbolo contendo eletrodo, perna da solda (dw) e comprimento dos cordões (Lw).

2) Determine a espessura e o comprimento da solda de filete requerida para a ligação


representada abaixo.
Dados: Chapas de aço MR250, eletrodo E70 e solicitação de projeto Sd = 200 kN.

3) Deseja-se realizar a ligação de uma cantoneira, submetida a uma força axial de tração
de 140 kN, com uma chapa de ligação de espessura de 10 mm. Pede-se:
a) Determinar a dimensão e o comprimento do filete necessário, dispondo-o ainda de
forma a minimizar o efeito da excentricidade na ligação;
b) Verificar se os valores limites estabelecidos pela NBR 8800 são satisfeitos;
c) Desenhar esquematicamente a ligação.
Dados:
­ Solda de filete, manual, com eletrodo revestido E60XX;
­ Aço A36 (cantoneira e chapa);
­ L 4”x 5/16” (A = 15,48 cm²; x = 2,84 cm).
56
4) Determine a máxima força que pode ser transferida pela ligação esquematizada.
Dados: aço A36 (cantoneira e chapa); perfil duplo L 2”x 3/16”; gusset (t = 10 mm).

5) Projete a ligação do nó indicado da treliça. Utilize solda de filete em todo o contorno


dos perfis cantoneira (ver esquema) e defina as dimensões de cada segmento de modo
a minimizar o efeito da excentricidade na ligação.
Dados:
­ Cantoneira: aço AR345;
­ Chapa de ligação: aço MR250

57
5 PEÇAS TRACIONADAS

5.1 COMPORTAMENTO DE PEÇAS TRACIONADAS

O comportamento real das peças tracionadas nas estruturas de aço difere do


comportamento de barras submetidas à tração pura conforme se estuda na disciplina de
Resistência dos Materiais. Alguns fatores que afetam no comportamento:
i. Tensões residuais provenientes do esfriamento não uniforme das peças.
= 0,3 (NBR 8800:2008)

ii. Furações necessárias para ligações parafusadas

Figura 25 – Ligação parafusada de peças tracionadas.

iii. Propagação de tensões desuniformes.

Figura 26 – Concentração de tensões próximas a furos.

iv. Imperfeições dos carregamentos


v. Excentricidade das peças

58
5.2 CONDIÇÃO DE SEGURANÇA

No dimensionamento de barras prismáticas submetidas à força axial de tração, deve ser


atendida a condição de segurança:
N, ≤ N,
onde:
, – força axial de tração solicitante de cálculo;
, – força axial de tração resistente de cálculo.

5.3 DIMENSIONAMENTO
A força axial de tração resistente de cálculo, Nt,Rd, a ser usada no dimensionamento é o
menor dos valores obtidos considerando-se os estados-limites últimos de escoamento da
seção bruta e ruptura da seção líquida.
 1° Critério: Escoamento da Seção Bruta
Na seção bruta da peça as tensões devem ser inferiores a fy para que a peça não sofra
alongamento excessivo, tornando-se flexível.

, =

Nt,Rd – Força normal resistente de cálculo;


Ag – Área bruta da seção transversal;
fy – Tensão de escoamento do aço;
γa1 – Coeficiente de ponderação da resistência (igual a 1,10).
 2° Critério: Ruptura da Seção Líquida Efetiva
Nas seções onde há presença de furos admite-se tensões superiores a fy, pois o escoamento
localizado destas seções não compromete a segurança da estrutura.

, =

Nt,Rd – Força normal resistente de cálculo;


Ae – Área liquida (ou efetiva) da seção transversal;
fu – Tensão de ruptura do aço;
γa2 – Coeficiente de ponderação da resistência (igual a 1,35).

5.3.1 Área efetiva


= .
Ae – Área liquida efetiva da seção transversal;
An – Área líquida da barra;
Ct – Coeficiente de redução da área liquida (relacionado à concentração de tensões).

59
5.3.2 Área líquida
Em regiões com furos, a área líquida da barra é obtida subtraindo-se da área bruta (Ag) as
áreas dos furos contidos em uma seção reta da peça.
No caso de furação alternada (Figura 27), é necessário procurar a cadeia de ruptura que
apresenta a menor largura líquida, uma vez que a peça pode romper segundo qualquer um
dos caminhos indicados (1-1 ou 2-2-2). Nesta situação, a área líquida da barra é dada por:

= −Σ +Σ = −( + folga + 2 )+Σ
4 4

– Largura bruta da peça (chapa);


– Diâmetro do furo acrescido de 2 mm (igual a db + 3,5 mm para furos-padrão);
– Distância entre dois furos (na direção do esforço);
– Distância entre dois furos (ortogonal à direção do esforço);
– Espessura da chapa.

Figura 27 – Seção líquida de peças com furação alternada (em ziguezague).

Realizar Exercício 1

No caso específico de cantoneiras, a distância g entre dois furos em abas opostas deve ser
considerada igual à soma das distâncias de cada furo até a aresta da cantoneira, subtraída
de sua espessura. Para melhor compreensão, apresenta-se o seguinte procedimento:
i. Geometria da cantoneira:

ii. Projeta-se (“abre-se”) a cantoneira em seu plano médio;

60
iii. Caso a cantoneira possua apenas 1 ou 2 furos alinhados, usam-se as expressões:

= − ⋅ = −2 ⋅

iv. Caso ela possua 2 furos não alinhados ou possua abas desiguais, deve-se calcular
a área líquida da cantoneira como se fosse uma chapa aberta.

5.3.3 Coeficiente de redução da área líquida


Quando a ligação é feita por todas as partes que compõem um perfil, os esforços são
transferidos integralmente por toda a seção. Entretanto, isto não ocorre nas ligações em
que o perfil é conectado apenas através de um único segmento, como é o caso de
cantoneiras conectadas apenas por uma aba ou perfis U conectados apenas por sua alma
(Figura 28). Nesses casos as tensões se concentram no segmento ligado e não mais se
distribuem por toda a seção. Este efeito é levado em consideração no cálculo da
resistência à ruptura por meio do coeficiente de redução Ct, cujo valor decresce à
proporção que a extensão da ligação aumenta.

Figura 28 – Distribuição de tensões não uniforme em perfis parcialmente conectados.

O valor de Ct varia em função da geometria da ligação, sendo igual a (NBR 8800:2008):


­ Quando a força de tração for transmitida diretamente para cada um dos elementos
da seção transversal da barra:
= 1,00
­ Quando a força de tração for transmitida somente por soldas transversais:

onde Ac é a área da seção transversal dos elementos conectados (aba ou alma);

61
­ Nas barras com seções transversais abertas, conectadas somente por parafusos ou
somente por soldas longitudinais:

=1− ≤ 0,90

onde:
– Excentricidade da ligação;
– Comprimento efetivo da ligação (distância do primeiro ao ultimo parafuso ou
comprimento da solda na direção da força axial).

Figura 29 – Excentricidade e comprimento efetivo da ligação.

­ Nas chapas planas, quando a força de tração for transmitida somente por soldas
longitudinais ao longo de ambas as suas bordas:
Ct = 1,0 para Lw ≥ 2b
Ct = 0,87 para 2b > Lw ≥ 1,5b
Ct = 0,75 para 1,5b > Lw ≥ b
onde:
– Comprimento dos cordões de solda;
– Largura da chapa.

Figura 30 – Comprimento do cordão de solda.

5.4 COLAPSO POR CISALHAMENTO EM BLOCO1


No caso de perfis de chapas finas tracionados e ligados por conectores, a ruptura da seção
líquida tracionada pode ocorrer em conjunto com o colapso das áreas cisalhadas por

1
NBR 8800:2008, item 6.5.6, denominado “Colapso por rasgamento”.
62
rasgamento ao longo de uma linha de conectores. Nesse tipo de colapso, denominado
cisalhamento de bloco, a resistência do perfil é determinada pela soma das forças
resistentes ao cisalhamento de uma ou mais linhas de falha e da resistência da chapa à
tração em um segmento perpendicular.
Esse estado-limite deve ser verificado junto a ligações em extremidades de vigas com a
mesa recortada para encaixe e em situações similares, mostradas na Figura 31.

Figura 31 – Ligações sujeitas a colapso por rasgamento.

A resistência de cálculo ao colapso por cisalhamento em bloco é dada por (NBR 8800):
1 1
F , = (0,6 A +C A )≤ (0,6 A +C A )
γ
onde:
Agv – área bruta sujeita a cisalhamento;
Anv – área líquida sujeita a cisalhamento;
Ant – área líquida sujeita à tração;
Cts – igual a 1,0 quando a tensão de tração na área líquida for uniforme (apenas uma linha
de parafusos na direção do esforço) e igual a 0,5 quando for não-uniforme, conforme
mostra a Figura 32.

Figura 32 – Fator de concentração de tensão no colapso por rasgamento.

63
5.4.1 Esbeltez limite de peças tracionadas
Nas peças tracionadas, o índice de esbeltez não tem importância fundamental, uma vez
que o esforço de tração tende a retificar a haste, reduzindo excentricidades construtivas
iniciais. Apesar disso, a NBR 8800:2008 fixa o valor máximo de 300 para o índice de
esbeltez de peças tracionadas (simples ou compostas), com a finalidade de reduzir efeitos
vibratórios provocados por impactos, ventos, etc.

64
EXERCÍCIOS

1) Calcule a resistência à tração da chapa representada. Considere:


­ Parafusos ASTM A325: db = 3/4" (19 mm);
­ Chapa: aço ASTM A36 (fy = 250 MPa; fu = 400 MPa); t = 10 mm.

 1º Critério: Escoamento da seção bruta

, = ; = .

(300.10) ⋅ 0,250 /
, = = 681,82
1,10
 2º Critério: Ruptura da seção efetiva

, = ; = .

Como trata-se de uma ligação em que a força de tração é transmitida diretamente para
cada um dos elementos da seção transversal da barra, admite-se Ct = 1,0.
Para o cálculo da área líquida da barra, podemos admitir que a peça rompe segundo duas
cadeias de furo distintas. A primeira corresponde à cadeia de furos A-1-2-3-B, a qual
apresenta s = 0 e três furos ao todo, então:

= −Σ +Σ =[ −( + 3,5 )]
4

= [300 − 3 ⋅ (19 + 3,5)] ⋅ 10 = 2325 ²


A segunda cadeira de ruptura possível corresponde ao caminho A-1-4-2-5-3-B, com 5
furos e s = g = 50 mm:
50
= −Σ +Σ = 300 − 5 ⋅ (19 + 3,5) + 4 ⋅ 10 = 2375 ²
4 4.50

65
Portanto, o caminho A-1-2-3-B é crítico, em virtude de sua menor área líquida.
Calculando então a resistência da chapa, temos:
(2325 ² ⋅ 1,0) ⋅ 0,400 / ²
, = = = 688,89
1,35
Portanto, a resistência final da chapa é igual a 681,82 kN e o modo de falha dominante é
o de escoamento da seção bruta.

2) Avalie a capacidade de carga da cantoneira L 178 x 102 x 12,7 (7"x 4"x 1/2") indicada.
­ Parafusos ASTM A325-X: db = 7/8" (22,2 mm);
­ Cantoneira: aço ASTM A36 (fy = 250 MPa; fu = 400 MPa); Ag = 3387 mm².

 1º Critério: Escoamento da seção bruta


3387 ⋅ 0,250 /
, = = = 769,77
1,10
 2º Critério: Ruptura da seção efetiva

, = ; = .

Como trata-se de uma ligação em que a força de tração é transmitida diretamente para
cada um dos elementos da seção transversal da barra, admite-se Ct = 1,0.
Para o cálculo da área líquida da barra, devemos planificar a cantoneira e calcular sua
área líquida como se fosse uma chapa aberta. Ao planificar a cantoneira, devemos
descontar do comprimento de suas abas a dimensão da espessura. Portanto, a geometria
final da chapa aberta corresponde àquela ilustrada na figura abaixo. Duas cadeias de
ruptura são possíveis: A-1-1-B e A-1-2-1-B.

66
Para a cadeia de ruptura A-1-1-B, tem-se s = 0 e dois furos ao todo, ou seja:

= −Σ +Σ =[ −2⋅( + 3,5 )]
4
Para a chapa aberta, a dimensão b é igual a:
= 38 + 76 + 2(64 − 12,7⁄2) + 38 = 267,3
e a dimensão do furo vale:
d = 22,2 + 3,5 = 25,7
Portanto:
= [267,3 − 2 ⋅ (25,7)] ⋅ 12,7 = 2741,9 ²
Já a cadeia A-1-2-1-B apresenta s = 58, g1 = 76 mm, g2 = 115,3 mm e três furos, tal que
sua área líquida é igual a:
58 58
= 267,3 − 3 ⋅ 25,7 + + . 12,7 = 2648,7 ²
4 ⋅ 76 4 ⋅ 115
Logo, o caminho A-1-2-1-B é crítico em virtude de sua menor área líquida. A resistência
da chapa à ruptura pode então ser calculada por:
(2648,71 ² ⋅ 1,0) ⋅ 0,400 / ²
, = = = 784,80
1,35
Portanto, a resistência final da chapa é igual a 769,77 kN e o modo de falha dominante é
o de escoamento da seção bruta.

67
3) Dimensione o banzo inferior da estrutura da tesoura e projete a ligação (parafusada à
esquerda e soldada à direita) no ponto indicado. Admita:
­ Banzo inferior: perfil duplo L, aço A36 (fy = 250 MPa e fu = 400 MPa);
­ Chapa de ligação: t = 8mm, aço A572 – grau 50 (fy = 345 MPa, fu = 450 MPa);
­ Esforço normal máximo de tração no trecho central: Nt,Sd = 310 kN;
­ Ligação com solda de filete.

Roteiro de cálculo:
I. Estabelecer a área bruta (Ag) das cantoneiras com base no 1º critério de falha ao
escoamento da seção;
II. Verificar a segurança da perfil com relação ao 2º critério de falha por ruptura da seção
líquida efetiva: não será possível efetuar este passo sem antes dimensionar a ligação
parafusada e soldada dos perfis;
II.1. Projetar a ligação parafusada:
­ Definir o diâmetro dos conectores (db) e a geometria da ligação (A, B, C);
­ Avaliar a quantidade de conectores necessários (A307 e A325-X ou A325-N);
­ Verificar o esmagamento e rasgamento dos perfis e da chapa de ligação.
II.2. Projetar a ligação soldada
­ Definir o comprimento do cordão de solda (Lw) e o detalhamento da ligação;
II.3. Verificar o 2º critério de tração (individualmente para cada tipo de ligação).

4) Calcule o esforço resistente à tração da chapa de 10 mm de espessura ligada a outras


duas chapas por parafusos de 15,4 mm de diâmetro. Aço MR250.

68
5) Para o perfil U indicado (10"x 29,7 kg/m, aço MR250), calcular o esforço de tração
resistente. Os conectores são de 19 mm de diâmetro.

a) Escoamento da seção bruta:


3790 ⋅ 0,250 /
, = = = 861,36
1,10
b) Ruptura da seção líquida:
 Diâmetro efetivo do furo: df = 19,0 + 3,5 = 22,5 mm;
 Área líquida An (caminho 1–1):
= − Σ ⋅ = 3790 − 4 ⋅ 22,5 ⋅ 9,63 = 2923 ²

 Fator de redução Ct:


­ Excentricidade: ec = 15,4 mm;
­ ℓc = 65 mm (distância entre parafusos na direção do esforço aplicado);
15,4
= 1 − ≤ 0,90 ∴ =1− = 0,763 ≤ 0,90
65
 Área líquida efetiva:
= ⋅ = 2923 ⋅ 0,763 = 2231 ²
 Resistência da seção líquida efetiva:
2231 ⋅ 0,400 / ²
, = = = 660,95
1,35
c) Ruptura por cisalhamento de bloco no perímetro da área hachurada na figura:
 Área bruta cisalhada:
= [ ⋅ (65 + 65)] × 2 = [9,63 ⋅ 130] × 2 = 2503,8 ²

 Área líquida cisalhada (descontam-se os furos da região de corte):


1
= − 1+ . = 2503,8 − 1,5 ⋅ 22,5 ⋅ 9,63 = 2178,8 ²
2
 Área líquida tracionada:

69
= ⋅ 3 ⋅ 75 − 3 ⋅ = 9,63 ⋅ (225 − 3 ⋅ 22,5) = 1516,7 ²

 Resistência ao cisalhamento em bloco:


1 1
, = (0,6 + )≤ (0,6 + )

1
, = (0,6 ⋅ 0,400 ⋅ 2178,8 + 1,0 ⋅ 0,400 ⋅ 1516,7)
1,35
1
≤ (0,6 ⋅ 0,250 ⋅ 2503,8 + 1,0 ⋅ 0,400 ⋅ 1516,7)
1,35
onde Cts = 1,0 (conforme item 6.5.6 da NBR 8800). Finalmente, a resistência é igual a:

, = 836,7 ≤ 727,6
d) Conclusão:
A resistência à tração do perfil U é limitada pela ruptura por cisalhamento de bloco da
área hachurada e é igual a 727,6 kN.

70
6 ELEMENTOS DE LIGAÇÃO

6.1 LIGAÇÕES EXCÊNTRICAS

A excentricidade na ligação deve ser levada em conta sempre que os eixos de barras
axialmente solicitadas que formam um nó não se interceptem num ponto comum.
Em ligações excêntricas por corte, os parafusos ficam submetidos apenas ao corte, mas a
linha de ação da força não passa pelo centro de gravidade dos parafusos. Para efeito de
cálculo, podemos decompor a carga excêntrica em uma carga centrada e um momento,
conforme ilustrado na Figura 33.

Figura 33 – Ligações excêntricas.

Sendo n o número de conectores, admite-se que a carga centrada F é igualmente


distribuída entre os conectores (comportamento plástico), tal que cada um recebe a
parcela F/n.
O momento aplicado M = F·e, por sua vez, tende a fazer o grupo de parafusos girar em
torno do centro de rotação da placa (que coincide com o centro de gravidade dos
conectores). Devido ao momento, cada parafuso ficará submetido a um esforço Ri,
diretamente proporcional à sua distância ri do centro de rotação. Procedendo com o
equilíbrio de momentos na ligação, temos que o esforço Ri no conector i vale então:

= r
∑ r

O esforço total de corte no conectar resulta da soma vetorial dos efeitos da força centrada
e da parcela absorvida de momento. Como o esforço Ri é perpendicular à distância ri, é
mais interessante calcular diretamente as componentes cartesianas Rx e Ry do esforço Ri
empregando as seguintes equações:

=
∑ r

=
∑ r

71
Os parafusos mais afastados do centro de gravidade acabam sendo mais solicitados
devido à excentricidade da ligação. A força resultante nestes parafusos pode então ser
calculada pela expressão:

= ⁄ + +

6.2 ELEMENTOS TRACIONADOS

A força de tração resistente de cálculo de elementos de ligação tracionados deve ser o


menor valor obtido, conforme segue:
a) para o estado-limite último de escoamento:

onde Ag é a área bruta da chapa de emenda (seção sem furos).


b) para o estado-limite último de ruptura:
=

onde Ae é a área líquida efetiva, sendo que para chapas de emendas parafusadas:
= ≤ 0,85

6.3 ELEMENTOS SUBMETIDOS A CISALHAMENTO

A força cortante resistente de cálculo de elementos de ligação submetidos a cisalhamento


deve ser o menor valor obtido, conforme segue:
a) para o estado-limite último de escoamento:
0,6
=
b) para o estado-limite último de ruptura:
0,6
=

onde Anv é a área líquida sujeita a cisalhamento.

72
EXERCÍCIOS

1) Para a ligação de cisalhamento excêntrico apresentada abaixo, determine o diâmetro


dos parafusos a serem utilizados admitindo:
a) Ligação por contato;
b) Ligação por atrito.
Dados:
­ Parafusos A325-N;
­ Furos padrão;
­ F = 120 kN (carga permanente);
­ A chapa de ligação não governa a ligação.

2) Seja a ligação flexível viga-pilar com duas cantoneiras soldadas na viga apoiada e
parafusadas no pilar, conforme figura abaixo. Verifique a segurança das cantoneiras
ao esmagamento e rasgamento e da viga ao cisalhamento em bloco.
Dados:
­ L 76x6,4
­ Aço MR250
­ Parafusos A325-N
­ db = 19mm;
­ Furos padrão;
­ Vd = 350 kN;
­ Nd = 0.

73
7 PEÇAS COMPRIMIDAS

8.1 INTRODUÇÃO
Ao contrário do esforço de tração, que tende a retificar as peças reduzindo o efeito de
curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a acentuar esse efeito. Os
deslocamentos laterais produzidos compõem o processo conhecido por flambagem por
flexão que, em geral, reduz a capacidade de carga da peça em relação ao caso da peça
tracionada.
As chapas componentes de um perfil comprimido podem estar sujeitas à flambagem local,
que é uma instabilidade caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais à
chapa, na forma de ondulações. A ocorrência de flambagem local depende da esbeltez da
chapa (razão b/t).

Figura 34 – Fenômenos de instabilidade em peças comprimidas: (a) global; (b) local.

8.2 FLAMBAGEM POR FLEXÃO


Os primeiros estudos teóricos sobre o fenômeno da instabilidade foram realizados pelo
matemático Leonhardt Euler (1707-1783), que investigou o equilíbrio de uma coluna sob
compressão, em uma posição ligeiramente deformada com deslocamentos laterais. O
resultado obtido foi a força máxima de compressão que pode ser aplicada a uma coluna
idealmente perfeita sem que a mesma apresente deslocamentos laterais. Por coluna
idealmente perfeita, subentende-se a validade das seguintes hipóteses:
­ Coluna isenta de imperfeições geométricas e tensões residuais;
­ Material de comportamento elástico linear;
­ Regime de pequenos deslocamentos e rotações,
­ Carga perfeitamente centrada.

74
O valor desta força, denominada “força axial de flambagem elástica" (ver Anexo E da
NBR 8800) ou carga crítica de Euler, corresponde a:

= =
ℓ ( . )
onde:
E é o módulo de elasticidade longitudinal do material da coluna;
I é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo de flambagem
analisado;
ℓ = . é o comprimento de flambagem por flexão em relação ao eixos de
flambagem da peça;
K é o coeficiente de flambagem, de valor tabelado (Tabela 3);
L é o comprimento livre ou entre apoios da coluna analisada.

Tabela 3. Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados

Fonte: Tabela E.1, NBR 8800:2008.


Dividindo-se a carga crítica pela área A da seção reta da haste, obtém-se a tensão crítica
de flambagem elástica:

= ∴ = = =
ℓ ℓ /
onde:
= ℓ / é o índice de esbeltez da coluna;
= / é o raio de giração da seção, em relação ao eixo de flambagem analisado.
A equação anterior evidencia que quanto mais esbelta for a coluna, menor será a tensão
crítica suportada.

75
Na prática, as colunas não cumprem com as condições hipotetizadas por Euler, uma vez
que apresentam imperfeições geométricas e tensões residuais (ambas decorrentes dos
processos de fabricação) e nem sempre pode-se garantir a perfeita centralização do
carregamento. Portanto, nos casos reais o processo de flambagem ocorre com a flexão da
haste desde o início do carregamento e a implicação disto está no fato de que a tensão
última fu suportada por peças comprimidas será bem menor do que a tensão crítica (σcr)
prevista por Euler para uma coluna perfeita.
A Figura 35 apresenta a variação da tensão última fu dividida pela tensão de escoamento
fy do material em função de seu índice de esbeltez ℓ / . A curva tracejada representa o
critério de resistência para colunas geometricamente perfeitas com material elástico-
perfeitamente plástico, onde se notam duas regiões:
­ Para < , a coluna falha por flambagem elástica e a tensão suportada pela
peça corresponde à própria tensão crítica ( = );
­ Para ≥ , a falha da coluna se dá pelo escoamento do material e a tensão
resistente é igual .

Figura 35 – Tensão resistida por peças comprimidas em função de seu índice de esbeltez ℓf /i.

Abaixo da curva tracejada da Figura 35 está representada a distribuição das tensões


últimas suportadas por colunas reais (imperfeitas) obtida com base em resultados
experimentais. A curva em linha cheia, denominada curva de flambagem, representa o
critério de resistência de uma coluna considerando-se as imperfeições mencionadas
anteriormente. Observam-se três regiões:
­ Colunas muito esbeltas (valores elevados de ℓf /i) onde ocorre flambagem em
regime elástico ( < e ≈ );
­ Colunas de esbeltez intermediária, nas quais há maior influência das
imperfeições geométricas e das tensões residuais;

76
­ Colunas curtas (valores baixos de ℓf /i), nas quais a tensão última fu é tomada
igual à de escoamento do material fy.
No sentido de permitir a comparação entre as resistências de perfis com diferentes aços,
a curva em linha cheia da Figura 35 deve ser apresentada com as coordenadas fu /fy e o
índice de esbeltez reduzido, λ0.

= ou =

Para os aços de uso corrente, obtêm-se:


MR250: λ0 = 0,0113 ℓf /i
AR350: λ0 = 0,0133 ℓf /i

8.3 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS COMPRIMIDAS:


O dimensionamento de barras prismáticas comprimidas deve atender a seguinte condição:
, ≤ ,

onde:
, é a força de compressão solicitante de cálculo;
, é a força de compressão resistente de cálculo;

8.4 FORÇA RESISTENTE DE CALCULO


A força axial de compressão resistente de cálculo, Nc,Rd, de uma coluna de aço, associada
aos estados-limites últimos de instabilidade por flexão, por torção ou flexo-torção e de
flambagem local, é dada pela expressão:

, =

onde:
– Fator de redução associado a imperfeições geométrica e tensões residuais;
– Fator de redução total associado à flambagem local das chapas que compõem
a geometria da seção transversal do perfil (razão b/t – ANEXO F NBR 8800);
– Área bruta da seção transversal da barra;
– Tensão de escoamento do material;
– Coeficiente de resistência.

8.4.1 Fator de Redução


O fator de redução da resistência à compressão, , é dado por:
– Para ≤ 1,5 ∶ = 0,658
– Para > 1,5 ∶ = 0,877⁄

77
onde é o índice de esbeltez reduzido, dado por:

tal que é a força axial de flambagem elástica (ANEXO E da NBR 8800).

8.5 LIMITAÇÃO DO ÍNDICE DE ESBELTEZ


O índice de esbeltez das barras comprimidas, tomado como a razão entre o produto K.L
e o raio de giração correspondente r, não deve ser superior a 200, ou seja:

= ≤ = 200

onde:
K – Coeficiente de flambagem, relacionado com a vinculação da barra (Tabela 3);
L – Comprimento geométrico da peça relativo ao eixo de flambagem analisado;
r – raio de giração da barra correspondente ao eixo de flambagem analisado;
– Limite de esbeltez máximo para peças comprimidas.

8.5.1 Índice de Esbeltez de Barras Compostas


Para barras compostas, formadas por dois ou mais perfis trabalhando em conjunto, em
contato ou com afastamento igual à espessura de chapas espaçadoras, devem possuir
ligações entre esses perfis a intervalos tais que o índice de esbeltez atenda à seguinte
condição:
1
(/ ) ≤ ( )
2
onde:
é o comprimento entre duas chapas espaçadoras;
é o comprimento de flambagem do conjunto.
Para cada perfil componente, o índice de esbeltez deve ser calculado com o seu raio de
giração mínimo.

Figura 36 – Barra composta comprimida. Fonte: Figura 12, NBR 8800.

78
8.6 FLAMBAGEM LOCAL
Flambagem local é um fenômeno de instabilidade que se manifesta nas placas que
compõem um perfil comprimido. A Figura 37 mostra algumas observações físicas deste
fenômeno em colunas curtas de alumínio: as peças não sofrem flambagem global por
flexão devido à sua baixa esbeltez, porém as placas que compõem os perfis apresentam
deslocamentos laterais na forma de ondulações, caracterizando a ocorrência de
flambagem local.

Figura 37 – Flambagem local em colunas de alumínio.


Fonte: Maljaars; Soetens; Snijder, 2009.
O estudo deste fenômeno parte da análise do comportamento de uma placa isolada
perfeita, apoiada em seus bordos laterais e comprimida uniformemente em toda a sua
seção transversal (Figura 38). Nestas condições, a tensão crítica de flambagem local de
uma placa perfeita foi obtida por Timoshenko (1959), sendo igual a:

= =
.
12(1 − )
onde k é um coeficiente que depende das condições de vinculação da placa e da razão b/a
(largura/altura) e ν é o coeficiente de Poisson do material.

Figura 38 – Flambagem local de uma placa isolada perfeita. Fonte: Pfeil e Pfeil, 2009.

79
Traçando um paralelo com a tensão crítica de flambagem elástica de barras comprimidas,
percebemos que os fatores k e K são análogos e variam conforme a condição de suporte
da placa e da barra, respectivamente. A relação b/t, por sua vez, expressa o índice de
esbeltez de uma chapa comprimida (grandeza adimensional), tal como a razão ℓf /i no caso
de colunas. Por fim, o termo constante presente no denominador, 12(1 – ν²), reflete a
natureza bidimensional do problema.
Com base na tensão crítica de flambagem de uma placa isolada perfeita pode-se obter o
valor limite de esbeltez (b/t)lim para o qual a instabilidade local será suprimida. Para isso,
basta igualar a tensão crítica elástica σcr à tensão de escoamento do material fy, isto é:

= = 0,95√
12(1 − )
A expressão anterior não considera imperfeições geométricas ou tensões residuais, de
modo que normas estruturais recomendam valores limites inferiores a (b/t)lim (consultar
Anexo F da NBR 8800:2008). Assim, caso as placas que compõem o perfil apresentem
índices de esbeltez (b/t) menores que os valores limites estipulados, admite-se que não
sofrerão flambagem localizada e a máxima força axial de compressão resistida pela
coluna não sofrerá penalização (fator de redução total Q = 1,0). Caso contrário, o esforço
resistente da coluna deve ser reduzido devido à ocorrência de flambagem local (Q < 1,0).
Para efeito de flambagem local, os elementos componentes das seções transversais usuais
(exceto as seções tubulares circulares) são classificados em AL, quando possuem apenas
uma borda longitudinal vinculada (apoio-livre), e AA, quando possuem duas bordas
longitudinais vinculadas. Em virtude desta classificação, devem ser consideradas
diferentes expressões para o fator de redução total Q.
Nas seções tubulares circulares, o fator de redução para flambagem local da parede é igual
a 1,0 quando:

≤ 0,11

onde D é o diâmetro externo da seção tubular circular e t é a espessura da parede. O uso


de seções tubulares com esbeltez local superior a 0,45 E/fy não é indicado pela norma
brasileira NBR 8800:2008.

80
EXERCICIOS

1) Calcular a resistência da coluna de seção transversal VS = 350 x 33 aço MR250.


Dados:
d = 350 mm
tw = 4,75 mm
h = 331 mm
tf = 9,5 mm
bf = 140 mm
Ag = 4230 mm²
Ix = 9148 cm4
rx = 147 mm
Iy = 435 cm4
ry = 32,1 mm

2) Dimensionar uma coluna usando VS com a mesma geometria anterior, para suportar
uma carga igual a Nc,Sd = 1758 kN.

3) Calcule a resistência à compressão para o perfil U 4”x 8,0 kg/m e L = 2200 mm.
Dados:
Ag = 1010 mm²
Ix = 159,50 cm4
rx = 3,97 cm
Iy = 13,10 cm4
ry = 1,14 cm

4) Calcular Nc,Rd para um tubo de 60,3 mm de diâmetro, fabricado em aço MR350, de


comprimento L = 2500 mm, K = 0,7.
Dados:
D = 60,3 mm
t = 4,5 mm
Ag = 789 mm²
rx = ry = 19,8 mm

81
5) Calcular Nc,Rd para uma cantoneira Γ de 50,8x3,18 mm, fabricada em aço MR250, de
comprimento L = 1100 mm.
Dados:
Ag = 310 mm²
rx = ry = 16,0 mm
rz = 10,2 mm
xg = 1,40 cm

6) Com base no esquema estático do pilar, determine o contraventamento mínimo


(máxima distância entre travamentos) na direção X-X para que a coluna suporte a
máxima força compressiva possível. Determine também o valor nominal dessa força.
Dados: Aço AR-350; L = 8000 mm; perfil CVS 400x82.

82
Exercício 1 – Resolução:
Expressão para o cálculo da força axial de compressão resistente de projeto:

, =

 Passo 1: verificação da esbeltez limite do perfil (condição: ⁄ ≤ )


Com base nas configurações deformadas representadas (modos de falha por flambagem),
determinam-se os comprimentos de flambagem da coluna em relação aos eixos x e y.
Com relação à flambagem em torno do eixo x, a coluna está simplesmente apoiada em
ambas as extremidades, de modo que:
= 1,0; = 9000
Por outro lado, a flambagem ao redor do eixo está impedida por uma viga lateral a uma
cota de 5000 mm medida a partir de sua base, estando também birotulada em suas
extremidades. Sendo assim, o comprimento de flambagem da coluna é:
= 1,0; = 5000
Finalmente, verifica-se a esbeltez da coluna ao redor de cada um dos eixos coordenados:
1 ⋅ 9000
= ≤ 200 → = 61,2 ≤ 200 ( !)
147
5000
= ≤ 200 → = 155,8 ≤ 200 ( !)
32,1
Prosseguindo com o cálculo de Nc,Rd, é necessário antes definir os valores dos coeficientes
adimensionais e Q. Iniciaremos com o cálculo do fator Q, pois dele depende o valor do
índice de esbeltez reduzido λ0, necessário ao cálculo do fator .
 Passo 2: cálculo do fator de redução total Q
O fator de redução total Q está associado à flambagem local de cada um dos elementos
componentes do perfil VS analisado. Precisaremos verificar cada um deles isoladamente,
de modo que verificaremos a estabilidade das chapas que compõem a mesa do perfil e da
chapa que constitui sua alma.
A expressão geral do fator Q é dada por:
= .
onde Qs e Qa são fatores de redução que levam em conta a flambagem local dos elementos
AL e AA, respectivamente.

­ Passo 2.1: verificação da mesa


A mesa do perfil VS é classificada como um elemento AL (apoiado-
livre) e enquadra-se no Grupo 5 da Tabela F.1 da NBR 8800:2008.
Com base nas dimensões especificadas na referida tabela, determina-
se a esbeltez do elemento:
/2 140/2
= = = 7,37
9,5

83
A esbeltez limite para este grupo de perfis é (NBR 8800:2008, p. 128):

= 0,64

onde kc é expresso no item F.2c (p. 127 da NBR 8800), igual a:


4 4
= = = 0,479
ℎ⁄ 331⁄4,75
A esbeltez limite resulta:

200 000 MPa


= 0,64 = 12,53
(250 MPa⁄0,479)

Verifica-se então que ( / ) <( / ) , logo: Qs = 1,0.

­ Passo 2.2: verificação da alma


A alma do perfil VS é classificada como um elemento AA (apoiado em
ambas as extremidades) e enquadra-se no Grupo 2 da Tabela F.1 da NBR
8800:2008. A esbeltez do elemento é igual a:
ℎ 331
= = = 69,68
4,75
E a esbeltez limite corresponde a:

200 000
= 1,49 = 1,49 = 42,14
250

Verifica-se então que ( / ) > ( / ) . Logo, é necessário calcular Qa conforme as


indicações do item F.3 da NBR 8800:2008, cuja expressão de cálculo é:

onde Aef e Ag são a área efetiva e a área bruta da seção transversal, respectivamente. O
valor da área efetiva é: = − ∑( − ) , sendo a largura efetiva dada por:

= 1,92 1− ≤
/

tal que ca = 0,34 para seções não tubulares. De forma conservadora, a NBR 8800
permite considerar σ = fy, de modo que a espessura efetiva resulta:

200 000 0,34 200 000


= 1,92 ⋅ 4,75 1− = 222,4 ≤ ℎ = 331
250 69,68 250

Por sua vez, a área efetiva resulta:


= 331 ⋅ 4,75 − (331 − 222,4) ⋅ 4,75 = 1056,2 ²

84
Finalmente, o coeficiente de redução de elementes AA é igual a:
1056,2
= = 0,672
331 ⋅ 4,75
­ Passo 2.3: cálculo do fator Q
Após calcular Qs e Qa, obtém-se o valor resultante do fator de redução total Q:
= 1,0 . 0,672 = 0,672

 Passo 3: cálculo do fator de redução


O cálculo do fator de redução associado à resistência à compressão, χ, depende do valor
do índice de esbeltez reduzido λ0, dado por:

Dentre as incógnitas da equação anterior, ainda desconhecemos o valor da força axial de


flambagem elástica, Ne. Visto que a maior esbeltez da coluna se dá em torno do eixo de
flambagem y, basta calcularmos a força axial Ne para este eixo, pois esta resultará no
menor valor. Apenas a título de comparação, serão calculadas as forças axiais de
flambagem elástica ao redor dos eixos x e y:

² ² ⋅ 200 ⋅ 9148.10
, = = = 2229,3
( ) (1,0 ⋅ 9000 )²

² ² ⋅ 200 ⋅ 435.10
, = = = , (crítico)
(1,0 ⋅ 5000 )²

Substituindo o menor valor de Ne na expressão de λ0, obtém-se:

0,672 ⋅ 4230 ⋅ 0,250 / ²


= = 1,438
343,5
Em posse do valor de λ0, é possível calcular o valor de . Para < 1,50, tem-se que
= 0,658 . Portanto:
= 0,658( , )
= 0,421

 Passo 4: cálculo de Nc,Rd


Finalmente, após obtermos o valor de ambos os fatores de redução, basta calcularmos a
máxima força axial resistente de cálculo da coluna:
0,421 ⋅ 0,672 ⋅ 4230 ² ⋅ 0,250 / ²
, = = 271,73
1,10
Caso quiséssemos descobrir a carga crítica que provoca a flambagem da coluna ao redor
do eixo x, basta recalcularmos λ0, χ e Nc,Rd utilizando Ne = Ne,x = 2229,3 kN, ou seja:
, = 0,546 → = 0,875 → , = 565,17

85
Exercício 4 – Resolução:
Expressão para o cálculo da força axial de compressão resistente de projeto:

, =

 Passo 1: verificação da esbeltez limite ( ⁄ ≤ 200)


Com base na dimensão do tubo circular e no coeficiente de flambagem K fornecido no
enunciado do problema, determinam-se os comprimentos de flambagem da coluna em
relação aos eixos x e y. Por se tratar de um perfil circular, suas propriedades geométricas
serão idênticas para os eixos x e y, de modo que basta calcular o comprimento de
flambagem e o índice de esbeltez da coluna uma única vez:
Kteorico = 0,7; Krecomendado = 0,8; Lx = Ly = 2500 mm; rx = ry = 1,98 cm (valor tabelado)
Sendo assim, a esbeltez da coluna ao redor de ambos os eixos coordenados é igual a:
0,8 ⋅ 2500
≤ 200 → = 101,0 ≤ 200 ( !)
19,8
A partir de agora, seguem-se os mesmos passos anteriormente vistos na resolução do
Exercício 1. Inicia-se pelo cálculo dos fatores de redução Q e χ, para só ao final
calcularmos a força axial resistente de projeto.
 Passo 2: cálculo do fator de redução total Q
Para o caso específico de seções tubulares circulares, o procedimento para o cálculo do
fator Q é simplificado em relação aos demais perfis e segue recomendações normativas
específicas presentes no item 7.4 da NBR 8800:2008. De acordo com o referido item, o
fator de redução para flambagem local da parede neste tipo de seção é dado por:
E
a) Q = 1,00 para D/t ≤ 0,11
fy
0,038 E 2 E E
b) Q   para 0,11 < D/t ≤ 0, 45
D / t fy 3 fy fy

onde D é o diâmetro externo da seção tubular circular e t é a espessura da parede. Logo,


calcularemos inicialmente a esbeltez local da coluna e em seguida compararemos aos
limites estabelecidos por norma:
­ Esbeltez local da parede do tubo:
60,3
= = 13,4
4,5
­ Limite inferior de esbeltez (para o qual não ocorre flamgagem local):
210 000 MPa
= 0,11 = 0,11 = 66,0
350 MPa
­ Limite superior de esbeltez:

= 0,45 = 270,1

Visto que a esbeltez da parede está abaixo do valor limite inferior (13,4 < 66,0) para o
qual há probabilidade de ocorrência de flambagem localizada do perfil, tem-se Q = 1,0.

86
 Passo 3: cálculo do fator de redução
O cálculo do fator de redução associado à resistência à compressão, χ, depende do valor
do índice de esbeltez reduzido λ0, dado por:

Para obter o valor de λ0, precisamos antes conhecer o valor da força axial de flambagem
elástica, Ne. Devido à axissimetria do perfil circular, a força axial Ne é a mesma em torno
dos eixos de flambagem x e y, cujo valor vale:

² ² ⋅ 200 ⋅ 30,9.10
= = = 160,1
( ) (0,8 ⋅ 2500 )²
Substituindo o valor de Ne na expressão de λ0, obtém-se:

1,00 ⋅ 789 ⋅ 0,350 / ²


= = 1,313
160,1
Em posse do valor de λ0, é possível calcular o valor de . Para < 1,50, tem-se que
= 0,658 . Portanto:
= 0,658( , )
= 0,486

 Passo 4: cálculo de Nc,Rd


Finalmente, em posse do valor de Q e χ, podemos calcularmos a máxima força axial
resistente de cálculo da coluna:
0,486 ⋅ 1,00 ⋅ 789 ² ⋅ 0,350 / ²
, = = 121,97
1,10

87
Exercício 5 – Resolução:

 Passo 1: verificação da esbeltez limite do perfil (condição: ⁄ ≤ )


Com base na vinculação admitida para a cantoneira (apoio duplo na parte inferior e apoio
móvel na parte superior), obtém-se o valor de K = 1,0 (Tabela E.1 da NBR 8800).
Para calcularmos o comprimento de flambagem do perfil, no entanto, não utilizaremos os
eixos x ou y. Por se tratar de um perfil assimétrico em relação aos eixos coordenados, a
flambagem da cantoneira poderá ocorrer em torno de seu eixo principal de inércia,
indicado pelo eixo z.

No caso de cantoneiras simples conectadas por uma aba, deve-se recorrer ao item E.1.4
do Anexo E da NBR 8800:2008 para o cálculo do comprimento de flambagem
equivalente do perfil. De acordo com o referido item, o comprimento de flambagem
equivalente é dado por:
a) Kx1Lx1 = 72 rx1 + 0,75 Lx1 quando 0 ≤ Lx1/rx1 ≤ 80;
b) Kx1Lx1 = 32 rx1 + 1,25 Lx1 quando Lx1/rx1 > 80.
onde
Lx1 é o comprimento da cantoneira, tomado entre os pontos de fixação;
rx1 é o raio de giração da seção transversal em relação ao eixo que passa pelo centro
geométrico e é paralelo à aba conectada.
A coluna em questão está fixada na aba paralela ao eixo x. Sendo assim, tem-se:
= 1,0; = 1100 ; = = 16,0
sendo seu comprimento de flambagem equivalente igual a:
1100
= = 68,75 → = 72 ⋅ 16,0 + 0,75 ⋅ 1100 = 1977
16
Com base no comprimento equivalente, verifica-se o índice de esbeltez da coluna:
1,0 ⋅ 1977
≤ 200 → = 123,6 ≤ 200 ( !)
16

 Passo 2: cálculo do fator de redução total Q


O fator de redução total Q está associado à flambagem local das abas da cantoneira. Por
se tratar de um perfil L de abas iguais, basta verificarmos uma delas.
A expressão geral do fator Q é dada por:
= .

88
Porém, como a seção possui apenas elementos AL (ambas as abas são apoiadas-livres),
admite-se Qa = 1,0. Com base na Tabela F.1 da NBR 8800:2008, observa-se que as abas
do perfil cantoneira enquadram-se no Grupo 3. Com base nas dimensões especificadas
para este grupo, determina-se a esbeltez dos elementos:
50,8
= = 16,0
3,18
A esbeltez limite para este grupo de perfis é (NBR 8800:2008, p. 128):

200 000 MPa


= 0,45 → = 0,45 = 12,7
250 MPa

Verifica-se então que ( / ) > ( / ) . Logo, é necessário calcular o valor de Qs com


base nas equações presentes no item F.2a da NBR 8800. De acordo com o referido item,
o fator de redução Qs é dado por:

b fy E b E
a) Q  1,340  0,76 para 0,45   0,91
t E fy t fy

0,53 E b E
b) Q  2
para  0,91
f y b t  t fy

O limite superior da esbeltez para o perfil em estudo corresponde a 25,7. Sendo assim,
aplica-se a expressão (a) para o cálculo de Qs, que resulta:
250 MPa
Q  Qs  1,340  0, 76  16, 0   0, 911
20 0 000 MPa

 Passo 3: cálculo do fator de redução


O cálculo do fator de redução associado à resistência à compressão, χ, depende do valor
do índice de esbeltez reduzido λ0, dado por:

tal que a força axial de flambagem elástica, Ne, corresponde a (item E.1.4.1):

=
( )
tal que Ix1 é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo que passa pelo
centro geométrico e é paralelo à aba conectada. Visto que a cantoneira tem a aba paralela
ao eixo x fixada, o momento de inércia utilizado será:
= = 79 100
Calcula-se então o valor de Ne:

⋅ 200 ⋅ 79 100
, = = = 39,9
( ) (1977 )
Substituindo o valor de Ne na expressão de λ0, resulta que:

89
0,911 ⋅ 310 ⋅ 0,250 / ²
= = 1,329
39,9
Em posse do valor de λ0, é possível calcular o valor de . Para < 1,50, tem-se que
= 0,658 . Portanto:
= 0,658( , ) = 0,477

 Passo 4: cálculo de Nc,Rd


0,477 ⋅ 0,911 ⋅ 310 ² ⋅ 0,250 / ²
, = = 30,63
1,10

90
8 PEÇAS FLETIDAS

8.1 INTRODUÇÃO
O projeto de vigas sujeitas à flexão simples é realizado de modo a evitar a ocorrência dos
seguintes modos de falha ou estados-limites últimos:
 Plastificação ou escoamento da seção;
 Instabilidade global causada por flambagem lateral com torção (FLT);
 Instabilidade local causada por flambagem local da mesa (FLM) ou flambagem
local da alma (FLA);
A falha por plastificação ou escoamento da seção transversal pode ocorrer nos casos em
que a viga é provida de contenção lateral suficiente para garantir a sua estabilidade até
que todas as fibras da seção transversal, em um determinado ponto, atinjam a tensão de
escoamento do material.
Os fenômenos de instabilidade, por sua vez, surgem devido às tensões de compressão que
atuam apenas em parte da seção transversal, podendo causar a instabilidade global da viga
ou a instabilidade local das chapas comprimidas componentes do perfil (Figura 39).

Figura 39 – Fenômenos de instabilidade em peças fletidas:


(a) flambagem local da alma; (b) flambagem lateral com torção.

Na flambagem lateral com torção (FLT), a viga perde seu equilíbrio no plano principal
de flexão e passa a apresentar deslocamentos laterais e rotações de torção. Já as
instabilidades locais são caracterizadas pela flambagem da mesa comprimida (FLM) ou
da parte comprimida da alma (FLA).
Além dos estados-limites últimos apresentados, devem-se verificar também os estados-
limites de utilização aplicáveis.

91
8.2 ANÁLISE DA PLASTIFICAÇÃO DA SEÇÃO
Iniciaremos o estudo do dimensionamento de vigas sob flexão partindo da análise do
estado-limite de plastificação da seção. Para isso, admitiremos uma viga simplesmente
apoiada, contida lateralmente, suficientemente robusta para evitar a ocorrência de
instabilidades locais (Figura 40). Considerando que o carregamento indicado seja
aplicado de modo crescente, surgirão tensões que começam em zero e evoluem até que
todas as fibras da seção atinjam o limite de escoamento.

Figura 40 – Formação de rótula plástica em uma viga biapoiada sob carga crescente.
Para baixos níveis de carregamento, as tensões se distribuem linearmente na seção e o
comportamento do material é perfeitamente elástico enquanto a máxima tensão é menor
do que a tensão de escoamento do aço, fy, isto é:

= = <

onde:
ymax é a distância ao centroide do elemento de área mais afastado (igual a ⁄2
para seções duplamente simétricas);
I é o momento de inércia da seção em torno do eixo de flexão;
= ⁄ é o módulo de resistência elástico da seção.
O momento My, que marca o início da plastificação do material na seção mais solicitada,
não representa a capacidade resistente total da viga, já que é possível aumentar
progressivamente a carga após atingi-lo. Contudo, a partir do valor My, o comportamento
do material passa a ser não linear, pois as fibras mais internas da seção vão
gradativamente sofrendo plastificação.

92
Quando é atingida a plastificação total da seção ocorre a formação de uma rótula plástica
no elemento, caracterizada pelo desenvolvimento de grandes rotações relativas entre as
seções adjacentes. Nesta situação, o momento resistente da seção é igual ao momento de
plastificação total da seção Mpl, conforme mostra a Figura 41.

Figura 41 – Formação de rótula plástica em uma viga sob carga crescente.


Do estudo da flexão, sabe-se que o equilíbrio de um elemento submetido a momentos
fletores é garantido pelo binário de forças que resultam das tensões internas que surgem
no material. Assim, para uma viga de seção duplamente simétrica sujeita à flexão pura, o
momento de início de plastificação, My, é o esforço resultante da integral das tensões do
diagrama da Figura 40a ao longo da seção, cujo valor é dado por:

Σ =0 ∴ = ( )⋅ = ⋅
ℎ ⁄2

= = ⋅ =

Igual raciocínio pode ser utilizado para determinar o momento de plastificação total Mpl.
Com base na situação representada na Figura 40c, o equilíbrio das forças horizontais
define a posição da linha neutra plástica (LNP) como sendo o eixo que divide a seção em
duas áreas iguais, uma tracionada At e outra comprimida Ac. Procedendo com o equilíbrio
de momentos na seção plastificada, tem-se:

Σ =0 ∴ = | | =

onde Z é o módulo de resistência plástico da seção, que equivale a duas vezes o momento
estático de área máximo da seção calculado em relação ao eixo de interesse:
=2⋅ =2⋅( ⋅ )=2⋅( ⋅ )

93
Na expressão anterior, y1 e y2 representam a distância do centro de gravidade do perfil ao
centro de gravidade das áreas A acima ou abaixo da linha neutra plástica. Para seções
mono- ou duplamente simétricas, a linha neutra plástica coincide com a linha neutra
elástica da seção.
A relação entre os módulos plástico e elástico é denominada coeficiente de forma da
seção e representa a resistência adicional que a seção possui após o início do escoamento.
Para algumas das seções mais usuais, esta relação vale:

­ Seções circulares: Z/W = 1,70;


­ Seções retangulares: Z/W = 1,50;
­ Seções “I” (duplamente simétricas): Z/W ≈ 1,12.

Os perfis usuais podem desenvolver o momento de plastificação total desde que atendam
aos requisitos de esbeltez local recomendados pela NBR 8800.2008, tanto para
dimensionamento elástico como para o plástico. Quando respeitados, admite-se que o aço
apresenta comportamento elástico-plástico perfeito, conforme ilustra a Figura 42.

Figura 42 – Comportamento elástico-plástico perfeito de aços.

8.3 MOMENTO CRÍTICO DE FLAMBAGEM LATERAL COM TORÇÃO (FLT)


Vigas sem contenção lateral sob flexão apresentam comportamento instável devido às
tensões normais compressivas atuantes em parte do perfil. Tal comportamento é
caracterizado pela perda da estabilidade lateral da mesa comprimida seguida de torção da
seção, sendo denominado de Flambagem Lateral com Torção (FLT).
Este fenômeno pode ser melhor compreendido com o auxílio da Figura 43. Na viga
representada, a mesa superior e um pequeno trecho da alma se comportam de modo
análogo a uma coluna sujeita à flambagem por flexão em torno do eixo y. Como a mesa
tracionada é estabilizada pelas tensões de tração, o deslocamento lateral (u) da mesa

94
comprimida é dificultado, de modo que o fenômeno se processa com torção (θ) da viga.
Sob efeito de torção, as seções sofrem empenamento: uma seção originalmente plana
deixa de ser plana após a deformação, apresentando rotações acompanhadas de
deformações longitudinais.

Figura 43 – Flambagem lateral de viga biapoiada.


O momento máximo que a viga suporta antes de apresentar esta instabilidade é
denominado momento crítico de flambagem e depende da esbeltez da mesa comprimida
no seu próprio plano. São de grande importância as disposições construtivas de contenção
lateral, que podem ser de dois tipos distintos:
a) Contenção lateral contínua: proporcionada pela inserção da mesa comprimida
em laje de concreto (Figura 44a) ou ligação da mesa à laje por meio de conectores
(Figura 44b).
b) Apoios laterais discretos (Figura 44c): formados por elementos transversais,
treliças de contraventamento, etc. Neste caso, a distância entre os pontos de apoio
da mesa comprimida constitui o comprimento de flambagem lateral ℓb da viga.

Figura 44 – Contenção lateral contínua e discreta em vigas.


Apenas vigas sem contenção lateral contínua estão suscetíveis à FLT. Em função da
distância entre os pontos de apoio lateral, as vigas podem ser divididas em três categorias:

95
 Vigas curtas: não sofrem flambagem lateral, resistindo a um momento máximo
de escoamento ou flambagem local (Mpl);
 Vigas longas: atingem o estado limite de flambagem lateral em regime elástico,
para um momento de intensidade Mcr;
 Vigas intermediárias: apresentam falha por flambagem lateral inelástica, a qual
é influenciada por imperfeições geométricas da peça e por tensões residuais
originárias do processo de fabricação.

8.3.1 FLT de Vigas sob Flexão Pura


O caso fundamental de análise de flambagem lateral elástica originalmente estudado por
Timoshenko e Gere (1961) corresponde ao de uma viga sob ação de momento fletor
constante no plano da alma (em torno do eixo x), conforme ilustrado na Figura 43. Trata-
se de uma viga com perfil I duplamente simétrico, biapoiada, com contenção lateral e
torcional em ambas as extremidades (u = θ = 0). Nos apoios, a viga não apresenta restrição
ao empenamento da seção transversal. A solução exata para este problema de
instabilidade deriva da equação diferencial de equilíbrio na posição deformada da viga e
fornece o valor do momento fletor crítico de flambagem:

= +
ℓ ℓ
onde:
ℓ = comprimento da viga;
Iy = momento de inércia da seção em torno do eixo y;
J = constante de torção da seção transversal;
Cw = constante de empenamento;
G = módulo de elasticidade transversal ou módulo de cisalhamento.
Esta expressão geral do momento crítico de flexão que causa a flambagem lateral com
torção foi recomendada pela NBR 8800:1986. Atualmente, a norma recomenda outra
expressão, derivada da geral, que se aplica também aos perfis de seção aberta. Assim,
partindo da equação geral expandida, retirando da raiz a relação ⁄ℓ e substituindo a
relação G = 0,385E, a equação pode ser reescrita na forma:

0,385 ℓ ℓ
= + = 1 + 0,039
ℓ ℓ

Este é a expressão de cálculo apresentada no anexo G da NBR 8800:2008 para seções I e


H com dois eixos de simetria e seções U não sujeitas a momento de torção, fletidas em
relação ao eixo de maior momento de inércia. Nela, identificam-se as rigidezes à flexão
lateral (EIy) e à torção (GJ e ECw) da viga compondo sua resistência à flambagem lateral.
Por este motivo, a instabilidade lateral de vigas de seção tubular e de vigas I fletidas em

96
torno do eixo de menor inércia não é, em geral, o modo de falha preponderante para o
dimensionamento, uma vez que estes perfis apresentam grande rigidez à torção e à flexão
lateral, respectivamente.
Para um perfil I ou H duplamente simétrico, as constantes J e Cw são dadas por:
1 1
= ( ) ∴ = 2 +ℎ
3 3

=
4
8.3.2 FLT de Vigas sob Carregamento Qualquer
Para vigas sujeitas a um momento fletor não uniforme, o momento crítico resistido é
maior do que no caso fundamental de análise e pode ser determinado por um
procedimento simplificado. Tal procedimento consiste em aplicar um fator de
amplificação, Cb, sobre o valor de Mcr. Por exemplo, para vigas I simplesmente apoiadas
com contenção lateral apenas nos apoios, este coeficiente vale:
 Carregamento uniformemente distribuído: Cb = 1,136;
 Força concentrada no meio do vão: Cb = 1,316.
Em casos mais gerais, o fator Cb pode ser calculado pela expressão (NBR 8800:2008):
12,5M max
Cb  Rm  3,0
2,5M max  3M A  4 M B  3M C

onde Mmax é o máximo momento fletor, em módulo, no comprimento destravado da viga;


MA, MB, MC são os valores do momento fletor, em módulo, medidos nas seções indicadas
na Figura 45; e Rm é um parâmetro de monossimetria da seção transversal (igual a 1,00
para seções duplamente simétricas).

Figura 45 – Diagrama de momento fletor para cálculo do fator Cb.


Exceção deve ser feita para trechos de vigas em balanço, em que uma seção apresenta
restrição a deslocamentos lateral e torsional enquanto a outra extremidade é livre. Nesta
situação, a NBR 8800 dispõe que seja utilizado Cb = 1,00.

97
As equações deduzidas nesta seção são válidas para o trecho onde ocorre a flambagem
elástica, com esbeltez superior ao valor de λr (Figura 46). O valor deste parâmetro varia
em função do tipo de perfil considerado, devendo ser calculado de acordo com as
expressões fornecidas no Anexo G da NBR 8800. Para valores de esbeltez menores que
este limite ocorre a flambagem inelástica, a seguir apresentada.

Figura 46 – Momento máximo suportado por vigas sob flexão em função de sua esbeltez.

8.4 FLAMBAGEM INELÁSTICA


Analogamente a colunas comprimidas, vigas de esbeltez intermediária podem sofrer
flambagem inelástica, caracterizada por apresentar tensão crítica de compressão inferior
à tensão de proporcionalidade do material. O intervalo para o qual ocorre este fenômeno
é delimitado por valores de esbeltez λ do perfil, nomeadamente λr e λp. Para este intervalo,
o momento resistente de cálculo pode ser obtido por uma interpolação linear entre os
valores de momento crítico de flambagem lateral (Mcr) e momento de plastificação total
(Mpl), cuja expressão consta na NBR 8800.2008, anexo G:

Cb     p  M pl
M Rd   M pl   M pl  M r   , para  p    r
 a1  r   p   a1

onde Mr representa o momento residual, cujo valor é dado pelo produto da tensão residual
pelo módulo de resistência elástico à flexão do perfil, ou seja:

M r   f y   r W

Conservadoramente, a norma estabelece que seja admitido valor igual a 30% da


resistência ao escoamento do aço utilizado para a tensão residual de compressão nas
mesas, σr. Sendo assim, a equação anterior simplifica-se para:

98
M r  0,7 f y W

As expressões para o cálculo de λp e λr constam nos anexos G e H da NBR 8800:2008 e


variam em função do tipo de seção transversal e do eixo de flexão analisado. Cabe
ressaltar que os valores de λp são calculados admitindo a viga como coluna curta.

8.5 INSTABILIDADE LOCAL


Devido às tensões normais de compressão que surgem na flexão, as chapas que compõem
a seção transversal das vigas podem apresentar instabilidades locais. Por este motivo,
deve ser analisada a possibilidade de ocorrerem os estados-limites de flambagem local na
mesa comprimida (FLM) e de flambagem local na alma (FLA) da viga.
O momento crítico de flambagem local pode ser obtido de modo análogo ao procedimento
empregado no caso de barras sob compressão axial. As mesas dos perfis de seção aberta
são consideradas como chapas com uma borda apoiada e a outra livre (AL), enquanto as
almas são consideradas elementos AA (apoiado-apoiado), à semelhança das mesas de
perfis caixão. Admite-se que na mesa atuem tensões uniformes de compressão, enquanto
a alma está submetida a tensões com variação linear ao longo de sua altura, estando parte
comprimida e parte tracionada.
Assim como na flambagem lateral (FLT), as flambagens locais também apresentam três
intervalos característicos, definidos por parâmetros de esbeltez λp, λr e Mcr específicos das
chapas (Figura 47). No entanto, estes parâmetros devem agora ser comparados à esbeltez
de cada elemento do perfil, dada pela relação b/t ou h/tw.

Figura 47 – Momento máximo resistente para FLM e FLA, respectivamente.


Com base na Figura 47, observa-se que a mesa ou a alma do perfil pode resistir a tensões
iguais à tensão de escoamento se sua esbeltez for menor ou igual a λp. Caso a esbeltez
esteja entre valores intermediários de λp e λr, a chapa apresentará flambagem inelástica e
o momento resistente é obtido por interpolação linear, com a mesma equação utilizada na
flambagem global inelástica. Finalmente, quando a esbeltez do elemento for maior que

99
λr, a chapa apresentará flambagem elástica e o momento crítico é obtido multiplicando a
tensão crítica pelo módulo de resistência elástico à flexão.
A última condição descrita aplica-se apenas às mesas do perfil, pois em vigas de alma
esbelta, com λ > λr, a flambagem da alma ocorre muito antes do que a teoria prevê devido
a presença de tensões residuais concentradas na região da ligação com a mesa. Nesta
situação, a flambagem da alma pode levar consigo a mesa comprimida, sendo necessário
realizar uma verificação específica para a FLA.

8.5.1 Classificação das Seções Quanto à Ocorrência de Flambagem Local


De acordo com as normas norte-americana (AISC) e brasileira (NBR 8800), as seções das
vigas podem ser divididas em três classes conforme a influência da flambagem local sobre
os respectivos momentos fletores resistentes (Mres):
 Seção compacta (λ ≤ λp): atinge o momento de plastificação total (Mres = Mpl) e
exibe suficiente capacidade de rotação inelástica para configurar uma rótula
plástica;
 Seção semicompacta (λp < λ ≤ λr): seção que sofre flambagem local após ter
sofrido plastificação parcial (Mres > My) porém sem apresentar significativa
rotação;
 Seção esbelta (λr < λ): sofre flambagem local antes que seja atingido o momento
de início de plastificação (Mres < My).
Os elementos comprimidos de um perfil podem estar em diferentes classes, porém o
perfil como um todo é classificado pelo caso mais desfavorável.
A seguir, a Figura 48 apresenta as curvas Momento–Rotação de vigas metálicas com
seções compacta, semicompacta e esbelta, sujeitas a carregamento crescente, mostrando
a influência da flambagem local sobre o momento resistente das vigas e sobre suas
deformações.

Figura 48 – Comportamento de vigas com seções compacta, semi-compacta e esbelta.

100
8.6 DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS FLETIDAS
No dimensionamento de elementos submetidos à flexão simples, calcula-se o momento
fletor solicitante de projeto (MSd) para as seções críticas e comparam-se seus valores aos
respectivos esforços resistentes de projeto. O projeto é considerado satisfatório desde que
seja atendida a seguinte condição:
MSd ≤ MRd
O momento fletor resistente de cálculo, MRd, deve ser determinado de acordo com o
Anexos G ou H da NBR 8800:2008 (o que for aplicável). Devem ser considerados,
conforme o caso, os estados-limites últimos de flambagem lateral com torção (FLT),
flambagem local da mesa comprimida (FLM), flambagem local da alma (FLA),
flambagem local da aba, flambagem local da parede do tubo e escoamento da mesa
tracionada.
Conforme a NBR 8800:2008, o momento fletor resistente de cálculo devido a FLT é dado
por:
M pl
a) M Rd  , para    p
 a1
Cb     p  M pl
b) M Rd   M pl   M pl  M r   , para  p    r
 a1  r   p   a1
M cr M pl
c) M Rd   , para    p
 a1  a1

sendo Mpl o momento fletor de plastificação total da seção transversal, dado por
M pl  f y Z

As expressões para o cálculo do momento fletor resistente de projeto os estados-limites


de FLM e FLA são muito semelhantes à FLT, sendo dadas por:
M pl
a) M Rd  , para    p
 a1
1     p  M pl
b) M Rd   M pl   M pl  M r   , para  p    r
 a1  r   p   a1
M cr
c) M Rd  , para    p  não aplicável à FLA 
 a1

A lista completa de equações para cálculo do momento fletor resistente de cálculo de


vigas de alma não esbeltas para os perfis em aço mais usuais consta no anexo G da NBR
8800:2008.

101
8.7 DIMENSIONAMENTO À FORÇA CORTANTE
A flexão pura é bastante rara na prática. Na maior parte dos casos, os elementos estruturais
sob flexão estão também submetidos a esforços cortantes. A depender do tipo da seção
transversal e do eixo de flexão, o elemento resistente à força cortante pode ser um
elemento distinto (Figura 49):
i. Para seções I, H, U e T fletidas em relação ao eixo perpendicular à alma, seções
tubulares retangulares e seções caixão, o elemento resistente é a alma;
ii. Para seções I, H e U fletidas em relação ao eixo perpendicular às mesas, o
elemento resistente é a mesa;
iii. Para seções formadas por duas cantoneiras fletidas em relação ao eixo
perpendicular ao de simetria, os elementos resistentes são as abas
perpendiculares ao eixo de flexão;
iv. Para seções tubulares circulares, o elemento resistente é a parede do perfil.

Figura 49 – Distribuição das tensões de cisalhamento em diferentes tipos de perfis.

Os modos de falha ou estados-limites últimos associados à força cortante em vigas são:


 Plastificação/escoamento da alma por cisalhamento;
 Flambagem por cisalhamento.
A força cortante correspondente à plastificação por cisalhamento deriva do critério de
energia de distorção (ou critério de von Mises) e é dada por:
V pl  0,60 f y Aw

em que Aw é a área efetiva de cisalhamento. No caso de seções cujo elemento resistente é


a alma, a referida área é dada por:
a) Seções I, H e U: Aw  h  t w ;
b) Seções caixão e tubulares retangulares: Aw  2 h  t w .

No caso da flambagem local, a alma é um elemento AA solicitado por tensões de


cisalhamento, cuja curva de resistência apresenta um trecho de plastificação, um trecho
de flambagem inelástica e outro de flambagem elástica. Dessa forma, a resistência à força
cortante é determinada por (NBR 8800:2008):

102
V pl
a) VRd  , para    p
 a1
 p V pl
b) VRd  , para  p    r
  a1
2
  V
c) VRd  1, 24  p  pl , para   r
    a1
em que:

h k E k E
 ,  p  1,10 v , r  1,37 v
tw fy fy

2
 a a  260 
5,0 para almas sem enrijecedores transversais, para  3 ou   
 h h   h tw  
kv  
5  5 , para todos os outros casos.
  a h 2

sendo a a distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais adjacentes.

103
8.8 FLEXÃO COMPOSTA
O comportamento de elementos estruturas sob flexão composta é resultado da
combinação dos esforços axiais e de flexão. Consequentemente, o colapso destes
elementos pode se desenvolver por flambagem por flexão (característica das colunas sob
compressão axial), por flambagem lateral com torção (característica de vigas fletidas) e
por instabilidades locais.
Quando se tratar de flexo-compressão, a análise e dimensionamento dos elementos deve
também considerar os efeitos de 2º ordem na estrutura (efeitos globais) e no próprio
elemento (efeitos locais), conforme as disposições previstas na NBR 8800:2008 no item
4.9 e no anexo D.
A verificação da segurança de elementos submetidos à flexão composta tem como base
equações de interação calibradas a partir de resultados experimentais e numéricos. Essas
equações delimitam superfícies de interação entre o esforço normal N e o momento fletor
M atuantes, conforme mostra a Figura 50. Se o par N-M estiver contido nesta superfície,
admite-se que o dimensionamento é satisfatório e que o elemento atende aos critérios de
segurança. Caso contrário, é necessário redimensioná-lo.

Figura 50 – Curva de interação para uma seção submetida à flexão composta.

8.8.1 Verificação de Elementos sob Flexo-Compressão


A segurança de elementos sob flexo-compressão deve ser verificada inicialmente para os
esforços de compressão e de flexão, isoladamente. Além disso, deve-se verificar a
interação entre estes esforços por meio das seguintes equações:

N Sd N Sd 8  M Sd , x M Sd , y 
 Para  0, 2 :      1,0
N Rd N Rd 9  M Rd , x M Rd , y 
N Sd N Sd  M Sd , x M Sd , y 
 Para  0, 2 :     1,0
N Rd 2 N Rd  M Rd , x M Rd , y 

104
onde:
NSd e NRd são as forças axiais solicitante e resistente de cálculo de compressão,
respectivamente;
MSd,x e MSd,y são os momento fletores solicitantes de cálculo em relação aos eixos x
e y da seção transversal, respectivamente;
MRd,x e MRd,y são os momento fletores resistentes de cálculo em relação aos eixos x
e y da seção transversal, respectivamente.
Na verificação da FLT de elementos submetidos a esforços combinados de flexão e
compressão, pode-se admitir o fator Cb = 1,0.

105
EXERCICIOS

1) Calcular o máximo momento fletor e a máxima força cortante de projeto resistidos por
um perfil VS 350x42, fabricado em aço ASTM A36, considerando que esteja
simplesmente apoiada em suas extremidades e que a esteja travada lateralmente apenas
nos apoios.

Propriedades geométricas do perfil:


dd==350350mmmm Ix = 12 453 cm4 Iy = 1 267 cm4
twtw==4,75
4,75mm
mm Wx = 712 cm3 Wy = 127 cm3
hh==331331mmmm rx = 15,22 cm ry = 4,86 cm
tftf==9,5
9,5mm
mm Zx = 777 cm3 Zy = 192 cm3
bbf f==200
200mm
mm
AAg g==53,7
53,7cm²
cm²
Propriedades físicas do aço: A36 – fy = 250 MPa.

 Propriedades adicionais:
1 1
= 2 +ℎ = (2.200.9,5 + 31.4,75 ) = 126 141
3 3
− 1 267.10 (350 − 9,5 )
= = = 3,672.10
4 4

1) Flambagem lateral com torção (FLT)


NBR 8800:2008: Anexo G, Tabela G.1, Grupo 1 (seção I com dois eixos de simetria
fletida em relação ao eixo de maior momento de inércia – eixo x)
1.1) Cálculo de : = 1,76 ⁄ = 1,76 210 000⁄250 = 51,0

106
1.2) Cálculo de :

1,38 27
= 1+ 1+

− 0,7
= =

0,7 ⋅ 0,250 ⋅ 712.10


= = 4,701.10
210 ⋅ 126 141

1,38 (1 267.10 ⋅ 126 141) [27 ⋅ 3,672.10 ⋅ (4,688.10 ) ]


= 1+ 1+
(48,6 ⋅ 126 141 ⋅ 4,688.10 ) 1 267.10

Finalmente: = 139,2
1.3) Cálculo de :
. 0,8 ⋅ 6000
= = = = 98,8
48,6

Conclui-se, portanto, que o perfil sofrerá flambagem inelástica (λp < λ ≤ λr).

1.4) Conforme a NBR 8800:2008, o momento fletor resistente devido a FLT é dado por:

Cb     p  M pl
M Rd   M pl   M pl  M r   , para  p    r com M pl  f y Z
 a1  r   p   a1

1.5) = − = 0,7 = 0,7 ⋅ 0,250 ⋅ 712.10

= 124 600 . = 124,6 .

1.6) = = 0,250 ⋅ 777.10 = 194 250 . = 194,25 .


,
1.7) = ≤ 3,0
,

12,5 × 157,5
= ⋅ 1,0 = 2,083
2,5 × 157,5 + 3 × 78,7 + 4 × 78,8 + 3 × 0

1.8) = − − ≤

2,083 98,8 − 51,0 194,25


= 194,25 − (194,25 − 124,6) ≤
1,10 139,2 − 51,0 1,10
= , ≤ , ∴ = , .

107
2) Flambagem local da mesa (FLM)
2.1) Cálculo de : = 0,38 ⁄ = 0,38 210 000⁄250 = 11,0

2.2) Cálculo de (perfil soldado):

= 0,95
− /

com kc dado pela Tabela F.1, para elementos AL, grupo 5:


4
= , 0,35 ≤ ≤ 0,76
ℎ/

4 210 000
= = 0,479 → = 0,95 = 22,8
331/4,75 0,7 ⋅ 250/0,479

2.3) Cálculo de :
= /2 = 100 ⁄9,5 = 10,5

Conclui-se, portanto, que o perfil é compacto ( λ < λp).

2.4) Conforme a NBR 8800:2008, o momento fletor resistente devido para FLM é:
M pl
M Rd  , para    p com M pl  f y Z .
 a1

2.5) Dos cálculos prévios, tem-se: = 194,25 . . Logo:


194,25
= = 176,6 .
1,10

3) Flambagem local da alma (FLA)


3.1) Cálculo de : = 3,76 ⁄ = 3,76 210 000⁄250 = 109,0

3.2) Cálculo de : = 5,70 ⁄ = 165,2

3.3) Cálculo de : = ℎ⁄ = 331 ⁄4,75 = 69,7


Conclui-se, portanto, que o perfil é compacto ( λ < λp).
3.4) O momento fletor resistente devido para FLA será o mesmo previamente calculado
para FLM, com valor dado por:
M pl
M Rd  , para    p
 a1

108
3.5) Dos cálculos prévios, tem-se: = 194,25 . . Logo:
194,25
= = 176,6 .
1,10

4) Momento fletor resistente de projeto (MRd):


A resistência final do perfil corresponde ao menor valor encontrado. Neste caso
particular, todos os valores são idênticos, de modo que o momento fletor resistente de
projeto será:
= 176,6 . ≥ , = 157,5 .
5) Esforço cortante resistente de projeto (VRd):
O esforço cortante de projeto resistido por um perfil VS 350x42 é calculado para os
estados-limites últimos de plastificação e de flambagem local por cisalhamento.
5.1) Plastificação por Cisalhamento
Para este modo de falha, a resistência do perfil é dada por:
V pl  0,60 f y Aw com Aw = h.tw

= 0,60 ⋅ 0,250 ⋅ (331 ⋅ 4,75 ) = 235,84

5.2) Flambagem local por cisalhamento


No caso da flambagem local, a alma do perfil VS é um elemento AA solicitado por
tensões de cisalhamento, cuja curva de resistência apresenta um trecho de plastificação,
um trecho de flambagem inelástica e outro de flambagem elástica. Dessa forma, devemos
antes calcular os índices de esbeltez que delimitam estes intervalos:
ℎ 331
= = = 69,7
4,75

5,0 ⋅ 210 000


= 1,10 = 1,10 = 71,3
250

5,0 ⋅ 210 000


= 1,37 = 1,37 = 88,8
250

Visto que λ < λp, a resistência à força cortante do é determinada por:


235,84
= = = 214,4 >| | = 131,3
1,10
6) Resistência total do perfil
Finalmente, tem-se que a resistência de projeto do perfil corresponde a:
= 176,6 . e = 214,4

109
REFERÊNCIAS

ANDRADE P. B. Curso Básico de Estruturas de Aço. Belo Horizonte, 2000.


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800 – Projeto de
estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro,
2008.
____. NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
1988.

MALJAARS, J.; SOETENS, F.; SNIJDER, H. H. Local buckling of fire-exposed


aluminum members: new design model. Journal of Structural Engineering, v. 136, n.
1, p. 66-75, 2009.
PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Estruturas de Aço: dimensionamento prático de acordo
com a norma NBR 8800:2008. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

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