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1.

Composição do Gás

A composição do gás natural bruto é função de uma série de fatores naturais que determinaram o seu processo de formação e as
condições de acumulação do seu reservatório de origem.

O gás natural é encontrado em reservatórios subterrâneos em muitos lugares do planeta, tanto em terra quanto no mar, tal qual o
petróleo, sendo considerável o número de reservatórios que contém gás natural associado ao petróleo. Nestes casos, o gás recebe a
designação de gás natural associado. Quando o reservatório contém pouca ou nenhuma quantidade de petróleo o gás natural é dito não
associado.

1.1.Composição do Gás Natural Bruto

Os processos naturais de formação dos gás natural são a degradação da matéria orgânica por bactérias anaeróbias, a degradação da
matéria orgânica e do carvão por temperatura e pressão elevadas ou da alteração térmica dos hidrocarbonetos líquidos.

A matéria orgânica fóssil é também chamada de querogêneo e pode ser de dois tipos: querogêneo seco, quando proveniente de matéria
vegetal e querogêneo gorduroso, quando proveniente de algas e matéria animal.

No processo natural de formação do planeta ao longo dos milhões de anos a transformação da matéria orgânica vegetal, celulose e
lignina, produziu o querogêneo seco que ao alcançar maiores profundidades na crosta terrestre sofreu um processo gradual de cozimento,
transformando-se em linhito, carvão negro, antracito, xisto carbonífero e metano e dando origem às gigantescas reservas de carvão do
planeta.

A transformação da matéria orgânica animal ou querogêneo gorduroso não sofreu o processo de cozimento e deu origem ao petróleo.
Nos últimos estágios de degradação do querogêneo gorduroso, o petróleo apresenta-se como condensado volátil associado a
hidrocarbonetos gasosos com predominância do metano. Por esta razão é muito comum encontrar-se reservas de petróleo e gás natural
associados.

Assim, o gás natural como encontrado na natureza é uma mistura variada de hidrocarbonetos gasosos cujo componente preponderante é
sempre o Metano. O gás natural não associado apresenta os maiores teores de Metano, enquanto o gás natural associado apresenta
proporções mais significativas de Etano, Propano, Butano e hidrocarbonetos mais pesados.

Além dos hidrocarbonetos fazem parte da composição do gás natural bruto outros componentes, tais como o Dióxido de Carbono (CO 2), o
Nitrogênio (N2), Hidrogênio Sulfurado (H2S), Água (H2O), Ácido Clorídrico (HCl), Metanol e impurezas mecânicas. A presença e proporção
destes elementos depende fundamentalmente da localização do reservatório, se em terra ou no mar, sua condição de associado ou não,
do tipo de matéria orgânica ou mistura do qual se origino, da geologia do solo e do tipo de rocha onde se encontra o reservatório, etc.

Para exemplificar a diversidade e a variabilidade da composição do Gás Natural Bruto, bem como a predominância do gás Metano,
apresentamos a seguir a Tabela 1 – Composição do Gás Natural Bruto em Alguns Países.

Tabela 1 – Composição do Gás Natural Bruto em Alguns Países


Composição do Gás Natural Comercial

A composição comercial do gás natural é variada e depende da composição do gás natural bruto, do mercado atendido, do uso final e do
produto gás que se deseja. Apesar desta variabilidade da composição, são parâmetros fundamentais que determinam a especificação
comercial do gás natural o seu teor de enxofre total, o teor de gás sulfídrico, o teor de gás carbônico, o teor de gases inertes, o ponto de
orvalho da água, o ponto de orvalho dos hidrocarbonetos e o poder calorífico.

Principais Características

 Odor – O gás natural não tem cheiro. Para que vazamentos sejam percebidos adiciona-se um odorizante que
confere ao gás um cheiro característico;
 Poder Calorífico – O poder calorífico superior do Gás Natural é 9.400kcal/m³;
 Toxidade – O gás natural não é tóxico e se dissipa facilmente na atmosfera;
 Aspectos da chama – A chama apresenta boa aparência, firmeza e uniformidade com coloração azulada;
 Pressão – É distribuído para consumo a baixa pressão.

Apresentamos à seguir as normas para a especificação do Gás Natural a ser comercializado no Brasil, de origem interna e externa,
igualmente aplicáveis às fases de produção, de transporte e de distribuição desse produto, determinadas pela Agência Nacional do
Petróleo – ANP na Portaria N.º 41, de 15 de Abril de 1998. O Gás Natural deverá atender à especificações apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Especificação para o Gás Natural Comercializado no Brasil


O que é o gás natural?

A versatilidade é a principal característica do gás natural. Este energético pode ser utilizado tanto na geração
de energia elétrica, quanto em motores de combustão do setor de transportes, na produção de chamas (como
substituto ao gás liquefeito de petróleo, GLP), calor e vapor. Por isso, a aplicação é possível em todos os setores da
economia: indústria, comércio, serviços e residências. Este recurso natural também pode passar por um processo de
transformação para dar origem a derivados similares aos do petróleo, porém menos agressivos ao meio ambiente.
Essa tecnologia, denominada gas-to-liquid (GTL), é recente, tem custos elevados e é dominada por poucas
companhias. Outros elementos positivos são a capacidade de dispersão em casos de vazamento e a pequena emissão
de poluentes em toda a cadeia produtiva se comparado aos demais combustíveis fósseis. O gás natural é um
hidrocarboneto resultante da decomposição da matéria orgânica durante milhões de anos. É encontrado no subsolo,
em rochas porosas isoladas do meio ambiente por uma camada impermeável. Em suas primeiras etapas de
decomposição, esta matéria orgânica de origem animal produz o petróleo. Em seus últimos estágios de degradação,
o gás natural. Por isso, é comum a descoberta do gás natural tanto associado ao petróleo quanto em campos isolados
(gás natural não associado). Assim como ocorre no petróleo, a composição básica do gás natural são as moléculas de
hidrocarbonetos (átomos de hidrogênio e carbono) encontradas em estado volátil e de baixa densidade. O elemento
predominante é o gás metano, mas também há, em proporções variadas, etano, propano, butano, gás carbônico,
nitrogênio, água, ácido clorídrico e metanol, além de outros. A proporção de cada um na composição final depende
de uma série de variáveis naturais, como processo de formação e condições de acumulação no reservatório. Em seu
estado bruto, o gás natural não tem cheiro e é mais leve que o ar. Assim, deve ser odorizado para que eventuais casos
de vazamento sejam detectados.

A cadeia produtiva do gás natural envolve seis etapas.

1. A primeira é exploração, na qual o foco é a possibilidade de ocorrência ou não do gás natural.


2. A segunda é a explotação, que consiste na instalação da infra-estrutura necessária à operação do
poço e nas atividades de perfuração, completação e recompletação de poços (colocação das cabeças
de vedação, válvulas, comandos remotos e demais acessórios que permitirão a produção).
3. A terceira é a produção, processamento em campo (para separação do petróleo em caso de o gás ser
associado) e o transporte até a base de armazenamento.
4. A quarta é o processamento, na qual se retiram as frações pesadas e se realiza a compressão do gás
para a terra ou para a estação de tratamento.
5. A quinta é o transporte e armazenamento (esta última não existe no Brasil, mas é comum em países
de clima frio, de modo a formar um estoque regulador para o inverno).
6. E, finalmente, há a distribuição, que é a entrega do gás natural para o consumidor final. O transporte
do poço às unidades de consumo exige a construção de uma rede de gasodutos de capacidade e
pressão variáveis.

O ramal principal, que liga o poço às instalações de distribuição, é dimensionado para transporte de grandes
volumes a elevada pressão. Os ramais secundários, que chegam ao consumidor final, são menores, mais pulverizados
e, no geral, subterrâneos. Para o caso de grandes consumidores, há uma estação intermediária chamada city gate. No
caso de não ser possível construir o gasoduto, o gás passa por um processo de liquefação, no qual atinge 160 graus
abaixo de zero. Esse processo reduz o volume 600 vezes, o que favorece o transporte por navios chamados
“metaneiros”. No porto receptor, esse material é encaminhado a plantas ou terminais de armazenamento e
regaseificação para posterior distribuição. No Brasil, a única companhia a operar na exploração e transporte de gás
natural é a Petrobras, sozinha ou em parceria com a iniciativa privada (como é o caso do gasoduto Bolívia/Brasil). Já
para a distribuição, o país tem 27 empresas, das quais a maioria conta com participação da Petrobras no capital
acionário. Essas empresas detêm o monopólio de atuação em suas regiões de concessão. De acordo com o balanço
anual da Petrobras referente a 2007, o país contava com uma malha total de 6.511 quilômetros de dutos conforme
mostra o Mapa 6.1 ao lado.
Cadeia de Valor do Gás Natural
O Gás Natural é o combustível fóssil mais limpo e eficiente. É produzido tanto em associação com o petróleo (gás associado)
como de forma independente (gás não-associado). Comparado ao petróleo, o consumo comercial de Gás Natural é um
fenômeno ainda recente. Apenas a partir da década de 40-50, impulsionado principalmente pelos avanços nas tecnologias
de condicionamento e transporte, o Gás Natural começou a ser progressivamente incorporado à matriz energética dos
países. Devido às suas propriedades físico-químicas e à contínua evolução tecnológica, o Gás Natural pode ser utilizado em
diversos setores da atividade econômica: na produção de eletricidade, em processos industriais, no comércio, residências e
no setor de transportes. Mas, de onde vem e como
é produzido o gás que consumimos?
Conceitualmente, a cadeia de valor do Gás Natural segue uma estrutura semelhante à da cadeia do petróleo, e é igualmente
dividida em três segmentos:
Upstream

Midstream

Downstream
Upstream
A exploração é o processo de pesquisa de acumulação de hidrocarbonetos, tanto em bacias terrestres (onshore) como em
bacias marítimas (offshore). Produção é o processo de extração, recuperação e processamento do Gás Natural em escala
comercial. Em 2013, no Brasil, foram produzidos em média 77,2 MMm³/dia de Gás Natural, dos quais 56,6 MMm³/dia em
mar e 20,6 MMm³/dia em terra1. Em agosto de 2014, a produção total atingiu 90,9 MMm³/dia, dos quais 23,5 MMm³/dia
em terra e 67,4 MMm³/dia em mar.
A fase de exploração é tipicamente caracterizada por alto grau de risco, principalmente ligado à incerteza da descoberta de
uma jazida em áreas com conhecimento geológico ainda limitado e, portanto, com elevados investimentos
e custos operacionais.
As etapas de mapeamento e processamento geológico e geofísico (G&G), que antecedem a perfuração de poços de
exploração, contribuem para reduzir o risco e aumentar a taxa de sucesso nas buscas por novas jazidas.
No entanto, o dimensionamento real do reservatório e sua análise de comercialidade só ocorrem mediante uma custosa
campanha de perfuração, completação e avaliação de poços nas zonas de interesse definidas pelo grupo de G&G das
empresas. O gerenciamento desse risco exploratório e dos custos operacionais da campanha até a conclusão da etapa de
avaliação constitui o principal desafio enfrentado pelo segmento upstream. A maior parcela do investimento global em E&P
está associada à etapa de desenvolvimento e produção2. A execução desta etapa fica, no entanto, condicionada à declaração
de comercialidade3 das jazidas exploradas. O desenvolvimento de novas tecnologias permitiu a extração de gás em
reservatórios “não-convencionais”, tais como em folhelhos, jazidas de carvão e reservatórios de baixa permeabilidade, e
também nas “áreas de fronteiras tecnológicas”, tais como águas ultraprofundas e regiões árticas. As jazidas de gás não-
convencional se tornaram comercialmente produtoras na primeira década de 2000, e chegaram a representar, em 2012,
39% da produção total de gás dos EUA, graças ao uso de tecnologias como o fraturamento hidráulico e a perfuração
direcional intensiva4.

Como o gás natural pode ser encontrado na natureza


Entende-se por Gás Natural comercializável, aquele composto preponderantemente por metano, com especificação de suas
demais propriedades estabelecidas pela ANP, em sua Portaria nº41, de 15 de abril de 1998. Já a composição do Gás Natural
bruto varia de um reservatório a outro, e pode ser classificado em dois grupos principais: Gás associado e Gás não-associado.
Em 2013, no Brasil, cerca de 67% da produção de gás era de tipo associado, e somente 33% era extraído de reservas de gás
não-associado.
Midstream
A escolha da forma de movimentação do gás entre a jazida produtora e o mercado consumidor é uma questão estratégica
para a indústria do Gás Natural. Historicamente, as dificuldades no transporte do gás eram tão significativas que terminavam
por direcionar grande parte da produção de gás para a queima, quando se tratava de gás associado, ou de abandono do
campo, quando se fazia uma descoberta de gás não-associado.
Hoje, no entanto, existem formas de transporte que atendem a diversos cenários de oferta e demanda.
O Gás Natural Liquefeito (GNL), por exemplo, pode ser transportado por longas distâncias e está geralmente associado ao
transporte marítimo por navios metaneiros. No entanto, o custo de liquefação do Gás Natural é elevado: estima-se cerca
de US$ 1200-1400/tonelada8 para projetos construídos no período 2011-2015, o que pode tornar o produto menos
competitivo em alguns mercados.
Outra modalidade usada para o transporte de Gás Natural é o gasoduto em alta pressão9. No entanto, assim como os
oleodutos que transportam óleo bruto e outros derivados, os gasodutos que transportam o Gás Natural exigem um elevado
investimento para sua instalação. Além disso, seu dimensionamento e traçado devem levar em conta o atendimento
simultâneo ao escoamento ininterrupto da produção e à demanda do mercado consumidor.
Essa necessidade de interação com o segmento upstream e downstream, associada ao elevado investimento inicial para sua
instalação, faz da viabilização da rede dutoviária um verdadeiro desafio para a indústria de gás. No entanto, uma vez
efetuada a instalação de uma rede mínima, os dutos permitem que seu operador obtenha forte economia de escala ao
conseguir escoar grandes volumes de gás a um custo operacional relativamente baixo, ao mesmo tempo em que a
necessidade de investimentos em novas instalações vai se tornando cada vez menor com a expansão da rede.
Uma alternativa viável em alguns casos é usar o gás para a geração elétrica próxima às zonas produtoras de Gás Natural e
transportar a energia sob a forma de eletricidade (“gas to wire”). Esta é uma solução que tem se mostrado especialmente
eficiente em casos intermediários de volumes produzidos e distância percorrida até o mercado consumidor.
No Brasil, a rede dutoviária tem extensão relativamente reduzida quando comparada com outros países de área
semelhante, contando com apenas 9.244 km de dutos, concentrados principalmente na região SE/CO10. Para fins de
comparação, os Estados Unidos contam com cerca de 550.000 km de gasodutos, que cobrem praticamente todo o território
americano, enquanto que a Argentina conta com 15.437 km, quase o dobro do Brasil. A incipiente infraestrutura de
transporte é um dos fatores que dificultam o desenvolvimento do setor de Gás Natural no Brasil.

Downstream
Após a etapa de transporte, inicia-se o processo de distribuição, a partir do recebimento do gás nos chamados citygates,
que são instalações de redução e controle de pressão, medição e odorização do Gás Natural.
A partir dos citygates, o Gás Natural é direcionado através de tubulações aos diversos segmentos do mercado:
industrial, comercial, residencial e geração de eletricidade. O Gás Natural pode também ser utilizado em veículos, após
sua compressão a 200-250 bar, em postos automotivos, e armazenado em cilindros de alta pressão. O Gás Natural
comprimido a pressões superiores a 200 bar (GNC) pode ser ainda transportado em caminhões com feixes de cilindro em
alta pressão para entrega a consumidores localizados em regiões afastadas das redes de distribuição.
Em países que dispõem de terminais convencionais de regaseificação de GNL também é possível instalar estações de
carregamento de caminhões metaneiros “truck LNG“. O GNL é, então, transportado por rodovia para regiões que não
possuem infraestrutura de transporte e distribuição de Gás Natural, sendo depois regaseificado nas instalações dos usuários
finais.
O distribuidor é o agente responsável pela operação das redes de distribuição de gás e entrega do gás ao consumidor final.
As redes de distribuição de Gás Natural apresentam características de monopólio natural, sendo, de modo geral, reguladas.
No Brasil, a regulação da distribuição cabe à esfera estadual11 e o serviço de distribuição de Gás Natural é operado por
empresas – estatais e privadas – em regime de concessão geográfica exclusiva.
Dessa forma, mapeamos a cadeia de valor do Gás Natural, desde sua produção até a distribuição e entrega ao consumidor
final. Nas próximas seções, levantaremos algumas características dessa indústria no Brasil, seu modo de atuação, principais
agentes e estrutura regulatória, para depois aprofundarmos nossa análise sobre os grandes temas que afligem o setor de
gás brasileiro hoje.

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