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HIDRÁULICA BÁSICA

AULA 04
ESCOAMENTO UNIFORME EM TUBULAÇÕES

Prof. Cesar Augusto M. Destro


Escoamento uniforme em tubulações

■ O fator de atrito entre o líquido e a parede da tubulação, reflete o processo irreversível


de transformação de parte da energia do escoamento em calor.
⃗2
𝐿 ∙𝑣
𝐻𝑓 = 𝑓 ∙
𝐷∙2∙𝑔
– Se o escoamento é laminar, essa dissipação ocorre em função do desenvolvimento
de tensões cisalhantes entre as camadas adjacentes do líquido.

– Se o escoamento é turbulento, a dissipação ocorre em função do surgimento e


colapso de vórtices, e consequente dissipação por atrito viscoso entre partículas
adjacentes.
Escoamento uniforme em tubulações

– A combinação entre os processos anteriores caracteriza o escoamento transicional, esse


tipo de escoamento é instável.

■ O experimento de Reynolds

Fonte: Notas de aula Makenzie


– 1 Reservatório com corante
– 2 Válvula de controle de vazão do corante
– 3 Reservatório de água
– 4 Injetor
– 5 Convergente
– 6 Tubo de vidro
– 7 Válvula de controle de vazão
Escoamento uniforme em tubulações

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=y0WRJtXvpSo
Escoamento uniforme em tubulações

■ O número de Reynolds, estabelecido após as investigações experimentais, depende da


velocidade, do diâmetro, e da viscosidade cinemática do fluido.
– Para seções circulares (conduto forçado)
⃗𝑣 ∙ 𝐷
𝑅𝑒𝑦=
𝜇

– Para seções não circulares (conduto forçado)


4 𝑅𝐻 ∙ ⃗𝑣
𝑅𝑒𝑦=
𝜇

– Para canais e condutos livres 𝑅𝑒𝑦= ⃗𝑣 ∙ h h é a profundidade da


𝜇 lâmina d’água
Escoamento uniforme em tubulações

■ No caso de tubulações operando em seção plena, o escoamento laminar ocorre e é


estável para Rey < 2000. Entre esse valor e 4000 encontra-se a zona de transição. Com
Rey > 4000 o escoamento é caracterizado como turbulento. No caso de condutos livres,
o valor crítico (de transição) é inferior a 500.

Rey < 2000 Escoamento laminar


2000 < Rey < 4000 Escoamento de transição
Rey > 4000 Escoamento turbulento
Escoamento uniforme em tubulações

■ O experimento de Nikuradse

– Publicado em 1933, o trabalho experimental de Nikuradse buscou determinar o


fator de atrito em tubulações circulares. Se utilizou tubos lisos cuja parede interna
foi revestida com grãos de areia, esféricos, de granulometria conhecida e
controlada, criando uma rugosidade artificial e uniforme, de valor ε,
correspondente ao diâmetro dos grãos de areia.

– Determinou-se, assim, as relações entre o fator de atrito, o número de Reynolds e


a rugosidade relativa artificial, ε/D.
Escoamento uniforme em tubulações
A harpa de Nikuradse

■ Foram estabelecidas 5 regiões:

– Região III
V:(Rey
IV:
III:(2300 << 2300):
turbulência
transição
o fator Rey
deentre
completa,
< 4000):
atritoosó o
escoamento
região
depende crítica,laminar,
do número ovalor
fator
hidraulicamente
é hidraulicamente
onde ode de
Reynolds.
de
liso
f Oe
atrito
rugoso,
não independe
escoamento
rugoso
fica fator daatrito
eocaracterizado.
ofator dede rugosidade
é turbulento
atrito depende

devido
da
depende aodaefeito
rugosidade
hidraulicamente da
rugosidadesubcamada
relativa
liso. erelativa.
do número
limite laminar.
de Reynolds.
Escoamento uniforme em tubulações
Regime laminar

■ O escoamento é calmo, regular. O perfil de velocidades tem forma parabólica. O cálculo


da perda de carga deve ser feito utilizando a equação de Hagen-Poiseuille, determinada
experimentalmente:

𝐻𝑓 =
128 ∙ 𝜇 ∙ 𝐿∙𝑄
𝐻𝑓 =
64 ∙ 𝜇 ∙ 𝐿∙ ⃗
𝑣 ∙ ⃗𝑣
𝜋∙ 𝐷 ∙𝑔
4
2∙ 𝐷 ∙𝑔
2
∙ ⃗𝑣
Como: 64 ∙ 𝜇 𝐿∙ 𝑣 ⃗2
𝐻𝑓 = ∙
𝜋 ∙ 𝐷2 𝐷 ∙𝑣 ⃗ 𝐷 ∙ 2 ∙𝑔
𝑄= 𝐴 ∙ ⃗
𝑣= ⃗
𝑣
4
64 ∙ 𝜇 𝐷 ∙ ⃗𝑣
𝑓=
⃗ Como: 𝑅𝑒𝑦=
128 ∙ 𝜇 ∙ 𝐿 ∙ 𝜋 ∙ 𝐷 2 ∙ ⃗
𝑣 𝐷∙ 𝑣 𝜇
𝐻𝑓 = 4
𝜋 ∙𝐷 ∙𝑔∙4
64
64 𝑓=
128 ∙ 𝜇 ∙ 𝐿∙ 𝜋 ∙ 𝐷 2 ∙ ⃗
𝑣 𝑅𝑒𝑦
𝐻𝑓 = 4
𝜋 ∙𝐷2∙𝑔∙4
𝐷 2
Escoamento uniforme em tubulações
Regime turbulento

■ O escoamento é agitado e o comportamento com tubos hidraulicamente lisos é


diferente daquele que se verifica com tubos hidraulicamente rugosos.
– A teoria da camada limite mostra que a espessura δ da subcamada limite é dada
por:
𝛿
𝜀

11,6 ∙𝜇 Subcamada Rugosidade


𝛿=
𝑢∗ limite laminar média

𝜀
𝛿
Escoamento uniforme em tubulações
Regime turbulento

■ O escoamento é agitado e o comportamento com tubos hidraulicamente lisos é


diferente daquele que se verifica com tubos hidraulicamente rugosos.

– No caso em que a rugosidade da parede da tubulação ε está totalmente coberta


pela subcamada limite laminar, tem-se:
𝑢∗ ∙ 𝜀
<5
𝜇

– Para a situação em que as asperezas da parede afloram a subcamada limite


laminar, tem-se: 𝑢∗ ∙ 𝜀
> 70
𝜇
Escoamento uniforme em tubulações
Regime turbulento

– Na condição intermediária, em que apenas as asperezas maiores transpassam a


subcamada limite, tem-se:
𝑢∗ ∙ 𝜀
5≤ ≤ 70
𝜇

■ O termo é chamado de número de Reynolds de rugosidade.


Escoamento uniforme em tubulações
Regime turbulento

■ Para a determinação do fator de atrito, para tubos hidraulicamente lisos, emprega-se a


equação de von Karman:
1
=2∙ 𝑙𝑜𝑔 ( 𝑅𝑒𝑦 ∙ √ 𝑓 ) − 0,8
√𝑓
■ Para tubos hidraulicamente rugosos:
1 𝐷
=2∙ 𝑙𝑜𝑔 +1,74
√𝑓 2𝜀

■ Para a região compreendida entre as condições anteriores, Colebrook propôs a equação:

1
√𝑓
=−2 ∙𝑙𝑜𝑔
[
𝜀
+
2,51
3,7 𝐷 𝑅𝑒𝑦 ∙ √ 𝑓 ]
Escoamento uniforme em tubulações
Regime turbulento

■ Os diagramas de Moody e de Rouse apresentam a relação entre , , e os valores de ou .


Diagrama de Moody
𝑅𝑒𝑦

Diagrama de Moody-Rouse
4
1 𝑓
√𝑓

ATENÇÃO
Nesse diagrama está
representado o inverso
da rugosidade relativa.
𝑅𝑒𝑦 ∙ √ 𝑓
Escoamento turbulento em tubos
comerciais
■ Para sanar a dificuldade de se trabalhar com as equações em regime turbulento, algumas
fórmulas aproximadas foram apresentadas:
– Swamee-Jain
10− 6 ≤ 𝜀 / 𝐷 ≤ 10−2
0,25
𝑓= Para
[ ( )]
2
𝜀 5,74
𝑙𝑜𝑔 + 5 ∙10 3 ≤ 𝑅𝑒𝑦 ≤10 8
3,7 ∙ 𝐷 𝑅𝑒𝑦 0,9

– Swamee

{( [( ) ( )] }
0,125
6 −16

)
8
64 𝜀 5,74 2500
𝑓= +9,5 𝑙𝑛 + −
𝑅𝑒𝑦 3,7 ∙ 𝐷 𝑅𝑒𝑦 0,9 𝑅𝑒𝑦
Laminar Transiçã Turbulento
𝑅𝑒𝑦< 2300 o 𝑅𝑒𝑦 < 4000
2300< 𝑅𝑒𝑦> 4000

Hidraulicamente liso Transição Hidraulicamente rugoso


𝑢∗ ∙ 𝜀 𝑢∗ ∙ 𝜀 𝑢∗ ∙ 𝜀
<5 5< <70 > 70
Fórmula de 𝜇 𝜇 𝜇
Hagen-Poiseuille

64 Equação de von Equação de Equação para


𝑓= Karman Colebrook-White tubos rugosos
𝑅𝑒𝑦

1
𝑓
=2∙ 𝑙𝑜𝑔 ( 𝑅𝑒𝑦 ∙ √ 𝑓 ) − 0,8
1
√𝑓
=−2 ∙𝑙𝑜𝑔
𝜀
+[2,51
3,7 𝐷 𝑅𝑒𝑦 ∙ √ 𝑓 ] 1
√𝑓
𝐷
=2∙ 𝑙𝑜𝑔 +1,74
2𝜀

Equação de
Swamee-Jain
10− 6 ≤ 𝜀 / 𝐷 ≤ 10−2
0,25 Para
𝑓= 5 ∙10 3 ≤ 𝑅𝑒𝑦 ≤10 8
[ ( )]
2
𝜀 5,74
𝑙𝑜𝑔 +
3,7 ∙ 𝐷 𝑅𝑒𝑦 0,9

Equação de
Swamee

{( }
Diagrama de Diagrama de

[( ) ( )]
0,125
6 −16

)
8
64 𝜀 5,74 2500 Moody-Rouse Moody
𝑓= +9,5 𝑙𝑛 + 0,9

𝑅𝑒𝑦 3,7 ∙ 𝐷 𝑅𝑒𝑦 𝑅𝑒𝑦
Exercícios propostos

■ Exercício 09) Uma tubulação de aço rebitado, com 0,30 m de diâmetro e 300 m de
comprimento, conduz 130 L/s de água a 15,5 ºC. A rugosidade absoluta do tubo é 0,003
m. Determine a velocidade média e a perda de carga.
■ Exercício 10) Dois reservatórios estão interligados por uma canalização de ferro
fundido (ε = 0,00026 m) com 0,15 m de diâmetro e 360 m de extensão. Determine a
velocidade e a vazão no momento em que a diferença de nível entre os dois
reservatórios igualar-se a 9,3 m.
– Temperatura da água a 26,5 ºC e μ = 8,66 ∙ 10-7 m2/s.
■ Exercício 11) Determine o diâmetro necessário para que uma tubulação de aço (ε =
0,000046 m) conduza 19 L/s de querosene a 10 ºC (μ = 2,78 ∙ 10-6 m2/s) com uma perda
de carga que não exceda 6 m em 1200 m de extensão. Calcule a velocidade e a perda de
carga para o diâmetro comercial adotado.
Exercícios propostos

■ Exercício 12) Uma tubulação nova de aço com 150 m de comprimento transporta
gasolina a 10 ºC (μ = 7,10 ∙ 10-7 m2/s) de um tanque para outro, com uma velocidade
média de 1,44 m/s. A rugosidade dos tubos pode ser admitida como igual a 0,000061 m.
Determine o diâmetro e a vazão da linha, conhecida a diferença de nível entre os dois
tanques, de 1,86 m.
Referências

■ AZEVEDO NETO, M. F. Fernandez, R. Araujo, A. E. Ito. Manual de Hidráulica. São Paulo,


Edigar Blucher, 1998 8ª ed. 669p.

■ PORTO, R. de M. Hidráulica Básica. São Carlos, EESC/USP, 1998. 516p.

■ Notas de aula Makenzie. Disponível em: http://meusite.mackenzie.com.br/eangelo/Exp_Reynolds.pdf

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