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6 – Escoamento Viscoso em Condutas

OBJECTIVOS
Mecânica dos Fluidos Eng. Mecânica

9Aplicação dos princípios fundamentais dos escoamentos a


escoamentos internos
9 Noção de perdas de carga
9 Caracterização dos diferentes regimes: laminar e turbulento
9 Implicação da zona de desenvolvimento do escoamento
9 Perdas de carga em linha e localizadas

Ana João 1
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1. Características gerais de escoamentos em condutas

Componentes habituais: redutores de diâmetro, joelhos,


tês, válvulas, bombas, turbinas, …

As condutas não circulares são normalmente de secção rectangular


aplicadas em ventilação e condicionamento de ar. Nestes casos as
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diferenças de pressão interior/exterior não são significativas.


Considera-se no estudo deste tipo de escoamentos condutas
completamente cheias:

Escoamentos internos: Principal força


motriz – diferença de pressão p1 – p2
Escoamentos externos: Principal força
motriz – gravidade z1 – z2

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1.1 Regime Laminar / turbulento ⇔ nº de REYNOLDS


Osborne Reynolds –
físico e matemático inglês
V <<
(1842-1912)

Estudo da influência do
aumento de caudal (⇔ ↑

V >>
V)
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Regime laminar / turbulento - video 8.1


Regime LAMINAR:
G Apenas uma componente da
velocidade V =uiˆ Re≤ 2100

Regime TURBULENTO : Velocidade instável


G e com
componentes nas 3 diferentes direcções V = uiˆ + vjˆ + wkˆ
Re ≥ 4000
ρVD
Número de Reynolds: Re =
μ
Condutas não circulares: Diâmetro hidráulico:
Ana João Dh = 4 A Perímetro molhado 3
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1.2 Zona de entrada e zona de escoamento desenvolvido


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(1) – Entrada do fluido com velocidade uniforme


De (1) a (2) – Formação de “camada limite” devido a efeitos viscosos nas paredes ao longo
da zona de entrada – le. Nas zonas não afectadas pela camada limite a velocidade
continua constante (invíscido).
le le 1
Regime laminar: = 0, 06 Re Regime turbulento: = 4, 4 Re 6
D D
(2) – Zona de escoamento desenvolvido 4
Ana João
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1.3 Pressão e tensão de corte

Um escoamento horizontal
plenamente desenvolvido, é
governado pelas forças de pressão
(Δp = p1-p2). Estas são “equilibradas”
pelas forças viscosas, resultando
num escoamento sem aceleração.
Sem estes efeitos, a pressão seria
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constante (em tubagens


horizontais).

Um escoamento horizontal não desenvolvido, o fluido acelera ou desacelera, não havendo


por isso igualdade de forças de pressão e viscosas, havendo assim uma variação de pressão
não constante e superior à da zona desenvolvida.

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2. Escoamento laminar plenamente desenvolvido

Elemento de fluido de forma cilíndrica (l, r),


que se deforma entre os instantes t e t+δt,
devido à velocidade não ser constante.
G G G G G
G dV ∂V ∂V ∂V ∂V
a= ≡ +u +v +w
dt ∂t ∂x ∂y ∂z
Derivada material Aceleração Aceleração convectiva
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Não há velocidade 2º yy nem zz local


G G G G
G ∂V ∂V ∂V ∂V Forças presentes: FP + FViscosas = 0
a = +u +v +w
∂ t0 ∂ x0 ∂y 0
∂z
0
Escoamento
permanente
Não há variação da
velocidade em xx
Δp 2τ
p1π r 2 − ( p1 −Δp)π r 2 −τ 2π rl = 0 ⇔
= →τ = Cte × r
l r Se l/D >>, uma
D 2τ 2τ 4lτ pequena tensão de
τ máxima, r=D/2 → τW = Cte ⇔Cte = W →τ = W r →Δp = W corte → Δp >>> 6
Ana João 2 D D D
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du du ⎛ Δp ⎞ ⎛ Δp ⎞ r 2
τ = −μ → = −⎜ ⎟ r → Integrando em r → u = − ⎜ ⎟ + C1
dr dr ⎝ 2μl ⎠ ⎝ 2μl ⎠ 2
⎛ Δp ⎞ 2 Δp 2 ΔpD 2 ⎛ ⎛ 2r ⎞ ⎞
2

Condição fronteira: r=D/2, u =0 → u ( r ) = − ⎜ ⎟r + D = ⎜⎜1 − ⎜ ⎟ ⎟⎟


⎝ 4μl ⎠ 16 μ l 16μ l ⎝ ⎝ D ⎠ ⎠

τW D ⎛ ⎛ r ⎞ ⎞
2
Velocidade no eixo Vc
Rearranjando pode reescrever-se: u ( r ) = ⎜⎜1− ⎜ ⎟ ⎟⎟
4μ ⎝ ⎝ R ⎠ ⎠
⎡ ⎛ r ⎞2 ⎤
R
π R2
V π D4
Δp
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Integrando para determinar o caudal: V = u dA = ... = 2πVc ⎢1− ⎜ ⎟ ⎥ rdr =


∫ ∫0 ⎢ ⎝ R ⎠ ⎥ 2
c
=
128μl
⎣ ⎦
π D4
Δp
Caudal volúmico - V = Q = - Lei de Poiseuille Válida SÓ para regime
128μl laminar

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Para um escoamento não horizontal: Há a considerar força


gravítica. Usando o
mesmo raciocínio, resulta:

V = Q =
π D4
( Δp − ρgl sinθ )
128μl
DΔp ⎛ l ⎞ l D 2 Δp
Utilizando a análise dimensional: = φ ⎜ ⎟ = Cte ⇔ V = →
μV ⎝D⎠ D Cteμ l
π D 4 Δp
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O valor da constante é
Q = AV = determinado analítica ou
4Cte μ l
experimentalmente, resultando
que, para tubos circulares,
Cte = 32
Q π D Δp 4
V μl Δp Vμ l
Substituindo: V= = → Δp = 32 → = 32 =
A 128 D
2
D 2
ρV 2
ρV 2
2
μlπ D
4 2 2
μ l 64 l l ρV 2 f - Coeficiente de fricção de
= 64 = → Δp = f
ρVD D Re D D 2 Darcy = 64/Relaminar
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3. Escoamento turbulento plenamente desenvolvido

- Escoamentos turbulentos envolvem variação aleatória dos parâmetros envolvidos;


- A turbulência pode ser útil em aplicações como as de transferência de calor (dissipam o
calor mais rapidamente – radiadores dos automóveis);
- Em regime turbulento existem turbilhões (vórtices, eddies);
- Os parâmetros do escoamento (velocidade por exemplo) podem ser descritos em termos
de uma soma de um valor médio com as flutuações instantâneas;
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- A relação entre movimento do fluido e tensão de corte é bastante complexa;

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- Em regime turbulento há a considerar diferentes “zonas” de escoamento na secção
transversal, entre o eixo e a parede:
¾ Subcamada viscosa – próximo da parede, em que a velocidade tem uma grande variação;
¾ Camada externa – na zona central, em que a velocidade é aproximadamente constante;
¾ Camada de transição ou sobreposição – transição entre as duas zonas
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- O perfil de velocidades em regime turbulento é, em u ⎛ r⎞ n

média, tendendo para um valor constante, enquanto


= ⎜1 − ⎟
Vc ⎝ R ⎠
que o laminar é parabólico – vídeo 8.3.

Vc – Velocidade no eixo
n – f (Re)
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3. Perdas de carga
l ρV 2
Recordando do acetato 8, Δp = f ,ea
D 2
equação da energia (cap. 3, acetato 8):
pout Vout2 pin Vin2
+ + zout = + + zin + hBomba − hf
ρ g 2g ρ g 2g
Δp l ρV 2 l V2
resulta → h = =f =f
f
ρg D 2ρg D 2g
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Equação de Darcy-Weisbach

- Regime laminar: f = 64
Re
- Regime Turbulento: o atrito depende da rugosidade ε das tubagens
Equação 1 ⎛ε D 2, 51 ⎞
Colebrook - = −2 log ⎜ + ⎟⎟

f ⎝ 3, 7 Re f ⎠
O diagrama de Moody traduz graficamente a relação entre nº de Reynolds, rugosidade e
coeficiente de fricção.
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Diagrama de Moody
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Além da perda de carga por atrito, há a considerar


perdas de carga localizadas, devidas a “acidentes” no
percurso do escoamento: acessórios (tês, reduções,
joelhos, válvulas), saídas, entradas… Existem já dados
tabelados para cada tipo de acessório, resultado de
trabalho experimental. Esses dados são referem-se a um
factor KL, denominado coeficiente de perda.

Δp K LV 2
KL = hL =
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1 2g
ρV 2
2
4. Tabelas e gráficos de perdas de carga localizadas

KL = 0,8 KL = 0,5 KL = 0,2 KL = 0,04 13


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KL = 1,0 KL = 1,0
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KL = 1,0 KL = 1,0

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5. Sistemas múltiplos de condutas

i. Em série Q1 = Q2 = Q3
hL , A− B = h1 + h2 + h3

ii. Em paralelo Q = Q1 + Q2 + Q3
hL , A− B = h1 = h2 = h3
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6. Sistemas de medição de caudal


- Placa orifício - Venturi - Rotâmetro

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