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CENTRO EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS

CENTRO UNIVERSITÁRIO - UNIFIP


CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: HIDRÁULICA

Aula 2: Introdução ao escoamento em Condutos Forçados


Aula 3:Aplicações de Bernoulli em sistemas de abastecimento

Professora: Luísa E L de Medeiros

Hidráulica
Introdução
•Hidráulica: significa etimologicamente condução da água
que resulta do grego:

hydor – água + aulos – tubo, condução.

•Divisão:
• A Hidráulica é o ramo da Ciência que se ocupa do estudo
do comportamento de líquidos em repouso (Hidrostática)
e em movimento (Hidrodinâmica)
• A Hidrodinâmica tem por objetivo o estudo do movimento
dos fluidos, ou seja, o escoamento destes.

Hidráulica
Introdução
Principais ramos da hidráulica
Urbana Marítima Fluvial Hidroelétricas Industrial Rural Subterrânea

Hidráulica
Introdução
Principais ramos da hidráulica
Urbana Marítima Fluvial Hidroelétricas Industrial Rural Subterrânea

Hidráulica
Classificação dos escoamentos
•Quanto à pressão reinante:
Seção A-A
A

Q
-p ≠ atmosfera
A -Seções fechadas (plena)
-Ex.: Adutoras
Escoamento Forçado

B
Seção B-B
Q

B -p= atmosfera
Seção não-plena
Escoamento Livre
-Ex.: Canais
Hidráulica
Classificação dos escoamentos
•Quanto à direção da trajetória das partículas:

Escoamento Laminar Escoamento Turbulento

Laminar Re ˂ 500 Condutos Livres:


Transição 500 ˂ Re ˂ 2000 VRh Onde:
Turbulento Re ˃ 2000 Re = V = velocidade (m/s);

D = diâmetro (m);
Rh: raio hidráulico (m)
Laminar Re ˂ 2300 Condutos Forçados:  = viscosidade cinemática
Transição 2300˂ Re ˂ 4000 VD (m2/s).
Turbulento Re ˃ 4000 Re =

Hidráulica
Classificação dos escoamentos
•Quanto à variação no tempo:
Características hidráulicas constantes

dV/dt=0; dρ/dt=0; dp/dt=0

Escoamento Permanente

Características hidráulicas variáveis com t

dV/dt≠0; dρ/dt ≠ 0; dp/dt ≠ 0

Escoamento Transitório (não – permanente)

Hidráulica
Classificação dos escoamentos
•Quanto à variação no espaço:
Gradualmente variado
Bruscamente variado

Gradualmente variado
Uniforme

Escoamento Variado
dV/ds ≠ 0 Escoamento Uniforme
dV/ds = 0

Hidráulica
Hidráulica
Classificação dos escoamentos
•Quanto ao número de dimensões
y

Escoamento Unidimensional
x

Escoamento Bidimensional

x
Hidráulica
Equações fundamentais do escoamento
•Equações fundamentais da dinâmica dos fluidos:
Equação da Continuidade: decorrente da lei da
conservação da massa. A massa não pode ser criada ou
destruída.

1 A1V1 −  2 A2V2 = dM

Q=V.A: Vazão (m³/s), volume de líquido que atravessa uma seção


na unidade de tempo.

Hidráulica
Equações fundamentais do escoamento
•Equação da energia para fluidos reais:

V12/2g L. E. •Z – carga de posição


h1-2
•p/γ − energia de pressão;
P1/γ
L.P V22/2g •V²/2g – energia cinética;
P2/γ •(Z + p/ γ) – cota piezométrica;
•∆h – perda de carga devido as forças de
z1 atrito;
z2
•L. P. – Linha piezométrica
•L. E. – Linha de energia ou carga total
2 2
Vp1 p V
Z1 + + 1 = Z 2 + 2 + 2 + h1− 2
 2g  2g

Hidráulica
Na dedução deste teorema, fundamentada na Equação de Euler,
foram consideradas as seguintes hipóteses:

a) o fluido não tem viscosidade;


b) o movimento é permanente;
c) o escoamento se dá ao longo de um tubo de fluxo; e
d) o fluido é incompressível.

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
•O líquido ao escoar dissipa parte de sua energia → perda de carga
(∆h).
•Perda de carga total = Perdas de cargas contínuas + perdas de cargas
localizadas, assim:
∆h = ∆h’ + ∆h”

•Perda de carga contínua (∆h’): deve-se, principalmente, ao atrito


interno entre as partículas escoando em diferentes velocidades.
•Causas: viscosidade do líquido (ν) e a rugosidade da tubulação
(ε);

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
•Perdas de Carga Contínua: é a queda de pressão ∆p no escoamento de
um líquido, com velocidade média U, caracterizado pela sua viscosidade
dinâmica ν e massa específica ρ, através de uma tubulação circular de
diâmetro D, comprimento L e altura de rugosidade ε da parede do tubo,
expressa como:

∆h=p=f(ρ,V,D, ν, L, ε)

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Representação da perda de carga em um tubo de seção
constante: traçado da linha piezométrica e da linha de energia
total:

1 Plano de carga efetivo


∆h1” ∆h2”

p2
 L.E. ∆h’ ∆h
2 L.P.
∆h4”
Z1 4
p3

Z2 3

Z4
Z3

datum

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Representação da perda de carga em um tubo de seção
constante: traçado da linha piezométrica e da linha de energia
total:

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Importante: a Perda de Carga independe da posição da tubulação.

(a) (b) (c)


Escoamento de um líquido em um conduto forçado, mostrando a
carga total em duas seções de escoamento: a) tubulação em nível;
b) tubulação em declive; c) tubulação em aclive.

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Quando se trata de diâmetros diferentes observe que a inclinação
na linha de energia nos trechos não é paralela.

∆h1”

∆h1’
∆h2”

∆h2’
∆h3”

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
•Formulações matemáticas:
•Fórmula Universal da Perda de Carga (Fórmula de Darcy-Weisbach):
relação entre a perda de carga contínua, parâmetros geométricos e
propriedades relevantes do fluido, expressa por:
fV 2
h' = L
D2 g
•Perda de carga unitária: representa o gradiente ou a inclinação da linha
de carga, expressa por:
h'
J=
L

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
•Sendo assim:
fV 2 8 f Q2
h' = L→J = 2
D2 g  g D5
•Onde:
J: perda de carga unitária (m/m)
V: velocidade média do escoamento (m/s)
D: diâmetro do conduto (m)
L: comprimento do conduto (m)
Q: vazão (m³/s)
g: aceleração da gravidade (m/s²)
f: coeficiente de perda de carga

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Determinação do coeficiente da perda de carga:

•f é um adimensional que depende do regime do escoamento.


• No escoamento laminar (Re≤2300), pode ser obtido através da
equação de Hagen-Poiseuille :

64
f =
Re

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Determinação do coeficiente de perda de carga:

•Formulação de Blasius (1913): para tubos hidraulicamente lisos.

0,316
f = 1/ 4 3000  Re  105
Re

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Determinação do coeficiente de perda de carga:

•Nikuradse (1932) obteve para tubos lisos e rugosos,


respectivamente:

1 Re f Re f
= 2 log  14,14
f 2,51 D /

Re f
1
= 2 log 3,7
D > 198
f  D /

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Escoamento Turbulento Uniforme em tubos comerciais:

•Fórmula Colebrook-White (1939):


1   2,51 
= −2 log + 
14,14 
Re f
 198
 3,71D Re f 
f   D /
•Dificuldades computacionais devido ao fator f não está explícito,
embora pode ser explicitada em relação a velocidade média:

  2,51 
V = −2 2 gDJ log + 
 3,71D D 2 gDJ 
 

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Determinação do coeficiente de perda de carga:
•Cálculo explícito através da fórmula de Swamee – Jain:
1,325
f = 2
   5,74  Válida para:
ln 3,7 D + Re 0,9 
   5000  Re  108
10 −6   / D  10 − 2

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Cálculo de tubulações sob pressão:

•Fórmula Swamee (1993):


0 ,125
 8
   6

−16

 64  5,74   2500  

f =   + 9,5ln + 0,9  −    
 Re    3,7 D Re   Re   

Reproduz o diagrama de Moody atualizado e é válida


para todos os regimes do escoamento

Hidráulica
Hidráulica
Valores das rugosidades de tubos de diversos materiais:

Hidráulica
Exercícios de fixação

1. Uma tubulação de 400mm de diâmetro e 2000m de comprimento


parte de um reservatório de água cuja N.A. está na cota 90. A
velocidade média no tubo é de 1,0 m/s e carga de pressão e cota no
final da tubulação são 30m e 50m, respectivamente.

a) Calcular a perda de carga provocada pelo escoamento nesta


tubulação;
b) Determinar a altura da linha piezométrica a 800m da extremidade
da tubulação.

2. Um tubulação de PVC, de 1100m de comprimento e 100 mm de


diâmetro interliga os reservatórios R1 e R2. Os níveis de água dos
reservatórios R1 e R2 estão nas cotas 620,0 e 600,0, respectivamente.
Considerando desprezível as perdas de carga localizadas e a
temperatura da água a 20oC, calcular a vazão escoada considerando
escoamento laminar.
Hidráulica
Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Perdas de carga contínua: fórmulas práticas:

 Fórmula de Hazen-Williams:
Q1,85 •Fórmula empírica bastante utilizada, pois
h = 10,65 1,85 4,87 L
C D pode ser aplicada satisfatoriamente para
qualquer tipo de conduto e de material.
Onde: •Limites de aplicação amplos: Diâmetros
h - perda de carga de 100 a 3500 mm, velocidades de até
3m/s.
Q - vazão •Atenção: Escolher criteriosamente o
D - diâmetro coeficiente C.
C - coeficiente adimensional

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
 PRÉ –DIMENSIONAMENTO:
 Limites máximos e mínimos para a velocidade para pré-
dimensionamento de tubulações
 Baixas velocidades
 Evitar a deposição de sedimentos;
 Retenção de ar na tubulação;
 Velocidade média mínima > 0,6 m/s
 Altas velocidades
 Aumento da perda de carga
 Favorecem os fenômenos da cavitação e do golpe
de aríete
 Valores máximos da velocidade média
 Instalações Hidráulicas Prediais: NBR-5626/82
V = 14 D
 Sistemas de Abastecimento de Água: V = 0,6 + 1,5 D

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Valores do coeficiente de rugosidade C - fórmula de Hazen-Williams

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
 Fórmula de Fair-Whiple-Siao:
Q1,88 Aço galvanizado
h = 0,002021 4,88 L
D

Q1, 75 PVC rígido


h = 0,000859 4, 75 L
D
Q1, 75
h = 0,000692 4, 75 L Cobre ou Latão
D
Onde:
Q - vazão em m³/s;
D - diâmetro em m;
h - perda de carga.
Indicada para instalações domiciliares (pequenos diâmetros de até 100 mm)
Hidráulica
3. Necessita-se transportar uma vazão de 10 l/s de uma captação
em uma barragem até uma Estação de Tratamento de Água, de
forma ininterrupta. Sabendo que estes dois pontos estão
separados por 150 m de distância (comprimento da canalização)
e 30 m de desnível. Serão utilizada canalização de PVC,
pergunta-se: a) Qual o diâmetro comercial do tubo para
transportar a vazão desejada? Utilize C=140.
b) Caso fosse necessário que a água tivesse uma pressão mínima
na ETA de 10 m.c.a, qual seria o novo diâmetro?

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
4. Uma tubulação de 9 km de comprimento, 300 mm de diâmetro e
0,03 mm de rugosidade média, conduz água do reservatório R1 para o
R2, cujos níveis de água estão 235 m e 100 metros acima de um plano
de referência. Calcular a vazão escoada, admitindo-se os níveis de água
dos reservatórios constantes e a viscosidade cinemática da água igual a
1,13 . 10-6 m²/s.

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Perdas de carga localizadas

Ocorre devido à presença de conexões e peças existentes em alguns


pontos da canalização, que geram turbulência adicional e maior
dissipação de energia;
Exemplos: cotovelo, curva, tê, alargamento, redução de diâmetro,
válvulas, etc.
Importantes no caso de canalizações curtas e com muitas
singularidades (instalações prediais, rede urbana, sistemas de
bombeamento, etc.).

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Perdas de carga localizadas

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Cálculo das perdas de carga localizadas: ∆h”

 Expressão geral:


h"= K
2g
 Onde K é um coeficiente adimensional que depende da geometria da
singularidade, do nº de Reynolds e da rugosidade da parede, r obtidos
experimentalmente.
 Para valores de Re>105, , K torna-se independente de Re assumindo em
situações práticas um valor constante retirado de tabelas e gráficos

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Valores de K para singularidades segundo a expressão:

h"= K
2g

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
•Perdas de Carga Localizadas: método dos comprimentos
virtuais:
•Consiste em substituir para simples efeito de cálculo cada
acessório da instalação por comprimentos de tubos retilíneos.

V² LeV ² Le K
h" = K = f → =
2g D2 g D f

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Perdas de Carga Localizadas: método dos
comprimentos equivalentes

A perda de carga total ao longo da tubulação é calculada pelos métodos


usuais de cálculo da perda de carga contínua, considerando o
COMPRIMENTO VIRTUAL da tubulação (Lvirtual) :

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
Comprimentos equivalente em metros de canalização retilínea

Hidráulica
Exercícios propostos
1) Analisar as perdas locais no ramal de 3/4” (A-B) que abastece o chuveiro de uma
instalação predial, verificando qual a porcentagem dessas perdas em relação à perda
por atrito ao longo do ramal. Aplique o método dos comprimentos equivalentes,
considerando as seguintes perdas acidentais:
1 - Tê, saída do lado
2 - Cotovelo, 90 graus
3 - Registro de gaveta aberto
4 - Cotovelo, 90 graus
5 - Tê, passagem direta
6 - Cotovelo, 90 graus
7 - Registro de gaveta aberto
8 - Cotovelo, 90 graus

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
2. O diâmetro de uma tubulação que transporta água em regime
permanente varia gradualmente de 150mm, no ponto A, 6m acima
de um referencial, para 75mm, no ponto B, 3m acima do referencial.
A pressão no ponto A vale 103 kN/m² e a velocidade média é de 3,6
m/s. Pede-se determinar:

a) A velocidade média na seção do ponto B;


b) O valor do Nº. de Reynolds do escoamento nas seções dos
pontos A e B;
c) Determine a pressão no ponto B, sabendo que a perda de carga é
de 1,2 m.c.a.

Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
3. A instalação mostrada na figura abaixo tem 50 mm de diâmetro em
ferro fundido com leve oxidação. Os coeficientes de perdas de carga
localizadas estão listados na tabela. Determine a vazão transportada
utilizando a fórmula de Darcy-Weisbach.
Singularidade K
50,0m
Entrada e saída
1
da tubulação
Cotovelo 90º 0,9
Curvas de 45º 0,2
2,0m 45m
Registro ângulo
5
13,0m aberto
5,0 m

25m

Hidráulica
Hidráulica
Escoamento em condutos forçados
4. Uma instalação predial possui tubulações de aço
galvanizado novo, os registros de gaveta são abertos, e os
joelhos têm raio curto. A vazão que chega ao reservatório
D é 38% maior a do ponto C. Determine a vazão que sai
do reservatório A, desprezando as cargas cinéticas.
5m

3m

A
Q1,88
0,3m h = 0,002021 4,88 L
D
D
1 ½”

1,0m 1m
1 ½” 1”

6m B 6m C

Hidráulica
5. Analise as perdas locas no ramal de ¾” que abastece o
chuveiro de uma instalação predial. E verifique qual a
porcentagem dessas perdas em relação às perdas por atrito ao
longo do ramal.

0,4m 0,3 m
CH

0,5m
0,8m 1,5m

1,2m

Hidráulica

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