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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA

CAMPUS: ANGICOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
DISCIPLINA(S)/ÁREA: HIDRÁULICA

Condutos Forçados
Parte 1 – Perda contínua e localizada de carga

Prof. Osvaldo Nogueira

Angicos - RN, 11/07/2018


Programa da Disciplina

 Introdução e Princípios Básicos;


 Propriedades Físicas dos Fluidos; de Itaipu
Hidrelétrica
 Estática dos Fluidos;
 Hidrodinâmica;
 Hidrometria;
 Condutos Forçados;
 Bombas Hidráulicas; e, Manôm
etro

 Condutos Livres. mba hidrá


ulica
bo
Corte

Escada hidráulica
Considerações Iniciais
Tópicos da Aula

 Condutos forçados – considerações iniciais;


 Regimes de escoamento;
 Camada limite;
 Perfil de velocidade em condutos forçados;
 Natureza da perda de carga em condutos forçados;
 Perda contínua de carga;
 Perda localizada de carga.
Condutos Forçados – Considerações Gerais
Trata-se de todos os condutos de seção fechada, completamente
cheios de um fluido qualquer, que operam sob uma pressão
interna diferente da pressão atmosférica, ou seja, a pressão efetiva
é diferente de zero. O movimento pode se efetuar em qualquer
sentido do conduto.
Movimento ocorre devido a
energia de posição e pressão,
Z1
sendo essa última a principal
Z2
REFERÊNCIA contribuição.
Condutos Forçados – Considerações Gerais
No caso dos condutos livres, o líquido escoante apresenta
superfície livre, na qual atua a pressão atmosférica. A seção,
quando de perímetro fechado, funciona parcialmente cheia. O
movimento se faz no sentido decrescente das cotas topográficas

Movimento ocorre devido a


energia de posição.
Condutos Forçados – Considerações Gerais
Equação de Bernoulli aplicada a fluidos reais
Em condições reais, a viscosidade dá origem a tensões de cisalhamento,
levando a uma “perda” de energia (hf), que nada mais é que a transformação
de energia mecânica em calor e trabalho.
PCE PCE PCE
v12 v12 v12
LE hf1-2 LE hf1-2 LE hf1-2
2g 2g 2g
LP v 22 LP
v 22 v 22
P1 LP
P1 2g P1 P2 2g 2g

 P2  
P2
 

z2 z1
z1 z2 z1 z2

Em nível Aclive Declive

- Plano de carga efetivo (PCE): demarca a continuidade da altura da carga inicial;


- Linha piezométrica (LP): é aquela que une as extremidades das colunas piezométricas;
- Linha de energia (LE): representa a energia total do fluido. Fica acima da linha
piezométrica de uma distância correspondente à energia cinética.
Condutos Forçados – Considerações Gerais
Equação de Bernoulli aplicada a fluidos reais

Quando existem peças especiais e trechos com diâmetros diferentes, as linhas


de carga e piezométrica vão se alterar ao longo do conduto. Para traçá-las,
basta conhecer as cargas de posição, pressão e velocidade nos trechos antes e
após a singularidade presente na canalização.

LE

LP
Regimes de Escoamento
Para quantificar adequadamente a perda de carga que ocorre durante o
escoamento de um fluido em um conduto forçado, é fundamental o
conhecimento do seu regime de escoamento.
Experimento de Reynolds (1883): Demonstrou a existência de dois tipos de
escoamento: laminar e turbulento.

Em condutos forçados de são circular:

𝜌 𝑉𝐷 𝑉𝐷
𝑅𝑒= 𝑅𝑒=
𝜇 𝜐

 Re ≤ 2000: Regime Laminar;


 2000 < Re < 4000: Regime de
Transição;
 Re ≥ 4000: Regime Turbulento.
Em condutos forçados de são não-circular:
𝐴 𝑚 𝜋 𝐷2 / 4 𝐷 4 𝑉 𝑅h
𝑅 h= = = 𝑅𝑒=
𝑃𝑚 𝜋𝐷 4 𝜐
Regimes de Escoamento
Laminar: as partículas escoam sem agitações
transversais, mantendo-se em lâminas concêntricas
entre as quais não há trocas macroscópicas de
partículas. Característica: trajetória bem definida
e que não se cruzam.

Transicional: também denominado de zona de


transição ou crítica onde o escoamento do conduto
indefinido. Característica: apresenta comportamento
ora Laminar, ora Turbulento.

Turbulento: as partículas apresentam velocidades


transversais importantes, e o filete desaparece pela
diluição ocorrida no volume de água.
Característica: movimento aleatório e caótico das
partículas.
Regimes de Escoamento e Perda de Carga
Perda de carga é oferecida pelo encanamento ao escoamento??? Será???

Regime Laminar
 A resistência ao escoamento é inteiramente devida à viscosidade, uma vez
que junto a parede do tubo estabelece-se uma camada aderente
estacionária. A deformação contínua da massa fluida da camada aderente
ao centro do tubo deve-se ao atrito interno ou viscosidade.
 É o regime característico dos pequenos diâmetros, das baixas velocidades
médias e dos líquidos de alta viscosidade.

Regime Turbulento
 A resistência ao escoamento turbulento é devida ao efeito combinado da
ação das forças relativas a inércia e à viscosidade do fluido.
 É o regime característico dos grandes diâmetros, das altas velocidades
médias e dos líquidos de baixa viscosidade.

Por causa da pequena viscosidade da água e pelo fato da velocidade de escoamento


ser sempre superior a 0,4 ou 0,5 m s-1, o regime, na prática, é turbulento.
Camada Limite

Camada de fluido contígua a uma superfície sólida, onde se observa o


escoamento laminar, se estendendo desde a camada aderente estacionária até o
ponto onde o seus efeitos retardadores do movimento do fluido deixam de existir.

A espessura dessa camada


depende do Re, sendo mais
fina para valores mais
elevados de Re.

Figura. Escoamento de um fluido ao longo de uma chapa.

(a) Superfície aerodinamicamente lisa:


asperezas não se projetam além da
camada limite;
(b) Superfície rugosa: asperezas
ultrapassam a camada limite,
levando ao aumento da turbulência.
AZEVEDO NETTO et al. (1998).
Perfil de velocidade em condutos forçados

A maneira como a velocidade varia em uma dada seção transversal de uma


tubulação é função do regime de escoamento.

Regime Laminar

Em um escoamento laminar a transferência de movimento entre camadas


de escoamento é reduzida, resultando em uma distribuição da velocidade
pouco uniforme e que obedece a uma lei parabólica;
V – velocidade de escoamento;

[ ( )]
2
𝑟 Vmáx – velocidade de escoamento máxima;
𝑉 =𝑉 𝑚 á 𝑥 1−
𝑅 r – distância de interesse a partir do centro do tubo;
R – raio do tubo.
AZEVEDO NETTO et al. (1998).
Perfil de velocidade em condutos forçados

Regime Laminar

O fluido percorre uma distância grande (120 D – Peres, 2006) até que o
perfil normal seja atingido (camada limite se expande até o centro do
tubo);

Vmáx = 2. Vmédia;

A Vmédia ocorre a uma distância (r) igual a r = 0,707.R (R - raio do tubo).

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perfil de velocidade em condutos forçados

Regime Turbulento

Em um escoamento turbulento, devido ao movimento longitudinal e


transversal (movimento caótico) ocorre maior intercâmbio de movimento.
Assim a distribuição da velocidade é mais uniforme e segue uma lei
logarítmica;

( )
1/ 7
𝑟 V – velocidade de escoamento;
𝑉 =𝑉 𝑚 á 𝑥 1− Vmáx – velocidade de escoamento máxima;
𝑅
r – distância de interesse a partir do centro do tubo;
R – raio do tubo.

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perfil de velocidade em condutos forçados

Regime Turbulento

O fluido percorre uma pequena distância da entrada (60 D – Peres, 2006)


até que o perfil normal seja atingido (camada limite atinge uma espessura
constante após aumento da camada turbulenta);

Vmáx = 1,224 . Vmédia;

A Vmédia ocorre a uma distância (r) igual a r = 0,758.R (R - raio do tubo).

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Natureza da perda de carga em condutos forçados

A perda de carga, ou de energia, que ocorre durante o escoamento de fluido


em um conduto, pode ser dividida em: perda contínua de carga e perda
localizada de carga.
 A perda contínua de carga ocorre ao longo de uma tubulação retilínea e
uniforme, estando o escoamento plenamente desenvolvido e estabilizado.
 A perda localizada de carga, também chamadas de acidentais, é provocada
por peças especiais (curvas, válvulas, cotovelos, reduções) e demais
singularidades de uma instalação.
Determinação da perda de carga
 Bernoulli:

Perda de carga num conduto entre duas seções:

2 2
𝑝1 𝑉 1❑ 𝑝 2 𝑉 2❑
+ + 𝑧1 = + + 𝑧 2 + h𝑓 1− 2
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

Se o movimento for uniforme (V1 = V2):


𝑝1 𝑝2
+ 𝑧1 = ++ 𝑧 2+ h𝑓 1 −2
𝛾 𝛾

Se a seção do conduto for constante:


J – perda de carga unitária m m-1;
h𝑓 hf – perda de carga total, mcf; e,
𝐽=
𝐿 L – distância entre dois pontos, m.

Deve-se determinar a perda de carga antes de se instalar as tubulações. Para isto foram
desenvolvidas diversas fórmulas empíricas específicas para determinadas situações.
Perda contínua de carga
1. Expressão Geral:
Desde o século XVIII hidráulicos vem estudando a perda de carga nas
canalizações. As dificuldades na análise analítica levaram a investigações
empíricas. Após um longo estudo, Darcy e outros investigadores, com tubos
de seção circular, concluiu-se que a resistência ao escoamento da água é:
 Diretamente proporcional ao comprimento da canalização;
 Diretamente proporcional a uma potência da velocidade média;
 Inversamente proporcional a uma potência do diâmetro do conduto;
 Função da natureza das paredes, no caso do regime turbulento;
 Independente da pressão sob a qual o líquido escoa; e,
 Independente da posição da tubulação e do sentido de escoamento.

𝑚
hf – perda de carga, m; L e D – comprimento e diâmetro
𝐿𝑉 do tubo, m; V – velocidade média, m s-1; k – coeficiente
h 𝑓 =𝑘 𝑛
𝐷 que considera características do fluido e do conduto, adm;
m e n – potências (teórica ou empiricamente).
Perda contínua de carga
2. Equação de Hagen-Poiseuille (1839-1840):

Aplicada aos escoamentos laminares (Re ≤ 2000), podendo ser destacado os


seguintes pontos importantes:

 A perda de carga independe da rugosidade superficial do conduto;


 A perda de carga é diretamente proporcional à viscosidade do fluido;
 A perda de carga é inversamente proporcional ao quadrado do
diâmetro do conduto.
hf – perda de carga, mcf; L e D – comprimento e
𝜇 𝐿𝑉 𝜐 𝐿𝑄 diâmetro do tubo, m; V – velocidade média, m s-1;
h 𝑓 =32 2 h 𝑓 =128 4 μ – viscosidade dinâmica, N s m-2; υ – viscosidade
𝛾𝐷 𝜋 𝑔𝐷 cinemática, m2 s-1; γ – peso específico, N m-3; g
– aceleração da gravidade, m s-2.

Como o fluxo laminar se procede em escoamentos com vazão e diâmetros reduzidos,


esta equação é aplicada na modelagem do movimento de água no espaço poroso do
solo, no estudo da ascensão da seiva no xilema das plantas, como também, no
dimensionamento dos emissores de longo percurso para a microirrigação.
Perda contínua de carga
Exemplo 1: Por uma tubulação de 60 mm de diâmetro está sendo
bombeado 8,5 m3 h-1 de glicerina à temperatura de 20 °C (ρ = 1258 kg m-3;
μ = 1,49 N s m-2). Sabendo-se que, a distância entre os pontos A e B é de 30
m e que as pressão relativas a esses pontos, são respectivamente, 2,0 e 3,8
atm, pede-se:

a) Verificar o regime de escoamento;


b) O sentido do escoamento;
c) A perda de carga entre os pontos A e B da tubulação.

PERES (2006).
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Equação teórica deduzida por meio da aplicação da análise dimensional.
Essa equação pode ser aplicada nos seguintes casos:

 Qualquer regime de escoamento;  Qualquer temperatura do líquido; e,


 Qualquer diâmetro da canalização;  Qualquer material de canalização
 Qualquer líquido;

2 2 2
𝐿𝑉 8 𝑓𝐿 𝑄 h𝑓 8𝑓𝑄
h𝑓=𝑓 h𝑓= 2 𝐽= 𝐽= 2 5
𝐷2𝑔 𝜋 𝑔𝐷
5
𝐿 𝜋 𝑔𝐷

hf – perda de carga, mcf; f – coeficiente de atrito, adm; L e D – comprimento e


diâmetro do tubo, m; V – velocidade média do escoamento, m s -1; Q – vazão, m3 s-1;
J – perda de carga unitária, mcf m-1; g – aceleração da gravidade, m s-2.
Perda de carga contínua
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
O coeficiente de atrito (f) é função do número de Reynolds (Re) e da
rugosidade relativa (e/D) do conduto.

a) Rugosidade Absoluta (e): é a altura média das asperezas da parede


interna de um conduto (medida pelo rugosímetro);
b) Rugosidade Equivalente: obtido pela equação universal, correspondente
a um valor de f, aplicando-se a equação no sentido inverso;
c) Rugosidade Relativa (e/D): é a razão entre a rugosidade absoluta do
conduto e o seu diâmetro interno.

Ao se adotar um valor médio de


e, considera-se a rugosidade do
tubo uniforme.

PERES (2006).
Perda contínua de carga
Tabela. Rugosidade absoluta (m) de tubos de diferentes materiais.
Material Tubos Novos Tubos Velhos
Aço galvanizado 0,00015 a 0,00020 0,0046
Aço rebitado 0,0010 a 0,0030 0,0060
Aço revestido 0,0004 0,0005 a 0,0012
Aço soldado 0,00004 a 0,00006 0,0024
Chumbo lisos lisos
Cimento-amianto 0,000025
Cobre ou latão lisos lisos
Concreto bem acabado 0,0003 a 0,0010
Concreto ordinário 0,0010 a 0,0020
Ferro forjado 0,0004 a 0,0006 0,0024
Ferro fundido 0,00025 a 0,00050 0,0030 a 0,0050
Ferro fundido com revest. asfáltico 0,00012 0,0021
Madeira em aduelas 0,0002 a 0,0010
Manilhas cerâmicas 0,0006 0,0030
Vidro lisos** lisos**
Plástico lisos lisos
* Para tubos lisos, o valor é de 0,00001 ou menos; **Corresponde aos maiores valores de e/D.
AZEVEDO NETTO et al. (1998).
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f

Regime Laminar: O coeficiente de atrito (f) é função do número de


Reynolds (Re), sendo independente da natureza do conduto.

𝜐 𝐿𝑄 𝜋 𝐷2 2
𝜐 𝐿𝜋 𝐷 𝑉
h 𝑓 =128 4 𝑄= 𝐴𝑉 = 𝑉 h 𝑓 =128
𝜋 𝑔𝐷 4 4 𝜋 𝑔𝐷
4

64 𝜐 𝐿𝑉
h𝑓= 2
2 𝑔𝐷
2
64 𝜐 𝐿𝑉
h𝑓=
𝐷𝑉 𝐷 2 𝑔
64 𝜐 64
𝑓= 𝑓=
𝐷𝑉 𝑅𝑒
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f

Regime Turbulento: Necessita-se identificar se o tubo é hidraulicamente


liso, rugosos (completamente turbulento), ou de parede intermediária.

 Escoamento turbulento de parede lisa (104  Re  3,6 106): Um tubo é


considerado hidraulicamente liso quando sua rugosidade absoluta (e) for
menor do que a espessura da camada limite (δ). Nessa região, f depende
de Re e independe de e/D.
δ

e
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f

 Escoamento turbulento de parede lisa (104  Re  3,6 106

Fórmula de Karman-Prandtl (1930) estabeleceu uma equação teórica


relacionando os valores de f e Re para tubos lisos.

1 Valida para qualquer valor de


=2 log ( 𝑅𝑒 √ 𝑓 ) − 0 , 8 Re compreendido entre os
√𝑓 valores críticos.

Blasius apresentou uma equação simplificada aplicada para tubos lisos


para o intervalo de 4000 ≤ Re ˂ 100000.

−0 , 25
𝑓 =0,3164 𝑅𝑒
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f
 Escoamento turbulento de parede rugosa ou francamente
turbulento: Um tubo é considerado hidraulicamente rugoso quando sua
rugosidade absoluta (e) for maior do que a espessura da camada limite
(δ). Nesse caso, f é função da e/D e independe de Re.
δ

Fórmula de Karman-Prandtl aplicada para determinar f para o caso de


regime turbulento completo é apresentada abaixo.

1 𝑒
=1 ,14 −2 𝑙𝑜𝑔
√𝑓 𝐷
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f
 Escoamento turbulento de parede intermediária (14 < e/D Re f 1/2 < 200):
Situa-se na transição entre o tubo hidraulicamente liso e o tubo
hidraulicamente rugoso. Nessa zona de transição, f é função tanto do Re
como da e/D. Assim, utiliza-se a fórmula completa de Colebrooke-White
(1938).
1
√𝑓
=−2 𝑙𝑜𝑔 ( 𝑒
+
2 ,51
3 ,7 𝐷 𝑅𝑒 √ 𝑓 )
Essa equação tende para a equação de tubo liso quando “e/3,7D” torna-
se muito pequeno, assim como, tende para equação de tubo de parede
rugosa quando se reduz o valor de “2,51/Re(f)1/2”.
Assim, a equação acima é válida em todo domínio de escoamento
turbulento.
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f
 Equação de Swamee-Jain (1976): Fornece valores de f próximos aos
obtidos pela equação de Colebrooke-White. Segundo Peres (2006) os
resultados diferem de ± 1%, quando se considera e/D variando dentro da
faixa de 0,01 a 0,00001 e o Re entre 5.103 e 5.108, ou seja, cobrindo todo o
domínio do escoamento turbulento.
0 , 25
𝑓=

[ ( )]
2
5 ,74 0 , 27 𝑒
𝑙𝑜𝑔 +
𝑅𝑒
0,9
𝐷

Da mesma maneira que a equação de Colebrooke-White, a fórmula de


Swamee-Jain tende para a equação de tubo hidraulicamente liso ou
rugoso, sendo aplicada para em todo escoamento turbulento.
Na aplicação dessa equação não é necessário cálculos iterativos.
Perda contínua de carga
Critérios para separação dos tubos de parede lisa, rugosa ou intermediária
 Condição básica: 𝑅𝑒≥ 4.000
Espessura da Camada limite (Prandtl)
32 ,5 𝐷
𝛿=
 Condições definidoras: 𝑅𝑒 √ 𝑓
1
Tubo hidraulicamente liso 𝑒< 𝛿
3
Tubo hidraulicamente rugoso 1
𝛿 ≤𝑒 ≤ 8 𝛿
3
Tubo hidraulicamente intermediário 𝑒 >8 𝛿

Segundo DENICULI (1993):


𝑒
0, 9
Tubo hidraulicamente liso 𝑅𝑒 ≤31
𝐷
0, 9 𝑒
Tubo hidraulicamente rugoso 𝑅𝑒 ≥ 448
𝐷
0, 9 𝑒
Tubo hidraulicamente intermediário 31< 𝑅𝑒 < 448
𝐷
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Determinação do coeficiente f

 Diagrama de Moody: É a representação gráfica da expressão de Hagen-


Poiseiulle e da fórmula de Colebrooke-White. Nesse gráfico logarítmico o
f é apresentado em função do Re e da e/D. Pode ser aplicado tanto no
regime laminar como no turbulento, e para qualquer líquido.

 Diagrama de Rouse: É um gráfico logarítmico o f é apresentado em


função do Re ou Re(f)0,5 e o inverso da e/D (ou seja, D/e). Pode ser
aplicado tanto no regime laminar como no turbulento, e para qualquer
líquido.
f=64
/Re

f = f (e/D;
Re)
f = f (e/D)

?
Valores de D/e aparecem como uma
família de curvas denominada de
Harpa de Nikuradse.
Perda contínua de carga
3. Equação de Darcy-Weisbach (Equação
Universal):
Aplicado a condutos não circulares
A equação de Darcy-Weisbach também pode ser aplicada para o
dimensionamento de condutos de seção não circular. Ou ainda, no caso dos
condutos livres quando não estejam em condição de fluxo turbulento
completo (aplicado para determinação da velocidade média de escoamento).
Para tanto, deve-se substituir D por 4 Rh. Assim, segue as equações
utilizadas abaixo.

4 𝜌 𝑉 𝑅h 4 𝑉 𝑅h
𝑅𝑒= ∴𝑅𝑒= 𝜐
𝜇
2
𝐿𝑉
h𝑓=𝑓
4 𝑅h2 𝑔 O mesmo vale
para a equação de
𝑒 Hazen-Williams
𝑟𝑢𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎=
4 𝑅h (a seguir).
Perda contínua de carga
4. Equação de Hazen-Williams (Allen Hazen e Gardner S. Williams, 1903):

Equação empírica que resultou da análise estatística cuidadosa, no qual foi


considerado milhares de dados experimentais disponíveis, obtidos por mais
de 30 pesquisadores, bem como, dados observados pelos próprios autores.
Essa equação tem grande aceitação, devido ao amplo uso e às confirmações
experimentais. Ela pode ser aplicada nos seguintes casos:

 Regime de escoamento turbulento;  Água a temperatura ambiente


 Diâmetros internos da canalização (20 °C); e,
variando de 50 a 3500 mm;  Qualquer tipo de conduto e
material.
0 , 63 0 ,54
𝐿𝑉 1,852
h 𝑓 =6,807 1,852 1,167
𝑄 1,852
h 𝑓 =10 , 65 1,852 4 ,87 𝐿
𝑉 =0,355 𝐶 𝐷 𝐽
2 , 63 0 ,54
𝐶 𝐷 𝐶 𝐷 𝑄=0,279 𝐶 𝐷 𝐽
hf – perda de carga, mca; C – coeficiente de rugosidade, adm; L e D – comprimento
e diâmetro do tubo, m; V – velocidade média do escoamento, m s-1; Q – vazão, m3 s-
1
; J – perda de carga unitária, mca m-1.
Perda contínua de carga
4. Equação de Hazen-Williams (Allen Hazen e Gardner S. Williams, 1903):

Determinação do coeficiente C
O coeficiente de rugosidade dos tubos depende do material e do estado de
conservação das paredes.
TIPO DE CONDUTO NOVOS USADOS USADOS
(+ 10 ANOS) (+ 20 ANOS)
Aço corrugado (chapa ondulada) 60 --- ---
Aço galvanizado roscado 125 100 ---
Aço rebitado, novo 110 90 80
Aço soldado, comum (revestimento betuminoso) 125 110 90
Aço soldado revestimento epóxico 140 130 115
Chumbo 130 120 120
Cimento-amianto 140 130 120
Cobre 140 135 130
Concreto, com bom acabamento 130 --- ---
Concreto, com acabamento comum 130 120 110
Ferro fundido, com revestimento epóxico 140 130 120
Ferro fundido, com revestimento de argamassa de cimento 130 120 105
Grés cerâmico, vidrado (manilhas) 110 110 110
Latão 130 130 130
Madeira, em aduelas 120 120 110
Tijolos, condutos bem executados 100 95 90
Vidro 140 --- ---
Plástico (PVC) 140 135 130

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda contínua de carga
Determinação do coeficiente C
Os condutos de ferro fundido ou de aço estão sujeitos a fenômenos de
natureza química relativos aos minerais presentes na água. Essas condições se
agravam com o tempo de utilização.

Sua escolha deve ser criteriosa, pois pode levar a erros de avaliação
apreciáveis.
Perda contínua de carga
Determinação do coeficiente C
No caso de tubulações metálicas:
 Segundo Peres (2006) pode-se admitir que C diminui de 5 a 10
unidades para cada 5 anos de uso;
 Na seleção do coeficiente C deve-se prever a vida útil que se espera da
canalização (AZEVEDO NETTO et al., 1998).

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda contínua de carga
4. Equação de Flamant (1892):

Equação empírica recomendada para o dimensionamento de condutos de


pequeno diâmetro. Ela pode ser aplicada nos seguintes casos:

 Regime de escoamento turbulento;  Água a temperatura ambiente


 Diâmetros internos da canalização (20 °C); e,
˂ 50 mm;  Diversos tipos de material.

0 , 4 53 0,714 0 ,57
𝑉= 0 , 57
𝐷 𝐽
𝐿𝑉
175
𝐿𝑄
1 , 75 𝑏
h 𝑓 =4 𝑏 1 ,25
h 𝑓 =6,107 𝑏 4 , 75 0 , 35 6 2,714 0 ,57
𝐷 𝐷 𝑄= 0 ,57 𝐷 𝐽
𝑏

hf – perda de carga, mca; b – coeficiente de rugosidade, adm; L e D – comprimento e


diâmetro do tubo, m; V – velocidade média do escoamento, m s -1; Q – vazão, m3 s-1;
J – perda de carga unitária, mca m-1.
Perda contínua de carga
4. Equação de Flamant (1892):
Material b
Tubos de ferro ou aço novos 0,000185
Tubos de ferro ou aço usados 0,000230
Tubos de chumbo 0,000140
Tubos de cobre 0,000130
Tubos de cimento amianto 0,000155 Fonte: AZEVEDO
NETTO et al. (1998);
Tubos de PVC e de polietileno (PE) 0,000135 NEVES (1989).

5. Equações de Fair-Wipple-Hsiao (1930):


Equação empírica recomendada para o dimensionamento de condutos de
pequeno diâmetro. Ela pode ser aplicada nos seguintes casos:
 Regime de escoamento turbulento;  Água quente ou fria; e,
 Diâmetros internos da canalização  Diversos tipos de material
˂ 50 mm; (equações específicas).
Perda contínua de carga

5. Equações de Fair-Wipple-Hsiao (1930):

1 ,88
𝑄
a) Tubos de aço galvanizado e água fria: 𝐽 =0,002021 4 ,88
𝐷

1, 75
𝑄
b) Tubos de cobre ou latão e água fria: 𝐽 =0,000874 4 , 75
𝐷

1, 75
𝑄
c) Tubos de cobre ou latão e água quente: 𝐽 =0,000704 4 , 75
𝐷

Recomendados pela norma brasileira de instalações prediais.

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda localizada de carga

Nas canalizações, qualquer elemento ou dispositivo que venha a causar ou


elevar a turbulência, mudar a direção ou alterar a velocidade de um fluído é
responsável por uma perda adicional de energia à perda contínua de carga.

Peças especiais, tais como: curvas


registros, luvas, cotovelos, tês de
derivação, válvula de retenção,
filtros, dentre outros;
Singularidades, tais como: entrada e
saída da tubulação, alargamento ou
estreitamento de seções, entre outras.
Perda localizada de carga

 Pode-se desconsiderar a contribuição da perda localizada de carga


quando: a) o comprimento da canalização é ≥ 1000D e existem poucas
peças especiais; e, b) quando a velocidade média de escoamento é < 1
m s-1 (AZEVEDO NETTO et al., 1998);

 Em tubulações curta, com grande número de peças especiais, assim


como em escoamento com velocidades elevadas é importante
considerar tais perdas. Como exemplo, tem-se as instalações prediais e
industriais, estações elevatórias, condutos forçados de usinas
hidrelétricas e sistema de microirrigação;

 No projeto, as perdas localizadas devem ser somadas à contínua.


Considerar ou não as perdas localizadas é uma atitude que o projetista
irá tomar, em face das condições locais e da experiência do mesmo.
Perda localizada de carga
1. Expressão geral das perdas localizadas :

A expressão que calcula as perdas partiu do teorema de Borda-Bélanger, em


homenagem a Borda, que deduziu essa expressão (1766), e a Bélanger, que
retomou esses estudos e expôs a sua teoria (1840).

hf LOC – perda localizada de carga, mcf;


2 k – coeficiente apropriado para cada tipo de
𝑉
h 𝑓 𝐿𝑜𝑐 =𝑘 peça especial ou singularidade, adm;
2𝑔 V – velocidade média do escoamento, m s-1;
g – aceleração da gravidade, m s-2.

O coeficiente k é obtido experimentalmente, visto que seu tratamento


analítico é complexo.
O valor de k é praticamente constante para valores de Re > 50.000
(escoamento plenamente turbulento), depende apenas do tipo de peça.
Perda localizada de carga

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda localizada de carga

Entrada de
canalização

Borda: k=1 Normal: k=0,5 Sino: k=0,05 Redução: k=0,05

Saída de
canalização
K entre 0,9 e 1 K=1

Curvas de 90 °

Válvula
gaveta
D
Perda localizada de carga
2. Método dos comprimentos virtuais :

Consiste em adicionar à extensão da canalização, um comprimento


equivalente (comprimento virtual), o qual corresponda em perda contínua de
carga às perdas localizadas de carga provocadas pela totalidade de peças
especiais e singularidades existentes na canalização.
Cada peça especial ou singularidade corresponde a um certo comprimento
fictício adicional.
Registro
gaveta

𝐿𝑉 = 𝐿+ 𝐿 𝑓
Perda localizada de carga
2. Método dos comprimentos virtuais :

Pode-se obter o comprimento virtual da tubulação que corresponde a perda


contínua equivalente a perda local, igualando-se:

Perda contínua de carga Perda localizada de carga


2 2
𝐿𝑉 𝑉
h𝑓=𝑓
𝐷2𝑔 ¿ h 𝑓 𝐿𝑜𝑐 =𝑘
2𝑔

2 2
𝐿𝑉 𝑉
𝑓 =𝑘
𝐷2𝑔 2𝑔
𝑘
Simplificando: 𝐿= 𝐷
𝑓

O comprimento virtual é que deve ser utilizado na equação de perda


contínua de carga, fornecendo a perda de energia total.
Perda localizada de carga
Para tubulações de ferro e aço, com aproximação aceitável para cobre e latão

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda localizada de carga
Para tubulações de PVC rígido

AZEVEDO NETTO et al. (1998).


Perda localizada de carga
3. Método dos diâmetros equivalentes :

Trata-se de uma particularidade do método anterior. Pela equação de


comprimento virtual observa-se que a razão k/f é dependente do número de
Reynolds. Porém, para o regime plenamente turbulento essa razão fica
constante e passa a depender somente da rugosidade da tubulação.

𝑘
𝐿= 𝐷
𝑓
Como as perdas localizadas são pequenas em relação às contínuas, na
prática considera-se k/f constante. Assim, tem-se:

𝑘 𝑘 n expressa o comprimento
𝐿= 𝐷 ∴ =𝑛 ( 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ) ∴ 𝐿=𝑛𝐷 fictício de cada peça em
𝑓 𝑓 números de diâmetros.
Perda localizada de carga

Tabela. Diâmetros equivalentes das principais peças especiais.

TIPO DA PEÇA N DE DIÂMETROS


Ampliação gradual 12
Curva de 90 30
Curva de 45 15
Entrada normal 17
Entrada de Borda 35
Junção 30
Redução gradual 6
Registro de gaveta, aberto 8
Registro de globo, aberto 350
Saída de canalização 35
Tê, passagem direta 20
Tê, saída bilateral 65
Válvula de pé com crivo 250
Válvula de retenção 100
AZEVEDO NETTO et al. (1998).
Perda localizada de carga
Considerações práticas:
 A existência de peças especiais, bem como o seu número, além do material
constituinte da tubulação deverá ser de conhecimento prévio do projetista. Nos
problemas práticos, a vazão Q é quase sempre um elemento conhecido.
Normalmente o D é a variável desconhecida;
 O D deve ser minimizado, pois reflete diretamente nos custos da canalização.
Por outro lado, se o escoamento não é por gravidade, um menor diâmetro
provocará uma maior perda de carga que implicará em um maior consumo de
energia (bombas menos potentes);
 A perda de carga pode ser um recurso útil para reduzir a pressão em situações
especiais;
 Valores práticos de velocidade média são recomendados e podem orientar o
projetista na definição do melhor diâmetro:

Água com material em suspensão: V > 0,6 m s-1;


Instalações de recalque: 0,6 m s-1 < V < 2,5 m s-1;
(mais usual = 1 m s-1 < V < 2 m s-1).
Perda localizada de carga
Exemplo 9: Calcule o desnível Δz do esquema abaixo, contabilizando a
perda localizada de carga pelo método dos coeficientes e pelo método dos
comprimentos virtuais.

(1)

Δz

(2)
2m

1m
1m
2,5 m

Dados:
2m

- Tubulação de aço galvanizado;


- b (Flamant) = 0,000185;
1,5 m - Diâmetro interno = 19 mm;
- Q = 0,55 L s-1.
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim
decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou
lutar; porque descobri no caminho incerto da vida,
que o mais importante é o decidir ”

Cora Coralina

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