Você está na página 1de 58

HIDRÁULICA

Prof. Walter P Vianna Jr


Instituto Federal de Alagoas
Campus Maceió

AULA 2
Escoamento nos condutos forçados
Índice da apresentação
• Escoamento em condutos forçados

• Definições gerais

• Perda de Carga
– Perda de carga linear ou distribuída
– Perda de carga localizada ou singular ou nos acessórios
– Método da perda de carga virtual

3/57
Introdução
HIDRÁULICA – ESCOAMENTO NOS CONDUTOS FORÇADOS

O escoamento em condutos forçados é definido basicamente por


dois fatores principais: a pressão interna do fluido é diferente da
pressão atmosférica e as seções transversais são completamente
preenchidas pelo fluido.

Conduto forçado Superfície livre

4/57
Introdução

Por outro lado existem os condutos livres, que apresentam pressão


atmosférica em qualquer ponto de sua superfície livre. Nos casos
limites, o conduto livre está totalmente cheio e funciona sempre por
gravidade.

Patm

Conduto livre Conduto livre


(Superfície livre) (pressão atmosférica)
5/57
Introdução

São considerados como condutos forçados:

➢ Encanamentos;

➢ Canalizações ou tubulações sob pressão;

➢ Canalizações ou tubulações de recalque;

➢ Canalizações ou tubulações de sucção;

➢ Sifões verdadeiros;

➢ Sifões invertidos;

6/57
Introdução

São considerados como condutos livres:

➢ Rios e curso de águas naturais

➢ Coletores de esgoto;

➢ Interceptadores de esgoto;

➢ Canaletas, calhas;
São projetados com declividades
➢ Drenos e galerias. preestabelecidas, o que requer um
nivelamento adequado em seu
projeto.

7/57
Introdução
Diferença entre tubo, cano e tubulação

Tubo: Peça quase sempre cilíndrica que, de um modo geral, possui


diâmetros grandes.

Cano: Peça quase sempre cilíndrica que, de um modo geral, possui


diâmetros pequenos.

Tubulação: É um conjunto constituído de diversos tubos (ou peças)


ou por um tubo contínuo. Pode designar um trecho de um aqueduto
pronto e acabado.

8/57
Introdução
ÁREA MOLHADA E PERÍMETRO MOLHADO
A área molhada corresponde à área útil de conduto ocupada pelo
escoamento. Já o perímetro molhado é a linha que separa a área
molhada das paredes do conduto, excetuando-se a superfície livre
das águas.

D D

9/57
Introdução
RAIO HIDRÁULICO OU RAIO MÉDIO

Geometria da Seção AMOL PMOL RH


Circular (100% cheio) 3,14 R2 6,28 R 0,50R
Circular (50% cheio) 1,57 R2 3,14 R 0,50R
Quadrada L2 4L L/4
Retangular ab 2(a+b) (ab)/(2(a+b))

10/57
Introdução
DIÂMETRO HIDRÁULICO

11/57
Introdução
NÚMERO DE REYNOLDS – LAMINAR E TURBULENTO

Número de Reynolds (Re)

Para seções circulares:

ρ: massa específica do fluido (kg/m3)


v: velocidade média do escoamento (m/s)
D: diâmetro da canalização (m)
μ: viscosidade dinâmica (N.S/m2)
ϑ: viscosidade cinemática (m2/s)

12/57
Introdução
NÚMERO DE REYNOLDS – LAMINAR E TURBULENTO

Número de Reynolds (Re)

Para seções não circulares:

ρ: massa específica do fluido


v: velocidade média do escoamento
L: comprimento representativo do escoamento
μ: viscosidade dinâmica

13/57
Introdução
NÚMERO DE REYNOLDS – SIGNIFICADO FÍSICO

Número de Reynolds (Re)

Forças viscosas são dominantes Combinação de forças viscosas e de inércia

14/57
Introdução
PERFIL DE VELOCIDADES EM UM CONDUTO FORÇADO
Pela condição de não deslizamento (no-slip condition), o fluido que tem
contato direto com as paredes do conduto assumem a velocidade das
mesmas (muitas vezes consideradas relativamente paradas). A medida que o
escoamento se afasta da parede, sua presença é cada vez menos sentida e,
portanto, a velocidade do fluido aumenta. Como o perfil de velocidades é
simétrico, por se tratar de um tubo circular completamente preenchido,
haverá um valor máximo da velocidade no centro do tubo.

2D: parábola
3D: parabolóide de revolução
15/57
Introdução
PERDAS DE CARGA
Ao considerar o fluido como sendo ideal, os efeitos viscosos do escoamento,
são considerados. Como consequência direta desta condição, parte da
energia inicial do escoamento se dissipa em forma de calor devido ao atrito
do fluido com as paredes da tubulação.

Legenda:
Perda de carga distribuída
Perda de carga localizada

16/57
Introdução
PERDAS DE CARGA
A. Distribuída: Originada uniformemente ao longo da tubulação devido à
fricção do fluido com as paredes do reservatório.

B. Localizada: Ocasionadas por acessórios como válvulas, joelhos, entradas,


mudanças na área da seção etc.

Legenda:
Perda de carga distribuída
Perda de carga localizada

17/57
Introdução
PERDAS DE CARGA

Referência

18/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Experimento de Darcy

Potência da velocidade
Natureza das paredes
(rugosidade)
Potência do diâmetro

Comprimento da
Razão entre viscosidade e
canalização
massa específica
(propriedades do fluido)

19/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Experimento de Darcy
Fazendo (m = P + 1) e criando uma nova variável k, podemos simplificar a
equação da seguinte maneira:

Variável auxiliar k

20/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Experimento de Darcy
Reescrevendo a equação, temos:

Perda de carga
unitária (J)

Ou apenas:

21/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Fórmula de Darcy-Weisbach ou Universal

f: coeficiente de atrito (-)


L: comprimento da tubulação (m)
v: velocidade média do escoamento (m/s)
D: diâmetro da tubulação (m)
g: aceleração da gravidade (m/s2)

22/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Limitações da Fórmula de Darcy-Weisbach

A. Velocidade em regime turbulento: A potência da velocidade para


escoamento turbulento varia entre 1,75 à 2.

B. Diâmetro: De acordo com experimentos, a potência do diâmetro é


aproximadamente 5,25 e não 5 como demonstra a fórmula.

C. Coeficiente de atrito: O coeficiente de atrito é uma função da rugosidade


do tubo, da viscosidade e da massa específica do fluido, da velocidade do
escoamento, do diâmetro da tubulação.

Os itens A e B acabam sendo corrigidos dentro do valor do coeficiente de atrito,


que por sua vez é obtido por meio de tabelas e gráficos.

23/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

A) Escoamento Laminar Inteiramente Desenvolvido

B) Escoamento Turbulento Inteiramente Desenvolvido


A perda de carga além de ser função do diâmetro, da velocidade
e do comprimento do tubo é também função da rugosidade do
material da tubulação e da natureza da fluido.

24/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

25/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

26/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Utilização do Diagrama de Moody-Rouse

A) Cálculo do nº de Reynolds
B) Determinação da rugosidade relativa e/D ou DH/K (tipo de material da
tubulação e o diâmetro).
C) Entrar com os valores encontrados nos itens A e B no gráfico para
determinar o fator de atrito.

27/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

28/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Expressões Analíticas para o cálculo do fator de atrito:


➢ Colebrook-White :

1 æ e D 2,51 ö
= -2,0log ç + ÷
f 0,5 è 3,7 Re f ø
0,5

-2
éæ e D 5,74 öù
Utilizando para a estimativa inicial: f 0 = 0,25log êç + 0,9 ÷ú
ëè 3,7 Re øû
➢ Blasius
Indicada para escoamento turbulento em tubos lisos:

0,316
f =
Re0,25

29/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

➢ Rugosidade dos tubos

Alguns fatores devem ser levados em consideração quando avalia-se à


rugosidade dos tubos, tais como:

• Natureza do material

• Processo de fabricação e tratamentos térmicos empregados

• Comprimento e juntas da tubulação

• Modo de assentamento da tubulação

• Estado de conservação e/ou manutenção dos tubos

• Presença de revestimento ou medidas protetoras

30/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

➢ Fatores que alteram à rugosidade dos tubos

31/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

➢ Envelhecimento dos tubos

Capacidade das canalizações (%Q)


Tempo de uso Φ = 4” Φ = 10” Φ = 30”
0 100 100 100
10 anos 81 57 87
30 anos 57 65 69
50 anos 43 54 59

32/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Fórmula de Hazen-Williams

É aplicável à escoamento de água com temperatura ambiente, em


tubulações com superior à 2 pol. e em regime turbulento.

hf: perda de carga distribuída


Q: vazão volumétrica
C: coeficiente que leva em conta a natureza das paredes
D: diâmetro da tubulação
L: comprimento da tubulação

33/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Fórmula de Hazen-Williams

34/57
Introdução
PERDA DE CARGA - DISTRIBUÍDA

Fórmula de Flamant

É aplicável à escoamento de água com temperatura ambiente, em


tubulações com diâmetro entre 12,5 e 100 mm.

Flamant

hf: perda de carga distribuída


Q: vazão volumétrica
Ke: coeficiente que leva em conta a natureza das paredes
D: diâmetro da tubulação
L: comprimento da tubulação

Valores para Ke:

35/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

A1 A2
V1 V2
P1 P2

Na parte inicial do alargamento


há formação de turbulência
que absorve parte da energia

36/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

A1 A2
V1 V2
P1 P2

Partindo da equação de Bernoulli, temos:

Isolando a perda de carga:

37/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

A1 A2
V1 V2
P1 P2

Levando em consideração a conservação do momento linear, pode-se


efetuar o balanço:

Variação da Impulso das forças


quantidade de (da direita para
movimento esquerda)

38/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

Variação da Impulso das forças


quantidade de (da direita para
movimento esquerda

O balanço pode ser deduzido a partir do Teorema de impulso -


Quantidade de movimento, desde que considerado por unidade de
tempo: F.t = Δ(m.v)

39/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

A vazão que escoa no sistema pode ser dada por: Q = A2*V2

40/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

Substituindo uma expressão na outra, temos:

Teorema de
Borda-Bélanger

41/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

A) Perda de carga devido ao alargamento brusco da seção

Teorema de
Borda-Bélanger

“Em qualquer alargamento brusco de seção, há uma perda de


carga local medida pela altura cinética correspondente à perda
de velocidade”

A1 A2
V1 V2
P1 P2

42/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

B) Expressão geral das perdas de carga localizadas

Equação da continuidade

Substituindo na equação de Borda-Bélanger, temos:

43/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

B) Expressão geral das perdas de carga localizadas

K Coeficiente experimental para cada singularidade

O valor de K é aproximadamente constante para valores


Re>50000. Portanto, este valor pode ser usado nos casos em
que o escoamento seja turbulento.

44/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

B) Expressão geral das perdas de carga localizadas

45/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

C) Perda de carga na entrada de uma canalização

A perda de carga na saída de um reservatório para a entrada na tubulação


depende da suavidade (ou não) desta mudança.

Alguns sistemas podem ser vistos na figura a seguir:

K=1 K = 0,5 K = 0,10 K = 0,05

Reentrante Normal Com peça Forma de


ou de adicional sino
borda de redução
46/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

D) Perda de carga na saída de uma canalização

Alargamento Descarga ao ar
de seção livre

0,9 ≤ K ≤ 1 K=1

47/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

E) Perda de carga em curvas

Relação raio de curvatura (R) e desenvolvimento (D)


R/D 1,0 1,5 2,0 4,0 6,0 8,0
K 0,48 0,36 0,27 0,21 0,27 0,36

Relação ótima

F) Perda em válvulas gavetas

48/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

G) Perda de carga em válvula borboleta

49/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

H) Perda de carga em tês e junções

50/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

MÉTODO DOS COMPRIMENTOS VIRTUAIS

É um método capaz de realizar a equivalência entre a perda de carga


gerada por uma singularidade em função de um comprimento de
tubulação hipotético.

Distribuída Localizada

51/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

MÉTODO DOS COMPRIMENTOS VIRTUAIS

52/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

MÉTODO DOS COMPRIMENTOS VIRTUAIS

53/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

Dimensionamento de instalações – Velocidades Máximas

Água com material em suspensão V > 0,60 m/s

Água bombeada em instalações de 0,55 < V < 2,4 m/s


recalque

voltar
54/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

Algumas observações

➢ As perdas de carga localizadas podem ser desprezadas nas


tubulações muito longas, cujos comprimentos excedem mais de
4000 vezes do diâmetro da tubulação;

➢ Também podem ser desprezíveis em canalizações cujo fluido


escoa com velocidades muito baixas e apresentam muitas
singularidades;

➢ Analogamente, as perdas de cargas localizadas são muito grandes


quando se consideram tubulações escoando com alta velocidade.

55/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

Algumas observações

Em canalizações relativamente curtas e com grande número de perdas


especiais, as perdas de carga localizadas devem ser consideradas e seu valor
pode representar um alto percentual da perda de carga total do sistema.

São exemplos: instalações prediais, instalações industriais, encanamentos


de recalque e nos condutos forçados de usinas hidrelétricas.
56/57
Introdução
PERDA DE CARGA - LOCALIZADA

Algumas observações

Em instalações com tubulações muito longas, as perdas de carga localizadas


podem não ser levadas em conta por representarem um pequeno
percentual do valor da perda de carga total.

São exemplos: linhas adutoras e redes de distribuição

57/57
Bibliografia
AZEVEDO NETTO, José Martiniano et al. Manual de hidráulica. São Paulo: Edgard Blücher.

BAPTISTA, Márcio; LARA, Márcia. Fundamentos de engenharia hidráulica. Belo Horizonte: Editora UFMG.

GARCEZ, L. Elementos de engenharia hidráulica e sanitária. São Paulo: Edgard Blücher.

GRIBBIN, John E. Introdução à hidráulica e hidrologia na gestão de águas pluviais. São Paulo: Cengage
Learning.

FOX, Robert W.; MCDONALD, Allan T. Introdução à mecânica dos fluidos. Rio de Janeiro:
Guanabara Dois.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. São Paulo: Pearson.

POTTER, Merle C.; WIGGERT, D. C.; HONDZO, Midhat. Mecânica dos fluidos. São Paulo.

58/57

Você também pode gostar