● Funcionamento adequado das nossas células exige a presença de um líquido
extracelular com concentrações constantes de eletrólitos ● É necessário que haja uma regulação da concentração total de solutos (e da osmolaridade) desse líquido para evitar que as células inchem ou murchem ● OSMOLARIDADE = quantidade de soluto (principalmente NaCl)/volume de líquido extracelular ● Osmolaridade é regulada pela quantidade extracelular de água ● Enquanto a água total do organismo é controlada pela ingestão de líquidos (regulada por mecanismo da sede) e pela excreção renal de água (regulada por fatores que influenciam a filtração e a reabsorção)
RINS EXCRETAM EXCESSO DE ÁGUA POR MEIO DA FORMAÇÃO DA URINA DILUÍDA
● Rins possuem a capacidade de variar a proporção entre água e solutos na urina em resposta a diversos desafios ● Excesso de água no organismo → osmolaridade dos líquidos corporais reduzida > rins podem excretar uma urina altamente diluída com 50 mOsm/ml (⅙ da osmolaridade normal do LEC) ● Déficit de água no organismo → osmolaridade dos líquidos corporais aumenta → rins podem excretar uma urina altamente concentrada com 1200-1400 mOsm/ml ● Assim como é possível que o rim elimina um grande volume de urina diluída ou pequeno volume de urina concentrada sem que haja alterações nas taxas de excreção de solutos como Na+ e K+ > apenas regulando a excreção de água independente da excreção de solutos ● Isso é muito importantes em situações em que a ingestão de líquidos está limitada ● ADH CONTROLA A OSMOLARIDADE URINÁRIA ○ ADH (hormônio antidiurético/vasopressina) é um mecanismo de feedback que regula a osmolaridade do plasma sem alterar a excreção de solutos, alterando apenas a excreção de água ○ Quando a osmolaridade dos líquidos celulares está muito elevada → neuro-hipófise secreta mais ADH ○ Isso aumenta a permeabilidade dos túbulos distais e ductos coletores à água = maior reabsorção de água e menor volume urinário (porém isso não implica em alterações na excreção de solutos) > urina concentrada ○ Quando a osmolaridade dos líquidos celulares está muito baixa → neuro-hipófise secreta menos ADH ○ Isso diminui a permeabilidade dos túbulos distais e ductos coletores à água → menor reabsorção de água e maior volume urinário > urina diluída ○ Ou seja, o que irá determinar se a urina será mais concentrada ou mais diluída é a taxa com que o ADH é secretado ● MECANISMOS RENAIS DE EXCREÇÃO DE URINA DILUÍDA ○ Quando há grande excesso de água no organismo → rim pode excretar até 20 l/dia com concentração de 50 mOsm/l ○ Isso é possível graças a uma grande e contínua reabsorção de solutos sem reabsorver grandes quantidades de água lá no túbulo distal e ducto coletores ○ Respostas dos rins após ingestão de 1L de água ○ O que ocorreu? Volume urinário aumentou cerca de 6x em 45 minutos; quantidade total de soluto excretada permaneceu relativamente constante; formou-se uma urina diluída cuja osmolaridade diminuiu de 600 para cerca de 100 mOsml/l ○ Importante para não provocar mudanças significativas na osmolaridade do plasma
○ Osmolaridade do filtrado glomerular = 300 mOsml/l (próximo da plasmática)
○ Em casos de osmolaridade dos líq. corporais reduzida e de consequentes baixos níveis de ADH reabsorvidos:
○ TÚBULOS PROXIMAIS > filtrado flui e água e solutos são reabsorvidos em
igual proporção; logo, há pouca alteração na osmolaridade, logo, líquido tubular é isosmótico em relação ao plasma (300 mOsml/l) ○ SEGMENTO DESCENDENTE > reabsorção de água por osmose; equilíbrio líquido tubular e líquido intersticial (que é bastante hipertônico; osmolaridade de 2 a 3 vezes maior que o filtrado original), logo, aumenta a concentração do líquido tubular à medida que desce para regiões mais profundas da medula ○ ALÇA DE HENLE > no segmento espesso ascendente ocorre intensa reasorção de Na+, K+ e Cl-, além de que essa porção é impermeável à água mesmo com grande presença de ADH, logo, o filtrado se torna mais diluído ao fluir daqui até o início do túbulo distal (100 mOsml/l no momento da chegada no TD) > filtrado hiposmótico ○ TÚBULO DISTAL, DUCTO CORTICAL E COLETOR MEDULAR > conforme o líquido passa, vai ocorrendo mais reabsorção de NaCl; na ausência de ADH essas porções também são impermeáveis à água → desse modo, a reabsorção adicional de solutos torna o filtrado ainda mais diluído (50 mOsml/l) ○ Em suma → ocorrerá uma contínua reabsorção de solutos no segmentos distais com a diminuição da reabsorção de água ○ Em rins saudáveis, o filtrado que passa pelo segmento espesso ascendente da Alça de Henle é sempre diluído independentemente do nível de ADH > mas claro que na sua ausência, nos túbulos mais distais a urina será ainda mais diluída
RINS CONSERVAM ÁGUA CORPORAL POR MEIO DA EXCREÇÃO DE URINA
CONCENTRADA ● A água é perdida pelo organismo continuamente por diversas vias (pulmões, pela evaporação pelo ar expirado, trato gastrointestinal por meio das fezes, pele por evaporação e transpiração e rins por meio da urina) ● Apesar de ser necessário que o ganho de líquidos seja correspondente a perda, os rins são capazes de formar pequeno volume de urina concentrado em situações na qual há baixo suprimento de água ● Se há déficit de água no organismo → rins formam urina concentrada por meio da excreção contínua de solutos junto com a reabsorção de água + consequente diminuição do volume urinário ● Osmolaridade da urina pode ser no máximo 1200-1400 mOmsl/l ● Requisitos básicos para formação de urina concentrada ○ altos níveis de ADH ○ alta osmolaridade do líquido intersticial da medula renal → provoca gradiente osmótico para a reabsrção de água mediante os altos níveis de ADH ● O interstício da medula renal que circunda ductos coletores normalmente é hiperosmótico → logo, quando há altos níveis de ADH a água se move do túbulo até o interstício renal → a partir daí volta para o sangue pelos vasos retos ● LOGO, CONCLUI-SE QUE A CAPACIDADE DE CONCENTRAÇÃO DE URINA LIMITA-SE PELO NÍVEL DE ADH E PELO GRAU DE HIPEROSMOLARIDADE DA MEDULA RENAL ○ mas…o que torna esse líquido da medula renal hiperosmótico? um processo chamado mecanismo multiplicador de contracorrente ■ sabe-se que a osmolaridade no líquido intersticial de quase todo organismo é similar à do plasma (300 mOsml/l) ■ no entanto, no interstício da medula renal pode aumentar até 1200-1400 mOsml/l ■ isso significa que o interstício renal acumula mais solutos do que água ■ fatores que contribuem para o acúmulo: ● transporte ativo de íons Na+ e cotransporte de K+, Cl- e outos íons do segmento ascendente espesso da Alça de Henle para o interstício ● transporte ativo de íons dos ductos coletores para o interstício medular ● difusão facilitada da ureia dos ductos coletores para o interstício medular ● difusão de apenas uma pequena qntdd de água dos túbulos medulares para o interstício medular → muito menor se comparada a reabsorção de solutos ■ uma vez que se atinge essa concentração, ela é mantida pelo fluxo de entrada e saída de solutos e água na medula ● CARACTERÍSTICAS DA ALÇA DE HENLE QUE CAUSAM APRISIONAMENTO DE SOLUTOS NA MEDULA RENAL ○ etapa 01> Inicialmente medula preenchida com filtrado de 300 mOsml/l (igual à osmolaridade que deixa o túbulo proximal) ○ etapa 02> Em seguida, no segmento ascendente espesso da alça tem a bomba iônica (transporte ativo de Na+ e cotransporte de K+ e Cl-) que irá aumentar a concentração intersticial e reduzir a concentração no túbulo ○ essa bomba é capaz de estabelecer um gradiente de cerca de 200 mOsml/l entre o líquido tubular e o filtrado ○ o limite de gradiente é os 200 pq a difusão paracelular de íons para o túbulo contrapõe o transporte iônico para fora do lúmen ○ etapa 03> líquido tubular do segmento descendente da alça atinge o equilíbrio com o interstício medular graças à osmose da água para fora do túbulo ○ osmolaridade intersticial mantida em 400 mOsml/l devido ao transporte contínuo de íons para fora do segmento ascendente espesso ○ etapa 04 > fluxo adicional do túbulo proximal para a alça de Henle ○ etapa 05> faz com que o líquido hiperosmótico flua para o ramo ascendente (onde são bombeados; água permanece no túbulo e estabelece-se o gradiente de 200 mOsml/l até que a osmolaridade do líquido intersticial chega a 500 mOsml/l) ○ etapa 06> mais uma vez equilíbrio segmento descendente-interstício e então → líquido flui para o segmento ascendente espesso, onde mais soluto será bombeado para fora dos túbulos e depositado no interstício medular ○ essas etapas se repetem várias vezes na perspectiva de gerar um efeito final no qual haja mais soluto na medula do que água ○ com o tempo, esse processo gradualmente aprisiona solutos na medula e multiplica o gradiente estabelecido pelo bombeamento ativo de íons para fora do segmento ascendente espesso → isso por fim elevará a osmolaridade do líquido intersticial para 1200-1400 mOsml/l (etapa 7) ○ logo, recebe esse nome de mecanismo multiplicador de contracorrente esse processo de reabsorção repetitiva de cloreto de sódio pelo segmento ascendente espesso da alça ● PAPEL DOS TÚBULOS COLETORES ○ O líquido tubular quando deixa a alça de Henle e flui para o TCD (no córtex renal) está diluído com 100-140 mOsml/l ○ O início do TD dilui mais ainda devido o transporte ativo de Na+ e Cl- sendo ao mesmo tempo relativamente impermeável à água ○ À medida que o líquido flui pelo túbulo distal cortical, a quantidade de água absorvida passa a depender criticamente da concentração plasmática de ADH ○ Na sua ausência → o segmento é praticamente impermeável à água → porém dilui a urina devido à contínua reabsorção de solutos ○ Na sua alta concentração → o segmento torna-se altamente permeável à água = reabsorção de água para o interstício (CORTICAL → o que favorece a manutenção da alta osmolaridade do interstício medular) ○ Ao fluir pelos ductos coletores → mais reabsorção de água para o interstício (embora seja menos se comparada à quantidade reabsorvida pelo interstício cortical) ○ A água reabsorvida é carreada pelos vasos retos para o sangue venoso ○ Com níveis altos de ADH → ductos coletores permeáveis à água, de modo que sua porção final atinge a mesma osmolaridade do líquido intersticial da medula renal (cerca de 1200 mOmsl/l) ○ Assim, reabsorvendo o máximo de água possível > os rins formam uma urina altamente concentrada excretando qntdds normais de soluto ao mesmo tempo que devolvem água ao líquido extracelular e compensam déficits no no organismo ● UREIA ○ Contribui com cerca de 40-50% da osmolaridade do interstício medular renal quando o rim forma urina com máxima concentração ○ Diferentemente do cloreto de sódio, a ureia é reabsorvida de forma passiva (principalmente no TP) ○ Quando ocorre déficit de água e as concentrações de ADH aumentam → grandes quantidades de ureia são reabsorvidas passivamente dos ductos coletores medulares para o interstício (OU SEJA, PROTEÍNAS CANAIS QUE REABSORVEM A UREIA DEPENDEM DO ADH PARA SEREM ATIVADAS) ○ Como ocorre essa reabsorção de ureia para a medula? ■ conforme a água flui pelo segmento ascendente espesso da alça de henle (porção é impermeável a ela) → pouca ureia reabsorvida ■ na presença de altas concentrações de ADH → água passa a ser reabsorvida → isso gera um aumento da concentração de ureia no túbulo coletor cortical > assim vai ■ essa alta concentração de ureia nas regiões mais profundas do ducto coletor medular causa difusão da ureia do líquido tubular para o interstício renal ■ essa difusão é facilitada por transportadores de ureia especiais (UT-A1 e UT-A3) ■ esses transportadores são ativados pelo ADH > aumentando mais o transporte de ureia do ducto coletor medular qnd seus níveis estão aumentados ■ Movimento simultâneo de ureia e água para fora dos ductos coletores medulares mantêm alta a concentração de ureia no líquido tubular e por fim na urina apesar da reabsorção ○ Papel fundamental da ureia em contribuir com a capacidade de concentração da urina → tanto que pessoas com dieta com alto teor de proteínas (e consequentemente mais ureia na urina como produto nitrogenado do metabolismo) podem concentrar a urina melhor do que pessoas com dietas de baixo teor proteíco e baixa produção de ureia ○ Inclusive , uma má nutrição é associada a menores concentrações de ureia no interstício renal e comprometimento na capacidade de concentrar a urina ○ No TCP cerca de 40-50% da ureia filtrada sofre reabsorção → mas, ao longo do túbulo, a concentração de ureia ainda assim aumenta ○ Pq? ■ rebasorção de água no ramo descendente ■ secreção de ureia nos segmentos delgados a partir do interstício medular (essa secreção passiva é facilitada pelo UT-A2) ○ Pequenas qntdds de ureia são reabsorvidas no segmento ascendente espesso da Alça, no túbulo distal e no túbulo coletor cortical, pois são menos permeáveis ○ Conforme a ureia flui para o túbulo coletor medular profundo, sua alta concentração e os transportadores UT-A1 e UT-A3 causam difusão de ureia para o interstício medular ○ O que ocorre com a ureia reabsorvida? não fica parada no interstício; vai recircular; é secretada para o segmento delgado da alça de henle ○ Ureia circula várias vezes por porções mais profundas dos túbulos antes de ser excretada ○ Cada passagem contribui para manutenção de uma alta concentração de ureia ○ Isso contribui para a formação de uma medula hiperosmótica ○ Mecanismo essencial à preservação de água no organismo quando ocorre baixo suprimento de água ○ Em casos de excesso de água → filtrado diluído no TCM; baixa concentração de ureia; menor gradiente de concentração; menor difusão para o interstício renal. Além de que os baixos níveis de ADH tb refuzem a permeabilidade dos ductos tanto à água quanto à ureia = maior excreção da ureia na urina
● TROCA POR CONTRACORRENTE NOS VASOS RETOS PRESERVA A
HIPEROSMOLARIDADE DA MEDULA RENAL ○ características do fluxo sanguíneo medular que contribuem para preservar altas concentrações de soluto: ■ fluxo sanguíneo baixo (5% do fluxo sanguíneo renal total) → esse fluxo é lento o suficiente para suprir as necessidades emtabólicas dos tecidos e minimiza perdas desnecessárias de soluto ■ vasos retos servem como mediadores de contracorrente, minimizando a remoção de solutos do interstício renal ○ plasma torna-se hiperosmótico à medida que a água é difundida para fora do sangue e que os solutos são reabsorvidos do interstício renal para o sangue ○ porém, no segmento ascendente desses vasos os solutos se difundem de volta para o interstício e a água de volta para o sangue ○ formato em U > assim, os solutos da medula não são perdidos; mediam o processo de contracorrente ○ não contribui para a geração de uma medula hiperosmótica, apenas impedem que ela seja dissipada ○ o formato em U dos vasos minimiza a perda de solutos do interstício, mas não impede que haja um alto fluxo de líquido e solutos para o sangue tendo em vista a função das pressões coloidosmóticas e hidrostáticas nesse processo ○ logo, em condições normais, levam embora mas preservam ○ alto fluxo renal (causada por alguns vasodilatadoras, por exemplo) podem diminuir a capacidade de concentração da urina tendo em vista a diminuição de hiperosmolaridade medular
SISTEMA DE FEEDBACK OSMORRECEPTOR-ADH
● pra que serve? forma de controlar a osmolaridade ● quando a osmolaridade de LEC (em termos práticos significa um aumento na concentração de sódio), por exemplo, aumenta demais por conta um um défcit de água, esse sistema agirá ● nesse caso em específico, as células osmorreceptores irão murchar seu volume ● essas células osmorreceptoras estão localizadas no hipotálamo anterior próximas ao núcleo supraóptico ● esse é o estímulo para gerar um PA dos núcleos supraópticos até a terminação nervosa na neuro-hipófise ● esse PA será responsável por abrir canais iônicos de cálcio, aumentando sua permeabilidade, contribui para que as vesículas nas terminações nervosas liberem o ADH ● ADH ganha cprremte sanguínea → é transportado até os rins → aumenta permeabilidade da água nos túbulos distais, túbulos coletores corticais e ductos coletores medulares ● Assim, a água consegue ser conservada enquanto o sódio e outros solutos continuam sendo excretados na urian ● Isso tem como consequência a diluição do líquido extracelular corrigindo sua alta concentração inicial ● Quando o líquido extracelular está muito diluído ocorre o oposto