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FISIOLOGIA VETERINÁRIA

Sistema renal dos mamíferos III


Concentração e volume urinário
Túbulos contorcidos distal e coletores
OSMOLARIDADE | conceitos preliminares

Trata-se do número de partículas (sódio, potássio, cloro, etc.) diluídas em 1


litro de água, refletindo a capacidade da solução de causar osmose
(transportar solvente do meio mais concentrado para o menos concentrado
através de uma membrana semi-permeável). A osmolaridade é medida em
miliosmóis (mOsm).

Fisiologicamente os rins mantém a osmolaridade dos fluidos


corporais em 300mOsm. Para essa finalidade, emprega-se o
MECANISMO DE CONTRACORRENTE.
MECANISMO CONTRACORRENTE

É reconhecido como a interação entre o fluxo


do filtrado através dos ramos da alça de Henle
e o fluxo sanguíneo dos vasos ao redor dos
túbulos renais (vasos retos).
Através do MECANISMO DE CONTRACORRENTE a alça de
Henle cria uma graduação osmótica no fluido intersticial
do rim, responsável pela reabsorção de 25% do sódio e
15% da água filtrados.

A osmolaridade do fluido intersticial em


relação ao filtrado renal na alça de Henle
varia de ISOSMÓTICO na altura do córtex do
rim, a HIPEROSMÓTICO na medula desse
órgão, progredindo em direção à medula
interna até atingir concentração máxima.

NÉFRON CORTICAL NÉFRON JUSTAGLOMERULAR


O MECANISMO CONTRACORRENTE gera um efeito multiplicador
contra a corrente de filtração glomerular e de fluxo nos túbulos
renais, conjugando a estrutura de membrana da alça de Henle
com as diferentes permeabilidades ao sódio e à água nos diversos
segmentos da mesma:

RAMO DESCENDENTE
Altamente permeável à água = OSMOSE
Impermeável ao SÓDIO.

RAMO ASCENDENTE
Impermeável à água | permeável ao Na+, Cl- e K+
Bombeia ativamente SÓDIO para o interstício.
DIURÉTICOS DE ALÇA inibem a reabsorção de SÓDIO na
via ascendente da alça de Henle, consequentemente, mais
água é excretada pela urina.
Quando o fluido tubular entra
nos TÚBULOS COLETORES a água
é reabsorvida a medida em que
prossegue para a pelve renal.
OSMORREGULAÇÃO

A osmolaridade plasmática é mantida dentro de estreitos


limites por ajustes constantes na ingestão e excreção de água.
O conjunto de mecanismos responsáveis pela manutenção do
teor de água relativamente constante nos animais é chamado
de OSMORREGULAÇÃO.
PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL (ANP)

Trata-se de um peptídeo secretado por células atriais da musculatura


cardíaca com intuito de normalizar a volemia sanguínea e a pressão
arterial, sendo estimulado quando a musculatura cardíaca encontra-se
excessivamente distendida = HIPERTENSÃO ARTERIAL | HIPERVOLEMIA.

Existem outros peptídeos natriuréticos: [1] BNP,


produzido pelas paredes dos ventrículos, e [2] CNP,
encontrado no endotélio dos vasos presentes no
sistema nervoso central.
PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL (ANP)

O alvo do ANP são os músculos lisos dos vasos sanguíneos e o néfron. Nos vasos,
ele distende a musculatura lisa, aumentando a permeabilidade de capilar, seguida
pela saída de água e sódio dos vasos para o interstício.
O ANP inibe a função de vários outros hormônios, como aldosterona, renina,
angiotensina II e ADH.

EMPREGOS CLÍNICOS
Diagnóstico de dispneia provocada por insuficiência cardíaca.
Análogos de ANP, associados a inibidores de endopeptidases, aumenta o
intervalo entre sessões de hemodiálise em pacientes com oligúria proveniente de
insuficiência renal aguda.
Trata-se de um hormônio hipotalâmico secretado em
casos de aumento da osmolaridade plasmática
(receptores centrais) e queda da pressão arterial
(barorreceptores em grandes vasos), produzindo
vasoconstricção arteriolar moderada com ligeira
elevação pressórica e, no néfron, favorecendo a
abertura dos canais para reabsorção de água
(aquaporinas) nas células do túbulo contornado
distal e túbulo coletor, reduzindo a diurese.

VASOPRESSINA (ADH)
VASOPRESSINA (ADH) | ações

Liberado pela neurohipófise (porção posterior da hipófise), o ADH é produzido por


neurônios dos núcleos hipotalâmicos supraótico e paraventricular, próximos ao
centro da sede.
O aumento da permeabilidade à ureia ocorre mais especificamente na porção
terminal do túbulo coletor e na porção fina ascendente da alça de Henle, levando
a hiperosmolaridade intersticial, o que promove a concentração urinária através
do loop na alça de Henle.
Ações da vasopressina no sistema nervoso central: [1] agressividade, depressão e
ansiedade, [2] memória, maior sensibilidade à dor e ao estresse, [3] regulação do
ritmo circadiano.
A vasopressina contribui para a coagulação sanguínea aumentando a
concentração do fator VIII e do fator de von Willebrand.
VASOPRESSINA (ADH) | deficiência

A deficiêcia de ADH caracteriza-se por poliúria + polidipsia sem grande alteração


da osmolaridade do sangue, cursando com urina altamente diluída. Por sua vez,
um paciente sem acesso a água cursará com desidratação e hipernatremia.
[1] Diabetes insipidus central, distúrbio na produção ou secreção do ADH de
causa neurogênica.
[2] Diabetes insipidus gestacional, por aumento do metabolismo do ADH com
consequente redução de seu efeito.
[3] Diabetes insipidus nefrogênico, ausência de resposta renal ao ADH (receptores
e mecanismos celulares).
[4] Polidipsia primária, redução dos níveis de ADH secundária à ingestão excessiva
de água. Relaciona-se a transtorno psiquiátrico ou sede excessiva (psicogênica).
VASOPRESSINA (ADH) | produção excessiva

O excesso de ADH é reconhecido como síndrome da secreção inapropriada de


hormônio antidiurético, caracterizada por excesso de produção do ADH sem
obedecer ao comando de regulação fisiológica.
Causas: desordens do sistema nervoso central, neoplasias, doenças pulmonares,
HIV, cirurgias extensas, insuficiência cardíaca, hepatopatias, hipotireoidismo,
adrenalite autoimune, uso de diuréticos e sensibilidade excessiva ao ADH.

O consumo de bebidas alcoólicas suprime a produção do ADH,


aumentando a diurese.
RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA

Sistema renina-angiotensina-aldosterona é um conjunto de peptídeos, enzimas e


receptores envolvidos no controle do volume de líquido extracelular e pressão
arterial, onde um eixo endócrino articula componentes de uma cascata bioquímica
produzidos em diferentes órgãos, com o objetivo de manter a estabilidade
hemodinâmica e evitar a redução na perfusão tecidual sistêmica.

O sistema renina-angiotensina-aldosterona soma-se ao sistema nervoso


simpático e ao ADH, compondo o trio de sistemas neuro-hormonais de
compensação cardiovascular.
CÉLULAS JUSTAGLOMERULARES são células musculares
lisas modificadas da túnica média da arteríola aferente,
responsáveis pela síntese de renina.

MÁCULA DENSA são células cúbicas do epitélio do túbulo


contornado distal, adjacentes ao polo vascular, sensíveis
a variações na concentração de sódio.
RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA | mecanismo

A RENINA é liberada por [1] queda de pressão arterial (barorreceptores das


arteríolas aferentes renais), [2] queda da concentração de NaCl no início do túbulo
contorcido distal, fazendo com que também haja diminuição na mácula densa
(aparelho justaglomerular) e [3] estimulação dos nervos renais.

No plasma, a renina catalisa o ANGIOTENSINOGÊNIO hepático (cortisol e


estrogênio-dependente) convertendo-o em ANGIOTENSINA I, esta é convertida
em ANGIOTENSINA II, nos pulmões e nos rins, pela enzima conversora de
angiotensina (ECA) presente no endotélio vascular desses órgãos.
ANGIOTENSINA II:
Age diretamente nos rins, estimulando a troca Na+|H+ no túbulo
contorcido proximal e aumenta a reabsorção de Na+ e HCO3–.
Vasoconstrição arteriolar e ativação do sistema nervoso simpático.
Ativa o mecanismo da sede | ADH.
Atua no córtex adrenal para síntese e liberação da ALDOSTERONA
que age no ducto coletor estimulando a reabsorção de sódio
(Na+) e a secreção de potássio (K+) e hidrogênio (H+).
EXERCÍCIO SISTEMA RENAL
QUESTÃO 1. A partir dos referenciais urinários e plasmáticos citados abaixo, analisados
em um equino de 180 kg, determine:
Volume de formação urinária = 4,1 mL/min
Concentração urinária da inulina = 3,3 mg/mL
Concentração plasmática da inulina = 0,3 mg/mL
Concentração urinária da uréia = 3,15 mg/mL
Concentração plasmática da uréia = 0,4 mg/mL
a) Velocidade de excreção da inulina e da ureia.
b) Depuração da inulina e da ureia.
c) Taxa de reabsorção e excreção da ureia.
d) TFG.
EXERCÍCIO SISTEMA RENAL
QUESTÃO 2. Um animal apresentou elevação dos parâmetros de creatinina no sangue e
sua redução de teores na urina. O que isso sugere para você? Elabore um texto
discutindo possibilidades.
QUESTÃO 3. Elabore um desenho esquemático contendo todos os segmentos do néfron
bem como sua irrigação vascular.
QUESTÃO 4. A formação de urina é resultado de 3 processos fisiológicos. Cite e
explique com detalhes o funcionamento dos mesmos.
QUESTÃO 5. Quais são as vitaminas hidrossolúveis? Explique como ocorre a reabsorção
das mesmas pelo epitélio tubular.
QUESTÃO 6. Explique os caminhos do potássio ao longo do néfron e o que define sua
reabsorção ou secreção final, no TCD.

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