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EXCREÇÃO NO HOMEM
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do órgão,
originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no interior da
cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares denominado glomérulo
de Malpighi.
O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa pressão, que
normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte do plasma passe
para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. Essas substâncias extravasadas
para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular, que é semelhante, em
composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas,
incapazes de atravessar os capilares glomerulares.
O filtrado glomerular passa em seguida para o túbulo contorcido proximal, cuja parede
é formada por células adaptadas ao transporte ativo. Nesse túbulo, ocorre reabsorção ativa de
sódio. A saída desses íons provoca a remoção de cloro, fazendo com que a concentração do
líquido dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que do plasma dos capilares que o
envolvem. Com isso, quando o líquido percorre o ramo descendente da alça de Henle, há
passagem de água por osmose do líquido tubular (hipotônico) para os capilares sangüíneos
(hipertônicos) – ao que chamamos reabsorção. O ramo descendente percorre regiões do rim
com gradientes crescentes de concentração. Conseqüentemente, ele perde ainda mais água
para os tecidos, de forma que, na curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular
é alta.
Secreção de H+: as células dos túbulos proximais e distais, como as células das glândulas
gástricas, secretam íons hidrogênio. A acidificação também ocorre nos ductos coletores. A
reação que é primariamente responsável pela secreção de H+ no túbulo proximal é a troca Na+
por H+. Isto é um exemplo de transporte ativo secundário. A saída de Na+ das células para
espaços intercelulares é mediada por uma enzima chamada Na+-K+ ATPase, que diminui o
Na+ intracelular e isto causa entrada de Na+ nas células do lúmem tubular com saída de H+. O
H+ vem da dissociação intracelular do H2CO3, em HCO3– e H+, que se difunde para o líquido
intersticial.
Referencias Bibliográficas
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed.,
2006.
2 - INSUFICIENCIA RENAL AGUDA
2.1 - Introdução
Os rins são essenciais à homeostase, não apenas porque eliminam produtos indesejáveis do
metabolismo, como também por manter constantes o volume extracelular, a concentração
extracelular de potássio, a pressão osmótica e o equilíbrio ácido-base do organismo, além de
desempenhar um papel fundamental na regulação da pressão arterial e de desempenhar
funções endócrinas, como a produção de eritropoietina e da forma ativa da vitamina D.
A importância dos rins torna-se evidente quando se observam as conseqüências da perda de
função renal. O indivíduo em insuficiência renal retém progressivamente os produtos do
metabolismo nitrogenado, como a uréia, acumula líquidos sob forma de edema, perde a
capacidade de diluir e concentrar a urina e torna-se incapaz de regular o equilíbrio ácido–base
ou de manter o balanço e os níveis plasmáticos de eletrólitos tais como sódio, potássio,
magnésio, cálcio e fósforo. Se a perda de função renal ocorrer lentamente devido à perda
progressiva de néfrons (nefropatias progressivas), os néfrons remanescentes podem adaptar-
se e manter a homeostase durante um longo período – o indivíduo desenvolve uma
insuficiência renal crônica. Se no entanto a perda de função renal ocorrer de modo abrupto, o
indivíduo terá desenvolvido uma insuficiência renal aguda (IRA). O impacto da disfunção renal
será imediato e potencialmente grave: o indivíduo desenvolve rapidamente retenção de uréia e
outros catabólitos, acidose metabólica, distúrbios eletrolíticos, tais como hiperpotassemia e
hiponatremia, retenção de volume, podendo desenvolver, por exemplo edema pulmonar.
Quando a perda da função renal é muito grave, o paciente não chega a sobreviver mais do que
alguns dias na ausência de tratamento intensivo. A IRA é portanto definida como uma perda
significativa e abrupta da função renal. Apesar de seu caráter potencialmente catastrófico, a
IRA é em princípio reversível e as chances de recuperação de um paciente sem alteração de
outros órgãos são grandes. No entanto, os mecanismos que conduzem à IRA são
extremamente complexos.
I. Causas pré-renais:
1. Cardiovasculares: diminuição do débito cardíaco
agudas: Infarto agudo do miocárdio, trauma, arritmias, hipertensão maligna, tamponamento
pericárdico, doenças valvulares
crônicas: miocardiopatias (isquêmicas, hipertensivas), disfunções valvulares
2. Hipovolemia:
perdas gastrointestinais: vômitos, diarréia
perdas renais: nefropatias perdedoras de sal, uso de diuréticos, diurese osmótica
3. Diminuição da volemia arterial efetiva:
estados hipoalbuminêmicos: síndrome nefrótica, doença hepática avançada, desnutrição
causas físicas: peritonites, queimaduras, traumatismos
vasodilatação periférica: hipotensão arterial, choque, sepsis, síndrome hepatorenal
Nos casos em que o rim está funcionalmente íntegro mas a perfusão sangüínea que a
ele chega está reduzida, a IRA é denominada pré-renal. Essa hipoperfusão renal é geralmente
causada por hipovolemia aguda, como por exemplo, em casos de desidratação por perdas
gastrointestinais ou hemorragia grave. No entanto, pode decorrer também de situações em que
a volemia arterial efetiva está reduzida, como por exemplo na insuficiência cardíaca congestiva
grave, na cirrose hepática e na síndrome nefrótica por “underfilling”. Esse quadro é
essencialmente reversível se o distúrbio volêmico for corrigido em tempo. No entanto, a
manutenção prolongada dessa hipoperfusão renal pode causar lesão e necrose de células
tubulares, principalmente nos segmentos renais localizados na medula externa (pars recta do
túbulo proximal e porção espessa da alça de Henle).
Nesse caso, instala-se um quadro de IRA renal, caracterizado principalmente por
necrose tubular aguda (NTA), embora possam aparecer outras alterações, à vezes sutis, como
a condensação de cromatina nuclear, as lesões de cristas mitocondriais e a vacuolização
citoplasmática, freqüentemente visíveis apenas à microscopia eletrônica. A IRA renal, também
denominada intrínseca, parenquimatosa, orgânica, ou estabelecida, constitui a modalidade
mais comum de IRA. Cerca de 70-90% dos casos de IRA renal decorrem de NTA, enquanto o
restante é causado por vasculites, glomerulopatias agudas e nefrites intersticiais. O quadro de
IRA renal é freqüentemente caracterizado por perda quase total da função renal, o que exige
tratamento em ambiente hospitalar, muitas vezes de natureza intensiva com uso de métodos
dialíticos. Apesar de sua gravidade, a IRA renal é potencialmente reversível, se tratada
adequadamente. A alta letalidade da IRA deve-se em grande parte ao fato de que esses
pacientes freqüentemente apresentam falência de outros órgãos e complicações graves como
sangramentos e infecções que podem evoluir para septicemias.
Na IRA pós-renal, o fluxo urinário é dificultado ou mesmo interrompido por obstrução
mecânica das vias urinárias, devido por exemplo à presença de cálculos ou crescimento
tumoral. Essa modalidade de IRA é potencialmente reversível caso seja realizada a
desobstrução precoce das vias urinárias. No entanto, a recuperação pode ser mais difícil ou
evoluir para NTA se a duração do processo obstrutivo tiver sido demasiado longa.
Referencias Bibliográficas
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed.,
2006.
3 - INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
A Insuficiência Renal Crônica é uma doença progressiva, caracterizada por uma
crescente incapacidade do rim em manter níveis normais dos produtos do metabolismo das
proteínas e valores normais da pressão arterial e do hematócrito, bem como o equilíbrio àcido-
básico. Como conseqüência haverá elevação das concentrações séricas ou plasmáticas de
todos os catabólicos derivados principalmente do metabolismo protéico, tipificados pelo
aumento da uréia.
Quando o nível sérico de creatinina no adulto atinge cerca de 3 mg/dl, e nenhum dos
fatores na patogenia da doença renal é reversível, a doença renal tende a evoluir para a
Insuficiência Renal Crônica Terminal (IRCT) no decorrer de um período de tempo muito
variável (que se estende de alguns anos até vinte a vinte e cinco anos).
O resultado final de múltiplos sinais e sintomas decorrentes da incapacidade renal em
manter a homeostasia interna do organismo, uma vez instalada, leva à necessidade de manter
um tratamento contínuo para substituir a função renal.
Não existem dados fidedignos no Brasil sobre a incidência e a prevalência de
Insuficiência Renal Crônica Terminal. Baseado no censo realizado pela Sociedade Brasileira de
Nefrologia, cerca de 49.000 pacientes encontravam-se em tratamento dialítico no Brasil ao final
do ano de 2001. A incidência, ou seja, o número de pacientes que entram em diálise por ano, é
estimada em 70 por milhão, o que indicaria uma entrada de 11.900 pacientes novos por ano
em tratamento dialítico. Estes dados revelam que no Brasil possivelmente um grande número
de pacientes não está sendo identificado a tempo de receber o tratamento indicado.
As causas da IRC terminal são bem conhecidas, entretanto, devido à velocidade
variável de sua progressão, a prevalência e a freqüência relativa dos diferentes tipos de
doença renal crônica não estão bem definidas. Freqüentemente, as doenças sistêmicas afetam
e destroem potencialmente os rins, sendo que dois terços dos casos incidentes resultam de
diabetes ou de hipertensão.
Quanto ao DM, verifica-se o desenvolvimento de IRC em cerca de 30% dos indivíduos
com diabetes tipo 1 e tipo 2, com incidência máxima dentro de cerca de quinze anos após a
instalação do DM. Os indicadores de desenvolvimento de glomeruloesclerose diabética
consistem em hipertensão, controle glicêmico inadequado, microalbumunúria e aparecimento
de doença vascular retiniana proliferativa. O fármaco de escolha para pacientes diabéticos com
hipertensão e/ou microalbuminúria ou proteinúria fixa consiste num inibidor da enzima
conversora de angiotensina (ECA) ou num bloqueador dos receptores de angiotensina II.
Qualquer idade, sexo ou raça pode ser acometida pela IRC. No Brasil, cerca de 60%
dos pacientes com Insuficiência Renal Crônica estão na faixa etária entre trinta e sessenta
anos, sendo 15% abaixo dos trinta anos e 25% acima dos sessenta anos. Cerca de 60% são
do sexo masculino e 40% do sexo feminino. Em relação à raça, têm-se apenas dados
americanos: 60% de brancos, 33% de negros e 7% de outros.
Independente da causa primária responsável pela perda de néfrons, alguns deles
costumam sobreviver ou sofrer lesão menos grave. Esses néfrons remanescentes adaptam-se
e aumentam de tamanho, com acentuado aumento a depuração por néfron.
A doença renal pode progredir independentemente da presença do fator causal inicial.
Durante a evolução da doença, um número progressivamente menor de néfrons segue
funcionando adequadamente. Não se sabe com exatidão como se dá o caráter progressivo 6.
Ocorre hipertrofia glomerular, acentuado aumento do fluxo plasmático glomerular e da
taxa de filtração glomerular (TFG) por néfron individual e elevação da pressão capilar. Verifica-
se o desenvolvimento de glomeruloesclerose focal nesses glomérulos, que finalmente se
tornam não funcionais. Simultaneamente com o desenvolvimento da glomeruloesclerose focal,
a proteinúria aumenta de modo acentuado, e ocorre agravamento da hipertensão sistêmica.
Outros mecanismos de progressão provavelmente importantes na esclerose dos glomérulos
adaptados incluem coagulação glomerular, efeitos hiperlipidêmicos e proliferação das células
mesangiais.
No desenvolvimento da insuficiência renal, vários mecanismos adaptativos renais e
extra-renais permitem ao paciente manter balanço adequado de sódio, água, potássio, cálcio e
fósforo. O balanço de sódio, principal determinante do volume extracelular, é conseguido
através da redução de sua reabsorção tubular conseqüente ao aumento da filtração por néfron,
aumento da velocidade do filtrado, natriurese pressórica e ação dos hormônios aldosterona e
peptídeos atriais natriuréticos (ANP). O excesso de água é eliminado pela redução da
produção do hormônio antidiurético, reduzindo a formação de aquaporions (canais de água)
nas células principais dos túbulos corticais e coletores. Apesar desse estado de equilíbrio,
pacientes renais crônicos não suportam sobrecargas agudas de sódio, água e potássio, como
indivíduos normais, apresentando edema agudo de pulmão em situação de excesso de
ingestão de sódio e água além da hipercalemia com ingestão excessiva de potássio.
3.1 - SINTOMATOLOGIA
O cansaço progressivo, a debilidade generalizada e a fadiga ao realizar esforços
pequenos ou moderados são alguns dos sintomas que aparecem em primeiro lugar. São a
consequência da anemia, habitual na insuficiência renal. Outras vezes, observa-se uma insónia
progressiva, de tal modo que o doente tem de tomar medicação para dormir como antes.
Com bastante frequência, quando a insuficiência renal é grande, surgem sintomas
digestivos, entre os quais se destaca a perda do apetite. Dois factores, que para isso
contribuem, são as náuseas que se produzem perante a comida e a halitose, dando lugar à
recusa dos alimentos. Outras vezes, depois de comer, podem existir vómitos alimentares.
O rim é o órgão que se encarrega de eliminar a maior parte dos líquidos que sobram ao
organismo. Por isso, quando há insuficiência renal, produz-se uma tendência para acumulação
de líquidos ou edemas, mais abundantes nas pernas à medida que o dia avança, e na face nas
primeiras horas da manhã, ao acordar.
O aumento de tensão arterial ou hipertensão é muito frequente, de tal forma que, em
fases muito avançadas da insuficiência renal, até 90% dos doentes podem ter uma tensão
arterial elevada. As consequências desta alteração são muito variáveis. Em alguns doentes só
produzem cefaleias ou dores de cabeça mas outros, com hipertensão mais grave, podem
padecer de fadiga importante perante pequenos esforços (por exemplo subir as escadas de um
piso), necessidade de levantar-se de noite para urinar várias vezes (nictúria) ou, inclusive, a
necessidade de dormir com várias almofadas (ortopneia). Alguns doentes têm prurido
generalizado na pele (que os obriga a coçar permanentemente), e ao mesmo tempo a pele
está seca e mais pálida.
Outros sintomas, muito menos frequentes, incluem as alterações menstruais em
mulheres jovens e uma tendência para as hemorragias na pele ou perdas de sangue pelo
aparelho digestivo.
Referencias Bibliográficas
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed.,
2006.
4 - CÁLCULOS RENAIS
Um cálculo renal ou Urolitíase, popularmente denominado pedra no rim, é uma massa
ou agregado cristalino sólido que se forma nos rins a partir de sais minerais presentes na urina.
Os cálculos do sistema urinário (urolitíases) são geralmente classificados em função da sua
localização nos rins (nefrolitíase), uretra (uretrolitíase) ou bexiga (cistolitíase), ou em função da
sua composição química (constituídos por cálcio, ácido úrico ou outros minerais). Cerca de
80% dos cálculos renais ocorrem em homens.
Os cálculos renais são geralmente expelidos do corpo através da corrente urinária. A
maior parte dos cálculos forma-se e deixa o corpo sem manifestar quaisquer sintomas. No
entanto, quando um cálculo atinge uma dimensão considerável, geralmente superior a 3 mm,
pode provocar obstrução da uretra. Esta obstrução causa azotemia pós-renal, hidronefrose
(distensão e dilatação da pelve e dos cálices renais e espasmo da uretra. Estes fatores
provocam dores, sentidas de forma mais intensa na região lombar entre as costelas e a anca,
na parte inferior do abdômen ou na virilha – uma condição denominada cólica renal. As cólicas
renais podem estar associadas a náuseas, vômitos, febre, sangue ou pus na urina ou ainda dor
ao urinar. As cólicas renais geralmente manifestam-se em episódios com duração de 20 a 60
minutos, começando na parte lateral da região lombar ou na parte inferior das costas, e muitas
vezes alargando-se para a virilha ou para os órgãos genitais. O diagnóstico de um cálculo renal
é realizado mediante a informação obtida a partir do histórico clínico, de exames físicos, de
análises à urina ou de radiografia, podendo ainda ser complementado por ecografia ou análises
de sangue.
Quando um cálculo não provoca sintomas, uma das opções é aguardar de forma
vigilante. Em caso de cálculos com sintomas, os analgésicos são geralmente a primeira medida
de tratamento, recorrendo-se a anti-inflamatórios não esteroides ou opiáceos. Os casos mais
graves podem necessitar de intervenção cirúrgica. É possível dividir um cálculo em vários
fragmentos de forma não invasiva através de litotripsia. Noutros casos, podem ser necessárias
de técnicas mais invasivas, entre as quais técnicas percutâneas ou de cistoscopia. Por vezes,
pode ser necessário aplicar na uretra um cateter para contornar a obstrução e aliviar os
sintomas.
4.1 - Causas
A urina é uma solução cuja composição é constantemente modificada através do fluxo
urinário, além de conter diversas substâncias com concentrações acima do coeficiente de
solubilidade, conferindo à urina a propriedade de ser uma solução mista e saturada.
Normalmente os diversos solutos da urina são mantidos entre forças que dirige para a
cristalização ou solubilização. A quebra desse equilíbrio no sentido da cristalização, devido
alterações físico-químicas da urina, resulta na formação de cálculos. Mesmo após a
precipitação, os cristais são facilmente eliminados através do fluxo urinário constante. No
entanto, quando determinados fatores favorecem a retenção e crescimento dos cristais nas
vias urinárias, ocorre a formação do cálculo propriamente dito. Conclui-se que a formação de
cálculos depende da ação de fatores individuais e ambientais (infecções, distúrbios
metabólicos, alterações anatômicas, baixo fluxo urinário, etc.) sobre as propriedades físico-
químicas da urina, modificando tais características e favorecendo a litogênese urinária.
Alterações no estado de saturação, pH, concentração de inibidores e promotores da
cristalização, favorece a litogênese. Por exemplo, a urina humana é saturada em relação ao
oxalato de cálcio, porém a cristalização ocorre quando há queda do volume urinário
intensificando a saturação; diminuição de inibidores da cristalização, reduzindo a solubilidade
da urina e hiperexcreção de oxalato de cálcio. O entendimento da formação e crescimento dos
cálculos, sob o ponto de vista das alterações físico-químicas da urina, requer o conhecimento
de conceitos como saturação, nucleação, agregação, epitaxia do cristal, além do papel da
matriz orgânica, inibidores da cristalização e pH urinário.
Saturação
Depende da concentração dos diversos solutos: cálcio, magnésio, potássio, sódio,
amônio, fosfato, oxalato, citrato e sulfato; bem como de suas atividades iônicas. Através da
análise desses compostos pode-se calcular o estado de saturação de determinado soluto na
urina: estado de sub-saturação, estado de saturação e estado de supersaturação. O produto de
solubilidade indica o limite entre a subsaturação e saturação. Níveis inferiores ao produto de
solubilidade indicam uma urina subsaturada para determinado soluto, portanto, sem a
ocorrência de cristalização. A elevação da concentração de um soluto, ultrapassando o valor
do produto de solubilidade, indica uma solução saturada, podendo ocorrer cristalização. No
entanto, a ação dos inibidores é eficaz prevenindo a formação de cálculos. Quando a
concentração de um soluto ultrapassa o produto de formação, origina-se uma urina
supersaturada, promoção da cristalização, ação ineficaz dos inibidores e formação de cálculos.
Nucleação
A formação de uma urina saturada ou supersaturada propicia a nucleação de cristais,
podendo esta ser homogênea ou heterogênea. Homogênea: ocorre quando o cristal formado
serve de nicho para a deposição de outros cristais semelhantes. Heterogênea: resulta na
deposição de cristais sobre um nicho constituído por macromoléculas, impurezas ou outro
cristal quimicamente diferente. Uma vez ocorrida a nucleação, a deposição de outros cristais é
facilitada e não requer níveis de saturação tão elevados quanto no início do processo. O núcleo
poderá crescer, agregar outros cristais ou matriz orgânica, originando o cálculo propriamente
dito, ou ser eliminado sob a forma de cristalúria. A eliminação dependerá do tamanho do
núcleo e das condições de retenção ou estase urinária.
Agregação
Nessa situação, os cristais ligam-se uns aos outros formando aglomerados. Essa
deposição é influenciada pela saturação e interações iônicas. Os compostos orgânicos também
podem se aderir ao núcleo e facilitar a agregação de cristais.
Epitaxia
Epitaxia é definida como o crescimento de um cristal sobre a superfície de outro, com
composição química diferente, embora apresentem uma superfície externa semelhante. Em
uma solução de íons com superfície de epitaxia compatíveis, a deposição de cristais e o
crescimento epitaxial ocorrem mesmo em níveis de saturação abaixo do produto de formação.
Um exemplo disso é a deposição de oxalato de cálcio sobre a superfície de um cristal de ácido
úrico.
Matriz
Além dos cristais, os cálculos são formados de matriz orgânica, que constitui cerca de
2,5 a 5% do peso seco dos cálculos e se distribui envolvendo os cristais. É formada por
proteínas e carboidratos.
Inibidores
Pessoas saudáveis apresentam urina saturada e não formam cálculos devido a ação
de substâncias conhecidas como inibidores, que evitam a formação do cálculo ao nível da
nucleação, crescimento ou agregação dos cristais, quando a urina não é supersaturada. Na
urina supersaturada, os inibidores são incapazes de evitar a formação de cálculos. Os
inibidores mais estudados são: citrato, magnésio, pirofosfato. Recentemente, novos inibidores
têm sido analisados: glicosaminoglicanos, nefrocalcina, proteína de Tamm-Horsfall, além de
outras glicoproteínas.
pH
A urina ácida propicia a cristalização do ácido úrico, principalmente quando o Ph for
menor que 5,5. O pH alcalino, favorece a precipitação do fosfato de cálcio e fosfato amônio-
magnesiano-hexa-hidratado. Por outro lado, a solubilidade da cistina está associada a um de
pH em torno de 7,0.
Cristalúria
A cristalúria é o resultado do desequilíbrio entre solubilidade e precipitação de sais
urinários e pode indicar a formação de microcálculos. Porém, a cristalúria nem sempre é
acompanhada de urolitíase. A avaliação de pacientes com calculose urinária não mostrou
correlação entre a formação de cálculos, intensidade e duração da cristalúria. Além dos fatores
físico-químicos já comentados, a ingestão de determinados medicamentos pode induzir a
formação de cristais, além das condições de coleta da urina em relação a temperatura e ao
tempo que precedeu o exame.
4.2 - Diagnóstico
Muitas vezes, a pessoa não percebe que tem cálculo renal porque a pedra é tão
pequena que é expelida naturalmente junto à urina. Alguns sinais podem ser qualquer
alteração na urina ou no ato de urinar, tais quais: diminuição súbita na quantidade expelida de
líquido, coloração e odor alterados, muita ou pouca vontade de urinar, desconforto, ardor, leves
dores na região lombar ou nas costas, febre intensa mas que vai embora rápido, etc. Não há
diagnóstico preciso sem ajuda médica, por isso geralmente só com a chegada dos sintomas é
que se percebe o desenvolvimento de um quadro. Para diagnosticar um quadro de cálculo
renal antes das crises de cólica, o médico recorre a exames de urina, sangue e principalmente
ultrassom. Na decorrência de uma crise - que é o momento mais comum em que o paciente
recorre ao atendimento - o diagnóstico é fácil pois a dor é muito intensa.
4.4 - Tratamento
O tratamento convencional das crises de cálculo renal consiste na ingestão de
analgésicos, os mais comuns são Escopolamina e Tramadol muitas vezes em uso
concomitante (administrados por via oral ou intravascular) e a ingestão de muito líquido.
Também podem ser receitados remédios tanto para promover o relaxamento do aparelho
urinário, como os que ajudam na dissolução de certas substâncias da urina, como o cálcio.
Muitos médicos estão utilizando atualmente um composto de fosfatos reativos (PO4) para
dissolução dos cálculos renais. Em muitos casos, ainda se utiliza cirurgia. Hoje em dia, são
utilizadas algumas alternativas ao bisturi, como a litotripsia extracorpórea, que consiste em
submeter o paciente a ondas de choque que quebram os cálculos dentro do rim, facilitando a
sua eliminação pela urina. Apesar de muito popular e muito utilizado no Brasil, este método
conhecido por Litotripsia (fragmentação por ondas de choque externa), vem tendo seu uso
descontinuado desde 2007 em países da América do Norte e da Europa, devido a riscos do
desenvolvimento de diabetes mellitus (16.8%) e hipertensão arterial (36.4%), o que se deve ao
efeito mecânico direto da onda de choque de fragmentação sobre o rim e o pâncreas (Journal
of Urology, 2006; 175 (5) : 1742 – 7). Há ainda instrumentos que são introduzidos pela vias
urinárias e que são capazes de eliminar ou retirar as pedras, este procedimento é conhecido
como Endoscopia Flexível com Holmium Laser.
É recomendado procurar imediatamente um tratamento, pois o problema pode ter
consequências bastante sérias. Existem riscos como a obstrução total da passagem da urina e
a paralisação da filtragem do sangue pelo rim.
Referências
1. http://revista.fmrp.usp.br/2001/vol34n1/dados_epidemiologicos.pdf
2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2781200/
3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2931286/
4. http://www.webmd.com/diet/news/20010720/prone-to-kidney-stones-watch-what-you-
eat
5 - CONTROLE DE QUALIDADE EM ÁGUA PARA HEMODIÁLISE
5.1 - INTRODUÇÃO:
O fornecimento de água de boa qualidade livre de contaminação é essencial para
várias operações no ambiente hospitalar. Além de ser necessária à vida, é utilizada para
procedimentos de limpeza, desinfecção, esterilização, preparo de alimentos e hemodiálise,
sendo que os requisitos de pureza variam de acordo com o tipo de uso.
A água pode conter organismos nocivos à saúde humana, como as bactérias,
endotoxinas bacterianas, certos tipos de algas além de contaminação química. Assim é
necessário que procedimentos relativos ao tratamento da água sejam feitos, tais como
conservação e limpeza de reservatórios, esterilização e desinfecção.
O tratamento da água consiste em melhorar suas características organolépticas
(propriedade das substâncias impressionarem os sentidos), físicas, químicas e bacteriológicas,
a fim de que se torne adequada ao consumo.
Devido ao fato da água poder ser um veículo de contaminação que atinge rapidamente
uma grande quantidade de indivíduos, determina-se uma rotina especifica para o controle de
qualidade da água.
Também a água utilizada no reuso de dialisadores pode ser fonte de contaminação por
Endotoxina, que por adsorção adere às paredes internas das fibras capilares, por onde circula
o sangue. Assim, mesmo com o uso de substâncias bactericidas na solução de reuso, a
Endotoxina pode permanecer aderida à membrana de diálise e ser liberada para o sangue,
durante a próxima sessão.
5.3 – Legislação
A3Q é acreditado junto ao INMETRO (ABNT NBR ISO/TEC 17025) e realiza todas as análises
conforme determinação da RDC Nº. 154, DE 15 DE JUNHO DE 2004, que estabelece o
regulamento técnico para o funcionamento dos serviços de diálise.
A água utilizada na preparação da solução para diálise nos serviços deve ter a sua qualidade
garantida em todas as etapas do seu tratamento, armazenagem e distribuição, mediante o
monitoramento dos parâmetros microbiológicos e físico-quimico, assim como, dos próprios
procedimentos de tratamento.
Análises realizadas conforme determinação da RDC nº 154 de 15 de junho de 2004
Água potável
As análises de água potável devem ser realizadas mensalmente. Esta análise também deve
ser realizada a qualquer momento que ocorrer manifestações pirogênicas ou suspeitas de
Septicemia nos pacientes.
Coliforme totais
Coliformes termotolerantes ou Escherichia coli
Pseudomonas aeruginosa
Enterococos
Heterotroficas
Clostridium perfringens
pH
Cor
Turbidez
Cloro
Deionização
Equipamento que utiliza o princípio da troca iônica para tratar a água. Este processo consiste
em retirar todos os minerais da água, visando deixá-la com a qualidade necessária, porém é
necessário utilização de fortes agentes químicos no processo.
A legislação brasileira não indica uma configuração ideal para o sistema de tratamento da água
para hemodiálise, porém, indica um padrão de qualidade da água baseado em uma tabela que
especifica o número máximo de seus componentes. A validação do sistema é obtida atravéz de
resultados de análise laboratoriais indicados na Resolução RDC nº 154/2004.
Basicamente, pode-se afirmar que a composição do sistema de tratamento de água para
hemodiálise não possui um padrão, pois sua composição e dimensionamento dependem das
características físico-químicas e microbiológicas da água utilizada no tratamento.
Atualmente, com altíssima qualidade dos sistemas de Osmose Reversa (que podem, em uma
linguagem mais simples, ser entendidos como filtro de altíssima tecnologia), o sistema de
deionização com presença de regeneração química está praticamente em desuso.
REFERENCIAS:
MARTINS, M. A. Manual de Infecção Hospitalar: Epidemiologia, Prevenção e Controle,
Medsi, 2ª ed. Rio de Janeiro, 2001.
BRASIL, Ministério da Saúde, Portaria 1469 Controle e Vigilância da Qualidade de Água
para Consumo Humano, de 29 de dezembro de 2000.
http://www.anvisa.gov.br/portatias/1469-00 , em 20/11/14.
BRASIL, Ministério da Saúde, RDC Nº.154 Regulamento Técnico para o Funcionamento
dos serviços de Diálise, de 15 de julho de 2004.
http://www.e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id+11539 , em 20/11/14.
Aspectos de segurança no ambiente hospitalar,
http://www.opas.org.br/gentequefazsaude/bvs.br/cd49/segurança
hosp.pdf , em 20/11/14.
Programa nacional de controle de qualidade=Educação continuada= Água reagente no
laboratório clinico, http://www.pncq.org.br/participantes/atualização em 12/04/2006.
ANVISA- Resolução RDC nº 306 de dezembro de 2004: Regulamento técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
2º BIMESTRE
6.0 - Diálise Peritoneal
Os resultados dos tratamentos por diálise peritoneal e hemodiálise são iguais. Cada um
deles tem as suas vantagens e desvantagens. A escolha entre hemodiálise e diálise peritoneal
depende das condições clínicas e da escolha do próprio paciente.
É possível que durante algum tempo o paciente faça diálise peritoneal e depois passe
para a hemodiálise. Ou até mesmo ao contrário, faça um tempo hemodiálise e depois passe
para diálise peritoneal. Estas opções são sempre decididas em conjunto, entre o médico
nefrologista e o paciente. Após tomar conhecimento do procedimento, o paciente juntamente
com seu nefrologista e familiares estarão aptos a tomar uma decisão que seja a melhor
possível para determinada situação.
Para isso é necessário que seja implantado um cateter de diálise peritoneal no abdome
do paciente, próximo ao umbigo. Este cateter é implantado através de uma cirurgia pequena,
em geral, com anestesia local, podendo receber alta no mesmo dia. Este cateter, ou acesso
peritoneal, deve ser colocado alguns dias ou semanas antes da primeira diálise. Esse cateter é
flexível, pouco incomoda e fica instalado por tempo indefinido.
Essa diálise permite realizar tratamento em domicílio. A principal vantagem desse
método é que após um período de treinamento o paciente pode realizá-lo em casa, de maneira
independente. Um familiar do paciente também recebe treinamento para ajudar o paciente
quando for necessário.
Geralmente uma vez por mês o paciente vai ao hospital ou à clínica para colher
exames de sangue, urina e fazer a consulta com o médico nefrologista.
Uma vez iniciado o tratamento, será necessário fazer diálise peritoneal para o resto da
vida?
Na maioria das vezes, sim. É comum que o paciente que inicia diálise peritoneal
manifeste o desejo de receber um transplante de rim para deixar de fazer o tratamento.
Existem algumas situações em que os rins deixam de funcionar por um período curto e
podem voltar a funcionar depois. Isto é mais comum de ser observado na insuficiência renal
aguda. Na doença renal crônica isto é raro de ser observado. Depende da patologia que
ocasionou a perda da função renal e se foi de uma forma aguda ou crônica. Se foi aguda (por
exemplo na infecção grave, queda importante da pressão arterial, obstrução aguda por
problema prostático) e o fator de risco identificado precocemente, existe a chance de retornar a
função renal e não necessitar de tratamento dialítico permanentemente. Porém, nos pacientes
diabéticos, hipertensos, portadores de glomerulonefrites crônicas, a perda da função renal
ocorre de maneira progressiva, lenta e insidiosa levando à necessidade de tratamento dialítico
por tempo indefinido.
A hemodiálise substitui a função dos rins de quem tem doença renal crônica avançada,
mas seguir as recomendações de alimentação que a sua equipe elaborou é fundamental para
o sucesso do tratamento. A quantidade de líquidos ou de alimentos que pode ser ingerida varia
de pessoa para pessoa e depende do estado nutricional, da quantidade de urina que o
paciente ainda produz e de outros fatores como a presença de doenças associadas (exemplo,
o diabetes). As clínicas de diálise têm nutricionistas, enfermeiros e médicos para consultas e
para tirar dúvidas.
Hemoperitôneo
A drenagem apresenta cor rosada ou avermelhada quando há presença de sangue na
cavidade peritoneal (hemoperitônio). Suas causas incluem: menstruação, traumatismos ou
esforço físico. É mais comum em mulheres. Em caso de hemoperitônio deve-se realizar duas
trocas rápidas para lavar a cavidade e realizar nova troca normalmente após 5 horas.
Infecções
A presença de sinais de infecção como dor, rubor, calor e edema, com secreção ou não, no
local de saída do cateter indica infecção. Nesse caso deve-se manter a higiene corporal e
realizar curativo sempre após as trocas.
Peritonite
A entrada de microrganismos na cavidade abdominal pode causar infecção no peritônio
(peritonite). A peritonite é causada por falha na técnica de infusão e drenagem, contaminação
das partes estéreis do equipamento descartável ou do cateter, infecção no local de saída do
cateter, constipação, infecção intestinal, vaginal e uretral, infecção na boca ou faringe. Na
presença de peritonite o liquido da drenagem se apresenta turvo (cor de suco de caju), o
paciente sente fortes dores abominais, febre, diarreia, náuseas e vômitos. A bolsa drenada cor
características de peritonite deve ser guardada na geladeira, pelo paciente, ate ser
encaminhada ao laboratório para análise. Nesse caso, deve-se fazer trocas rápidas por 3
vezes e então administrar a medicação prescrita na bolsa com solução nova de diálise.
Hérnia
1. Incidência. Hérnias abdominais se desenvolvem em aproximadamente 10% dos pacientes
submetidos à CAPD e que portam um cateter padrão de Tenckhoff. A incidência de hérnia
parece ser menor nos pacientes submetidos à diálise peritoneal contínua assistida por
cicladora (CCPD), provavelmente porque a maior parte da diálise com CCPD é feita na posição
deitada, na qual os aumentos da pressão intra-abdominal associados com a infusão de solução
de diálise são relativamente reduzidos. Os pacientes com doença renal policística apresentam
uma incidência muito alta de hérnia.
2. Localização. Vinte por cento das hérnias se dão através da incisão cirúrgica feita para a
colocação do cateter. Uma porcentagem menor ocorre através do defeito real na parede
abdominal provocado pelo cateter. Hérnias em outros locais também são comuns, incluindo
hérnias inguinal e umbilical, epigástricas e hérnias em locais de incisões abdominais prévias.
3. Tratamento. Embora a maior parte das hérnias nos pacientes submetidos à diálise
peritoneal seja assintomática, algumas causam obstrução intestinal intermitente associada com
náusea, vômitos e dor abdominal. Uma linha de pensamento defende que todas as hérnias nos
pacientes submetidos à diálise peritoneal devam ser reparadas logo após sua descoberta.
Outros reparam uma hérnia somente se ela estiver causando desconforto ou se houver a
suspeita de encarceramento.
As hérnias ao redor do cateter podem ser reparadas pela simples sutura do saco
herniário. As hérnias distantes do cateter também são reparadas como aquelas em pacientes
não-urêmicos. Antes da cirurgia da hérnia, o abdômen deve ser esvaziado da solução de
diálise peritoneal. A diálise peritoneal deve ser temporariamente interrompida (geralmente por
cerca de 4 semanas) para permitir a cicatrização, desde que o paciente possa ser mantido sob
hemodiálise nesse ínterim. Se a hemodiálise não puder ser realizada, o esquema de escolha
para diálise peritoneal durante o período pós-operatório seria a diálise peritoneal intermitente
noturna (NIPD).
B. Edema escrotal (ou labial). O edema não é uma complicação incomum da diálise
peritoneal e, em geral, ocorre nas fases iniciais dessa modalidade de tratamento. As causas
usuais são hérnias ou vazamentos de dialisado das vias do cateter (este último é a causa de
edema labial). O edema escrotal é bem mais comum do que o edema labial e será discutido
aqui. As manifestações clínicas incluem inchaço escrotal (usualmente bilateral), com cerca de
um terço dos pacientes também manifestando edema no pênis. Em cerca de metade dos
casos, ocorrem ganho de peso, hérnia palpável, fluxo pobre de saída do dialisado e edema
periférico.
O diagnóstico é feito por meio do exame físico (detecção da hérnia), teste de equilíbrio
peritoneal (para excluir a insuficiência de ultrafiltração), e tomografia computadorizada (TC)
com contraste ou cintilografia peritoneal (2 mc de 99mTC sulfúrico ou albumina coloidal) para
detectar hérnia ou vazamento do cateter. Em um estudo recente (Tzamaloukas et al., 1992), a
etiologia desta complicação foi hérnia inguinal (66%), vazamento de dialisado na via do cateter
(17%), hérnia mais vazamento na via do cateter (7%) e retenção de líquido secundária à alta
permeabilidade da membrana peritoneal e à insuficiência de ultrafiltração (24%).
D. Dor nas costas. A dor lombar pode ser um problema grave nos pacientes em CAPD,
algumas vezes obrigando a interrupção desta. Acredita-se que a causa seja a alteração da
postura corporal resultante da presença de solução de diálise no abdômen. O tratamento com
maiores chances de sucesso é a realização regular de uma série de exercícios adequados,
feitos para reforçar a parede abdominal (Goodman e Husserl, 1981). Também pode ser útil
mudar para um esquema de CCPD utilizando-se baixo volume de enchimento para a
permanência diurna.
E. Dor abdominal. A dor abdominal durante a diálise peritoneal é, em geral, uma indicação de
peritonite. Outras causas incluem:
1. Dor durante o influxo secundário ao baixo pH da solução de diálise peritoneal ou à posição
da ponta do cateter (este fato, às vezes, pode ser corrigido pela adição de álcalis).
2. Dor durante a permanência secundária à superdistensão da cavidade peritoneal (tal fato
responde à diminuição do volume do dialisado).
3. Dor durante o fluxo de saída devido à irritação peritoneal provocada por um cateter recém-
colocado (em geral, desaparece no prazo de uma semana).
Curativos oclusivos, impermeáveis ao ar, bem como pomadas, nunca devem ser usados. Os
curativos devem imobilizar o cateter contra a pele.
O paciente deve ser instruído a evitar movimentos do cateter no local de saída tanto quanto
possível, porque os movimentos nesta região retardam a cicatrização e podem levar a
infecção. Quando o paciente iniciar o autocuidado ara o cateter; as trocas de curativos podem
ser feitas menos frequentemente. Após algumas semanas, o local de saída do cateter pode ser
deixado aberto ao ar não protegido, mas é preferível, geralmente, cobri-lo com uma gaze para
minimizar irritação. O treinamento dos pacientes para que os mesmos observem seus cateteres
regularmente para sinais de infecção do local de saída e do túnel, é importante.
Banhos em chuveiros são permitidos poucas semanas após a inserção do cateter, se o local
estiver bem cicatrizado, porem deve ser enxugado cuidadosamente após o banho.
Tipicamente não se permite natação para os pacientes, pois, o risco de infecção aumenta com
a contagem bacteriana da água.
Cuidados pré-diálise
Ao cliente que fará DP pela primeira vez deve-se preparar a unidade fechando janelas e portas
para evitar corrente de ar;
orientar todas as pessoas presentes no recinto a usar mascara, inclusive o paciente;
preparar o material;
preparar psicologicamente o paciente;
possibilitar o esvaziamento da bexiga e medir a diurese;
verificar o peso do paciente;
executar a tricotomia da região abdominal e antissepsia da área;
controlar os sinais vitais;
coletar material e encaminhá-lo a exames de laboratório;
posicionar o paciente em decúbito dorsal horizontal;
auxiliar na colocação do cateter e instalação da diálise;
preparar os banhos dialisantes (tipo de solução, medicamentos acrescentados e
volume) conforme prescrição médica.
Cuidados pós-diálise
Observar e anotar as condições do paciente;
trocar curativo, remover ou fixar o cateter (heparinização para prevenir obstrução) ou
colocar prótese;
verificar o peso do paciente;
controlar os sinais vitais;
controlar rigorosamente a diurese;
realizar o fechamento da ficha de controle de DP.
Diálise peritoneal contínua por cicladora (CCPD): durante a noite ocorre a diálise,
que é realizada pela cicladora e, durante o dia, a cavidade abdominal fica repleta de
solução.
Como outras técnicas de terapia, a diálise peritoneal pode levar a complicações. Pode ocorrer
hemorragia no local onde o cateter sai do corpo ou no interior da cavidade abdominal, além de
poder ocorrer perfuração de algum órgão na introdução do mesmo. No entanto, a complicação
mais preocupante é a possibilidade de infecção, que pode situar-se no peritônio ou na região
cutânea circunvizinha ao cateter. Esta complicação comumente ocorre por erro ou falta de
cuidados na esterilização do cateter e da pele, carreando bactérias para o interior do abdômen.
Além dessas complicações, também ocorrer:
Hipoalbuminemia;
Esclerose peritoneal;
Obstrução parcial do intestino;
Hipotireoidismo;
Ataques epilépticos;
Hiperglicemia;
Hérnias abdominais ou inguinais;
Obstipação.
7 - HEMODIÁLISE
A Diálise é um processo empregado para remoção de líquidos e dos produtos de degradação
urêmicos do corpo quando os rins são incapazes de fazê-lo. Quando as funções renais chegam
a menos de 10%, o paciente é indicado para diálise, que funciona como substituta do papel dos
rins, eliminando as substâncias tóxicas e retirando o excesso sobre o sangue. Ela pode ser
usada no tratamento do paciente com edema intratável (não-responsivo ao tratamento), coma
hepático, hipercalemia, hipercalcemia, hipertensão e uremia. Os métodos de terapia incluem
hemodiálise, terapia de substituição renal contínua (CRRT) e várias formas de diálise
peritoneal. A necessidade de diálise pode ser aguda ou crônica.
A Diálise aguda está indicada quando existe um nível elevado e crescente de potássio sérico,
sobrecarga hídrica ou edema pulmonar iminente, acidose crescente, pericardite e confusão
grave. Ela também pode ser empregada para remover determinados medicamentos ou outras
toxinas (envenenamento ou intoxicação de medicamento) do sangue.
7.1 - Definição
A Hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue. Através da hemodiálise são retiradas do
sangue substâncias que quando em excesso trazem prejuízos ao corpo, tais quais a uréia,
potássio, sódio e água. Ela é usada para pacientes que estão agudamente doentes e que
necessitam de diálise por curto prazo de tempo, bem como para pacientes que necessitam de
diálise por um longo prazo ou permanentemente. A hemodiálise é um procedimento utilizado
nos pacientes com insuficiência renal em estágio terminal.
7.2 - Objetivos
Os objetivos da hemodiálise são os seguintes:
Extrair do sangue as substâncias nitrogenadas tóxicas.
Remover o excesso de água.
7.3 - Incidência
65 mil brasileiros necessitam de hemodiálise por conta do mau funcionamento dos rins;
destes estima-se que 30% dos casos de insuficiência renal crônica, tenha como causa
a hipertensão arterial.
A pressão alta não controlada juntamente com a Diabetes é causa freqüente de lesão
nos rins, que pode levar o indivíduo ao processo de hemodiálise.
A cada ano, cerca de 21 mil brasileiros precisam iniciar tratamento por hemodiálise ou
diálise peritoneal.
7.4 - Fisiologia do rim
O rim possui uma cápsula fibrosa que protege o córtex mais externo, e a medula mais interna.
Na região do córtex renal estão os néfrons, estruturas microscópicas responsáveis pela
filtração do sangue e remoção das excreções. O néfron constitui a unidade funcional do rim.
Cada rim possui aproximadamente mais de 1 milhão de néfrons O sangue ao passar pelos
rins sofre um processo de filtração onde são separados os componentes celulares (leucócitos,
eritrócitos e plaquetas) e proteína do soro.
Diariamente passam pelos rins de uma pessoa quase 2 mil litros de sangue, formando-se cerca
de 160 litros de filtrado glomerular, também chamado urina inicial. Dos 160 litros de filtrado
glomerular produzidos diariamente pelos rins de uma pessoa, formam-se apenas 1,5 litro de
urina. O restante desse filtrado é reabsorvido. O sangue filtrado segue pela veia renal, que
leva esse sangue para fora do rim, em direção ao coração. Dentre as várias funções dos rins
pode-se destacar as seguintes:
Filtragem do sangue.
Formação da urina.
Regulação da pressão arterial sistêmica.
Regulação dos eletrólitos.
Regulação do equilíbrio ácido-básico.
Regulação da produção de eritrócitos.
Controle do equilíbrio hídrico.
Excreção de produtos do catabolismo como uréia, ácido úrico e creatinina.
Clearance renal (volume de plasma que pode ser depurado de um soluto específico
pelos rins, expresso em mililitros por minuto..
Síntese de vitamina D para a forma ativa.
Secreção de prostaglandinas.
Os sintomas iniciais do mau funcionamento dos rins são anemia leve, pressão alta, edema
(inchaço) dos olhos e pés, mudança nos hábitos de urinar (levantar diversas vezes à noite para
urinar) e da coloração da urina (muito clara, com sangue, etc.) Deste ponto até que os rins
estejam funcionando somente com 10% a 12% da função normal, pode-se tratar os pacientes
com medicamentos e dieta. Quando a função renal se reduz abaixo destes valores, torna-se
necessário o uso de outros métodos de tratamento da Insuficiência renal: diálise ou transplante
renal.
Obs: Pacientes hipertensos e diabéticos devem fazer anualmente exames de sangue para
medir o nível de creatinina e sumário de urina para constatar a presença de sangue e proteína.
2. O sangue na máquina, passa pelo dialisador / filtro entrando em contato com o banho
de diálise.
5. O sangue agora "limpo" purificado sai pelo outro lado da máquina, retornando ao
paciente pelo equipo venoso e agulha venosa.
Na hemodiálise, o princípio de ultra-filtração usado para remoção de água, ocorre também pela
presença de um sistema de pressão hidrostática, que uma vez programado força a passagem
de água através dos poros da membrana para o banho de diálise e posterior drenagem.
Para realizar a hemodiálise, a água na qual é diluído o banho de diálise deve ser devidamente
tratada com osmose reversa, de acordo com os padrões mínimos de qualidade definidos em
lei. Se a água não for tratada, esta pode apresentar microorganismos, que atravessando a
membrana semi -permeável do dialisador podem vir a contaminar o sangue do paciente,
levando desde reações febris até a morte.
O banho ou solução de diálise apresenta uma composição química ideal para atrair as
substâncias tóxicas do sangue. O banho de diálise deve ser diluído com água tratada seguindo
os padrões de condutividade e temperatura programados na máquina e devem ser aferidos
pelos técnicos antes de conectar o paciente.
Fístula arteriovenosa (FAV): Pode ser criada sempre que se dispõe de uma veia e artéria,
juntas. Em geral anastomosa-se a artéria radial com a veia adjacente. A arterialização da veia
torna a mesma mais forte e mais acessível para as venopunções repetidas. A extremidade
arterial é usada para o fluxo arterial e a extremidade distal, para a reinfusão do sangue
dialisado. Pode-se também criar uma fístula AV na perna. A fístula leva de 4 a 6 semanas para
amadurecer, antes de estar pronta para uso. O paciente é encorajado a realizar os exercícios
para aumentar o tamanho desses vasos, com o objetivo de acomodar as agulhas de grosso
calibre empregadas na hemodiálise.
Riscos:
A fístula AV pode ser uma fonte de infecção.
O alto fluxo sanguíneo através da fístula pode sobrecarregar o coração.
Tem a desvantagem de ter que ser perfurada com agulhas de calibre grosso antes de cada
sessão.
Falência da fístula.
Riscos:
Vida limitada do schunt: este deve ser revisto cirurgicamente com intervalos de poucos
meses.
Formação de coágulo e infecção.
Enxerto: Um enxerto arteriovenoso pode ser criado pela interposição subcutânea de uma
prótese biológica, semibiológica ou sintética entre uma artéria e uma veia. O material de
enxerto sintético mais usado é o politetrafluoroetileno. Em geral, um enxerto é criado quando
os vasos do próprio paciente não são adequados para uma fístula. Os enxertos geralmente,
são colocados no antebraço, no braço ou na parte superior da coxa.
Riscos:
Infecção.
Trombose.
Após a sessão:
Fazer curativo compressivo na região da fístula.
Pesar o paciente.
Verificar sinais vitais.
Administrar medicação prescrita.
Orientar o paciente a não pegar o peso com o braço do shunt, não aferir pressão arterial ou
administrar medicação neste membro.
Limpar e desinfetar o aparelho dializador.
Como alguns medicamentos e substâncias são retirados do sangue durante a diálise, o médico
pode precisar ajustar a dosagem. Os medicamentos que se ligam à proteína não são
removidos durante a diálise.
Gels fixadores de fosfato: existe uma tendência ao acúmulo de fósforo que resulta em
hiperparatireoidismo e osteodistrofia. Esses medicamentos fixam o fosfato no intestino e o
podem ajudar a manter níveis apropriados de cálcio e fósforo no sangue.
Fixadores de potássio: servem para fixar o potássio no intestino e previne elevações perigosas
no sangue.
Anti-hipertensivos: geralmente quem faz hemodiálise tem a pressa arterial alta, por isso a
necessidade de medicamentos para controlá-la.
Reação pirogênica e bacteremia: Essas reações caracterizam-se por febre, calafrios, hipoten-
são, choque e tremores, e podem ocorrer durante a diálise. Podem ser decorrentes da
contaminação do banho, do hemodialisador, dos equipos de entrada e saída de sangue e
agulhas por bactérias ou por substâncias protéicas.
Vale ressaltar que são raras com os modernos sistemas de tratamento de água por osmose
reversa, mas punção de fístula nativa ou de enxerto infectado também favorece o apareci-
mento de infecção sistêmica8. O local de acesso é a fonte de 50% a 80% das bacteremias
(principalmente os cateteres).
Vale ressaltar que, o paciente renal crônico é imunodeprimido e, consequentemente tem
suscetibilidade aumentada para infecções. As infecções bacterianas nos pacientes com IRC
podem progredir de maneira rápida. Quando essas reações pirogênicas ocorrem são
geralmente tratadas com antitérmicos.
Cefaleia: É um sintoma frequente em pacientes com IRC submetidos à HD. As causas mais
encontradas são: a hipertensão arterial, hipotensão arterial, alterações no peso corporal e
ansiedade. Pode ser também uma manifestação sutil da síndrome do desequilíbrio, ou pode
estar relacionada ao uso de solução de diálise contendo acetato.
Estudos relataram que, em pacientes que ingerem café, a cefaleia pode ser uma manifestação
de abstinência de cafeína, uma vez que a sua concentração sanguínea é reduzida agudamente
durante a HD. Essa alteração física é tratada por meio de analgésicos e pela eliminação da
causa.
Arritmia cardíaca: Não é comum o aparecimento de arritmia durante a diálise em paciente que
não sofre de doença cardiovascular, sendo que a sobrecarga de fluidos deve ser considerada e
eliminada. Deve-se verificar se não está baixa a concentração de potássio do banho,
especialmente em paciente digitalizado.
Em contraposição à afirmação anterior, com relação à ocorrência dessa complicação, a arritmia
cardíaca ventricular ou supraventricular é complicação frequente durante a HD em pacientes
com doença cardiovascular, sendo observada principalmente em pacientes com acentuada
hipertrofia ventricular esquerda, doença cardíaca isquêmica e doença pericárdica.
O tratamento da arritmia é o habitual, tendo-se, entretanto, o cuidado de evitar o uso de
digitálico devido ao risco de intoxicação provocado pelas oscilações do nível de potássio
sérico. O uso de dialisato com bicarbonato parece reduzir a frequência de arritmias a diálise.
Precordialgia: Ocorre nos pacientes portadores de cardiopatia isquêmica, principalmente
quando não se utiliza o enchimento prévio do sistema de circulação extracorpórea com sangue
ou solução fisiológica, ou quando o paciente apresenta anemia extrema.
Essa complicação pode estar associada à ocorrência de angina, que é comum durante a
diálise, bem como as inúmeras causas possíveis de dor torácica como, por exemplo, a
hemólise.
Reações alérgicas: As reações do tipo anafilático são raras e ocorrem principalmente com
dialisadores novos e ao óxido de etileno utilizado na sua esterilização. Os principais sinais e
sintomas são: queimação retroesternal ou ao longo da fístula arteriovenosa, sudorese, calor,
urticária e prurido, edema facial ou palpebral, aumento da secreção brônquica, broncoes-
pasmo, dispneia, bradicardia e hipotensão arterial. O tratamento inclui a imediata suspensão da
diálise sem retorno do sangue para o paciente. De acordo com a intensidade dos sintomas,
podem-se utilizar anti-histamínicos, adrenalina, corticoide e suporte ventilatório.
Obs: Muitas dessas complicações podem ser evitadas, caso o profissional de enfermagem
esteja sempre alerta e acompanhando o paciente durante a sessão.
7.14 - Complicações a longo prazo
Doença cardiovascular arteriosclerótica: Principal causa de morte e principal fator de limitação
da sobrevida a longo prazo. Os distúrbios do metabolismo lipídico parecem ser acentuados
pela Hemodiálise. A insuficiência cardíaca congestiva, a doença cardíaca coronariana com dor
anginosa, a apoplexia, a insuficiência vascular periférica e o acidente vascular cerebral podem
incapacitar o paciente.
Anemia e fadiga: Podem ser causadas por perda hemática acelerada (por hemólise e
sangramento) e por distúrbio da produção de eritropoietina. A insônia, fadiga e mal-estar geral
são persistentes. A deterioração do bem-estar físico e emocional, falta de energia e de força, e
a perda de interesse contribuem negativamente para a intensificação da anemia.
Infecção recorrente: O processo de hemodiálise faz com que o paciente tenha menor
resistência às infecções. A exposição do sangue aos produtos do sangue e a materiais
estranhos, pode causar infecção e bacteremia por gram negativos e gram positivos. Infecção
local na área do shunt e nas fístulas e hepatite associada à hemodiálise.
Sangramento: O sangramento pode ser devido ao: sangramento pro acúmulo de heparina;
sangramento gastrintestinal; hematoma subdural; pericardite hemorrágica e menorragia.
Alteração do metabolismo do cálcio: Pode resultar em: osteodistrofia renal (que produz dor
óssea e fraturas); necrose asséptica do quadril; calcificação vascular e prurido incurável
(coceira).
Ascite crônica: Pode ser devida à sobrecarga hídrica associada à insuficiência cardíaca
congestiva, má nutrição (hipoalbuminemia) e diálise insuficiente.
Úlceras gástricas: Ocorrem a partir do stress fisiológico da doença crônica de base, dos
medicamentos e de problemas correlatos.
7.15 - Dietoterapia
O esquema dietético de cada paciente deve ser elaborado de acordo com a extensão de sua
função renal residual. A dieta é um fator importante para os pacientes sob hemodiálise por
causa dos efeitos da uremia. A assistência dietética consiste em restrição ou adaptação da
ingestão de proteínas, sódio, potássio e/ou fluídos.
O aporte de sódio acha-se comumente limitado, a menos que haja grandes perdas urinárias
deste mineral. As quantidades de potássio e fósforo são determinadas, comumente, com base
nos valores químicos do soro sanguíneo obtido antes da diálise e freqüentemente devem ser
limitados.
A restrição hídrica também faz parte da prescrição da dieta, porque o acúmulo de líquido pode
ocorrer, levando ao ganho de peso, à insuficiência cardíaca congestiva e ao edema pulmonar.A
taxa de líquidos dada diariamente é de 500 a 1.000 mililitros, mais uma quantidade igual
eliminada no dia anterior, ou melhor, uma taxa de líquidos suficiente para permitir um ganho de
1 a 1,5 quilos entre os tratamentos.
7.16 - Vacinas
Os pacientes que precisam de hemodiálise necessitam se prevenir contra doenças infecciosas.
Hepatite B.
Pneumonia pneumocócica.
Gripe pelo vírus influenza.
Difteria.
Tétano.
Hepatite A.
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6. Trentini M, Corradi EM, Araldi MAR, et al. Qualidade de vida de pessoas dependentes de
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7. Castro MCM. Atualização em diálise: complicações agudas em hemodiálise. J Bras Nefrol
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8. Daugirdas JT, Ing TS. Manual de diálise. 2ª Ed, Rio de Janeiro: Medsi; 1999.