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[ECI – O CUIDADO ESPECIALIZADO EM PESSOAS COM COMPROMISSO

DA FUNÇÃO RENAL: MÉTODOS DIALÍTICOS] 24 de Maio de 2017

MÉTODOS DE SUBSTITUIÇÃO DA FUNÇÃO RENAL NO DOENTE CRÍTICO: INTERVENÇÃO DE


ENFERMAGEM ESPECIALIZADA

 ANATOMIA E FISIOLOGIA

1. Cápsula renal
2. Córtex renal
3. Coluna de Bertin
4. Medula renal
5. Pirâmide renal
6. Papila renal
7. Cálice maior
8. Cálice menor
9. Cálice maior
10. Ureter
11. Corpúsculo renal
12. Veia Interlobular e Artéria interlobular
13. Veia arqueada e Artéria arqueada
14. Veia interlobular e artéria interlobar
15. Artéria renal
16. Veia renal
17. Hilo renal
18. Seia renal
19. Veia segmentar e Artéria segmentar
20. Arteríola aferente
21. Arteríola eferente
22. Artéria radial perfurante
23. Veia estrelada

Nefrónio:
 Unidade orgânica e funcional do rim
 Eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e
acidobásico humano, controlar a quantidade de líquidos do organismo, regular a pressão
arterial e secretar hormonas, além de produzir a urina.
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 Formado:
o Cápsula de Bowman
o Glomérulo
o Túbulo Contorcido proximal;
o Alça de Henle;
o Túbulo Contorcido Distal e Túbulo Coletor;
o Arteríolas Aferentes e Eferente
o Ateríolas aferente e eferente
o Capitalares peritubulares

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FUNÇÕES HOMEOSTÁTICAS DO RIM

Principais Funções dos Rins Problemas correlacionados

Controlo da pressão arterial Hipertensão arterial

Manutenção do equilíbrio de sódio e Retenção do sódio e água no organismo, favorecendo o


água aparecimento de edema

Manutenção do equilíbrio do Hiperfosfatemia e hipercaliémia


potássio, fósforo, etc.

Manutenção do equilíbrio ácido- Acidose metabólica


básico

Eliminação dos produtos finais de Acúmulo de toxinas no organismo levando ao


metabolismo aparecimento da uremia

Ativação da vitamina D na sua forma Deficiência de vitamina D, hiperparatiroidismo secundário


ativa

Produção de eritropoetina Anemia

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LESÃO RENAL AGUDA (LRA)


 A LRA é o termo “preferido” para descrever a falha dos rins para manter sem suporte
homeostasia.
 A IRA foi classicamente definida como uma redução grave do débito urinário normal nas 24
horas acompanhado de:
o Retenção de produção do metabolismo do nitrogénio (causando aumento da ureia
sanguínea, nitrogénio ureico no sangue (BUN), creatinina, outras proteínas)
o Alteração da homeostasia de potássio e bicarbonato;
o retenção de água
 Aumentos detetáveis nestes produtos só ocorrem quando mais de 60% da função renal foi
perdida: será tarde demais para medidas preventivas.

CONCEITO
 É um súbito declínio da função renal que resulta em azotemia;
 Com uma acumulação de resíduos nitrogenados (creatinina e ureia)
 Desenvolve-se durante horas ou dias (< 4 semanas)
 Independente da causa ou mecanismo;
 A LRA provoca distúrbios eletrólito, de volume e estado metabólico
 Critérios:
o Creatinina;
o Débito Urinário;
 Anúria ( < 100 ml/dia)
 Obstrução completa;
 Oclusão bilateral artéria / veia renal
 Necrose cortical bilateral
 Necrose tubular aguda
 Glomerulonefrite aguda
 Oligúria (100-500 ml/dia)
 Pré-renal
 Necrose tubular aguda
 Glomerulonefrite aguda
 Nefrite intersticial
 Obstrução intermitente

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 Não Oligúria
 Poliúria
 Necrose tubular aguda
 Nefrite intersticial
 Obstrução intermitente
o Ureia

FISIOPATOLOGIA
 Embora os processos exatos permaneçam indeterminados, a abordagem tradicional de
categorizar entre glomerulonefrite, necrose tubular aguda e a nefrite intersticial é uma
simplificação excessiva.
 Pode ocorrer lesão devido a uma combinação de vários processos de isquemia/reperfusão,
inflamação e produção de toxinas.

PRODUÇÃO DE FILTRAÇÃO, SECREÇÃO E REABSORÇÃO EXECUTADOS PELO NEFRÓNIO

AÇÃO DOS DIURÉTICOS NO NEFRÓNIO


DEFINIÇÃO E ESTÁDIOS DA IRC
 Temos cerca de 2 milhões de nefrónios, sendo que cada um filtra 60 ml/minuto em média
e, consequentemente, atinge-se uma taxa de filtração glomerular (TFG) global de 120
ml/min. A insuficiência renal começa quando a TFG diminui para menos e 60 ml/mil/1,73
m2.
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 A determinação da creatinina não é considerada uma boa medida da função renal, na


medida em que a creatinina depende da massa muscular, idade, sexo e secreção tubular
entre outros fatores. E extremamente importante sublinhar a redução fisiológica da função
renal de cerca de 10% para cada década de vida. O rim tem capacidade para perder até
50% da sua função, sem refletir um aumento da creatinina sérica.
 A comunidade nefrológica define a IRC como a redução da taxa de filtração glomerular
(TFG) de menos de 60 ml/min/1,73 m2 ou a presença de lesão renal pelo menos nos três
últimos meses.

MECANISMOS ENVOLVIDOS NA PROGRESSÃO DA DOENÇA RENAL CRÓNICA


ACUTE RENAL FAILURE IN CRITICALLY ILL PATIENTS
A MULTINATIONAL, MULTICENTER STUDY
 Estudo multicêntrico internacional
o 54 centros em 23 países
 5,7% doentes com IRA
o Diurese < 200 ml/12 horas e/ou nitrogénio ureico no sangue (BUN) > 84 mg/dl
o Choque sético 47,5%, cirurgia major 34,3%
o 30 % disfunção prévia
o 4,2 % TSR
 Mortalidade UCI 52%

CRITÉRIO RIFLE PARA LESÃO RENAL AGUDA


RIFLE (ACUTE DIALYSIS QUALITY INITIATIVE) - ADQI

Creatinina Sérica Débito Urinário

Risk (Risco) ⥸ 1,5/base ou TFG ⥶ 25% ⥶ 0,5 ml/kg/h / ⥸6 h

Injury (lesão) ⥸ 2,0 / base ou TFG ⥶ 50% ⥶ 0,5 ml/kg/h / ⥸ 12 h

Failure 3,0 / base ou TFG ⥶ 75% ou 4,0 / ⥶0,3 ml/kg/h / ⥸ 24 h ou


(Insuficiência) aumentado de 0,5 mg/dl anúria ⥸ 12 h

Loss (perda) TSR > 4 semanas

End (doença TSr > 3 meses


terminal)
TFG: taxa de filtração glomerular
TSR: técnica de substituição renal

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CRITÉRIO AKIN PARA LESÃO RENAL AGUDA


RESEARCH
ACUTE KIDNEY INJURY NETWORK: REPORT OF AN INITIATIVE TO IMPROVE OUTCOMES IN ACUTE KIDNEY
INJURY

Estádio Creatinina Débito Urinário

1 ⬆ Creatinina > 0,3 mg/dl ou para 1,5 x < 0,5 mL/kg/h x 6 h

2 ⬆Creatinina para 2 a 3x < 0,5 mL/kg/ h x 12 h

3 ⬆Creatinina > 3 < 0,3 mL/kg/ h x 24 h ou anúria x 12 h


ou
Creatinina > 4 mg/dL
(⬆ aguda < 0,5)
OU
Doentes SOB TSR

CRITÉRIO KDIGO PARA LESÃO RENAL


Albuminúria: é o marcador mais precoce das doenças glomerulares ao invés da proteinúria
Prognóstico de insuficiência renal crónica por GFR e categorias de albuminúria: KDIGO 2012

Categorias dos níveis de albuminúria


Descrição e Intervalo

A1 A2 A3
Prognóstico de Insuficiência
renal crónica por GFR e Normal
categorias da albuminúria: Aumento Aumento
para ligeiro
KDIGO 2012 moderado grave
aumento

30-300 > 300


< 30 mg/g
Categorias de GFR mg/g mg/g
<3
(ml/min/1,73m2) 3-30 > 30
mg/mmol
Descrição e intervalo mg/mmol mg/mmol

risco risco
G1 Normal ou alto ⥸ 90 Risco baixo
moderado muito alto

60-
G2 Diminuição ligeira aumentado
89

Diminuição 45-
G3a
moderada 59

G3b Diminuiçã pouco 30-

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severa 44

Doença
Diminuição 15-
G4 renal
severa 29
crónica

G5 Falência renal <15

Conclusão:
 Tanto os critérios RIFLE quanto o AKIN e o KDIGO apresentam-se como bons preditores
de mortalidade em doentes críticos, não havendo diferença entre a capacidade de predição
de óbito entre eles.
 Estas escalas apresentaram boa discriminação para óbito.

DOENÇA RENAL CRÓNICA


 Principais causas de doença renal crónica com necessidade de TSR:
o Diabetes;
o HTA;
o Glomerulopatis;
o Rins poliquisticos

LESÃO RENAL AGUDA EM CUIDADOS INTENSIVOS


 Principais diagnósticos:
o Isquémia
o Sépsis
o Choque sético
o Nefrotoxinas
o Rabdomiólise
o Outros
 Fatores de prognóstico
o Idade
o Débito Urinário
o Creatinina à entrada
o Hipotensão
o Ventilação
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o Insuficiência cardíaca
o Sépsis
o Icterícia
o Neoplasias
 Morbilidade e mortalidade significativas
 Custo elevado
 Melhor é a prevenção!

LESÃO RENAL AGUDA (LRA) PRÉ-RENAL


 E a etiologia mais comum;
 Representa a resposta a um quadro de ⬇ TA, que leva a uma ⬇ perfusão renal, que por
falha do mecanismo de auto-regulação pressórica (PAM > 80 mmHg) leva à queda da
TFG;
 Resposta à falha de auto-regulação: ANGIOTENSINA II + ALDOSTERONA +
VASOPRESSINA → ⬆ Reabsorção de H20 + Na+ a nível do nefrónio;
 Tudo isto leva ao aparecimento da oligúria / anúria, [Urina], ⬇ Na + urinário.

LESÃO RENAL AGUDA (LRA) RENAL


 Também conhecida como parenquimatosa ou intrínseca;
 Devia a dano estrutural do rim;
 a maioria dos casos é desencadeada por isquémia (⬇TA) ou nefrotoxinas
(aminoglicosídeos, radiocontraste, imunoglobulina, cocaína) que induzem a NTA (necrose
tubular aguda);
 As características patológicas são: necrose focal do epitélio tubular, com descolamento da
sua membrana e obstrução dos túbulos renais por células epiteliais em degeneração.
 Ex: NTA; Nefrotoxinas, Glomerulonefrite.

LESÃO RENAL AGUDA (LRA) PÓS-RENAL


 Dos 3 tipos é a menos prevalente;
 é de causa obstrutiva uretral ou uretral com repercussão renal bilateral;
 Se a obstrução persistir, pode ocorrer fibrose intersticial, atrofia tubular progressiva e
nefropatia obstrutiva crónica.
 Ex. Hipertrofia prostática, obstrução uretral.

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Sinais e Sintomas dependem da causa, do grau de comprometimento da função renal e da


doença de base

Pré Renal Renal Pós-renal


⬇TA, polidipsia Sedimento urinário, edema, Dor supra-púbica, dificuldade na
⬇pressão venosa jugular, HTA, Oligúria, febre, ... micção, hematúria, dor lombar, ...
sinais de desidratação
⬆FC

Áreas Avaliadas Achados

Sangue/Alterações Analíticas:

Hb e Hct Diminuídos
Eletrólitos: ⬆Potássio
⬇Cálcio
⬇Sódio
Osmolaridade plasmática Variável, habitualmente aumentada
Ureia e Creatinina ⬆

Urina

Densidade ⬇ (fixo na Insuficiência renal crónica)


Sedimentos Urinários Normais a aumentados
Osmolaridade ⬇
Clearance da creatinina ⬇
Concentração de sódio ⬇

Radiológicas

Scan Renal Todos os achados radiológicos dependem da patologia específica


Pielograma EV
Angiografia

Fluídos

Débito urinário ⬇
Turgor da pele Variável
Edema Geralmente presente

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Manifestações órgãos-específicas

Digestivas Náuseas, vómitos, hemorragias

Cardiorespiratório Dispneia, edema, HTA, ICC, EAP, Arritmia, pericardite,


pleurite

Neurológico Sonolência, tremores, agitação, torpor, convulsões, coma

Hematológico Hemorragia, anemia, trombocitopenia

Imunológico Imunodepressão

Nutricional Catabolismo aumentado, perda de massa muscular

Cutâneo Prurido

Tratamento:
 Podem considerar-se três objetivos:
o Corrigir o mecanismo causal (remover tóxico ou obstrução)
o Promover a regeneração da capacidade renal remanescente
o Prevenir complicações
 LRA pŕe-renal: restabelecimento da perfusão renal (hidratar e corrigir causa
desencadeante)
 LRA obstrutiva: remoção do obstáculo
 LRA Intra-renal: ?
 Acidose metabólica:
o Hipercaliémia
o Pressão arterial
o Infeção
o TSFR
o Nutrição

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
 Restaurar o fluxo sanguíneo adequado para os rins;
 Manter o equilíbrio hidroeletrolítico
 Promover uma nutrição adequada
 Prevenir infeções
 Despiste de hemorragias

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 Despiste de alterações neurológicas


 Proporcionar conforto
 Educação do doente e família
 Técnicas de substituição da função renal.

TÉCNICAS CONTÍNUAS DE SUBSTITUIÇÃO DA FUNÇÃO RENAL


 Objetivos:
o Atingir a Homeostasia
 Manter equilíbrio de fluidos, eletrólitos e ácido base;
 Impedir a progressão da lesão renal;
 Restabelecer as funções normais do rim;
 Indicações:

Gerais
Remoção de solutos hidrossolúveis
Remoção de fluídos

Não renais Renais

Edema pulmonar LRA no contexto de falência múltipla de


Insuficiência cardíaca congestiva órgãos
Sépsis e falência múltipla de órgãos Oligúria não obstrutiva
Síndrome de dificuldade respiratória aguda (SDRA) Hipercaliémia
Insuficiência hepática Acidémia metabólica grave (pH < 7,1)
Queimaduras graves Síndrome urémica
Edema cerebral Disnatrémia grave
Síndrome de lise tumoral Hiperfosfatémia
Coagulopatia com necessidade grds qt de derivados
de sangue
Acidose láctica
Intoxicações por toxinas hidrossolúveis

TCSFR VS TISFR

TCSFR TISFR

Gestão de volume de fluídos e depuração de solutos lenta Rápida eliminação de fluídos e


e contínua (ao longo das 24 horas) depuração de solutos (3 a 4 horas)

Prevenção de episódios de hipotensão relacionados com Episódios frequentes de hipotensão


a diminuição do volume em doentes com grave
instabilidade hemodinâmica

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Controlo contínuo de valores laboratoriais (Ureia e Controlo de valores laboratoriais


Creatinina) apenas durante o tratamento (ureia e
creatinina)

QUE TÉCNICA UTILIZAR


 Depende da condição clínica do doente
 Depende da experiência da equipa
 Depende da técnica mais eficaz face à situação
 Disponibilidade de monitores
 Distribuição equitativa dos recursos (humanos e materiais)

PRINCÍPIOS FÍSICOS - TCSFR


 Cada técnica usa pelo menos um princípio físico para deslocar fluídos e/ou solutos para
dentro ou fora do sangue.
 Ultrafiltração:
o Movimento de fluídos através de uma membrana semipermeável orientado por um
gradiente de pressão, também conhecido por pressão transmembranária (PTM).
o PTM que força a passagem de água plasmática através da membrana
o Pressão Alta → Pressão Baixo
 Difusão:
o Movimento dos solutos a partir de uma área de concentração de solutos superior
para uma inferior.
o Pressão Alta → Pressão baixa
 Conveção:
o Movimento de fluidos frequentemente designado por “arrastamento de solutos”.
o Quanto maior for o volume de fluídos ou quanto mais rápido for o fluído ou quanto
mais rápido for o fluído mais solutos são arrastados.
o A bomba de efluente extrai fluído e arrasta os solutos de sangue.
 Adsorção:
o Adesão molecular à superfície ou interior de uma membrana semipermeável, que
serão arrastadas por um fluído em contra-corrente.
o É necessário movimento de fluídos para ocorrer.

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TIPOS DE TCSFR
 SCUF - Slow continuos ultrafiltration (Ultrafiltração contínua lenta):
o Remove fluídos ao doente apenas por UF

 HVVC - hemofiltração veno-venosa contínua:


o Remove solutos por conveção, e se desejado remove fluídos

 HDVVC - Hemodiálise veno-venosa contínua:


o permite depuração de solutos por difusão, e se desejado remove fluídos

 HDFVVC - Hemodiafiltração veno-venosa contínua:


o Remove solutos por conveção e difusão, e se desejado remove fluídos

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DEPURAÇÃO RENAL

TÉCNICA PRINCÍPIO INDICAÇÕES

SCUF Ultrafiltração Resistência diuréticos, hipervolémicos;


Conveção hemodinamicamente instável, que não há tolerância remoção
rápida de volume

HVVC Ultrafiltração Resistência diuréticos, hipervolémicos, hemodinamicamente


Conveção instável, que não há tolerância remoção rápida de volume

HDVVC Ultrafiltração Doente hipovolémicos, hemodinamicamente instáveis, com uremia


Difusão mais acentuada

HDFVVC Ultrafiltração Doente hipervolémicos, hemodinamente instáveis, com uremia;


Difusão com IRA no doente hipercabólico, acidose e desiquilibrio
Conveção eletrolitico

RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A REALIZAÇÃO DA TCSFR


 Acessos vasculares:
o Veia Jugular Interna
o Veia Subclávia
o Veia Femoral
o Fístula arterio-venosa
o Intervenção de Enfermagem na Colocação do Acesso:
 Preparação do doente (física e emocional)
 Preparação do material com técnica asséptica;
 Lavagem e heparinização dos lúmens;
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 Realização de penso.
o Complicações associadas à colocação do cateter:
 Mau funcionamento do acesso vascular;
 Hemorragia focal;
 Trombose venosa;
 Embolia pulmonar;
 Infeção/Sepsis
o Intervenção de Enfermagem na Manutenção/Manipulação do Acesso:
 Realização do penso (CCIH) e SOS;
 Vigiar sinais inflamatórios/infeciosos;
 Heparinização dos luméns do catéter (tempo ???)
 Qualquer tipo de manipulação dos lúmens deve ser feita com técnica
assética.
o Quando retirar:
 Termo da sua utilização:
 Fim da TCSFR
 Excesso de dias
 Infeção do CVC
 Obstrução
 Monitores de hemofiltração:
o Leitor de código de barras;
o Ponto de pressão de retorno;
o câmara de desgasificação;
o 4 bombas (PBS, efluente, dialisante e reposição);
o Detetor de fugas de sangue;
o sensores de pressão;
o Bomba de sangue;
o Seringa de anticoagulante;
o Detetor de bolhas de ar;
o Clamp de linha de retorno;
o 4 balanças
o O que programar?
 PBS (reposição pré-bomba de sangue) linha branca
 Reposição (selecionar pós filtro) linha roxa
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 Dialisante - linha verde


 Bomba de sangue (mL/min, de sangue no circuito extracorporal)
 Fluxo de bomba de anticoagulante
 Circuito de circulação extracorporal (CEC)
o Sistema tubulado estéril que conduz o sangue enquanto este circula “fora do corpo”
levando o sangue do doente para o filtro (circuito arterial ou de acesso - vermelho) e
do filtro de regresso para o doente (circuito venoso ou de retorno - azul).
o Estéril
o Estanque
o Bio-compatível
o Componentes:
 Acesso Arterial
 Linha Arterial
 Dialisador
 Linha Venosa
 Acesso Venoso
 Dialisador:
o Estrutura do Filtro - Grande superfície de intercâmbio
o Membrana semipermeável - permite a passagem de água e solutos de baixo peso
molecular, não permite a passagem de solutos maiores (proteínas)
o Funcionamento do Filtro - Contra-corrente
o Substituição - após 72 horas / 780 L Sangue dialisado
 Solutos:
o Soluto PBS:
 Soluto de reposição que entra no circuito extra-corporal, pré bomba de
sangue;
 Tem como finalidade “diluir” o sangue, diminuindo a probabilidade de
coagulação;
 Diminui a diferença de concentração entre o sangue e o soluto de diálise.
 Permite maiores taxas de convenção.
o Soluto Reposição (Pós-Filtro)
 Soluto de reposição administrado ao nível da câmara venosa;
 Diminui a probabilidade de coagulação na linha venosa;
 visa manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico.
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o Solução de Diálise:
 Circula em mecanismo de contracorrente (em sentido contrário ao sangue)
 Anticoagulante:

o Heparina Convencional: Técnica Standard


 Lavagem prévio do filtro:
 Perfusão: 250 a 1000 ૫/h
 Evitar se plaquetas: 20000/60000
o HBPM
 Semi vida mais prolongada
 Ausência de antagonista
o Anticoagulação regional com Heparina
 Heparina na Linha Arterial
 Protamina na Linha Venosa
o Citrato de sódio:
 Administrar na Linha Arterial do cateter de filtração
 Não administrar bicarbonato de sódio

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 Contra indicação em doentes com doença hepática

Citrato → Bicarbonato
 O complexo cálcio - citrato é metabolizado pelo fígado do paciente, este processo converte
o citrato em bicarbonato e liberta cálcio ionizado.

Coneção do Doente ao Sistema


 Complicações:
o Hipotermia;
o Alterações da coagulação;
o Hipoxemia;
o Arritmia
o ⬇TA;
o Fuga de sangue;
o Embolia gasosa.

Intervenções de Enfermagem
 No início da Técnica:
o Lavagem das mãos;
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o Uso de máscara e luvas esterilizadas


o Remoção cuidados do penso do cateter, exposição das pontas num campo
esterilizado;
o verificar: sinais inflamatórios, hemorragia, exteriorização ou rutura do cateter;
o Efetuar lavagem e desinfeção do local de inserção segundo protocolo utilizado
(Clorexidina 2%)
o Se necessário, proteção da pele.
o Verificar a operacionalidade dos clamps;
o Retirar a heparina do lúmen arterial
o Verificar a permeabilidade do cateter;
o evitar posicionar o cateter em angulação
o Não efetuar movimentos bruscos por risco de exteriorização do cateter
o Estabelecer a circulação extra corporal
 Durante a técnica:
o Monitorização contínua:
 Tensão arterial; frequência cardíaca, ritmo cardíaco e temperatura;
 Estabilidade hemodinâmica
 Estado de consciência;
 Oxigenação (equilíbrio ácido-base)
 Coagulação e estado hematológico
 Estado nutricional/hipoglicémias;
 Sinais de infeção;
 Sinais de embolia gasosa;
 Segurança e desobstrução do circuito extracorporal;
 Administração de anticoagulantes;
 Ramos de acesso, do dialisante e de retorno;
 Cor do ultrafiltrado (fuga de sangue)
 Suspensão / término da técnica:
o Reinfundir o sangue do CEC para o doente;
o Lavar cada ramo do cateter com pelo menos 10 cc de SF em cada ramo;
o Heparinização do cateter de acordo com protocolo do serviço e normas do
fabricante;
o Colocar as tampas esterilizadas e envolvê-las com compressa esterilizada e colocar
penso estéril de modo a fixar o cateter.
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INTERCORRÊNCIAS DAS TCSFR

 Verificar a permeabilidade do cateter;


 Verificar se na administração de soro se sente alguma
Limite inferior da pressão resistência;
arterial  Verificar todo o CEC de modo a despistar a clampagem de
linhas (pinças, clamp do cateter, …)
 Inverter os lúmens do cateter;

 Verificar adaptações no circuito (torneiras e conexões)


Detetor de ar (presença de
 Verificar balão de soro de lavagem
ar no circuito)
 Verificar linhas

 Por presença e ar na câmara venosa;


 Por falta de débito;
Limite inferior da pressão
 Por encharcamento do transdutor da pressão venosa (soro
venosa
ou sangue)
 Por accionamento do Blood Leak

 Por linhas e/ou cateter clampados;


Limite superior da pressão
 Por presença de coágulos na câmara venosa ou circuito
venosa
coagulado.

 Pressão transmembranária (PTM) é a pressão exercida pela membrana do filtro.


 Reflete a diferença entre o compartimento de fluído e o compartimento de sangue do filtro;
 variam com a ultrafiltração;
 Indicadores das condições dentro do filtro;
 Monitorizam a permeabilidade da membrana.

Instrumentos de registo
 Fundamental para cuidar do doente;
 Transmissor dos cuidados prestados;
 Utilização de instrumentos de registos específicos;

Aula 8 – António Almeida Página 21

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