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Licenciatura em Farmácia

Química Farmacêutica

Diuréticos
Discentes: Docentes:
Bibiana Pacela PhD. Lázaro Cuinica &
Clércia Natividade MSc. Laize Beca
Francisco Amisse

Nampula, Maio de 2023


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➢ Diuréticos de mercúrio

➢ Diuréticos sem mercúrio:

➢ Tiazidas;

➢ Inibidores da anidrase-carbonica;

➢ Inibidores da aldosterona;

➢ Diureticos de ansa;

➢ Derivados de purina e xantinas;

➢ Diureticos pirimidínicos, osmóticos e miscellaneous.

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A saúde é o estado de equilíbrio do nosso organismo. Os eletrólitos como sódio,
potássio, cloro e bicarbonato estão presentes no nosso sangue e ambos são
importantes para o bom funcionamento e regulação das funções do organismo vivo.
O excesso e défice destes eletrólitos pode desencadear problemas se saúde. Assim
sendo, os diuréticos são um grupo de fármacos que agem ao nível dos rins
estimulando a excreção de iões como sódio, cloro, bicarbonato.

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Conceito Mecanismo Geral

São fármacos que aumentam a excreção de Todos os diuréticos interferem, de uma

eletrólitos e de água através do sistema forma ou outra e mais ou menos

urinário. Este efeito é obtido através da intensamente, com a reabsorção de sódio nos

diminuição da reabsorção de Na+ e Cl no túbulos renais. Entretanto, atuam em sítios


diferentes.
filtrado renal e aumentando a eliminação de
água do organismo.

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Constituição

➢Rims- filtram o sangue e formam a urina.

➢Ureteres- transporter a urina dos rims a beixiga.

➢Beixiga- armazena a urina.

➢Uretra- transporta urina da beixiga para o

exterior do corpo.

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Algumas funções:

➢Elimina substâncias tóxicas pela urina;

➢Regular o volume e a pressão sanguínea;

➢Homeostasia;

➢Balanço ácido / base - pH sanguíneo (H+/

HC03),…

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➢ Diuréticos propriamente ditos

Aumentam apenas a excreção de água e não dos eletrólitos

➢ Natriuréticos

Aumentam a excreção de sódio

➢ Saluréticos

Aumentam a excreção de sódio e cloro.

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Os diuréticos mercuriais contêm essencialmente Hg ++ em uma molécula orgânica,
impedem o transporte ativo de Cl na porção medular do ramo ascendente grosso ou
espesso da alça de Henle. Podem também agir em outros locais do nefrónio.

Exemplos: Meraluride, Mercurofilina, Mersalila, Meretoxilina, Mercumatilina,


Mercaptomerina e clormerodrina Hg 197.

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DIURÉTICOS MERCURIAS
Relação Extrutura-Actividade

➢ X= OH, haleto, ou anel heterocíclico, teofilina;


➢ Y= Substituição da cadeia lateral ou aromática;
➢ R= Radical metil;
➢ Grupo farmacóforo (Hg);
➢ Grupo farmacóforo (Hg): liga-se a um grupo sulfidril de uma enzima ATP-ase.
➢ Em contrapartida, a natureza do grupo R, que é normalmente bastante complexo, tem um
efeito muito grande tanto na toxicidade como na actividade diurética.

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A natureza do grupo OY é determinada pelo solvente em que a mercuração é realizada e é
um grupo hidroxilo, se o solvente for água ou um grupo metóxi ou etoxil, se o solvente
for o álcool.
O grupo R, que geralmente é bastante complexo, tem um efeito muito grande na
toxicidade e na actividade diurético.
Mercaptomerina R é canforâmico ácido
Merallurida R é succinilureia
Clormerodrina R é ureia
Mercumatilina R é cumarina

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DIURÉTICOS MERCURIAS
Mecanismo de Ação
Inibem ATP-ase da membrana tubular, enzima responsável pela reabsorção ativa do Na+.
Através do seu átomo de Hg, eles reagem, pelo menos, com um grupo sulfídrica da ATP-
ase.

O elemento ativo é o íon mercúrio, que se liga especificamente a dois sítios receptores,
sendo um deles um grupo sulfídrica e o segundo, outro grupo sulfídrica ou uma hidroxila
fenólica, um grupo amino, um grupo carboxílico ou anel Imidazolico.

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DIURÉTICOS NÃO-MERCURIAIS
São geralmente predominantes em termos da sua significância clínica,
eficácia e aplicações mais amplas. Possuem, em geral, menos efeitos
secundários e são muito menos tóxicos do que os diuréticos mercuriais
correspondentes.

São classificados com base nas suas estruturas químicas em conjunto com
as suas características físicas.

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DIURÉTICOS TIAZIDICOS
As benzotiadiazidas foram sintetizadas em um esforço para aumentar a
potência dos inibidores da anidrase carbónica. Entretanto, diferentes dos
inibidores da anidrase carbônica (que aumentam principalmente a excreção
de NaHC03), as benzotiadiazidas aumentam principalmente a excreção de N
a Cl, um efeito que foi demonstrado como sendo independente da inibição
da anidrase carbónica.
Exemplos: Hidroclorotiazida, Indapamida, Metolazina, Clortalidona

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DIURÉTICOS TIAZIDICOS
Relação Estrutura-Actividade

O grupo farmacóforo das tiazidas é o grupo Sulfonamida: -SO2NH2


Em relação a potência de actividade a Indapamida> Metolazina> Hidroclorotiazuda =
Clortalidona.

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DIURÉTICOS TIAZIDICOS
Mecanismo de Ação
Inibem a via simporte dos canais iónicos de sódio e cloro (NCC) consequentemente
inibindo a reabsorção de 𝑁𝑎+ e 𝐶𝑙 - principalmente no túbulo contorcido distal. Assim, os
iões 𝑁𝑎+ e 𝐶l - são eliminados na urina e com eles a água por osmose.

Indicações

▪ Diabetes insipida
▪ Hipercalciúria;
▪ Insuficiência cardíaca;
▪ Hipertensão. 16
INIBIDORES DE ALDOSTERONA
Aldosterona é um dos membros mais importantes entre os corticosteróides secretados
pelo córtex adrenal. Promove a retenção de Na+, Cl- e água através da reabsorção tubular
distal.

Os inibidores de aldosterona (diuréticos anti-hormonais) são agentes que competem


particularmente com aldosterona no local receptor específico localizado no túbulo distal,
invertendo assim as reações electrolíticas desta hormona natural, e causando diurese são
grupos de fármacos da classe das cetonas cíclicas com acção diurética dentre eles podem
ser: Espironolactona, espleronona, careonona e careonato de potássio.

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INIBIDORES DE ALDOSTERONA
Relação Estrutura - Actividade
O grupo farmacóforo dos inibidores da aldosterona é o
grupo carbonila (–CO-)

➢ Facilitador biológico da depuração do potássio, sendo a


sua secreção aumentada na presença de níveis
aumentados de potássio.
➢ O potássio estimula a libertação de aldosterona por
despolarização das células endócrinas da suprarrenal,
abrindo canais de Ca2+ dependentes da voltagem.
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INIBIDORES DE ALDOSTERONA
Mecanismo de Ação
Ele impede a translocação do complexo receptor para o núcleo da célula -alvo,
bloqueando a produção de proteínas mediadoras que normalmente estimulam os locais
de troca Na+/K+ do túbulo coletor. Assim, a falta de proteínas mediadoras evita a
reabsorção de Na+ e, por consequência, a secreção de K+ e H+
Indicação
➢ Cirrose hepática;
➢ Hiperaldosteronismo;
➢ Insuficiência cardíaca;
➢ Hipertensão resistente;
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➢ Ascite.
INIBIDORES DA ANDRASE CARBÔNICA
As anidrases carbónicas são uma superfamília de metaloenzimas, que catalisam a
interconversão entre o CO2 e bicarbonato usando um metal do mecanismo nucleofílico de
hidróxido.

A anidrase carbónica está presente principalmente na região do túbulo contornado proximal


do néfron e é a enzima responsável pela produção de ião 𝐻 + intracelular que será trocado
pelo ião 𝑁𝑎+ presente na região luminal (filtrado glomerular). O ião 𝐻+é resultado da reação
de degradação do ácido carbônico (𝐻2𝐶𝑂3).

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INIBIDORES DA ANDRASE CARBÔNICA
Relação Estrutura-Actividade
O grupo farmacóforo da IAC é o grupo sulfamilico (-SO2NH2).
As sulfonamidas aromáticas não substituídas ArSO2NH2 actuam como
fortes IACs, e que a potência de tais compostos é drasticamente
reduzida pela substituição N de a porção sulfonamida.
Quanto maior for substituído o anel pirimidico aumenta a sua potencia.

Em relação as potências relativas Acetozolamida <Metozolamida


<Diclorfenamina.
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INIBIDORES DA ANDRASE CARBÔNICA
Relação Estrutura-Actividade
Foi dada especial atenção às sulfonamidas aromáticas
substituídos na posição para, pois apresentam maior
afinidade com a enzima zinco em comparação com uma
sulfonamida aromática substituída por orto. Isso pode ser
devido ao comprometimento estérico do substituinte orto
/para a ligação de tais compostos ao ião Zn(II) dentro do
local ativo da enzima.
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INIBIDORES DA ANDRASE CARBÔNICA
Mecanismo de Ação
Agem principalmente nos túbulos contorcidos proximais inibindo a anidrase AC impedindo a
reabsorção de 𝑁𝑎+, eliminando este ião na urina e com ele a água por osmose.
Como resultado, a excreção de ião Na+, eHC03- através dos rins e aumentada, elevando
concomitantemente o pH urinário.
Actividade inibidora da anidrase carbonica requer a existência de elevada nucleofilicidade
por parte do átomo de nitrogénio do grupo sulfamilico.

Indicação
▪ Glaucoma; 23
DIURÉTICOS DA ANSA
Relação Extrutura-Actividade
O grupo farmacoforo dos diureticos de alça é
variavel, para Furosemida e o Bumetanida
possuem o grupo sulfonamida (-SO2NH2),
enquanto para Torsenida possue o grupo
farmacoforo um grupo sulfunurico (– SO2-
NHCO-NH-).

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DIURÉTICOS DA ANSA
Mecanismo de Ação
Atuam sobre o ramo ascendente espesso, inibindo o transportador Na+ /K+ /2Cl− na
membrana luminal, combinando-se com seu ponto de ligação para Cl−.

Indicações terapêuticas Efeitos adversos


▪Hiponatremia;
▪Edema agudo de pulmão;
▪Hipocalemia;
▪Hipercaliemia;
▪Arritmia cardíaca;
▪Insuficiência cardíaca crônica;
▪Hipomagnesemia;
▪Síndrome nefrótica;
▪Hipocalcemia;
▪Insuficiência renal;
▪Hipertansao arterial. 25
DIURÉTICOS OSMÓTICOS
Relação Extrutura-Actividade
Os grupo farmacóforo nos diureticos osmoticos como a Glicerinia, Manitol é o grupo
hidroxila(-OH).

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DIURÉTICOS OSMÓTICOS
Mecanismo de Ação
São agentes livremente filtrados no glomérolo que sofrem absorção limitada pelo tubo
renal, principalmente na alça de henle. Aumentam a excreção urinária de quase todos
os eletrólitos, como Na+, K+, Ca+, Mg2+, Cl- , HCO3 - e fosfato.

Indicações terapêuticas Efeitos adversos


▪ Às vezes usados na insuficiência renal aguda, que ▪ Expansão do volume do líquido extracelular
pode ocorrer em decorrência de hemorragia, trauma (com risco de causar insuficiência do
ou infecções sistêmicas. hipertensão intracraniana; ventrículo esquerdo) e hiponatremia. Podem
▪ Glaucoma. ocorrer cefaleia, náuseas e vômitos.
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DERIVADOS DE PURINA E XANTINAS
Mecanismo de Ação
As xantinas são inibidores competitivos da nucleotideodifosfodiesterase, enzima que
regula a degradação do 3',5'-AMP cíclico. Esta inibição resulta no estímulo cardíaco e
no consequente aumento do fluxo sanguíne.

Insdicação
Antiasmáticos

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DERIVADOS DE PURINA E XANTINAS
Relação Extrutura-Actividade
O Grupo farmacóforo das xantinas é o grupo carbonilo
ligado ao carbono 4.
Presença de grupo metila na posição 7 nas xantinas
evita que se forme uma ligação estável com
desoxiribose na posição 9 não tendo a capacidade de se
incorporar nele, mas a sua ausência na mesma posição 7
das xantinas provocam uma alteração no DNA devido a
sua incorporação na sequencia de DNA.
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A exibição de propriedades diuréticas pelas xantinas metiladas estimulou interesse
suficiente em pesquisa para estabelecer e averiguar se os análogos da pirimidina,
que aliás estão intimamente relacionados bioquimicamente aos derivados da purina
in vivo, também possuem atividade diurética, abriu o caminho para a síntese de dois
análogos do uracil, a saber: aminometradina-tendo 6- grupo amino e
amisometradina com 1, 3-diaquil substituintes.

O farmaco possui essencialmente um núcleo de pirimidina que possui uma atividade


quase semelhante à dos derivados da purina.

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DIURÉTICOS PIRIMIDINÍCOS
Relação Extrutura-Actividade

O farmacóforo da aminometradina é o grupo carbonilo localizado no carbono 4 no anel


pirimidinico.

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DIURÉTICOS PIRIMIDINÍCOS
Mecanismo de Ação
As para além das xantinas as pirimidinas tambem
são inibidores competitivos da
nucleotideodifosfodiesterase, enzima que regula a
degradação do 3',5'-AMP cíclico. Esta inibição
resulta no estímulo cardíaco e no consequente
aumento do fluxo sanguíneo renal e da velocidade
de filtração glomerular.

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DIURÉTICOS MISCELLANEOUS
Existem alguns diuréticos potentes que não puderam ser acomodados convenientemente
em nenhum dos classificações feitas até agora (A-I), portanto, elas foram agrupadas sob
essa cabeça.
Exemplos: Triamtereno; Muzolimina.

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DIURÉTICOS MISCELLANEOUS
Mecanismo de Ação
Triamtereno: promove a excreção adequada de Na + e Cl–, é um popador de K +
retardando significativamente o transporte usual desse íon específico da célula tubular
para o lúmen tubular. Na prática, é administrado em conjunto com a hidroclorotiazida
(HCTZ) no tratamento de edema associado a insuficiência cardíaca congestiva, cirrose
hepática e síndrome nefrótica.
Muzolimina: inibe o sistema de transporte de K + / Cl– especificamente sobre o baso
lateral da membrana das células espessas do membro ascendente, pelo que proporciona
uma inibição do 1 Na + / 1 K + / 2 Cl– sistema de transporte.
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DIURÉTICOS MISCELLANEOUS
Relação Extrutura-Actividade
Ogrupo farmacoforo do diuretico Triamtereno é o
grupo amino presente no carbono 7. O farmacóforodo
diuretico Muzolimina é o grupo carbonilo presente no
carbono 5.

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1. Renata Manuela Ferreira Mota; Diureticos-2012;

2. Joel Abreu da Silva; Avaliação dos Diureticos no Controle da Hiertensão Arterial 2013;

3. Andrejus korolkovas & Joseph H. burckhalter; Quimica Farmacêutica-1982;

4. Katzung BG rt al. Farmacologia Basuca e clinica. 12 ed. AMGH Editora Ltda-2014;

5. Kessler, R. H., R. Lozano, and R. F. Pitts. "Studies on structure diuretic activity relationships of organic
compounds of mercury." The Journal of clinical investigation 36.5 (1957): 656- 668;

6. Goodman, Gilman et al. 12 ed. As bases farmacológicas da terapêutica de Gilman e Goodman AMGH Editora Ltda.
2012;

7. Gupta SP, Kumaran S. A quantitative structure–activity relationship study on some aromatic/heterocyclic


sulfonamides and their charged derivatives acting as carbonic anhydrase inhibitors. Journal of enzyme inhibition
and medicinal chemistry. 2005 Jun 1;20(3):251-9.

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GRATOS PELA ATENÇÃO!

Por: Bibiana Pacela; Clércia Natividade & Francisco Amisse 37

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