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INTRODUÇÃO A NEFROLOGIA
Regulação das concentrações plasmáticas de Na, K, H, Ca, Mg, Cl, HCO3, fosfato
Regulação do volume circulante e da osmolalidade dos líquidos corporais
Regulação do equilíbrio ácido básico
Regulação do balanço de água e dos eletrólitos
Excreção de produtos do metabolismo endógeno e substâncias exógenas
Secreção, metabolismo e excreção de hormônios como eritropoetina, renina-angiotensina, prostaglandinas,
cininas e vitamina D.
Gliconeogênese
Os rins realizam suas funções mais importantes pela filtração do plasma e pela posterior remoção de substâncias do
filtrado em intensidades variáveis, dependendo das necessidades do corpo
ANATOMIA RENAL:
O rim é um órgão retroperitoneal. O lado medial de cada rim apresenta a região denominada hilo, por onde
passam artérias e veias renais, plexos nervosos,
vasos linfáticos e ureter.
A gordura perirrenal se encontra entre o rim e
a fáscia renal e tem importância radiológica, pois
auxilia a definir as camadas (córtex e medula). A
gordura perirrenal circunda os rins e seus vasos, se
estendendo até os seios renais. A cápsula renal é a
membrana que envolve o rim.
O rim é dividido basicamente em duas regiões, o
córtex externo e a medula interna. No córtex renal é
onde estão localizados os glomérulos e os túbulos
contorcidos proximais e distais. A medula renal é
dividida em massas de tecido em forma de cone
denominadas pirâmides renais. Na medula renal se
encontram a alça de Henle e os túbulos coletores.
Vascularização:
Circulação renal
O fluxo renal corresponde a cerca de 20-25% do débito cardíaco, sendo que em termos de perfusão é 5-50
vezes maior que de outros órgãos. A perfusão depende da osmolaridade plasmática. O rim tem baixa resistência
vascular, mas ela pode ser modulada pelas arteríolas (vasoconstrição e vasodilatação) e tem grande capacidade de
filtração. O fluxo é distribuído heterogeneamente, 80% no córtex e 20% na medular. FSR (fluxo sanguíneo renal), TGF
(taxa de filtração glomerular.
As intensidades com que as diferentes substâncias são excretadas na urina representam a soma de três
processos renais: (1) filtração glomerular, (2) reabsorção de substâncias dos túbulos renais para o sangue e (3)
secreção de substâncias do sangue para o túbulo renal. A filtração glomerular é de 100-120 ml/min, com reabsorção
tubular de 98,8%.
Exemplo: homem, 70kg, 3 litros de plasma. Fluxo renal de 1200 ml/min – 180 l de plasma/dia = diurese de 1500 ml,
reabsorção de 178,5 L.
A formação da urina começa quando grande quantidade de liquido praticamente sem proteínas é filtrada dos
capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman, as concentrações de outros constituintes do filtrado
glomerular são similares às concentrações plasmáticas. A filtração glomerular (FG) é determinada pelo balanço das
forças hidrostáticas e coloidosmóticas atuando através da membrana capilar e também pelo coeficiente de filtração
glomerular. No humano adulto médio a FG é de cerca de 180 L/dia, 20% do plasma que flui pelos rins são filtrados
pelos capilares glomerulares.
A FG é determinada (1) pela soma das forças hidrostáticas e coloidosmótica através da membrana glomerular
que fornecem a pressão efetiva de filtração e (2) pelo coeficiente de filtração capilar glomerular. A pressão efetiva de
filtração representa a soma das forças hidrostáricas e coloiodosmóticas que favorecem ou se opõe, à filtração através
dos capilares glomerulares. Essas forças incluem:
Pressão hidrostática nos capilares glomerulares que promove a
filtração (60 mmHg)
Pressão hidrostática na cápsula de Bowman, por fora dos
capilares que se opõe a filtração (18 mmHg)
Pressão coloidosmótica das proteínas plasmáticas, que se opõe
à filtração (32 mmHg)
Pressão coloidosmótica das proteínas na cápsula de Bowman
que promove a filtração (sob condições normais, a concentração
de proteínas no filtrado glomerular é tão baixa que a pressão
coloidosmótica do líquido na cápsula de bowman é nula.) (0)
Túbulo proximal
O túbulo proximal é onde ocorre a maior reabsorção do filtrado
(70% de Na e água). A absorção pode ser passiva ou ativa, sendo O sódio é o maior determinante da
que suas células têm um elevado metabolismo e grande numero de
mitocôndrias para suportar muitos processos de transporte ativo. No osmolaridade extracelular, ou seja,
túbulo proximal ocorre reabsorção ativa de sódio (e de água junto). aonde o sódio vai, a água vai atrás.
A reabsorção de Na ocorre por 2 mecanismos: (1) Co-transporte
junto com glicose, fosfato, aminoácidos, sulfatos, ácidos
inorgânicos; (2) Trocador Na/H: quebra molécula de água, H+ é secretado em troca de Na. Oh- + Co2=HCO3. Na entra
na célula por gradiente elétrico
O Cloro é absorvido de maneira passiva devido a sua alta concentração no filtrado.
O potássio é reabsorvido por via paracelular (através de junções entre as células) passivamente. O túbulo proximal
absorve 80% do K filtrado. A parte mais distal regula a excreção ou reabsorção do K, dependendo da concentração
sérica (consumo da dieta, aldosterona, fluxo glomerular, etc). Também ocorre absorção de cloro, glicose, aminoácidos e
albumina.
Alça de Henle
Porção fina descendente é altamente permeável a água, reabsorvendo até 20% da água filtrada. A porção ascendente
(fina e espessa) é impermeável a água, reabsorve Cl e Na. E a porção espessa ascendente é impermeável à água,
reabsorve Na por meio de transporte ativo (bomba de NaK-atpase), assim como cloreto e potássio (cotransportador de
1-sódio, 2-cloreto, 1-potássio – alvo dos diuréticos de alça).
A principal função da alça é mergulhar na medula renal (alta osmolaridade) e voltar. A permeabilidade de água
gera o gradiente de osmolaridade do córtex em direção a medular renal. A medular renal tem gradiente hipertônico ou
hiperosmótico. Na medular é realizado grande parte do controle de água livre.
Túbulo distal
A primeira porção do túbulo distal forma a macula densa, parte do complexo justaglomerular que fornece
controle por feedback da FG e do fluxo sanguíneo no mesmo néfron. A porção seguinte é muito convulta e reabsorve
avidamente a maioria dos íons, e é praticamente impermeável á água e ureia. O cotrasportador de sódio-cloreto move
cloreto de sódio do lúmen tuular para a célula, e a bomba Na/K ATPase transporta sódio pra fora da célula. Os
diuréticos tiazídicos inibem o cotransportador de sódio/cloreto.
A segunda metade do túbulo distal e o túbulo coletor cortical subsequente têm características
semelhantes. São compostos por dois tipos de células as células principais e as células intercaladas. As células
principais promovem reabsorção de Na e excreção de K+ por NaK-atpase, modulada pela aldosterona. As células
principais são os locais de ação primária dos diuréticos poupadores de potássio (espironolactona, epleronona,
amilorida, triantereno). As Células intercaladas reabsorvem íons potássio e secretam íons hidrogênio para o lúmen,
sendo responsáveis por regulação ácido-básico.
Ducto coletor
Controla mecanismo de hiperosmose e
reabsorção de água livre. Se ocorre perda de água
livre, ocorre desidratação hiperosmótica. E se ocorre
perda de água e solutos (isosmótica) ocorre
hipovolemia. O túbulo coletor consegue regular essas
duas situações, porém de formas diferentes.
Em casos de hipovolemia vai ocorrer baixa
perfusão renal, o que ativa o sistema renina-
angiotensina-aldosterona, fazendo com que a renina
cause vasoconstrição nas arteríolas eferentes,
diminuindo a filtração glomerular e a aldosterona inibe a
excreção de sódio retendo água na circulação,
aumentando a volemia.
Em caso de desidratação ocorre aumento da
osmolaridade plasmática, o ADH é ativado,
promovendo abertura das aquaporinas, as quais
absorvem água ativamente, aumentando a volemia.
A permeabilidade do ducto coletor medular à
água é controlada pelo nível do ADH. Com níveis
elevados de ADH a água é absorvida avidamente para
o interstício medular, reduzindo dessa forma o volume
urinário e concentrando a maioria dos solutos na urina.
LÍQUIDOS CORPORAIS
Compartimentos líquidos:
A manutenção de volume relativamente constante e de composição estável dos líquidos corporais é essencial para a
homeostasia.
Água corporal
Em um homem adulto com peso médio de 70 kg, a quantidade total de água fica em torno de 45-60% do seu
peso corporal, algo em torno de 42 litros. Esse percentual pode mudar, dependendo da idade, sexo e porcentagem de
gordura corporal. Com o envelhecimento, o percentual total de água no corpo diminui gradualmente. Devido ao fato de
mulheres terem mais gordura corporal que os homens, sua água corporal é em média de 50% do peso corporal. Em
crianças prematuras ou recém-nascidos, a água corporal varia de 70 a 75% do peso corporal. Sendo assim, mulheres,
obesos e idosos tem menor proporção de água.
Compartimentos líquidos:
O líquido corporal total está distribuído principalmente em dois compartimentos: o líquido extracelular e o líquido
intracelular. O líquido extracelular é dividido em líquido intersticial e plasma sanguíneo. Existe outro compartimento
menor de líquido, conhecido como líquido transcelular. Esse compartimento inclui o líquido dos espaços sinoviais,
peritoneais, pericárdicos, intraoculares e o líquido cefalorraquidiano. Todos os líquidos transcelulares juntos constituem
cerca de 1 a 2 litros.
Intracelular: corresponde a 40% do peso, se encontra no citoplasma das células
Extracelular: corresponde a 20% do peso corporal. O plasma troca continuamente substâncias com o
interticio, de forma que ambos têm praticamente a mesma composição.
o Interstício: 15%
o Intravascular: 5%.
Liquido do “terceiro espaço”
Líquido intracelular: contém pequena quantidade de íos sódio, clorero e cálcio. Entretanto, o líquido intracelular tem
grande quantidade de íons potássio e fosfato, além de considerável quantidade de íons magnésio e sulfato. As células
também têm grandes quantidades de proteínas, quase quatro vezes a mais que o plasma.
Osmolalidade: concentração total de solutos de uma solução – incluem solutos que atravessam a membrana
celular. É uniforme em quase todas os locais do organismo. É expressa em osmóis por quilograma de água.
Osmolaridade: concentração total de solutos de uma solução expressa em osmóis por litro de solução
Tonicidade: capacidade dos solutos em gerar uma força osmótica que provoque movimento da água (principais:
sódio e glicose). É gerada pela diferença do gradiente de osmolalidade de um compartimento para outro.
Soluções:
Isotônicas: mesma concentração de solutos impermeantes das células (285 a 295 mOsm/L) e não altera o volume
das células. Ex: cloreto de sódio 0,9%, glicose a 5%. Essas soluções podem ser infundidas no sangue sem risco
de perturbar o equilíbrio osmótico entre os líquidos intra e extracelular.
Hipertônicas: tonicidade maior que o do plasma (concentração maior de solutos impermeantes que o liquido
intracelular). Faz com que água saia da célula para o liquido extracelular/ água saia do interstício para o vaso (a
célula murcha). Ex: soluções de cloreto de sódio > 0,9%.
Hipotônica: tonicidade menor que o plasma (concentração de solutos menor que a das células). Promove a difusão
da água do líquido extracelular para dentro das células, causando inchamento, a água continuará a se difundir pela
célula diluindo o liquido intracelular até que este se torno isotônico em relação ao extracelular. Caso o inchamento
da célula ultrapasse a capacidade de distensão da membrana, esta se rompe. Ex: soluções de cloreto de sódio <
0,9%.
Reposição líquida:
Infusão de solução hipotônica (ex. soro glicosado 5%): ocorre diminuição da osmolaridade extracelular e parte da
água extracelular se difunde por osmose ára as células, até que os compartimentos extra e intracelular tenham a
mesma osmolaridade. Ambos os volumes aumentam, embora o intracelular aumente em maior grau. Promove
distribuição rápida e proporcional.
Infusão de solução salina hipertônica (ex. soro fisiológico 2%): promove aumento da osmolaridade extracelular e,
por consequência, a mobilização da água do intracelular para o intravascular (extracelular). Aumenta, assim, a
volemia e desidrata a célula.
Infusão de salina isotônica (ex: soro fisiológico 0,9%):
promove expansão volêmica sem mudança da
osmolalidade, portanto não ocorre osmose através das
membranas celulares. distribuição uniforme entre os
compartimentos, apenas 25% permanecem no
intravascular.