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Resumo Fisiologia Prova 8 - Uechi

FISIOLOGIA RENAL

RINS

Órgãos excretores e reguladores cujas funções são:


regular volume de água, balanço de íons e equilíbrio
ácido-básico; remover produtos da degradação
metabólica do sangue (ureia dos aminoácidos, ácido
úrico dos ácidos nucleicos e creatinina dos músculos)
e substâncias tóxicas do sangue e excretá-las na urina;
gliconeogênese; e produzir hormônios: eritropoetina
(controla produção de eritrócitos), renina (controla
formação de angiotensina II, regulando a PA e o
balanço de Na+), e 1,25-di-hidroxivitamina D, que
influencia no balanço de Ca2+.

É intensamente vascularizado (recebe de 20 25% do


DC). O trajeto do sangue pelos rins ocorre da seguinte
forma: artéria renal artérias segmentares aa.
interlobares aa. arqueadas aa. interlobulares
arteríolas aferentes capilares glomerulares
arteríolas eferentes capilares peritubulares e vasos
retos veias. interlobulares vv. arqueadas vv.
interlobares vv. segmentares veia renal.

Dependendo da localização dos néfrons, os


glomérulos podem ser superficiais ou justamedulares.

O aparelho justaglomerular consiste em uma


formação de túbulo contorcido distal/ parte final da
alça ascendente, associado às arteríolas aferente AA
e eferente AE (nessa região, as células do epitélio
tubular se tornam cilíndricas mácula densa), e
células mesangiais (possuem elementos contráteis
que reduzem o diâmetro de AAs e AEs), e
justaglomerulares/ glanulares dispostas sobre a
arteríola aferente, e que secretam renina. Sofre efeito
do SNS, que promove a vasoconstrição da AA e AE,
secreção de renina e, consequentemente, aumento
da reabsorção de Na+ no túbulo contorcido proximal.

Ao decorrer do néfron há os processos de filtração F (capilares glomerulares 180 L/ dia) reabsorção R (do líquido tubular ao sangue)
secreção S (do sangue ao líquido tubular) excreção E (1,5 L/dia). Dessa forma: E = F R + S.

CLEARANCE

Baseado no princípio de Fick de conservação das massas.

C (ml/ min) = [U] x V/ [P], ou seja, clearance é concentração de uma dada substância na urina multiplicada pelo fluxo urinário e dividido por sua
concentração plasmática. Corresponde ao volume virtual de plasma depurado de uma determinada substância por minuto.

Como a insulina é apenas filtrada (não é reabsorvida e secretada), seu C define a taxa de filtração glomerular (TFG). Sendo assim: TFG = [U]
insulina x V/ [P] insulina. TGF não se altera com variações na [P] insulina, já que [U] é diretamente proporcional a [P]. Além disso TGF também
não se altera com variações em V, já que aumento em V dilui a [U], e vice-versa.

Carga filtrada = TGF x [P] (mg/ min). Carga excretada = V x [U] (mg/ min). Quando a substância não é reabsorvida ou secretada, a carga filtrada
é igual a carga excretada (insulina e creatinina, que é levemente secretada). Quando é mais reabsorvida que secretada (glicose totalmente
reabsorvida), a carga filtrada é maior que a carga excretada. Quando é mais secretada que reabsorvida (PAH substância totalmente secretada
utilizada para determinar o fluxo sanguíneo renal), a carga excretada é maior que a carga filtrada.

Obs: como a creatinina também é secretada, a TFG calculada a partir dessa substância é superestimada, mas próxima o suficiente da TFG real
para situações clínicas. Como a creatinina é um produto de degradação liberado pelo músculo (ou seja, é constantemente produzida pelo corpo)
e é filtrada no corpúsculo renal sem sofrer reabsorção, um aumento na concentração sanguínea de creatinina indica diminuição da TFG, que
constitui uma das características essenciais da doença renal.

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ULTRAFILTRAÇÃO

Fluxo Sanguíneo Renal FSR ΔP/ R sendo P a diferença entre a pressão na artéria renal e pressão na veia renal, e R a resistência,
principalmente determinada pelas arteríolas. Já o Fluxo Plasmático Renal (FPR) é determinado apenas pela porção de plasma do sangue,
calculado por 1 hematócrito (volume de células vermelhas). Portanto, FPR = porcentagem do plasma no sangue x FSR. Se FSR for
aproximadamente 1,1 L/ min, e considerando hematócrito de 0,45, FPR é aproximadamente 0,6 L/min ou 600 ml/min.

O ultrafiltrado glomerular normalmente não contém células e proteínas e a concentração da maioria dos íons inorgânicos (Na+, K+, Cl-) e solutos
orgânicos de baixo peso molecular (glicose, aminoácidos) é a mesma do plasma.

As barreiras de filtração consistem no endotélio capilar, sua membrana basal e os pedicelos de podócitos que formam fendas de filtração entre
eles. O endotélio é fenestrado e possui poros permeáveis à água, pequenos solutos e à maior parte das proteínas, sendo impermeável a células
e a proteínas aniônicas muito grandes (glicoproteínas carregadas negativamente). Já a membrana basal consiste em uma matriz porosa formada
por proteínas carregadas negativamente (colágeno tipo IV e laminina). As fendas de filtração são recobertas por diafragmas que contém poros.

Obs: a perda normal da estrutura dos podócitos resulta em proteinúria, uma das causas da síndrome nefrótica. Indivíduos afetados por essa
síndrome apresentam hipoalbuminemia e, consequentemente, edema generalizado.

Taxa de Filtração Glomerular (TFG): é o volume de ultrafiltrado formado por unidade de tempo. É aproximadamente 180 L/ dia (125 mL/ min).
Os rins filtram todo o plasma do corpo 60 vezes no dia, permitindo assim excretar uma grande quantidade de metabólitos e regular a composição
do meio interno com precisão.

Fração de Filtração (FF) = TFG/ FPR. Considerando que FPR é 600 ml/ min, e que TFG é 120 ml/ min, a FF é de 20%, ou seja, apenas 20% do
plasma que chega aos glomérulos é filtrado.

Pressão de ultrafiltração (pressão


efetiva de filtração PEF) = PHSG
PHC PCOS. Sendo PHSG pressão
hidrostática do sangue glomerular;
PHC pressão hidrostática capsular; e
PCOS pressão coloidosmótica do
sangue.

A pressão hidrostática ao longo do


capilar glomerular é relativamente
constante enquanto a pressão
oncótica aumenta, já que a
concentração de proteínas é mantida
à medida que água é filtrada.
Portanto, a pressão de ultrafiltração
diminui ao longo dos capilares
glomerulares, mas, não o suficiente
para parar a filtração.

TGF = Kf x PEF, sendo Kf o coeficiente


de ultrafiltração.

Kf = k x s, sendo k a permebilidade
efetiva do capilar e s a superfície total
disponível à filtração. A Kf dos
capilares glomerulares é maior que nos capilares sistêmicos. O estado contrátil das células mesangiais afeta o número de capilares glomerulares
abertos e, consequentemente, a área de filtração.

O diâmetro das arteríolas afeta diretamente na TFG e no FSR. No caso da AA: vasoconstrição leva a FSR ( PHSG) e consequentemente
TFG, enquanto a vasodilatação promove FSR PHSG e assim TFG Já para AE asoconstrição le a a FSR embora a dific ldade no
escoamento do sang e promo a PHSG e conseq entemente TFG enq anto a asodilatação promove FSR e TFG de ido PHSG

Condições que afetam TFG: 1). Redução do Kf (redução do número de glomérulos ou área, por medicamentos que dilatam ou contraem as
arteríolas); 2). Redução na Pcg (insuficiência renal aguda); 3). Red ção da cg doença hepática o doença renal com proteinúria); e 4). Aumento
da Pcap (obstrução do trato urinário).

O FSR e a TFG se mantêm constantes frente a mudanças na PAM, devido mudanças na resistência da AA. Por exemplo, quando há aumento do
FSR, o estiramento do músculo liso da arteríola estimula sua contração, prevenindo assim dados endoteliais que poderiam ser causados pelo
aumento do fluxo (mecanismo miogênico). Além deste mecanismo, células da mácula densa detectam o aumento do fluxo tubular distal
(indicando TFG) e liberam substâncias parácrinas que reduzem o diâmetro da arteríola aferente ( TFG: retroalimentação túbulo-glomerular).
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Apesar da autorregulação, a TFG e o FSR podem ser alterados por fatores neuroendócrinos, SNS e SRAA. Por exemplo, durante PAM, há
ativação de SNS e SRAA (Ang II), que induzem vasoconstrição da AA e da AE, levando a tanto da TFG quanto do FSR.

Obs: as prostaglandinas, produzidas pelas células endoteliais dos rins, causam vasodilatação das AA e AE, contrabalanceando as ações
vasoconstritoras da norepinefrina e angiotensina II, sendo importante para proteção renal contra vasoconstrição severa (isquemia).

FUNÇÃO TUBULAR

O epitélio tubular é formado por células polarizadas, já que possuem mecanismos distintos de transporte de solutos nas membranas luminal,
associada a luz tubular, e basolateral, associada aos capilares peritubulares.

Túbulo proximal: epitélio com alta capacidade de transporte; membrana luminal em borda em escova; e membrana basolateral com
invaginações e ricas em mitocôndrias.

O principal papel do túbulo proximal consiste em reabsorver a maior parte da água e solutos filtrados. Além disso com exceção do K+, o túbulo
proximal é o principal local de secreção de solutos [H+, ânions (sais biliares, AMPc, prostaglandinas, PAH), cátions (creatinina, dopamina)] e
fármacos (aspirina e penicilina). A reabsorção que ocorre nos túbulos proximais é isosmótica, ou seja, solutos e água são reabsorvidos na mesma
proporção.

O epitélio do túbulo proximal apresenta uma via paracelular bastante permeável (leaky) e com elevada capacidade de transporte: 67% do sódio
e da água filtrada são reabsorvidos pelos túbulos proximais. Embora, a composição do fluido luminal mude significativamente, a osmolaridade
se mantém ao longo de todo o túbulo, devido à elevada permeabilidade a água deste segmento. Nos túbulos proximais, o HCO3- é reabsorvido
proporcionalmente mais que a água; portanto, sua concentração luminal diminui. O Cl- é reabsorvido proporcionalmente menos que a água;
portanto, sua concentração luminal aumenta.

- HCO3-: é o principal ânion reabsorvido com Na+ nos


segmentos iniciais do túbulo proximal. HCO3- se associa a
um H+ na luz tubular (trocado por uma bomba luminal Na+/
H+) para formar H2CO3, que se dissocia em CO2 e H2O, que
adentram separadamente na célula. Uma vez nas células do
túbulo proximal, CO2 e H2O se associam para formar
H2CO3, liberando assim HCO3- e H+. Por fim, HCO3- é
reabsorvido na membrana basolateral por simporte
associado a Na+ e antiporte a Cl-.

- Cl-: principal ânion reabsorvido com o Na+ nos segmentos


mais distais do túbulo proximal. Pode ter via paracelular, ou
transcelular. Na via transcelular, Cl- é trocado por um outro
ânion na membrana luminal, e reabsorvido por um simporte
com K+ na membrana basolateral. Nesse caso, a reabsorção
de Cl- torna o lúmen positivo, gerando um gradiente elétrico
para a reabsorção de Na+ pela via paracelular.

- Glicose: é totalmente reabsorvida no túbulo proximal por


transportadores de membrana luminal SGLT2 na parte inicial
e SGLT1 na parte distal. SGLT correspondem a
cotransportadores de Na+ e glicose. Na membrana
basolateral, ganham a circulação peritubular a partir de
transportadores GLUT2 na parte inicial, e GLUT1 na parte
distal do túbulo proximal. Se a quantidade de glicose filtrada
ultrapassa a capacidade dos transportadores de glicose,
como no diabetes melito, há glicosúria.

- Aminoácidos: 100% dos aminoácidos são reabsorvidos no


túbulo proximal por transportadores específicos na
membrana luminal e basolateral.

- Água: a reabsorção de Na+ acoplada a solutos aumenta a osmolaridade no interstício. Com isso, água flui da luz tubular para o interstício por
osmose (via transcelular e paracelular). Para cada soluto transportado, uma molécula de água é reabsorvida. No túbulo proximal, a reabsorção
de água ocorre principalmente por via transcelular através de aquaporinas.

Ao final do túbulo proximal, apenas 33% do volume filtrado está presente na luz tubular, e a solução luminal é quase uma solução isotônica de
NaCl.

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Alça de Henle: epitélio com vilosidades, invaginações e


mitocôndrias, e leaky relativamente presente. Possui, portanto, alta
capacidade de transporte. Dividido em alça descendente
(predominantemente fina) e ascendente (espessa).

- Alça descendente fina: ocorre reabsorção de água; é impermeável


a NaCl.

- Alça ascendente espessa: ocorre reabsorção de NaCl; é


impermeável a água. O Na+ e o Cl- são transportados a favor do
gradiente de concentração. O K+ é transportado contra o seu
gradiente e acaba retornando ao lúmen por canais de vazamento. O
resultado final é uma maior saída de cargas negativas do lúmen (1
Na+ contra 2 Cl-), tornando o lúmen positivo. O gradiente elétrico
lúmen positivo move a reabsorção de cátions pela via paracelular.

Parte inicial do túbulo distal: epitélio tight impermeável a água


(segmento diluidor).

Promove reabsorção de 5% de NaCl.

- Na+: adentra na célula por um simporte com Cl- na membrana


luminal, e na membrana basolateral, é reabsorvido devido antiporte
com K+ (bomba Na+/ K+ ATPase).

- Ca2+: reabsorvido devido canal para Ca2+ situado na membrana


luminal, e por bomba ATPase de Ca2+ na membrana basolateral, além
de um antiporte com o Na+.

Parte final do túbulo distal, segmento de conexão e ducto coletor


cortical: há reabsorção de água, de Na+ e secreção de K+.

Reabsorção de 3% do Na+ filtrado e secreção de K+ pelas células


principais. Pouca reabsorção de Cl- pela via paracelular devido
epitélio tight.

- K+: a secreção na luz tubular ocorre através de um canal para K+


denominado ROMK (renal outer medullary K+ channel). O K+ entra
nas células epiteliais tubulares pela ação da bomba Na+/ K+ ATPase,
sempre presente na membrana basolateral, e estimulada pela
aldoesterona.

- Na+: a reabsorção de Na+ depende do canal ENaC na membrana


luminal (epitelial Na channel). O Na+ ganha os capilares peritubulares
através da bomba Na+/ K+ ATPase.

Diuréticos poupadores de K+: espironolactona (antagonista da


aldosterona) e amiloride (inibidor do ENaC).

A reabsorção de Na+ torna o lúmen negativo, propiciando transporte


paracelular de Cl-, mesmo na baixa permeabilidade da via paracelular
ao Cl-. Além disso, há um aumento no gradiente elétrico que favorece
a secreção de K+.

O maior volume de fluido tubular causados por diuréticos nos


segmentos anteriores, reduz a concentração de K+ luminal,
aumentando o gradiente de concentração de K+. Essa é a razão pela
qual diuréticos que agem antes do ducto coletor levam a perda de K+
na urina enquanto que os diuréticos que agem nos segmentos distais
são denominados poupadores de K+.

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Ducto coletor cortical: secreta e reabsorve K+. Da mesma forma que


nos segmentos, as células principais também secretam K+. Já as células
intercaladas reabsorvem K+ por um trocador ATPase com H+ na
membrana luminal, e ganham os capilares peritubulares através de
um canal para K+ situado na membrana basolateral.

Quando há depleção de K, há redução na secreção de aldosterona e


aumento da reabsorção de K+ no túbulo coletor. Quando as
concentrações de K+ estiverem adequadas, aldosterona é secretada
normalmente, induzindo a secreçãp de K+ na parte final do túbulo
distal e no ducto coletor.

Ducto coletor medular: epitélio do tipo tight.

Possui permeabilidade à água apenas na presença de ADH, que


aumenta a inserção de aquaporinas na membrana luminal.

INTERSTÍCIO MEDULAR HIPEROSMÓTICO

O líquido intersticial medular é hiperosmótico devido o sistema


multiplicador por contracorrente: 1). Anatomia em contracorrente da
alça de Henle nos néfrons justamedulares; 2). Reabsorção de NaCl no
ramo ascendente das alças de Henle; 3). Impermeabilidade dos ramos
ascendentes à água; 4). Retenção de ureia na medula; 5). Disposição
anatômica dos vasos retos (possuem alta resistência), que impedem o
arrasto da medula hiperosmótica.

Condição inicial: a alça de Henle recebe fluido isosmótico (300 mOsM) originário do túbulo proximal. O interstício medular e a alça encontram-
se em equilíbrio osmótico.

Fase 1: a reabsorção de NaCl pelo ramo ascendente torna o fluido tubular hiposmótico e o interstício hiperosmótico. É gerado um gradiente
osmótico de 200 mOsM (efeito unitário). Devido ao arranjo em U da alça, os ramos ascendente e descendente encontram-se imersos no mesmo
interstício medular hiperosmótico. O ramo descendente é permeável à água e, portanto, instantaneamente se equilibra com o interstício
medular (osmolaridades iguais).

Fase fl ido no o indo do t b lo pro imal adentra a alça com deslocamento da col na de fluido em direção ao túbulo distal.
Instantaneamente, o ramo descendente e o interstício se equilibram.

Fase 3: um novo ciclo se inicia com o estabelecimento de um gradiente osmótico de 200 mOsM entre o ramo ascendente e o interstício e um
novo equilíbrio entre o ramo descendente e o interstício. Há o desenvolvimento de um gradiente entre o início e o final da medula (gradiente
cortico-papilar), ou seja, o efeito unitário foi multiplicado pelo fluxo em contra-corrente.

Fase 4: novo fluido adentrando a alça. Ciclo continua e osmolaridade intersiticial vai aumentando.

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Obs: ducto coletor se equilibra com o interstício na


presença de ADH.

Ureia: 50% é reabsorvida nos túbulos proximais. Na alça


de Henle recupera os 50% por difusão facilitada. No
túbulo distal 30% são reabsorvidos, e no ducto coletor,
mais 55% (ou seja, apenas 15% da ureia é excretada). A
reabsorção da ureia e sua reciclagem auxiliam na
manutenção da hiperosmolaridade medular.

Em uma condição de anti-diurese (ADH elevado), uréia


é reabsorvida pelo ducto coletor medular interno e
secretada pela alça de Henle (segmento fino
ascendente). Na presença de ADH, a reabsorção de
água pelos segmentos do ducto coletor anteriores ao
segmento medular interno aumenta a concentração de
ureia neste segmento, favorecendo a sua reabsorção.
50% da osmolaridade do interstício medular interno
deve-se a ureia.

Em uma condição de sobrecarga hídrica (ADH


reduzido), ureia é secretada pelo ducto coletor medular
interno e pela alça de Henle (segmento fino
ascendente). A menor reabsorção de água pelo ducto
coletor (menor ADH) reduz a concentração de ureia (diluição) no fluido tubular. Com isso, o gradiente de concentração de ureia é favorável à
sua secreção pelo ducto coletor medular interno e consequentemente uma menor retenção no interstício medular (maior excreção).

CONTROLE DA EXCREÇÃO DE NA+ E ÁGUA = REGULAÇÃO DO VOLUME PLASÁTICO E OSMOLARIDADE

Em condições normais, as perdas de sal e de água são


iguais aos seus ganhos, e não ocorre nenhuma alteração
efetiva no conteúdo corporal de sal e água. O equilíbrio
de perdas e ganhos resulta principalmente da regulação
da perda urinária, que pode variar dentro de uma faixa
extremamente ampla - 0,4L/dia até 25 L/dia. Além
disso, os rins controlam a excreção de água
independentemente do controle da excreção de NaCl.
No túbulo proximal, a reabsorção de Na+ é seguida pela
reabsorção de água porque o túbulo proximal é
livremente permeável à água. Já no ducto coletor, a
reabsorção de água e NaCl são reguladas
separadamente; a água não segue automaticamente a
reabsorção de Na+, já que para isso o ADH deve estar
presente.

ADH é secretado pela neurohipófise em resposta a um


aumento da osmolaridade plasmática e ou a uma
redução do volume plasmático. Os osmorreceptores
hipotalâmicos, localizados nos órgãos
circunventriculares, detectam mudanças na
osmolaridade plasmática e projetam para os neurônios
dos núcleos supra-ótico e paraventricular do
hipotálamo. Esses neurônios sintetizam e estocam ADH.
Mediante a aferência dos osmorreceptores, ADH é
transportado ao longo dos axônios e secretado na neurohipófise. Os neurônios produtores de ADH também recebem aferências dos
barorreceptores (núcleo do trato solitário - centro cardiovascular).

ADH alto: aumenta permeabilidade à ureia no ducto coletor (aumenta a osmolaridade do interstício medular) e à água = urina mais concentrada.

ADH baixo: menor permeabilidade do ducto coletor à ureia (reduz a osmolaridade do interstício medular) e à água = urina diluída.

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O ser humano é capaz de produzir uma concentração urinária máxima de 1400 mOsmol/ L. A excreção diária típica da ureia, fosfato, sulfato e
íons é aproximadamente 600 mOsmol/ dia. Portanto, o volume mínimo de água em que essa massa de solutos pode ser dissolvida é 600 mOsmol/
dia/ 1400 mOsmol/ L, ou seja, 0,44 L/ dia (perda obrigatória de água).

Diabetes insípidus: central é caracterizado pela redução na secreção de ADH (causa


idiopática, trauma craniano, tumor hipofisário e neurocirurgia), e nefrogênico, pela
resistência do rim à ação do ADH (intoxicação por lítio, doença renal, hipocalemia,
gravidez e medicação). Consequentemente o paciente manifesta sede intensa, poliúria,
polaciúria.

Síndrome da secreção inapropriada de ADH (SIADH): caracterizada pela secreção


elevada de ADH (causas: câncer de pulmão ou doenças pulmonares, lesão no
hipotálamo e ou hipófise, infecção – meningite; medicamentos). Resulta em
hiponatremia (diluição do Na+ - causa sede), aumento de peso devido à retenção
líquida, hipertensão, além de anorexia, náusea, vômito, irritabilidade, confusão,
alucinações, convulsão.

Intoxicação por água: ingestas elevadas de água em pouco tempo, não permitem sua excreção adequada pelos rins. O acúmulo de água no
sangue dilui o Na+. A hiponatremia rápida e grave causa a entrada de água nos neurônios, levando ao inchaço que se manifesta em convulsões,
coma, falha respiratória, hérnia cerebral e morte.

Intoxicação por ectasy: tal substância comumente leva a hipertermia e ao aumento de secreção de ADH. Na tentativa de evitar hipertermia,
muitos usuários ingerem grande quantidade de líquidos para prevenir os efeitos da desidratação. Entretanto, a ingestão de grande quantidade
de líquidos associada aos níveis elevados do hormônio antidiurético (ADH), contribui para o aparecimento de hiponatremia. Os pacientes com
hiponatremia geralmente apresentam confusão, convulsão, delírios, que podem rapidamente progredir para coma e morte.

Sede: a hiperosmolaridade é o estímulo mais frequente, seguido de alterações no


volume e na pressão sanguínea. A osmolaridade plasmática é detectada por
osmorreceptores hipotalâmicos, distintos dos que estimulam a secreção de ADH.

Balanço de NaCl: alterações resultam em alterações no volume do plasma e não na


sua osmolaridade. Portanto, a excreção renal de NaCl é modificada frente a variações
do volume plasmático, mais especificamente do volume circulante efetivo. Portanto,
em um indivíduo normal, o balanço de NaCl determina o volume circulante efetivo, o
volume do LEC e o volume vascular. Consequentemente, o balanço de NaCl influencia
a PAM e o DC.

Alterações na excreção e reabsorção de sal ocorrem diante de alterações na ingestão


de sal. Ocorre para normalizar o balanço de NaCl e, dessa forma, a volemia adequada.
O principal sistema regulador é o SRAA.

O NaCl é livremente filtrado pelo glomérulo e reabsorvido extensivamente (>90%)


mas, não é secretado. Portanto: Na+ excretado = Na+ filtrado Na+ reabsorvido, sendo
que Na+ filtrado = TFG x [Na+]. O controle da excreção renal de Na+ se dá sobre a TFG
e Na+ reabsorvido. Em geral, a longo prazo, o controle da reabsorção de Na+ é mais
importante que o controle da TFG.

- Balanço positivo de Na+: TFG e reabsorção = excreção renal de Na+;

- Balanço negativo de Na+: TFG e reabsorção: excreção renal de Na+.

Alterações no volume efetivo circulante (balanço de NaCl) são detectadas por sensores de volume e pressão (barorreceptores). Esses sensores
sinalizam para o SNC (tronco encefálico e hipotálamo) levando a ativação simpática renal e a secreção de hormônios (renina angiotensina
aldosterona, ADH e peptídeo atrial natriurético), os quais atuam nas arteríolas, células mesangiais e túbulos.

Obs: fatores que elevam a secreção de renina pelas células granulares do aparelho justaglomerular. 1). Redução da PAS: a redução do volume
circulante efetivo detectada pelos barorreceptores aumenta a ativação simpática; 2). Redução de NaCl na mácula densa: redução da TFG
produz uma redução da carga filtrada de NaCl detectada pelas células da mácula densa. 3). Redução da perfusão renal (barorreceptor renal):
redução do volume efetivo circulante reduz o estiramento das células granulares (sensíveis à pressão dentro da AA), as quais respondem
secretando renina.

Ações da Angiotensina II: 1). Estimula a secreção de aldosterona pelo córtex da supra-renal, a qual por sua vez, estimula a reabsorção Na+ pelo
ducto coletor; 2). Induz a vasoconstricção renal com redução do FPR e aumento da FF; 3). Aumenta a retroalimentação túbulo-glomerular:

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redução mais acentuada da TFG frente a um aumento de NaCl


chegando a mácula densa; 4). Estimula a reabsorção de Na+ pelo
túbulo proximal (trocador Na+/ H+), pelo ramo ascendente espesso
da alça de Henle (trocador Na+/H+ e cotransportador 1Na:2Cl-:1K+),
pelo túbulo distal (cotransportador Na+: Cl-) e pelo início do ducto
coletor (canais para Na+); 5). Hipertrofia renal; e 6). Estimula a sede
e a secreção de ADH (controle da osmolaridade).

Hipoaldosteronismo (redução na secreção de aldosterona pela


supra-renal): resulta na maior excreção urinária de Na+ (redução na
reabsorção de Na+ pelo ducto coletor), a qual ultrapassa o ganho de
Na+. O resultado é um balanço negativo de Na+ e,
consequentemente redução do volume circulante efetivo (retração
de volume). Como resposta reflexa, há uma maior ativação
simpática, o que eleva os níveis de renina, angiotensina II e ADH.

Hiperaldosteronismo: redução na excreção de Na+ (maior


reabsorção); expansão de volume; redução do tônus simpático e dos
níveis de renina, angiotensina II e ADH; níveis aumentados do
peptídeo atrial natriurético.

Insuficiência adrenal (doença de Addison): deficiência de cortisol e


aldosterona, o que resulta em: hipoglicemia, desidratação, perda de
peso, fraqueza, e hiperpigmentação (déficit de cortisol e
aldosterona induzem secreção de ACTH pela adenohipófise, capaz
de ativar melanócitos devido sua estrutura química parecida com o
MSH hormônio estimulador de melanócitos).

Ativação simpática renal aumenta a reabsorção renal de Na+ por ações diretas, quando há vasoconstricção renal (AE) e aumento da reabsorção
de Na+ pelas células tubulares; e efeito indireto, ao estimular as células granulares a secretarem renina.

Peptídeo atrial natriurético (PAN): aumenta a excreção de Na+ (antagonista do SRAA),


e inibe a secreção de renina e ADH.

Em condições de euvolemia, o ducto coletor é o principal segmento onde a reabsorção


de Na+ é ajustada para manter a excreção em equilíbrio com a ingestão.

Controle da excreção de Na+ e água em resposta à sudorese:

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EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE (pH = - log[H+]).

Objetivos: pH arterial entre 7,35 e


7,45, para que as enzimas não
sejam desnaturadas e o SNC não
sofra nenhum dano. Em casos de
acidose (pH<7,35), por exemplo,
neurônios menos excitáveis
(depressão do SNC, que pode
afetar o centro respiratório). Já na
alcalose (pH>7,45), ficam mais
excitáveis, e resultam em
tremores e paralisia dos músculos
respiratórios

A dieta e o metabolismo (ácidos


fixos) adicionam ~70 mmol de H+/
dia ao LEC. Para neutralizar esse
excesso de ácidos, os rins geram e
reabsorvem 70 mmol de HCO3-/
dia. Para cada HCO3-
reabsorvido, um H+ é excretado
na urina (70 mmole H+/ dia).
Como quase todo bicarbonato
filtrado é reabsorvido, a urina é
ácida.

Situações que promovem ganho


de H+: produção de H+ a partir do
CO2, produção de ácidos não
voláteis a partir do metabolismo, e
ganho devido à perda de HCO3- na
urina ou diarreia. Já a perda de H+
pode ser decorrente da sua
utilização no metabolismo de
ânions orgânicos, perda no vômito
ou urina e hiperventilação.

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Resumo Fisiologia Prova 8 - Uechi

Equação de Henderson-Hasselbalch: pH = pka + log [HCO3-


]/[CO2]; ou pH = 6,1 + log [HCO3-]/ 0,03 PCO2.

Tanto a frequência quanto a profundidade dos movimentos


respiratórios são controlados de modo a manter a PCO2 em
torno de 40 mmHg.

- Compensação respiratória na acidose: redução do pH


(aumento da [H+]). Portanto, há: 1). Deslocamento da
reação para a direita com maior formação de CO2; 2).
Aumento da frequência respiratória; 3). Redução da PCO2,
que é expirado; e 4). Deslocamento da reação para a direita,
com consumo de H+. Por fim, há aumento do pH.

- Compensação respiratória na alcalose: aumento do pH


(redução da [H+]). Portanto, há: 1). Deslocamento da reação
para a esquerda com maior consumo de CO2; 2). Redução
da frequência respiratória; 3). Aumento da PCO2, devido
maior acúmulo do gás devido queda na frequência
respiratória; 4). Deslocamento da reação para a esquerda,
com produção de H+. Então, há redução do Ph.

- Compensação renal na acidose: reabsorção de


bicarbonato e excreção de H+.

- Compensação renal na alcalose: excreção de bicarbonato.

Secreção renal de H+: H+ secretado no lúmen tubular pode se combinar com: 1). HCO3- filtrado, levando a reabsorção do HCO3- sem secreção
efetiva de H+; HPO4-2 filtrado, levando a excreção de H2PO4- e a geração e reabsorção de um novo HCO3-; e 3). NH3 (amônia), levando a
excreção do íon amônio (NH4+) e a geração e reabsorção de um novo HCO3-.

A geração de novo HCO3- nas células epiteliares renais depende de glutamina, que também produz NH4+.

As células intercaladas do ducto coletor, apesar de reabsorverem uma menor fração de HCO3- (10%) são capazes de gerar o menor pH luminal
(4.4 - gradiente máximo que as bombas de H+ conseguem gerar): é o ajuste fino do pH urinário.

Aldosterona, angiotensina II estimulam a secreção ácida (aumento da atividade da


H+/ATPase). Hipocalemia (redução de K+ plasmático) aumenta a atividade da
K+/H+/ATPase (pode causar alcalose).

DISTÚRBIOS ÁCIDO BASE

Acidose metabólica: causada por excesso de H+ ou perda de HCO3-. Excesso de H+ pode


ocorrer devido cetoacidose diabética, jejum prolongado, hipóxia, acúmulo de ácido lático,
insuficiência renal, hipercalemia (redução da absorção de K+ e consequentemente da
secreção de H+). Já a perda de HCO3- pode ocorrer por diarreias, por exemplo.

- Sinais e sintomas: dor de cabeça, PA, espasmos musculares, hipercalemia, calor,


náuseas, hiperventilação.

- Compensação: 1). Respiratória (rápida): aumento da FR, eliminando o CO2. 2). Renal (lenta):
reabsorção e geração de HCO3- e, dessa forma, secreção de H+ (a urina torna-se ácida e há
aumento da concentração plasmática de HCO3-).

Alcalose metabólica: causada por perda de H+ ou excesso de HCO3-. H+ pode ser permido
através do vômito, hipocalemia, hiperaldosteronismo e hipovolemia estimula secreção de
ADH e Ang II, que ativam a H+/ ATPase na membrana luminal das células do epitélio tubular).

- Sinais e sintomas: confusão, taquicardia, hipoventilação, irritabilidade, tontura, tremores.

- Compensação: 1). Respiratória (rápida): redução da FR a fim de aumentar a retenção do


CO2. 2). Renal (lenta): aumento da secreção de HCO3- e redução da secreção de H+.

Acidose respiratória: ocorre quando há retenção de CO2 nos pulmões. Causada por
paralisia do diafragma, comprometimento do centro da respiração no tronco encefálico, uso
de medicamentos.
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Resumo Fisiologia Prova 8 - Uechi

- Compensação: renal (lenta): aumento da reabsorção e geração de HCO3- e da secreção de H+; maior metabolização da glutamina (urina ácida
e aumento da concentração plasmática de HCO3-).

Alcalose respiratória: devido hiperventilação (psíquica, voluntária, ansiedade); permanência em locais de grande altitude; intoxicação por
salicilatos, que estimulam os quimioceptores bulbares).

- Compensação: renal (lenta): redução da reabsorção e geração de HCO3- e da secreção de H+ (urina alcalina e redução da concentração
plasmática de HCO3-).

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