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Injúria Renal Aguda ○ 4°: pós-operatório

● trata-se classicamente de um estado de ativação do SRAA

Introdução Laboratório
● é definida por uma queda abrupta da função renal ● sedimentação urinária → permite diferenciar estado de
● resulta em acúmulo de escórias nitrogenadas e retenção de hipoperfusão renal (IRA pré-renal) de lesão tubular instalada
sódio e água, além de desenvolvimento de distúrbios (IRA renal/intrínseca = necrose tubular aguda)
metabólicos ○ limite tênue de diferenciação → não devemos nos basear
● incidência de 50% em UTI, com mortalidade de somente na apresentação laboratorial para definir IRA,
aproximadamente 60% pois vários outros fatores podem alterar a bioquímica
● um episódio de IRA é fator de risco de evolução para doença urinária sem afetar a estrutura renal
renal crônica ○ ferramenta útil para identificação precoce da IRA
● insuficiência pré-renal → perfusão renal diminuída ● num estado de acidose metabólica → (prof disse que não
○ hemorragia aguda, choque hemorrágico, cirurgia com precisa saber)
sangramento intenso, insuficiência cardíaca terminal ○ aumenta excreção urinária de NH4+ (carga urinária de
(hipovolemia), desidratação crônica ou aguda ácido) visando manter eletroneutralidade
● insuficiência intrínseca/renal → doença estrutural do rim ○ aumenta excreção de cloro na urina
○ glomerulopatias, necrose tubular aguda, nefropatias,
doença autoimune inflamatória, uso de substâncias
nefrotóxicas
● insuficiência pós-renal → obstrução do fluxo eliminado
○ obstrução por tumor, cálculo ureteral, neoplasia de
próstata, neoplasias em geral
● tanto a pré quanto a pós invariavelmente vão levar
insuficiência renal intrínseca ● na injúria pré-renal, que acontece principalmente por
hipoperfusão renal (por hipovolemia por ex), ocorre ativação
Definição do SRAA, aumentando a reabsorção tubular de sódio e água →
● consenso KDIGO → observamos:
○ elevação da creatinina sérica >=0,3 mg/dL, dentro de 48 ○ maior osmolaridade da urina (fica mais concentrada por ter
horas menos água saindo)
○ OU ○ relação osmolaridade urinária/osmolaridade plasmática >1
○ elevação da creatinina em pelo menos 50% do valor (concentração da urina é maior do que a sérica)
basal nos últimos 7 dias ○ redução do sódio urinário (<20)
○ OU ○ fração da excreção de sódio <1% (reduzida)
○ volume urinário <0,5 mL/kg/hora durante 6 horas ○ fração da excreção de ureia <35% (reduzida)
consecutivas ○ preservação da função das células renais (urina tipo I
normal)
Estadiamento/Gravidade ● enquanto que na injúria renal intrínseca, por necrose tubular
aguda, ocorre dano estrutural das células renais, que não vão
realizar a função reabsortiva de forma eficaz, então
observamos:
○ presença de cilindros granulares e epiteliais
○ osmolaridade urinária menor (<350), por deixar sair mais
água
○ relação osmolaridade urinária/osmolaridade sérica <1 (a
urinária fica menor que a sanguínea)
○ excreção de sódio >20 (aumenta)
Fisiopatologia ○ fração de excreção de sódio >1%
● principal mecanismo: ativação do SRAA ○ fração de excreção de ureia >35%
● envolve mecanismos hemodinâmicos, inflamatórios e de
apoptose celular Implicação em órgãos à distância
● isquemia renal prolongada (por sepse ou outra etiologia) → ● coração → síndrome cardiorrenal:
lesão tubular e endotelial direta → passagem do ultrafiltrado ○ insuf. renal → sobrecarga hídrica
tubular para o interstício renal → ativação de mediadores ○ aumento do volume diastólico final do VE
inflamatórios e amplificação da lesão celular ○ baixo débito cardíaco
● fase de manutenção da lesão dura de 1 a 2 semanas ○ infiltração de fatores inflamatórios no miocárdio → altera
○ durante esse tempo, a taxa de filtração glomerular contratilidade cardíaca
insuficiente pode levar a complicações metabólicas ● pulmões →
● após essa fase, ocorre período de recuperação das células ○ uremia → reduz expressão de canais de aquaporinas
epiteliais tubulares e recuperação gradual da TFG alveolares → diminui clearance de fluidos locais → aumenta
● etiologias (no paciente crítico) → multifatorial congestão pulmonar
○ sepse é a principal ■ = necessidade de assistência respiratória
○ 2° lugar - nefrotoxicidade medicamentosa ■ hipoxemia
○ 3°: nefropatia por contraste iodado ● trato gastrointestinal → síndrome compartimental abdominal

Ariane Tavares - ATM 261


○ hipoperfusão do trato digestivo em função da congestão
das alças intestinais pela insuficiência renal
○ pode levar a síndrome compartimental abdominal →
hipoperfusão mesentérica

Medidas Hemodinâmicas
● evitar hipotensão arterial → queda da perfusão renal → se
mantida, pode levar a IRA
○ a autorregulação do fluxo sanguíneo intrarrenal fica
prejudicada quando há lesão renal → então a perfusão
renal fica altamente dependente dos valores da PA
○ janela de oportunidade para expansão volêmica → podem
trazer efeitos nocivos (congestão pulmonar, acidose
metabólica hiperclorêmica, síndrome compartimental
abdominal)
■ idealmente se faz no início do quadro
● uso de colóides hiperoncóticos → aumentou mortalidade!
● recomenda-se o uso de soluções cristalóides com baixa
concentração de cloro (Ringer), em vez de coloides ● medidas de profilaxia
hiperoncóticos ○ hidratação endovenosa pré-procedimento e pós
● metas hemodinâmicas ■ solução isotônica ou bicarbonatada
○ PAM >= 65 mmHg ■ infusão média de solução isotônica (fisiológica ou
○ pressão venosa central 8-12 mmHg Ringer lactato) de 1 ml/kg/h de 6-12 horas antes do
○ saturação venosa central >70% exame e mantida por 12 horas após exame
○ débito urinário >= 0,5 ml/kg/h ■ solução bicarbonatada: infusão de 3 ml/kg/h por 1 h
● vasopressores? não é bem definido antes do exame seguida de 1ml/kg/h por 6h após
○ uso de dopamina em doses dopaminérgicas não se exame (solução preparada com SG5% 850 ml
mostrou eficaz na prevenção da evolução da IRA complementada com 150 ml de bicarbonato de sódio
8,4%)
Prevenção de nefropatia por contraste ■ não está indicada realização de hemodiálise
● definição: elevação da creatinina basal >= 0,5 mg/dL ou em periprocedimento
25% nas primeiras 48 horas após administração de contraste ○ uso de menores volumes de contraste
iodado ○ optar por contrastes de menor osmolaridade
● geralmente, autolimitada
● pico de elevação da creatinina sérica ocorre de 72-96 horas
após adm
● abordagem preventiva: identificar pacientes com risco de
piora da função renal após uso do contraste → estadiar o risco!
→ principal: função renal prévia ao exame
● fatores de risco para o desenvolvimento de nefropatia por
contraste (NC):
○ PAS <80 mmHg por >1h ou necessidade de droga vasoativa Prevenção de nefrotoxicidade por aminoglicosídeos
○ uso de balão intra-aórtico e anfotericina B
○ ICC classe III ou IV / história de edema agudo de pulmão ● aminoglicosídeos
○ idade > 75 anos ○ alta concentração tubular da droga → ligação com
○ DM membranas contendo fosfolipídios + inibição da síntese
○ hematócrito <39% (homens) e <36% (mulheres) proteica + degradação da função mitocondrial → apoptose
○ creatinina sérica >1,5 mg/dl OU clearance calculado <60 e até necrose das células renais
ml/min/173 m² ○ profilaxia:
■ redução do tempo de exposição à droga com dose
única diária, e não múltiplas doses
■ vigilância dos níveis séricos da droga, com ajuste de
dose (que se relaciona diretamente ao seu acúmulo nas
células tubulares)
● nefrotoxicidade ocorre mais em vale
■ uso de aplicações com pequeno efeito sistêmico,
como em aerosol → efeito nefroprotetor
● aplicações tópicas ou inalatórias, em vez de
endovenosas

Ariane Tavares - ATM 261


● anfotericina B ■ fluxo de 100 a 300 ml/min
○ efeitos colaterais variados: tromboflebite, distúrbios ○ ultrafiltração contínua - para perdas volêmicas exclusivas
eletrolíticos e anemia, nefrotoxicidade em pacientes congestos, sem clearance difusivo e pouco
○ prevenção: clearance convectivo
■ usar formulações lipídicas da droga (complexo
lipídico, lipossomal, ou dispersão coloidal)
● são menos tóxicas que a deoxicolato convencional
■ usar antifúngicos da classe das equinocandinas ou
imidazólicos, quando possível, em lugar da
anfotericina B
○ mecanismo de nefrotoxicidade: vários
■ toxicidade direta às células tubulares
■ toxicidade glomerular
■ vasoconstrição da arteríola aferente
○ efeitos da droga:
■ distúrbios de acidificação urinária
■ acidose tubular renal
■ perda urinária de potássio e magnésio

Métodos de terapia renal substitutiva ● método intermitente


● deve ser instituída se: ○ é o mais escolhido
○ as abordagens hemodinâmica e nefroprotetora não ○ o clearance ocorre por difusão e a retirada de volume por
apresentarem eficácia em evitar a evolução da IRA ultrafiltração
○ quando há emergências dialíticas ○ vantagem: retirada rápida em intervalo de tempo pequeno
■ hipercalemia refratária ○ desvantagem: em alguns pacientes, essa rapidez da
■ acidose metabólica grave variação de osmolaridade sérica pode gerar instabilidade
■ congestão/edema agudo de pulmão/hipervolemia → hemodinâmica (20-30% dos casos)
sobrecarga de volume refratária a diureticoterapia ○ 10% dos pacientes não conseguem ser tratados com esse
■ complicações urêmicas (uremia elevada - 300/400/500 método
mg de ureia) ■ indivíduos com risco de edema cerebral
● com sinais e sintomas de urêmicos → (hipernatrêmicos, trauma encefálico com sinais de
desorientação, redução do nível de consciência, hipertensão intracraniana) → melhor método contínuo
soluções persistentes, anorexia, náuseas e vômitos ● método contínuo
■ intoxicações exógenas (tentativa de suicídio, ○ usualmente bem tolerado em indivíduos instáveis
rabdomiólise, etc) hemodinamicamente
● pacientes críticos com IRA → 6% necessitarão de TRS em ○ mais seguros naqueles com risco de hipertensão
algum momento da evolução intracraniana
● deve ser iniciada em pacientes com condições ameaçadoras à ● método difusivo X convectivo
vida + condições clínicas que possam ser modificadas com a ○ difusivo (hemodiálise) → taxa de remoção de soluto é
TRS inversamente proporcional ao tamanho molecular do soluto
● envolve 3 fenômenos: ○ convectivo (hemofiltração) → clearance do soluto depende
○ ultrafiltração do tamanho dos poros da membrana
■ a água do plasma é forçada através de uma membrana ○ mais usado: convectivo/hemofiltração - pelo potencial de
semipermeável por pressão hidrostática remoção de mediadores inflamatórios (tamanho maior)
○ convecção e difusão ○ não há evidência de superioridade de um a outro
■ solutos são transportados por meio de uma membrana
semipermeável Métodos de anticoagulação do sistema de diálise
■ convecção ● pode ser feita de duas maneiras:
● geração de gradiente de pressão transmembrana ○ regionalmente
que permite a passagem de água e, por arraste, ■ vem sendo mais usado pelo risco de sangramento e
solutos nitrogenados trombocitopenia induzida pela heparina
■ difusão ■ princípio básico: redução dos níveis de cálcio no sangue,
● clearance de solutos depende de um gradiente de que entra no circuito → bloqueia as vias intrínseca e
concentração entre duas soluções (sangue e extrínseca da coagulação por causa da hipocalcemia
dialisato) em contato com membrana induzida pelo citrato
semipermeável ■ o cálcio é reposto no retorno sanguíneo
● classificação quanto ao tempo e eficácia ■ quantidade de citrato a ser administrada é guiada pela
○ método contínuo dosagem de cálcio pós-filtro guia
■ fluxo da solução de reposição varia de 1-3 L/h ■ a quantidade de cálcio a ser reposta é guiada pela
■ baixa eficácia por unidade de tempo dosagem de cálcio pré-filtro
○ método intermitente ■ uso do citrato → menor incidência de eventos
■ fluxo varia de 300 a 500 ml/min hemorrágicos comparado à heparina
■ grande eficácia por unidade de tempo → permite ● problema do citrato: potencial de intoxicação e
períodos mais curtos de terapia distúrbio metabólico
○ método híbrido
Ariane Tavares - ATM 261
● citrato é metabolizado pelo fígado em bicarbonato
→ perigoso em pacientes hepatopatas
● pode levar a hipocalcemia e hipernatremia
○ sistemicamente

Dose de TRS
● é guiada pelo fluxo de efluente
● KDIGO recomenda: dose mínima de 20-25 ml/kg/h + ajuste da
prescrição durante a terapia

Ariane Tavares - ATM 261

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