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Insuficiência Renal Aguda

Definição
A insuficiência renal aguda (IRA) é
caracterizada por uma perda súbita da função
renal, resultando na incapacidade dos rins de
manterem o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-
base do corpo.

 Ocorre o acúmulo de substâncias nitrogenadas no sangue


(ureia e creatinina), acompanhado ou não da diminuição
da diurese.
 O comprometimento renal geralmente é reversível.
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)
• A IRA, geralmente, é considerada uma doença do paciente
hospitalizado
• A taxa de mortalidade é elevada - 50%, apesar dos avanços no
diagnóstico e tratamento.
• De acordo com as diretrizes KDIGO Clinical Practice Guideline for
Acute Kidney Injury (2012), a IRA é definida por um dos critérios a
seguir:
– Aumento na creatinina sérica maior ou igual a 0,3mg/dL dentro
de 48 horas; ou
– Aumento na creatinina sérica de 1,5 vezes acima dos valores de
base, nos últimos 7 dias; ou
– Volume urinário menor que 0,5mL/kg/h em 6 horas.
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)

Estágios da IRA - Diretrizes KDIGO (2012)


Estágios Creatinina sérica Eliminação urinária

1 − 1,5 - 1,9 vezes o valor de base; ou


− aumento >0,3 mg/dL (26 mol/l). <0,5mL/kg/h por 6-12h.

2 − 2,0 - 2,9 vezes o valor de base. <0,5mL/kg/h por >12h.

3 − 3 vezes o valor de base; ou <0,3mL/kg/h por >24h; ou


− aumento >4,0 mg/dL; ou anúria por >12h.
− início de terapia substitutiva renal (diálise); ou
− redução no RFG <35mL/min/1,73m2 em
pacientes com menos de 18 anos.

KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes); março/ 2012


Causas de IRA

Hipovolemia (55-60%)
Isquemia e nefrotoxicidade
Obstrução (<5%)
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA

35 - 49%

55 – 60%

< 5%
IRA Pré-renal
↓Fluxo Sanguíneo- vasoconstrição ou ↓pressão perfusão renal

 depleção volume (hemorragias, queimaduras)


 resistência vascular renal ↓ (cirurgias, síndrome hepato renal, AINE)
 doenças cardíacas (ICC)
 vasodilatação periférica (sepse)
IRA Pré-renal

Redução de volume
Hipovolemia
circulante efetivo.

 Volume efetivo

Alteração de mecanismos hormonais

 Secreção de catecolaminas

 Renina-angiotensina

 Vasopressina (ADH)

Taxa de filtração glomerular/  Fluxo urinário
IRA Pré-renal

• Oligúria com retenção de Na

•  Reabsorção de Na distal e proximal


Quadro clínico pode variar com o uso de diuréticos/ presença de doença
renal.

•  Ureia plasmática
IRA - Renal

Causas:

 Vasculares (oclusão da artéria renal)


 Glomerulares (Glomerulonefrite)
 Tubulares – Necrose Tubular Aguda
- Isquêmicas (pré-renais em evolução)
- Tóxicas (antibióticos, contrastes, metais pesados)
 Nefrite intersticial (hipersensibilidade a drogas, ex.: penicilina)
 Necrose papilar (pielonefrite aguda associada ao Diabete Mellitus)
IRA - Renal
Distribuição de casos de IRA renal

Necrose tubular aguda


70--90%
70
 Isquemia (50%)
 Nefrotoxicidade de drogas (35%)

Nefrite intersticial aguda


15%
Síndromes Gomerulares
IRA - Renal
Necrose tubular aguda

Isquemia (50%) Nefrotoxicidade de drogas (35%)


(toxinas endógenas e exógenas)
•Hipotensão
•Choque hipovolêmico
•Aminoglicosídeos
•Sepse
•Radiocontrastes
•Choque cardiogênico
•Polimixina B
•Cisplatina
•Pigmento - mioglobina
FPG Kf PI
RGF efetivo

Schrier RW. Diseases of the Kidney, 2001


IRA Pós-Renal

 obstrução ureteral (cálculos, coágulos)


 obstrução colo vesical (hiperplasia da próstata)
 obstrução uretral (cálculos)
IRA Pós-Renal
Obstrução ao fluxo urinário

Elevação da pressão hidráulica nas vias urinárias

Elevação da pressão intratubular e Cápsula Bowman

Anulação da pressão efetiva de filtração

Redução ou cessação da filtração glomerular


Insuficiência Renal Aguda
CURSO CLÍNICO

• Fase Inicial → a partir do momento da exposição a droga ou


insulto isquêmico.

• Fase Manutenção (oligurica) → variável em grau e duração do


volume urinário. Normalmente a urina apresenta:
– 500 ml
– Hemácias
– Leucócitos
– Células epiteliais
– Perda proteica pequena
Identificando a IRA...
1. Fluxo urinário

2. Creatinina
3. História e Exame físico

4. IRA pré renal x NTA

5. Urinálise

6. Clearance de Creatinina
Identificando a IRA...

1. Fluxo urinário
1. Fluxo urinário

> 2.000 ml/24 horas  poliuria


2. Creatinina

3. História e Exame físico


< 500ml /24 horas  oliguria

< 100 ml/24 horas  anuria

Diurese normal: 1ml / kg / h


Identificando a IRA...

2. Creatinina
1. Fluxo urinário

2. Creatinina •Eleva-se somente quando o FPR* é < 50%.


3. História e Exame físico
•Depende da massa muscular.
•Cr>1,5 mg/dl indicam IR, porém valores
menores não excluem.

*FPR = fluxo plasmático renal


Identificando a IRA...

1. Fluxo urinário 3. História e Exame Físico

2. Creatinina − Edema
3. História e Exame físico
− Desconforto gastrointestinal
− Sangramentos
− Uso de drogas nefrotóxicas /contrastes radiológicos
− História de instabilidade hemodinâmica
Insuficiência Renal Aguda
Enfermeiro de Terapia Intensiva
Competências Privativas do Enfermeiro

Lei 7.498/86 Artigo 11 do Exercício Profissional – COFEN

Atividades privativas do Enfermeiro:


- (...)
j) prescrição da assistência de enfermagem
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de maior complexidade técnica que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões.

Reconhecimento de indicativos de risco para IRA


Identificação dos sinais clínicos de IRA
Ação interdisciplinar
IRA PRÉ-RENAL
 Hipovolemia – exame físico:
físico:
• Perda súbita de peso
• Redução no turgor da pele
• Redução na umidade de mucosas e conjuntivas
• Redução do volume urinário
• Redução no fluxo capilar da pele hipotermia
• Redução do sensório ou confusão mental
• Vasoconstrição cutânea e cútis marmórea

 Parâmetros Hemodinâmicos
• Taquicardia
• Queda da PA e da PVC
• Redução da Sat O2 e do DC
EAS
Elementos anormais:
Diagnósticos de Enfermagem
na
Insuficiência Renal Aguda
Volume de líquidos deficiente
 Definição: Diminuição do líquido intravascular, intersticial e/ou
intracelular.

Características definidoras Características definidoras Fatores relacionados


Alteração do turgor da pele ↓ enchimento venoso - Mecanismo
regulador
Alteração no estado mental ↓ turgor da língua
comprometido
↑ temperatura corporal ↓ volume do pulso
- Perda ativa de volume
↑ concentração urinária ↑ hematócrito
de líquido
↑frequência cardíaca Fraqueza
↓ pressão de pulso Mucosas secas
↓ pressão sanguínea Pele seca
↓ débito urinário Perda súbita de peso
Sede
Risco de volume de líquidos deficiente
Fatores de risco

• Agente farmacológico
• Barreira ao acesso a líquidos
• Desvios que afetam a absorção de líquidos
• Desvios que afetam a ingestão de líquidos
• Extremos de idade
• Extremos de peso
• Fatores que influenciam a necessidade de líquidos
• Mecanismo regulador comprometido
• Perda ativa de volume de líquidos
• Perda de líquido por vias anormais
• Perda excessiva de líquido por vias normais
Volume de líquidos excessivo
• Definição: Retenção aumentada de líquidos isotônicos.
Características definidoras

Alteração na gravidade Desequilíbrio eletrolítico Inquietação


específica da urina
Dispneia Oliguria
Alteração na PA
Distensão da veia jugular Ortopneia
Alteração no estado mental
Edema Presença da 3a bulha
Alteração no padrão cardíaca (B3)
Ganho de peso
respiratório
Pressão venosa central
Hematócrito diminuído
Anasarca (PVC) aumentada
Hemoglobina diminuída
Ansiedade Ruídos respiratórios
Hepatomegalia adventícios
Azotemia
Ingestão > eliminação
Congestão pulmonar
Fator relacionado: Mecanismo regulador comprometido
Risco de desequilíbrio eletrolítico (2008, 2013; LOE 2.1)
Definição: Vulnerabilidade a mudanças nos níveis de eletrólitos séricos
capaz de comprometer a saúde.

Fatores de risco
Diarreia
Disfunção reguladora endócrina (p.ex., intolerância à glicose, ..)
Disfunção renal
Mecanismo regulador comprometido
Regime de tratamento
Volume de líquido excessivo
Volume de líquido insuficiente
Vômito
Risco de desequilíbrio eletrolítico (2008, 2013; LOE 2.1)

• Hipercalemia:

A elevação do K sérico pode ocorrer na IRA por:


– aumento do catabolismo endógeno de proteínas;
– dano tecidual;
– sangramento gastrointestinal;
– movimentação do K do intra para o extracelular pelo
mecanismo-tampão de estados acidóticos
Diagnósticos de Enfermagem na IRA
• Hipercalemia
• Intervenções:
• Monitorização

ECG com onda P apiculada, seguido


do alargamento do QRS e PR 
desaparecimento das ondas P 
fibrilação ventricular e morte.

– As alterações surgem com


K = 6 a 7 mEq/l.
Diagnósticos de Enfermagem na IRA

• Hipercalemia - Tratamento:

– Hemodiálise ou Diálise Peritoneal


– Resinas trocadoras de K – Sorcal, Kayexalate
– Gluconato de cálcio a 10% (10 a 30 ml);
– Bicarbonato de sódio nos estados acidóticos;
– Solução de glico-insulina - solução contendo 200 a 500
ml de solução glicosada a 10% com 1 U de insulina
simples para cada 5 g de glicose.
A solução polarizante aumenta a captação de K pela
célula e reduz seu nível plasmático.
Diagnósticos de Enfermagem na IRA

 Risco de perfusão renal ineficaz

 Fatores de risco:
 Doença renal
 Hipertensão arterial
 Hipovolemia
 Abuso de substância
 DM
 Cirurgia cardíaca
 Hipovolemia
 Extremos de idade
 Exposição a nefrotoxinas
 Idade avançada
 Síndrome da resposta inflamatória sistêmica
 Politrauma, etc.
Diagnósticos de Enfermagem na IRA

• Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades


corporais

– Paciente em CTI  ↑ Catabolismo  Desnutrição proteico-calórica


 elevada mortalidade
– Suporte nutricional – nutrição enteral

– Controle do peso

– Controle da glicemia

– Balanço hidroeletrolítico
IRA Pós-Renal
Eliminação urinária prejudicada (1973, 2006; LOE 2.1)
• Definição: Disfunção na eliminação de urina.
Características definidoras Fatores relacionados

Disúria Dano sensório-motor


Frequência Infecção no trato urinário
Hesitação Múltiplas causas
Incontinência urinária Obstrução anatômica
Noctúria
Retenção urinária
Urgência urinária
Problemas interdependentes

• Acidose Metabólica:
– Avaliar padrão respiratório
– Atenção: bicarbonato = retenção de líquido
– Hemodiálise

• Uremia:
– Sintomas: náuseas, vômitos, risco aumentado de
sangramento, irritabilidade, confusão.
Doença Renal Crônica

Doenças Doenças
Anatômicas Glomerulares

Doenças Doenças
Vasculares Tubulointersticiais

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA


(doença renal crônica)

Leve Moderada Severa (terminal)


Doença Renal Crônica

É um problema de saúde pública no mundo


inteiro..
inteiro

 A incidência e a prevalência da insuficiência renal


avançada são crescentes, com desfecho ruim e
custos elevados
elevados::
Terapia substitutiva renal
Doença cardiovascular
Morte prematura

 A DRC é sub-diagnosticada e sub-tratada, resultando


na perda de oportunidades para preveni-la.
Doença Renal Crônica

Perda lenta, progressiva e irreversível das


funções renais

Função de filtração (TFG)

Função Hormonal
(eritropoetina, calcitriol)

Equilíbrio homeostático hidro eletrolítico


(Elevação da uréia, creatinina e potássio)
Doença Renal Crônica

1. Lesão renal durante período > 3 meses, definida


por anormalidades estruturais ou funcionais do
rim, com ou sem diminuição da TFG, manifestada
por:
- Anormalidades patológicas; ou
- Marcadores de lesão renal, incluindo anormalidades
na composição do sangue ou da urina, ou
- Anormalidades em exames por imagem

2. TFG < 60 ml/min/1,73m2 durante período > 3


meses, com ou sem lesão renal.
Doença Renal Crônica
Fatores de Risco para Desfecho Desfavorável da
DRC:
• Idade avançada
• História familiar de DRC

 Risco Elevado:
• Hipertensão Arterial
• Diabetes Mellitus
(30% - Tipo I e 20% - Tipo II)
Doença Renal Crônica
• Causas mais comuns:

• 1. Diabetes mellitus
• 2. Hipertensão arterial
• 3. Glomerulonefrite
• 4. Doença Renal Policística

• Responsáveis por 90% de todos os casos


novos de DRC.
NEFROPATIA DIABÉTICA
• 25% a 45% dos pacientes inscritos em programas de DRT

• Albuminúria persistente (> 300 mg/24 horas), declínio do


RFG e elevação da PA.

• Edema periférico

• Declínio do RFG varia de 2 a 20 ml/min ao ano. (média de


12ml/min/ano)

• FO - Presença de retinopatia diabética

• A microalbuminúria (excreção urinária de albumina >


30mg/24h) é um forte preditor para ND.

• O tabagismo acelera a progressão da ND.

• Pico de incidência da ND – entre 10 e 20 anos de DM.


HIPERTENSÃO ARTERIAL
• Adulto jovem - > 120 x 80 mmHg
• Idoso - > 140 x 90 mm Hg

• Menos de 30% dos hipertensos tem controle adequado da PA

• Hipertensão maligna – hipertensão grave acelerada, com retinopatia ou


papiledema e com evidências de dano renal.
• Risco de complicações – hipertrofia ventricular esquerda, intolerância
à glicose, hipercolesterolemia, obesidade, tabagismo.
Pielonefrite Crônica

• Causa → Repetidos surtos de pielonefrite


aguda

• Manifestação Clínicas → Muitas vezes


assintomático

• Complicações → Doença renal em estágio


terminal → IRC .

• Tratamento → De acordo com a


URINOCULURA
• À direita mostra-se um raio X (urografia
excretora) de rins com pielonefrite crônica
pelos contornos irregulares decorrentes das
cicatrizações das infecções de repetição.

As figuras abaixo apresentam rins com pielonefrite crônica


(produto de nefrectomia laparoscópica)
laparoscópica)..

1-Cálculos
2-Cálices dilatados e necrosados
3-Pelve
Doença Renal Crônica
 Estágios da DRC

Estágio Descrição TFG*

1 TFG normal ou  > 90

2 Leve  da TFG 60 - 89

3  moderada da TFG 30 - 59

4  grave da TFG 15 - 29

5 IRCT < 15 ou
diálise
* (ml/min/1,73m2)
 Clearance de Creatinina:

 Avaliação da Filtração Glomerular – TFG


- A creatinina é derivada do metabolismo de creatina
no músculo esquelético
- É liberada no plasma de maneira relativamente
constante.
- É filtrada livremente através do glomérulo e não é
reabsorvida pelos rins.
- 10 a 20% de creatinina é adicionada à urina por
secreção tubular (túbulo proximal).
Como Diagnosticar o Estágio da DRC pela
TFG?

• A dosagem da creatinina sérica isolada não é


uma boa estimativa da FG.

• Urina de 24 horas confiável.


– Erros de coleta
– Variações diárias na excreção de creatinina

• A creatinina ajustada através de equações


deve ser utilizada para a avaliação da FG.
Como Diagnosticar o Estágio da DRC pela
TFG?

Quando o clearance (depuração) de creatinina


na urina de 24 h é recomendado?

 Dietas vegetarianas
 Uso de suplementos de creatina
 Amputados
 Extremos de idade e de tamanho corporal
 Paraplegia
Clearance de creatinina
URINA DE 24 h:

U x V x 1,73 = ml/min
P A

U = conc. de creatinina na urina


V = volume urinário por minuto (ml)
P = conc. de creatinina no plasma
A = área de superfície corporal do pac. ( peso x alt2)
Como Diagnosticar o Estágio da DRC pela
TFG?
 ADULTOS:

 Equação de Cockcroft-
Cockcroft-Gault (CG):

FG= (140 – idade) x peso x (0,85 se mulher)


72 x Creat sérIca
• Fatores considerados:
• Creatinina sérica
• Idade
• Peso
• Sexo
( Recomendada pela SBN como 1ª. Opção (J.Bras.Nefrol, 2004)
Como Diagnosticar o Estágio da DRC pela
TFG?

 Idoso:

• A FG pode diminuir com o envelhecimento

• TFG de 60 a 90 ml/ min/ 1,73m2  avaliar para


DRC

• Estimativa da FG – urina de 24 horas /


equações.
Redução das co-morbidades

• Controle rigoroso da PA e da glicemia


• Bloqueio do sistema renina-angiotensina-aldosterona
• Manejo da anemia
• Evitar drogas nefrotóxicas (AINEs, contrastes)
• Prevenção da osteodistrofia renal
• Dieta – ingesta moderada de proteínas
• Educação dos pacientes sobre opções terapêuticas
• Colocação apropriada de acesso para diálise
• Avaliação para transplante renal (incluindo tx
antecipatório)
RECOMENDAÇÕES PARA DIMINUIR O RISCO DE
AGUDIZAÇÃO DA DRC
 Uso criterioso de drogas nefrotóxicas:

 Pacientes com dor crônica:


Uso de antiinflamatórios não esteróides (AINES)

 Uso de aminoglicosídeos (nefrotóxicos):


Quando necessários, utilizar dose única (risco menor de nefrotoxicidade).

 Uso de contraste radiológico I

- Hidratação com NaCl 0,9%

- Uso de N-acetilcisteína antes e depois do contraste (propriedades anti-oxidantes)


Caso Clínico - DRC
LA, 42 anos, sexo masculino, natural de São Paulo, SP, casado,
consultor tributário, católico.
Paciente deu entrada no pronto-socorro do Instituto de
Cardiologia no dia 01/05/2008 com queixa de aumento da pressão
arterial e edema em MMII há 30 dias. Na ocasião apresentava PA=
190 x 110 mmHg a despeito do uso de medicação anti-
hipertensiva há dois meses. Havia 30 dias, apresentara edema de
membros inferiores, progressivo e ascendente, além de
diminuição do volume urinário. Referia também fadiga muscular
e astenia. Foi medicado com furosemida, 40 mg, duas vezes ao
dia e otimizada a medicação anti-hipertensiva, besilato de
anlodipino, 10 mg, uma vez ao dia e maleato de enalapril, 10 mg,
duas vezes ao dia. Foi então encaminhado à Seção de
Hipertensão Arterial e Nefrologia para melhor acompanhamento
clínico e por apresentar níveis de creatinina sérica de 4,3 mg/dL.
No dia 21 de maio de 2008, foi internado para definição
diagnóstica e conduta.
Caso Clínico - DRC
(cont.)
Referia urina espumosa há 3 anos e impotência sexual há quatro.
Negava disúria, polaciúria, dispnéia, dor torácica e palpitação.
Referia ser diabético há dezoito anos, sempre em tratamento
irregular. Inicialmente com antidiabéticos orais seguidos de
insulinoterapia, sempre com controles glicêmicos inadequados;
hipertensão arterial mal controlada havia 13 anos; acidente vascular
encefálico isquêmico havia 13 anos.
Ex-tabagista, dez maços por ano, abstêmio havia 20 anos, negava
uso de drogas ilícitas ou álcool.
Medicamentos em uso: Insulina NPH 15UI dia /15UI noite, lisinopril,
10 mg, uma vez ao dia.
Antecedentes Familiares
Paciente filho único, mãe diabética com amaurose bilateral, pai
diabético falecido de morte súbita aos 42 anos, avós paterno e
materno diabéticos.
• Exame Físico
PA = 172 x 94 mmHg; FC = 96 bpm; FR = 14 ipm; peso: 100 kg; altura:
1,73 m; IMC: 33,4 kg/m2; circunferência abdominal: 114 cm.
Estado geral regular, consciente, orientado no tempo e no espaço,
eupnéico, anictérico, acianótico, afebril, sem linfonodomegalias;
mucosas: hidratadas, coradas; pescoço: estase jugular ausente,
ausência de sopros carotídeos;AP: murmúrio vesicular presente em
ambos hemitórax, sem ruídos adventícios; AC: ritmo cardíaco:
regular, em dois tempos, com sopro sistólico em bordo esternal
esquerdo alto de (3+/6+), BNF; pulsos: palpáveis nos quatro
membros e simétricos; abdome: globoso secundário a tecido
adiposo abundante, com ruídos hidroaéreos presentes, timpânico,
sem visceromegalias; extremidades: edema frio importante em
região maleolar bilateral, estendendo-se até a raiz da coxa, sem
sinais de flogose.
Exames laboratoriais Valores normais
Glicemia = 206 mg/dL 65 – 100mg/dL
HbA1c (Hb glicada) = 7,1% – 5,5 – 6,0% (Alvo na DM = < 7%)

Uréia = 121 mg/dL 15 – 45 mg/dL

Creatinina = 5,3 mg/dL 0,7 – 1,3 mg/dL

K = 5,0 mEq/L 3,5 – 5,3 mEq/L

Na = 140 mEq/L 135 – 145 mEq/L

Ca = 8,6 mg/dL 8,6 – 10 mg/dL

P = 5,4 mg/dL 2,5 – 4,5 mg/dL

Colesterol total = 284 mg/dL 140 – 199 mg/dL

LDL = 201 mg/dL (Alto risco CC*) <130 (limítrofe: 140 – 159)

HDL = 30 mg/dL (Alto risco CC*) 37 – 70 mg/dL (ideal > 75)

Triglicérides = 215 mg/dL 40 – 160 mg/dL

Albumina = 4,1 g/dL 3,2 – 5,0 g/dL

Hb = 8,8g/dL 12 – 16 g/dL

Ht = 25,6% 36 – 48%
* CC – cardiopatia coronariana
COMPLICAÇÕES
ASSOCIADAS À DRC
ANEMIA

 Freqüente
 Está relacionada com a TFG
 TFG < 60mL/min/1,73m2

 Principal causa:
• Deficiência de Eritropoietina
ANEMIA
 Outras causas:

• Deficiência de ferro
• Deficiência de ácido fólico e vitamina B12
• Perdas sangüíneas (capilar, coletas de
sangue)
• Hemólise
• Inflamação
• Sangramento GI
ANEMIA
 Exames para investigação da causa de
anemia nesta população de pacientes:
• Índices hematimétricos (Hb↓ 9 -10 mg/dl)
• Contagem de reticulócitos (VN = 1% - 2%)
• Ferro sérico (VN = 60 – 140 µg/dl )
• Saturação de transferrina (< 20% - repor Fe)
• Ferritina sérica (<100 ng/mL - repor Fe)
• Pesquisa de sangue oculto nas fezes
ANEMIA
 Reposição de Eritropoietina (EPO):

• IV - sem diluir, 1 a 2 minutos


– A meia-vida plasmática por via IV é de 8 h.

• SC - via preferencial
– A meia-vida plasmática por via SC é de 18 h.

• Alerta:
– Introduzir eritropoetina apenas nos pacientes
com níveis controlados PA.
– Manter os pacientes com PA controlada 
efeito vasoconstritor  aceleração da
progressão da doença renal.
INFECÇÕES
 Maior suscetibilidade
 imunossupressão devido à uremia

 As infecções bacterianas são mais


freqüentes.

Tipos de Infecções mais comuns:


• Acesso vascular – A infecção por cateteres é
responsável por 50 a 80% das bacteremias, podendo
levar a endocardite, osteomielite, etc.
INFECÇÕES

Tipos de Infecções mais comuns:

• Trato urinário – Especialmente em diabéticos


e pacientes com rim policístico.

• Pneumonia

• Hepatite B

• Hepatite C
OSTEODISTROFIA RENAL

DIMINUIÇÃO DE CALCITRIOL

Diminui a absorção de cálcio pelo intestino
(hipocalcemia)

Aumenta absorção de fósforo pelo intestino
(hiperfosfatemia)

Hipocalcemia + Hiperfosfatemia estimulam as
paratireóides a aumentar níveis de PTH
(hiperparatireoidismo secundário)

Doenças ósseas
OSTEODISTROFIA RENAL

• DRC com um curso prolongado


• Dores ósseas difusas e progressivas
- joelhos, tornozelos e coxas

• Imobilidade e fraqueza muscular


• Fraturas espontâneas
OSTEODISTROFIA RENAL

• Produto cálcio x fósforo > 70 mg/dl



 calcificações vasculares
 calcificações da pele e dos tecidos moles

• Prurido intratável
• Os rins podem
sustentar 90% da
perda de néfrons e
ainda não apresentar
sintomas
aparentes!!!

• 2 - 4% da população
só tem 1 rim!
Pi de Manneken
Fonte
Bruxelas, 1619,

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