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Universidade Federal de Ouro Preto

Bioquímica Clínica I
ACL 600

Função Renal

ì
Prof. Daiane F. Engel
Doenças renais

Fatores de risco

3% 5%
5%
7%
40%
9%

10%

21%
Diabetes Hipertensão
Glomerulonefrites Doença não relatada
Causa desconhecida Urológicas
RDP Outras
Doenças renais

Lesão renal aguda (IRA)

Doença renal crônica (IRC)

Insuficiência renal crônica terminal/Síndrome urêmica

Nefropatia diabética

Nefropatia hipertensiva

Nefropatia tóxica

Doenças glomerulares

Nefrite intersticial

Uropatia obstrutiva

Doenças tubulares

Cálculo renal
Doenças renais

Insuficiência renal

Sinais e Sintomas:

Aguda Crônica
v Azotemia persistente;
v Oligúria ou anúria;
v ¯ TFG > 3 meses;
v Azotemia repentina; v ¯ cálcio sérico;
v á fosfato sérico;
v ¯ TFG brusca.
v á potássio sérico;
v Exame de urina:
v Proteinúria;
v Cilindros céreos, granulosos e leucocitários.
Doenças renais

Lesão renal aguda

Insuficiência renal aguda

v É a parada da função renal;

v Ocorre rapidamente;

v O rim para de funcionar durante um período de horas ou dias;

v Pode ser revertida e a função renal normal pode ser recuperada;

v Surge de uma variedade de problemas afetando os rins e/ou sua circulação.


Doenças renais

Lesão renal aguda

v Mortalidade:
v Sem comprometimento de outros órgãos ou sistemas: 5-10%;
v Com comprometimento de outro órgão ou sistema, em UTI: 50-70%;

v Recuperação ocorre em dias a semanas após a correção do evento iniciador;

v O tratamento clínico deve considerar a causa: pré, intra ou pós-renal.

v Diagnóstico: aumento rápido de

v Ureia;

v Creatinina;

v Potássio;

v Acidose metabólica.
Doenças renais

Lesão renal aguda

Classificação

Pré- renal:
v Redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de
filtração glomerular;

Renal ou intra-renal:
v Necrose ou lesão tubular;

Pós-renal:
v Obstrução intra ou extra-renal por cálculos, traumas,
coágulos, tumores ou fibrose retro peritoneal.
Doenças renais

Doença renal crônica

v É a destruição progressiva e irreversível do tecido renal por doença renal;

v Se desenvolve silenciosa por alguns anos;

v O resultado final da lesão renal progressiva é o mesmo independentemente da


causa da doença;

v Os principais efeitos da IR ocorrem devido à perda de néfrons funcionais;

v Todas as atividades dos rins são afetadas no estágio final da IR:


v Metabolismo de sódio e água;
v Metabolismo do potássio (hipercalemia);
v Metabolismo cálcio e fosfato (hipocalcemia);
v Equilíbrio ácido-base (acidose metabólica);
v Síntese de eritropoietina.
Doenças renais

Doença renal crônica


Doenças renais

Síndrome urêmica

Achados laboratoriais:

v Azotemia persistente e elevada:

Uréia > 200 mg/dL;

Creatinina > 8,0 mg/dL;

Clearance de creatinina < 15 ml/min.


Doenças renais

Síndrome urêmica

Manifestação da insuficiência renal

v Sinais e sintomas clínicos:


Fraqueza progressiva
Fadiga leve
Inapetência
Náusea, vômitos
Perda muscular
Tremores
Distúrbios mentais
Hiperventilação

v Se a terapia de reposição renal (diálise ou transplante) não for bem sucedida:


Anemia
Osteomalácia
Hipertensão
Doenças renais

Síndrome urêmica

v Metabólitos nitrogenados v Distúrbios de fluido, ácido-básico e


retidos; eletrolítico;
Ureia Osmolalidade urinária não regulável
Creatinina Acidose metabólica
Ácido úrico Hipo ou hipernatremia
Cianato Hipo ou hipercalemia
Guanidínicos Hipercloremia
Hipocalcemia
Hiperfosfatemia
Hipermagnesemia
Doenças renais

Síndrome urêmica

v Metabolismo lipídico anormal;


v Hipertrigliceridemia
v Redução de HDL-colesterol

v Distúrbios endócrinos;
v Hiperparatireoidismo secundário
v Metabolismo da tiroxina alterado
v Osteomalácia (calcitriol)
v Hiperreninemia e hiperaldosteronismo
v Hiporreninemia e hipoaldosteronismo
v Eritropoetina diminuída
v Disfunção gonadal
Doenças renais

Avaliação Laboratorial da Lesão Renal

v Proteinúria e microalbuminúria;

v Dismorfismo eritrocitário;

v Proteínas ligadas à ácidos graxos:

v Fração hepática (l-FABP).


Avaliação Laboratorial da Lesão Renal

Proteinúria

v Marcador de doença renal e constitui um fator de risco independente para a


sua progressão.
v Aumentos ou decréscimos no valor de proteinúria são importantes marcadores
do prognóstico renal do paciente.

v A proteinúria clínica normalmente é quase sempre detectada usando a fita reagente;

v Pacientes com doença renal (sintomática ou assintomática)

devem investigar a presença de proteinúria;

v Limite de detecção: 200 mg/L a 300 mg/L;

v Acompanhamento de pacientes com diagnóstico de proteinúria (albuminúria) deve


ser feito por métodos quantitativos em urina de 24h ou em amostra isolada corrigida
por creatinina urinária.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

Microalbuminúria Proteinúria

Entre 30 mg a > 300 mg/24h


Urina 24h* 300mg/24h

Entre 30 e 300 mg de > 200 mg de


Amostra isolada albumina/grama de proteína/grama de
creatinina creatinina.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
Microalbuminúria e Proteinúria

v Material
v Urina de 24 horas
v Urina de 4 horas
v Urina overnight
v Urina amostra isolada (relação albumina/creatinina)

v Método
v Quimioluminescência
v Imunoensaio por competição

v Aumento transitório da microalbuminúria:


v Hiperglicemia transitória;
v Exercício;
v Infecção trato urinário; piúria;
v HA; IC;
v Febre;
v Hematúria.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v É o achado isolado mais significativo na detecção e diagnóstico de doença renal;
v A presença de proteinúria não estabelece um diagnóstico!
v Pode ser transitória ou persistente;

v Pode ser fisiológica:


v Albumina (1/3);
v Globulinas;
v Proteínas plasmáticas de baixo PM;
v Proteína de Tamm Horsfall:
v Glicoproteína renal, presente na urina em indivíduos sadios;
v Transporte de íons;
v Imunoreguladora;
v Defesa contra infecções do TU;
v Prevenção da formação de cálculos renais;
v Matriz básica de diversos cilindros urinários.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v Resulta de 3 mecanismos:

v Filtração glomerular;
v Restrição dependente do tamanho e da carga da molécula proteica;
v HAS ou intraglomerular -> Aumento da pressão de ultrafiltração transcapilar -> proteinúria.
v Secreção tubular;
v Ausência de reabsorção tubular.

v Graus:
v Leve: < 1,0 g/24h;
v Moderada: 1,0 a 3,0 g/24h;
v Grave: > 3,0 g/24h:

v Tipos:
v Assintomáticas;
v Pré-renais: extravasamento;
v Renais: glomerulares e tubulares;
v Pós- Renais.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria assintomática
v Não é incomum (2 a 11% em amostras de urina isoladas);
v Pequenas quantidades de proteínas podem aparecer transitoriamente em
pessoas normais, sem sintomas e sem antecedentes que sugiram enfermidade
renal.
v Pode ocorrer após:
v Exercício físico intenso:
v Esforço -> aumento da PA -> aumento da FG -> proteinúria e hematúria.

v Exposição ao frio;

v Febre;
v Proteinúria ortostática:
v Desaparece quando o indivíduo está em decúbito.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria pré-renal

v Sem causa em doença renal primária;

v Filtração glomerular e túbulos intactos;

v Baixo PM (<40KDa) -> Filtradas em excesso -> ultrapassa capacidade de reabsorção;

v Proteinúria de Bence-Jones, mioglobina, hemoglobina.

v Aumento da pressão hidrostática renal -> passagem de proteínas pela membrana glomerular.

v HÁ e ICC.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria renal
v Proteinúria renal tubular
v Proteinúria renal glomerular

v Proteinúria renal tubular


v Lesão tubular -> prejuízo na reabsorção de componentes do ultrafiltrado;
v α2 e β2 microglobulinas, imunoglobulinas de cadeias leves, aminoácidos, proteína de ligação do
retinol;
v Secreção tubular de proteínas em doenças inflamatória túbulo-intersticiais:
v A β2 microglobulina (12KDa) é o marcador padrão na urina para proteinúria tubular;
v Excreção urinária normal: 100µg/24h (pode aumentar de 10 a 1000x na doença tubular).

v Doenças hereditárias: doença de Wilsom, cistinose, oxalose, galactosemia, doença cística medular.
v Doenças congênitas: síndrome de Fanconi, acidose tubular renal.
v Doenças adquiridas: envenenamento por metal pesado, fenol e CCl4, pielonefrite, nefrite
intersticial, uropatia obstrutiva, nefrite por radiação, intoxicação por vitamina D.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria renal
v Proteinúria renal tubular
v Proteinúria renal glomerular

v Proteinúria renal glomerular

v Principal proteína observada: albumina;

v Indica lesão na barreira de filtração;

v Alterações estruturais, perda da eletronegatividade, elevação da pressão de ultrafiltração


transcapilar.

v Glomerulopatia: doença renal devido lesão dos glomérulos ou pequenos vasos renais;
v Genética, autoimune, toxinas, infecções, doenças vasculares, resposta imune.

v Glomerulonefrite;

v Síndrome Nefrótica.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v Glomerulonefrite ou síndrome nefrítica:

v Inflamação -> lesão no glomérulo -> menor capacidade de filtração -> acúmulo de
substâncias tóxicas;

v Quadro de IRA, edema, hematúria e HA, sonolência, confusão, náusea, mal-estar.

v Aguda
v Glomerulonefrite pós-estreptocócica: sequela imunológica de infeção de pele ou garganta por
Streptococus β hemolítico do grupo A (mais comum dos 2 aos 10 anos de idade).
v Estafilococos, pneumococos, infecções virais (varicela) e infecções parasitárias (malária);
v Distúrbios não infecciosos: glomerulonefrite membranoproliferativa, nefropatia por IgA, vasculite
associada a IgA, lúpus eritematoso sistêmico, crioglobulinemia...
v Pode evoluir para glomerulonefrite rapidamente progressiva e G. crônica.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v Glomerulonefrite ou síndrome nefrítica:

v Inflamação -> lesão no glomérulo -> menor capacidade de filtração -> acúmulo de substâncias
tóxicas;

v Quadro de IRA, edema, hematúria e HA, sonolência, confusão, náusea, mal-estar.

v Crônica
v Comumente é progressão da GNA não curada;
v Pode ser hereditária;
v Sintomas leves que passam despercebidos por longo período (edema e HAS);
v Evolução para IR:
v Coceira, perda de apetite, náuseas, vômitos, fadiga, dificuldade respiratória.

v Diagnóstico:
v Laboratorial: proteinúria e hematúria variável, cilindros hemáticos e granulares, elevação de ureia e creatinina séricas.

v Exames de imagem e biópsia.


Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria renal
v Proteinúria renal tubular
v Proteinúria renal glomerular

v Proteinúria renal glomerular

v Principal proteína observada: albumina;

v Indica lesão na barreira de filtração;

v Alterações estruturais, perda da eletronegatividade, elevação da pressão de ultrafiltração


transcapilar.

v Glomerulopatia: doença renal devido lesão dos glomérulos ou pequenos vasos renais;
v Genética, autoimune, toxinas, infecções, doenças vasculares, resposta imune.

v Glomerulonefrite;

v Síndrome Nefrótica.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v Síndrome nefrótica:

v Não existe uma inflamação evidente;

v Há mau funcionamento da membrana do glomérulo.

v Glomerulonefrite x Síndrome Nefrótica

Glomerulonefrite Síndrome Nefrótica

Há inflamação Sem inflamação

Membrana do
Capacidade de
glomérulo é
filtrar é reduzida
mais permeável
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria
v Síndrome nefrótica:

v Não existe uma inflamação evidente;

v Há mau funcionamento da membrana do glomérulo;

v Glomerulonefrite x Síndrome Nefrótica;

v Pode levar à doença glomerular:

v Proteinúria > 3 g/dia (albumina, transferrina, gamaglobulinas e microglobulinas)

v Outras complicações: desnutrição, HA, hipercolesterolemia, perda de inibidores da coagulação.


Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteinúria

v Proteinúria pós-renal
v Proteinúria leve;
v Causas: infeções do trato urinário inferior; sobrecarga plasmática.
Proteinúria

v Determinação laboratorial:

Tira reativa Método turbidimétrico

Determinação de
Albumina altera a
proteínas totais na
cor do indicador
urina
Proteinúria
v Determinação laboratorial:

v Interpretação

v Ambos (+):
v Perda de albumina na urina;
v Marcador de lesão glomerular ou tubular.

v Fita (–) e método turbimétrico (+)


v Perda de proteína que não a albumina;
v Bence-Jones (mieloma múltiplo).

v Eletroforese de proteínas permitem identificar o tipo de proteinúria:


v α2- e β-globinúria, encontradas nas patologias túbulo-intersticiais;
v Proteínas de cadeia leve do mieloma múltiplo.
Doenças renais

Avaliação Laboratorial da Lesão Renal

v Proteinúria e microalbuminúria;

v Dismorfismo eritrocitário;

v Proteínas ligadas à ácidos graxos:

v Fração hepática (l-FABP).


Avaliação laboratorial da lesão renal

Dismorfismo eritrocitário
v Deformação do eritrócito ao passar pela membrana glomerular lesada.
Avaliação laboratorial da lesão renal

Proteínas ligadas a ácidos graxos

v Grupo de proteínas intracelulares pertencentes à família das lipocalinas;

v Fração hepática L-FABP é expressa no túbulo proximal e possui papel fundamental


no transporte intracelular de ácidos graxos livres;

v Presença na urina está associada à lesão tubulointersticial renal;

v Método:
v ELISA.
Obrigada!

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