Você está na página 1de 27

SISTEMA CIRCULATÓRIO

&
DISTÚRBIOS CARDÍACOS

VALÉRIA SANTOS
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

1. INTRODUÇÃO

O sistema cardiovascular, também chamado de sistema circulatório, é o sistema


responsável por garantir o transporte de sangue pelo corpo, permitindo, dessa forma, que
nossas células recebam, por exemplo, nutrientes e oxigênio.

2. COMPONENTES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

• Sangue.
• Vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares).
• Coração.
• Vasos linfáticos.

3. SISTEMA SANGUÍNEO

Os vasos sanguíneos são um grande sistema de tubos fechados por onde o sangue
circula. Os três principais vasos sanguíneos encontrados no corpo são as artérias, veias e
os capilares.

1
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

4. CORAÇÃO

O coração é uma “bomba muscular” oca, com tamanho da mão fechada e peso médio
de 300 g, localizado no centro da cavidade torácica (mediastino) atrás do esterno e acima
do diafragma, as células cardíacas são chamadas de cardiomiócitos. O coração está
contido dentro de um saco de tecido fibroso e inelástico chamado de saco pericárdico. O
saco pericárdico possui no seu interior uma pequena quantidade de fluido com função
lubrificante que serve para que as contrações cardíacas se façam sem que o coração sofra
atrito
O coração é composto de uma estrutura muscular espessa, denominada miocárdio,
que integra as paredes das cavidades atriais e ventriculares. O miocárdio está envolto
externamente pelo pericárdio, cuja função é proteger o miocárdio e permitir o suave
deslizamento das paredes do órgão durante o seu funcionamento mecânico, pois contém
líquido lubrificante em seu interior. Internamente, o miocárdio é recoberto pelo
endocárdio, membrana de proteção interna que fica em contato direto com o sangue,
separando a musculatura, do interior das cavidades do órgão.

Figura 1: camadas do coração.


Fonte: https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-circulatorio/coracao/

Possui quatro câmaras: dois átrios, (câmaras superiores) que recebem sangue das
veias e por isso têm a parede mais delgada; e dois ventrículos (câmaras inferiores)
responsáveis por ejetar o sangue do coração para as artérias e, para vencer a resistência
suas paredes são mais espessas.

2
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 2: câmaras cardíacas.


Fonte: https://ssl.adam.com/content.aspx?productid=125&pid=70&gid=19612&site=bestdo

A presença de válvulas no coração faz com que o refluxo do sangue não ocorra e
ele siga sempre uma mesma direção. No total existem quatro válvulas no coração: duas
válvulas atrioventriculares (tricúspide e mitral) e duas válvulas semilunares (aórtica e
pulmonar). As primeiras situam-se entre cada átrio e cada ventrículo; já as segundas estão
localizadas nos dois locais por onde o sangue sai do coração. Uma válvula semilunar está
localizada na região onde a aorta sai do ventrículo esquerdo, e a outra, no local onde a
artéria pulmonar sai do ventrículo direito.

Figura 3: válvulas semilunares


Fonte: https://descomplica.com.br/blog/materiais-de-estudo/biologia/resumo-sistema-
circulatorio/

3
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

O coração funciona como uma espécie de bomba que garante o impulsionamento


do sangue para todas as partes do corpo. O sangue, proveniente das várias partes do corpo,
com exceção do pulmão, chega ao coração pelo átrio direito. As veias cavas superior e
inferior trazem sangue do corpo e desembocam-no nessa cavidade, assim como o seio
coronário, o qual é responsável por drenar o sangue presente no coração.
Após chegar ao átrio direito, o sangue segue em direção ao ventrículo direito. Do
ventrículo, ele parte em direção aos pulmões, sendo levado pela artéria pulmonar. Nos
pulmões, o sangue, que até então estava rico em gás carbônico, recebe o oxigênio
proveniente da respiração, tornando-se oxigenado (pequena circulação).
O sangue oxigenado retorna então para o coração por meio das veias pulmonares.
Essas veias desembocam no átrio esquerdo. O sangue, daí, segue para o ventrículo
esquerdo, local de onde será impulsionado para todo o corpo, com exceção do pulmão,
sendo levado pela artéria aorta (grande circulação).

Figura 4: o caminho do sangue no coração.


Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/coracao-humano.htm

4
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 5: circulação do sangue no coração.


Fonte: http://angomed.com/anatomia-e-electrofisiologia-basica/

4.1 Circulação sistêmica e pulmonar

• A circulação do sangue que sai dos pulmões em direção ao coração e quando sai
do coração em direção aos pulmões é chamada de circulação pulmonar.
• A circulação do sangue que sai do coração para irrigar os tecidos do organismo e
que dos tecidos volta para o coração é chamada de circulação sistêmica.

5
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 6: circulação pulmonar e sistêmica.


Fonte: https://www.slideshare.net/catir/tipos-de-circulao-sangunea

O coração bombeia em média 5 litros de sangue por minuto quando em repouso e


apresenta um ciclo rítmico de contração e relaxamento. A fase de contração do ciclo é
denominada sístole e a fase de relaxamento é denominada diástole. Ao contrair-se, o
coração garante o bombeamento de sangue e, ao relaxar-se, garante que o sangue entre
em suas cavidades.

Figura 7: Sístole e diástole


Fonte: https://escolaeducacao.com.br/sistole-e-diastole/sistole-diastole/

6
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Os batimentos cardíacos ocorrem devido à presença de um aglomerado de células


presentes no coração chamado de nó sinoatrial. Nessa região são gerados impulsos
elétricos, os quais se propagam pelo tecido cardíaco e atingem outra região de transmissão
denominada nó atrioventricular.
No nó atrioventricular, os impulsos são retardados, garantindo, desse modo, que os
átrios se esvaziem completamente antes que os ventrículos se contraiam. Os impulsos
gerados no nó atrioventricular são conduzidos por células, denominadas ramos do feixe
e fibras de Purkinje, para o ápice do coração e as paredes ventriculares.

Figura 8: sistema de condução cardíaco


Fonte: http://maissaude10.blogspot.com/2012/02/arritimias.html

4.2 Propriedades do coração

• Contratilidade: é a capacidade do músculo cardíaco de se contrair. Atende ao


princípio do tudo ou nada.
• Excitabilidade: capacidade que o miocárdio tem de reagir/responder quando
estimulado, reação esta que se estende por todo o órgão.
• Condutividade: condução do processo de atividade elétrica por todo o miocárdio,
numa sequência sistematicamente estabelecida de uma célula para outra.
• Automaticidade: capacidade do coração gerar seus próprios estímulos elétricos
independente de influências extrínsecas ao órgão (zonas de marcapasso).
• Ritmicidade: capacidade de repetir o ciclo com regularidade.

7
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

5. SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático é um conjunto de órgãos, tecidos, vasos e canais que se distribuem


pelo corpo para ajudar a filtrar e remover o excesso de líquidos e impurezas do organismo
(gorduras, proteína, fragmentos de células, bactérias etc).
Além disso, o sistema linfático também contribui para a formação das células de
defesa do organismo, como os linfócitos, que são responsáveis pela defesa e combate de
microrganismos que podem causar doenças.
O sistema linfático é composto por células, vasos, tecidos e órgãos, que desempenham
variadas funções. Os principais componentes desse sistema incluem:

Figura 9: sistema linfático e seus componentes


https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/sistema-imunologico

8
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

6. AFECÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo: mais pessoas


morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Estima-se
que 17,9 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2016,
representando 31% de todas as mortes em nível global.

O histórico familiar, a idade, o sexo e a raça, associados a fatores de risco relacionados


ao estilo de vida das pessoas, como dieta rica em sal, gordura, carboidratos, uso do álcool,
do fumo e de outras drogas, bem como o estresse da vida moderna, poderão propiciar o
aparecimento de doenças crônico-degenerativas como: hipertensão arterial, angina do
peito, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência vascular
periférica, entre outras. A base da formação das doenças crônico-degenerativas, ligadas
às disfunções circulatórias, tem como ponto inicial as alterações dos vasos sanguíneos.
Com o envelhecimento, por exemplo, as artérias vão perdendo sua elasticidade, tornando-
se mais endurecidas.

Este fenômeno, quando associado aos fatores de risco, poderá antecipar o


endurecimento precoce das artérias (arteriosclerose), como também propiciar a deposição
de placas de gorduras em seu interior (ateromas) causando a aterosclerose. Estas
alterações levam à oclusão parcial ou total das artérias e até o seu rompimento.

6.1 Aterosclerose

Conceito

A aterosclerose é um quadro clínico no qual depósitos irregulares de material


gorduroso (ateromas ou placas ateroscleróticas) se desenvolvem nas paredes das artérias
de médio e grande porte, levando a um fluxo sanguíneo reduzido ou bloqueado.

9
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 10: aterosclerose


Fonte: https://www.anm.org.br/aterosclerose-o-que-e-como-prevenir/

Consequências

6.2 Aterosclerose coronariana

Conceito

Acúmulo anormal de substância lipídica, cálcio, componentes do sangue,


carboidratos e tecido fibroso na parede vascular, formando uma placa de ateroma na

10
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

camada íntima das artérias, acarretando uma diminuição do fluxo sanguíneo para o
miocárdio.

Figura 11: aterosclerose coronariana


Fonte: https://www.google.com/search?q=aterosclerose+coronariana&sa=X&ved=

Fatores de risco

• Tabagismo.
• Hipertensão arterial.
• Hiperlipidemia.
• Diabetes.

Sintomatologia

Dependem do órgão ou tecido afetado:

• Coronária: angina e infarto do miocárdio.


• Cérebro: isquemia cerebral transitória.
• Aorta: aneurismas.

Tratamento

• Eliminação das causas.


• Administração de medicamentos.

11
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

• Cirurgia: angioplastia.

6.3 Doença Oclusiva Arterial Periférica

Conceito

Doença que acomete as artérias das extremidades, geralmente encontrada em


homens com mais de 50 anos de idade. A idade e a gravidade são influenciadas pelo tipo
e número de fatores de risco ateroscleróticos presentes.

Figura 12: doença oclusiva arterial periférica


Fonte: https://www.castedovascular.com.br/doencas-vasculares/doencas-arteriais-perifericas/

Etiologia

• Aterosclerose.
• Todos os fatores de risco da aterosclerose.

Sintomatologia

• Claudicação intermitente.

12
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

• Dor em repouso.
• Aumento da dor na posição horizontal.
• Melhora da dor na posição vertical (perna pendente).
• Cãibras, sensação de frio ou dormência na extremidade.
• Extremidades frias e pálidas.
• Ulcerações, gangrena e atrofia muscular.
• Ausência ou diminuição do pulso (femoral e tibial posterior).

Diagnóstico

• Fluxo ultrassônico Doppler.


• Angiografia.

Tratamento:

• Clínico
• Cirúrgico: simpatectomia e angioplastia.

Cuidados de Enfermagem:

• Lavar os pés com água morna e sabão suave enxugando bem entre os dedos e não
esfregando a toalha.
• Usar meias de algodão (absorvem a umidade, facilita a transpiração e impedem
que os pés se esfriem);
• Evitar nadar em tempo frio, queimaduras de sol, ficar descalço, usar sapatos
desconfortáveis.
• Examinar os pés diariamente à procura de calos, bolhas, unhas encravadas etc.
• Evitar o uso de fumo a todo custo.
• Oferecer dieta rica em proteínas e vitaminas e pobre em lipídeos, ou seja, evitar
todas as causas de aterosclerose.

13
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

6.4 Pericardite

Conceito: inflamação do pericárdio (membrana que reveste o coração), podendo


ocorrer um aumento de líquido entre as túnicas do pericárdio (derrame pericárdio) que
pode levar ao tamponamento cardíaco ou a um ressecamento do líquido que lubrifica as
duas túnicas provocando atrito.

Figura 13: pericardite.


Fonte: https://www.medicinamitoseverdades.com.br/blog/pericardite-causas-sintomas-consequencias-e-
tratamento

Etiologia

• Febre reumática, lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide.


• Infecção por vírus, bactérias e fungos.
• Infarto do miocárdio, doença pleural, tuberculose.
• Traumatismos: lesão torácica, cirurgia cardíaca.
• Distúrbios renais: uremia.

Sinais e sintomas

• Dor, geralmente sentida abaixo da clavícula, no pescoço e na região escapular


esquerda (atrito pericárdico). A dor é agravada pela respiração, mudança de
decúbito e inclinação do tronco. É aliviada quando o paciente senta ou inclina o
tronco para frente.
• Dispneia pode ocorrer devido à compressão pericárdica dos movimentos
cardíacos.

14
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

• Febre e mal estar.

Diagnóstico

• Exame físico (ausculta do atrito pericárdico) e anamnese.


• Hemocultura.
• ECG.
• Ecocardiografia.
• Pericardiocentese (punção do pericárdio).

Tratamento:

• Repouso no leito.
• Medicamentos: antibióticos, corticoides, anti-inflamatórios, analgésicos e
antitérmico.
• Pericardiocentese, quando existe tamponamento cardíaco.

6.5 Cardiomiopatia

Conceito

A cardiomiopatia é a inflamação no músculo cardíaco, resultando em seu aumento


e enfraquecimento que prejudica a capacidade de bombeamento do sangue, levando à
insuficiência cardíaca. Existem 4 tipos de cardiomiopatia: a cardiomiopatia hipertrófica,
onde a parede do músculo fica mais grossa e bloqueia o fluxo de sangue; a cardiomiopatia
restritiva, onde o coração fica rígido, pois há, normalmente, a presença de tecido da
cicatriz e isto faz com que o coração não bombeie sangue como deveria; a cardiomiopatia
dilatada, onde a dilatação do coração faz com que ele não bombeie sangue como deveria,
por deixá-lo enfraquecido; e a cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito, que é
o mais raro tipo, onde um tecido de cicatriz substitui o tecido muscular original no coração
e causa uma perturbação dos sinais elétricos do órgão, causando arritmia.

15
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 14: cardiomiopatia


Fonte: https://www.google.com/search?q=cardiomiopatia&oq=cardiomio&aqs=chrome.1.

Etiologia

• Hipertensão arterial.
• Obesidade.
• Distúrbios da tireóide.
• Drogas (cocaína, anfetamina etc).
• Fatores genéticos.

Sintomas:

• Fadiga.
• Dispneia.
• Edema em MMII.
• Tosse.
• Arritmia.

Tratamento

• Medicamentoso.
• Cirúrgico.

16
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

• Mudança de estilo de vida.

Observação: a cardiomiopatia tem cura e o tratamento depende da causa da doença. Vale


lembrar que alguns portadores da doença são assintomáticos, portanto, para esses não é
necessário tratamento.

6.6 Flebite e Tromboflebite

Conceito da tromboflebite

Flebite é a inflamação das paredes de uma veia. Tromboflebite é uma afecção na


qual se forma um coágulo numa veia, em consequência de flebite ou devido à obstrução
parcial da veia.

Figura 15: flebite e tromboflebite


Fonte: https://baraovascular.com.br/tratamentos-para-flebite-ou-tromboflebite/

Etiologia da tromboflebite

• Estase venosa (paralisação ou diminuição da circulação sanguínea).


• Traumatismos (injeções, cateteres de demora).
• Insuficiência venosa precedente.
• Obesidade.
• Anticoncepcionais orais.
• Imobilização no leito.

17
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Sintomatologia da tromboflebite

• Edema local.
• Hiperemia no local.
• Dor e hipertermia local.
• Mialgia (dor muscular).

Tratamento da tromboflebite

• Repouso com elevação das extremidades (reduz a congestão e o edema);


• Aplicação de anticoagulantes (heparina), quando há formação de trombos;
• Analgésicos no caso de dor;
• Calor úmido local.

Cuidados de Enfermagem da tromboflebite

• Ao aplicar o calor úmido verificar sempre a temperatura da água para evitar


queimaduras.
• Movimentação ativa e passiva dos membros inferiores no pós-operatório.
• Deambulação precoce.
• Repouso deve ser com os membros elevados em uma posição mais alta que a do
coração.

Prevenção da tromboflebite

• Uso de meias elásticas para pessoas com atividades restritas.


• Adotar posição correta na cama (uma perna não deve fazer pressão sobre a outra).
• Evitar ficar longos períodos sentado ou em pé.
• Evitar esforços que aumentam a pressão nas pernas.
• Fazer movimentação passiva e ativa ou enfaixar os membros inferiores nos
pacientes acamados.

18
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Conceito da flebite

A flebite é uma das complicações mais frequentes do uso de cateteres venosos


periféricos (CVP). Caracteriza-se por uma inflamação aguda da veia, causando edema,
desconforto e eritema ao redor.

Os principais fatores que ocorrem em uma flebite nas punções venosas é a longa
permanência dos acessos venosos e a mão assepsia do curativo.

Classificações da flebite

• Mecânica: é predominantemente em razão de problemas no cateter, o qual causa


trauma no interior da veia. Isso pode ocorrer na inserção (utilização de
dispositivos com calibre grosso para a veia), punção inadequada (ponta do cateter
traumatiza a parede da veia) ou manipulação do cateter (deslocamento).
• Química: geralmente está associada à administração de medicamentos
irritantes/vesicantes, medicamentos diluídos impropriamente, infusão muito
rápida ou presença de particulados na solução que resultam em dano para o
endotélio interno da veia.
• Infecciosa: é a inflamação da veia que está associada à contaminação bacteriana.
Pode ocorrer devido à não utilização de técnica asséptica (inserção, manipulação,
manutenção do dispositivo).

Cuidados de enfermagem com as punções venosas

• Realizar higiene das mãos antes e após manuseio do cateter.


• Selecionar o cateter periférico com base no objetivo pretendido, na duração da
terapia, viscosidade do fluido, nos componentes dos fluídos e nas condições do
acesso venoso. No cliente adulto, inserir o cateter na extremidade superior.
• Em clientes pediátricos, podem ser utilizados ainda como local de inserção os
membros inferiores e a região da cabeça.
• Evitar punções em áreas de articulações.
• Remover os dispositivos intravasculares assim que seu uso não for necessário.

19
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

• Realizar antissepsia da pele com álcool 70% na inserção dos cateteres e não palpar
o local da inserção após a aplicação do antisséptico.
• Optar o curativo de filme transparente e realizar troca sempre que houver sujidade,
umidade ou contaminação.
• Atentar quanto as trocas do equipo, torneirinhas, medicamentos etc.

Na ocorrência de sinais e sintomas de flebite:

• Retirar o acesso venoso imediatamente.


• Aplicar compressas frias no local afetado na fase inicial para diminuição da
dor, e a seguir compressas mornas para promover a vasodilatação e reduzir o
edema.
• Lavar o membro.
• Administrar analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos quando prescritos.

7. EXAMES ESPECIAIS DO SISTEMA CARDÍACO

a) Eletrocardiograma (E.C.G.)

É a representação da atividade elétrica do coração. Não há nenhum cuidado em


especial a ser dispensado ao paciente.

20
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 16: eletrocardiograma


Fonte: https://clinicaviver.com/ecocardiograma-e-eletrocardiograma-conheca-as-diferencas-
entre-os-exames/

b) Eletrocardiograma de esforço (teste ergométrico)

O paciente faz exercícios numa esteira ou aparelho semelhante a uma bicicleta a


avalia-se as anormalidades do ECG que indica a isquemia miocárdica e avalia a
capacidade para o desempenho físico.

Figura 17: eletrocardiograma


Fonte: https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/cardiologia/prova-de-esforco/

21
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

c) Holter

É a representação gráfica da atividade elétrica cardíaca feita com aparelho (Holter)


instalado no corpo do indivíduo. O aparelho permanece instalado durante 24 horas. O
indivíduo pode executar suas atividades normais enquanto o aparelho vai registrando toda
a atividade cardíaca

Figura 18: Holter


Fonte: https://eigierdiagnosticos.com.br/blog/exame-de-holter/

d) Ecocardiografia

Também considerado como cardiografia ultrassônica, pois o ultrassom é enviado


para o coração através de um condutor e as estruturas cardíacas devolvem os ecos
derivados do ultrassom. Esses ecos são traçados num osciloscópio e registrados em um
filme. Não há necessidade de preparo em especial do paciente.

22
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 19: ecocardiograma


Fonte: http://www.oftcor.com.br/wp-content/uploads/2015/04/ecocardiograma-clinica-oftcor-
bauru-sp.jpg

e) Arteriografia

É a radiografia da artéria após administração de substância radiopaca.


Recomenda-se fazê-la com anestesia geral. Dependendo do local do exame ela receberá
as seguintes denominações:

• Aortografia: o contraste é injetado na aorta por punção lombar,


visualizando-se a aorta;
• Arteriografia femoral: injeta-se o contraste na artéria femoral, obtendo-se
radiografia dos vasos dos MMII;
• Arteriografia subclávia: injeta-se o contraste na artéria subclávia,
visualizando-se as artérias dos MMSS.

23
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figura 20: arteriografia


Fonte: https://endovasc.com.br/angiografia-diagnostica/

f) Cateterismo cardíaco (Cineangiografia)

Através da introdução de um cateter no sistema venoso ou arterial de um dos


MMSS ou MMII e pode-se televisionar e registrar o ritmo cardíaco e as pressões e
saturação de oxigênio nos 4 compartimentos cardíacos. É mais utilizado para avaliar a
permeabilidade da artéria coronária (após IAM) e para determinar se os procedimentos
de revascularização serão necessários. É injetado contraste no vaso à base de iodo para
visualização.

Este procedimento é realizado em unidades de hemodinâmica, com UTI e cirurgia


cardíaca de emergência se for o caso.

O cateterismo cardíaco esquerdo é efetuado por cateterismo retrógrado do


ventrículo esquerdo. O médico insere o cateter dentro da artéria braquial ou artéria
femoral e o avança para dentro da aorta e ventrículo esquerdo.

O cateterismo cardíaco direito geralmente antecede ao cateterismo cardíaco


esquerdo. Evolve a passagem de um cateter desde a veia femoral ou ante cubital até dentro
do átrio direito, ventrículo direito, artéria pulmonar e capilares pulmonares

24
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

Figuras 21: vias de entrada do cateter


Fonte: https://www.hci.med.br/imgArtigos/c5f42cfad81aad6e717c8182b4554dd4.png

g) Angioplastia coronária ou intervenção coronária percutânea

É o tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de
cateter balão, com o objetivo de aumentar o fluxo de sangue para o coração.

Figura 22: angioplastia.


Fonte: https://fisioteraloucos.com.br/impressionante-video-explica-como-funciona-desobstrucao-
de-arterias-com-baloes-e-stents-na-angioplastia/

25
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: CLÍNICA MÉDICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na


Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem.
Profissionalização de auxiliares de enfermagem. 2. ed., 1.a reimpr. - Brasília:
Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
2. COLÉGIO SÃO BENTO. Enfermagem em intercorrências clínicas. Disponível
em: https://pt.scribd.com/document/386507055/Http-www-
colegiotecnicosaobento-com-Enfermagem-Em-Intercorrencias-Cirurgicas-pdf.
Acesso em: 21/05/2022
3. DELFINO, Aretusa. Enfermagem em clínica médica. Disponível em:
https://tlconcursos.webnode.com.br/_files/200000050be730bf6d3/Apostila%20-
%20Cl%C3%ADnica%20Medica.pdf. Acesso em: 21/05/2022.
4. Enfermagem em clínica médica. Disponível em: https://irp-
cdn.multiscreensite.com/64d4fda7/files/uploaded/Enfermagem%20em%20Cl%
C3%ADnica%20M%C3%A9dica.pdf. Acesso em: 21/05/2022.

5. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico
Cirúrgica. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

26

Você também pode gostar