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PEIM – Procedimento Estético Injetável


para Microvasos

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Índice
1. Introdução
2. Anatomia do Sistema Cardiovascular Sistema
3. Cardiovascular e Microvasos
4. Fisiopatologia do Sistema Cardiovascular
5. PEIM
6. Métodos de Anestesia
7. Avaliação Clínica
8. Complicações e Recomendações
9. Contraindicações
10. Terapias Associadas e Tratamento das Complicações
11. Bibliografia

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1. Introdução

As varizes constituem uma das doenças mais antigas de que se tem relato e,
atualmente, estão presentes, em média, em torno de 30 a 40% da população brasileira.
Alguns fatores de riscos são considerados, tais como ocupação, gravidez, dieta,
obesidade, hereditariedade e etnia, sendo as mulheres as mais afetadas, numa razão de 4
mulheres para 1 homem afetado. Acredita-se que 70% das mulheres com idade acima de
40 anos apresentem veias varicosas.
Existem dois tipos de varizes:
- Primárias: que aparecem influenciadas pela tendência hereditária, são as responsáveis
pelas antiestéticas linhas vermelhas e azuis, de diversos tamanhos, que aparecem
especialmente nas pernas das mulheres e também pelas varizes de maior calibre, que são
as mais frequentes.
- Secundárias: que aparecem por doenças adquiridas no decorrer da vida, sendo de
tratamento mais difícil, são causadas por uma doença pré-existente, como fístulas
arteriovenosas (congênitas ou adquiridas), traumas, angiodisplasias, síndrome pós-
flebítica, compressões extrínsecas, entre outras.
Existe uma tendência hereditária para as pessoas apresentarem varizes e também
alguns fatores podem desencadear o aparecimento ou a piora do quadro de varizes. Um
dos principais é a gravidez. Outro muito importante é o uso de anticoncepcionais. Ficar
muito tempo na posição em pé ou sentada também provoca varizes. Portanto, pessoas
que ficam em pé paradas, ou sentadas durante muito tempo, usam anticoncepcional ou
tem várias gestações e que apresentam a tendência hereditária, têm uma forte
possibilidade de desenvolver o problema.
A questão hereditária favorecendo as varizes atinge homens e mulheres
igualmente, mas existe uma proporção muito maior de mulheres com varizes do que
homens, por causa do efeito do hormônio feminino em agravar o problema.

2. Anatomia do Sistema Cardiovascular

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A função principal do sistema cardiovascular é abastecer de sangue os tecidos,
proporcionar os nutrientes essenciais das células para o metabolismo e eliminar os
produtos de dejeto das células. O coração atua como uma bomba, de modo que, ao se
contrair, gera uma pressão que impulsiona o sangue através de uma série de vasos
sanguíneos.
Os vasos que transportam o sangue do coração até os tecidos são as artérias, que
estão submetidas a uma pressão elevada e que contém uma porcentagem relativamente
pequena do volume sanguíneo. As veias, que transportam o sangue de retorno dos
tecidos para o coração, são vasos de baixa pressão e contém porcentagem mais elevada
de volume sanguíneo.
No interior dos tecidos há uma série de vasos sanguíneos de parede fina,
denominados capilares que se interpõe entre as artérias e veias. Através das paredes dos
capilares é feito o intercambio de nutrientes, de produtos de dejeto e líquidos.

As principais teorias sobre etiologia das varizes primárias ou essenciais dos


membros inferiores estão relacionadas com alterações na parede da veia, com

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modificação na estrutura do colágeno e/ou elastina, aumentando a presença de material
elástico com o espessamento do vaso, incompetência valvar localizada ou segmentar e
presença de fístulas arteriovenosas no nível da microcirculação. As varizes secundárias
estão relacionadas com a síndrome pós-flebítica, gravidez, fístulas arteriovenosas
traumáticas, angiodisplasias e compressões extrínsecas.
3. Sistema Cardiovascular e Microvasos

Existe comunicação entre as varizes, microvarizes e microvasos, tudo ocorre


como se fosse uma rede, que transmite a pressão do volume de sangue.
Quem dilata primeiro é que recebe maior volume de sangue no sentido errado
(de cima para baixo e de dentro para fora, o inverso do normal, de baixo para cima e de
fora para dentro), ou onde o sangue fica mais represado. A veia da pele gera o
microvasinho.

Quando se dilatam as microveias, aparecem as microvarizes e quando se dilatam


as veias superficiais maiores levam ao aparecimento das varizes. Se o refluxo (caminho
inverso do sangue) ou o acúmulo de sangue atinge só uma parte das veias, só estas se
dilatarão, se atinge todas, todas dilatarão. Se o refluxo ocorre só na pele, teremos os
vasinhos, então para tratar, basta cuidar destes pequenos vasos. Mas se uma veia
provoca refluxo para a pele, esta cria os microvasinhos para acomodar o sangue.

4. Fisiopatologia dos Microvasos

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O defeito nas veias das pessoas que têm varizes está nas válvulas e nas paredes
das veias. Existem dois tipos de veias nos membros inferiores, as veias superficiais que
ficam sob a pele, na camada de gordura e que podem ser visíveis e existem as veias
profundas que ficam no meio da musculatura da perna e não são visíveis, e existem
ainda as veias comunicantes, que ligam as veias superficiais e profundas.

As válvulas orientam o sangue nas veias dos membros, sempre da veia


superficial para a profunda, através da veia comunicante, e impedem que o sangue faça
o caminho errado, descendo pelas veias, quando a pessoa está de pé ou sentada.

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As artérias levam o sangue do coração para todo o corpo. O sangue então, depois
de oxigenar e alimentar as células retorna para o coração através das veias. Quando a
pessoa está em pé ou sentada, o sangue vai para o pé com facilidade, porque o coração
impulsiona e, além disso, para baixo é mais fácil. Quando se está em pé parado ou
sentado, existe mesmo uma certa dificuldade para o sangue voltar para o coração. Nas
pessoas em que as veias têm válvulas e paredes normais o sangue aguarda a
oportunidade de voltar, sem causar nenhuma alteração. Nas pessoas em que as válvulas
estão doentes acontece, então, uma inversão no caminho do sangue, que passa a ir de
cima para baixo e da veia profunda para a superficial. Este fato provoca um aumento do
volume sanguíneo dentro da veia superficial, ocorrendo o processo de dilatação e
aparecimento das varizes.
O sangue volta para o coração através do coração periférico, que na verdade,
existe. É a musculatura da panturrilha (batata da perna). Mas este coração só funciona
quando nos movimentamos, contraindo e relaxando o músculo da perna. Quando os
músculos se contraem, impulsionam o sangue para cima realizando a circulação.

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As varizes têm vários graus de comprometimento da saúde, mas existem


também questões estéticas envolvidas. Dentre os tipos de varizes temos:
- Tipo 1: são varizes leves que não expõem os seus portadores a risco de complicações
imediatas, embora possam provocar manchas e sangramentos no futuro e são as de
interesse maior estético.
- Tipo 2: são varizes estéticas e funcionais.
- Tipo 3: são varizes funcionais, podem ser leves ou graves dependendo do grau de
acometimento. Mas mesmo que estejam entre as leves, à doença já está presente,
prenunciando problemas para o futuro, e assim devem ser tratadas, sempre que possível.
- Tipo 4: são as varizes graves, são as que podem provocar sérias complicações, como,
tromboflebite, embolias, edemas, eczema, úlceras (feridas) e hemorragia. São um sério
problema, que, às vezes não se manifesta por muitos anos. O aparecimento das
complicações leva o paciente a incapacidades e até mesmo, quando ocorrem
tromboflebites e embolias, ao risco de vida.
O tratamento das varizes leves quando realizado, apesar de não ser
imediatamente necessário do ponto de vista de saúde, não é inútil, porque estas varizes
que agora configuram um problema que atinge mais a autoestima do paciente serão
doença no futuro, e além do que embora raramente, podem apresentar complicações.
Então o tratamento estético de varizes, é, além de um cuidado com a aparência, um
tratamento de uma doença. Tratar as varizes estéticas é unir o útil ao agradável.

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Agradável é melhorar a aparência e a autoestima, útil é controlar uma doença que pode
causar complicações no futuro.

5. PEIM – Procedimento Estético Injetável para Microvasos

A utilização da sigla PEIM deve ser utilizada por profissionais da área da saúde
habilitados pelo seu conselho a realizar o procedimento, pois escleroterapia ou como
popularmente chamada “secagem de vasinhos”, é um procedimento de exclusividade
médica.
O termo esclerose é originário do grego skleros que significa duro. A prática da
escleroterapia química para o tratamento das varizes dos membros inferiores remonta à
metade do século XIX, com a utilização de álcool absoluto, aparentemente trazendo
bons resultados, mas com alto índice de complicações e mortalidade por sepse e
fenômenos embólicos.
O PEIM é um tratamento destinado à eliminação das telangiectasias (microvasos) e
veias reticulares, utilizando um líquido muito concentrado, chamado esclerosante, é
injetado através de microagulhas, que são extremamente finas, dentro do vasinho.
A finalidade do tratamento é a oclusão do tronco varicoso em questão. A idéia é
introduzir na veia uma substância irritante, que induza um processo inflamatório,
levando à fibrose, fazendo com que o vaso perca seu caráter cilíndrico e excluindo-o do
caminho da circulação.

Quando o líquido continua na circulação e atinge os vasos maiores é diluído pelo


sangue e perde a concentração e, portanto, o efeito. Este tratamento é indicado apenas
para os vasinhos, porque se o líquido for aplicado em vasos maiores podem provocar
manchas e sérias complicações. Existem muitas substâncias que podem ser usadas e
uma das mais empregadas é a glicose, por causa da grande tolerabilidade do paciente e
por não causar alergia. Para evitar complicações, não é conveniente aplicar grandes

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volumes de esclerosante de uma só vez, por isso o tratamento deve ser feito por sessões,
onde em cada uma é aplicado um volume de esclerosante que seja bem aceito pelos
pacientes. Os tratamentos de aplicação que prometem corrigir tudo em um só dia, não
são indicados, porque aumentam o risco de complicações e não devem ser aplicadas em
veias de maior calibre.
Dentre os tipos de esclerosantes temos:
- Agentes osmóticos: produzem destruição endotelial por gradiente osmótico. Exemplo:
Glicose (Solução 50% e 75%).
- Agentes detergentes: produzem lesão endotelial por ação nos lipídios da membrana
celular. Exemplo: Polidocanol.
- Agentes irritantes: promovem lesão tóxica na célula endotelial. Exemplo: Glicerina
Cromada 72%.
O tipo de esclerosantes que os profissionais da saúde (não médicos) podem
utilizar é a glicose 75% que atua promovendo a desidratação das células da camada
endotelial e, consequentemente, acarreta a destruição e desintegração dessa porção da
parede venosa. Sua ação lenta gasta de 30 minutos a 4 dias, sendo considerada mais
suave e menos capaz de produzir grandes descamações quando comparada aos agentes
detergentes.
A vantagem do tratamento com escleroterapia é que pode ser feito em sessões na
clínica e o paciente pode exercer suas atividades normais em poucos dias, sendo que
este não afasta da rotina (não requer afastamento do trabalho, por exemplo).

Realização do Método de Aplicação:

1. Lavar bem as mãos, fazendo assepsia com álcool a 70% ou sabonete anti-séptico e
calçar as luvas de procedimento;

2. Utilizar frascos ou ampolas (mesclas) de enzimas liberadas pela Anvisa e estéreis:


retire a tampa superior do frasco ou quebre cuidadosamente a ampola para abri-la;
utilizar agulha 0,70X30mm (22G1¼) ou 1,20X40mm (18G1¼) para aspirar; trocar
agulha, colocando agulha de aplicação 0,45X13mm (26G½) ou 0,30X13mm (30G⅟2);

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3. Com a mão dominante, proceder à antissepsia do local. Depois, manter a gaze entre o
dedo mínimo e anular da mesma mão;

4. Ainda com a mão dominante, esticar a pele segurando firmemente o músculo;

5. Para a aplicação em microvasos, deve-se introduzir cuidadosamente a agulha com o


bisel (ponta) para cima na luz do vaso.

6. A injeção deve ser feita lentamente com o mínimo de pressão no êmbolo, com agulha
angulada em ± 60º, para facilitar o acesso ao vaso;

7. Terminada a aplicação, retirar rapidamente a agulha e fazer uma ligeira pressão com a
gaze (para evitar refluxo);

8. Ao término de cada punção, para evitar refluxo, uma bolinha de algodão presa a uma
fita adesiva, ou blood stop ou micropore deve ser colocada sobre o ponto de perfuração,
podendo ser removidos 1 a 2 horas após a sessão;

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9. Providenciar a limpeza e o descarte do material em local apropriado (lixo


descartável), onde haja recolhimento de lixo hospitalar;

10. Retirar e descartar as luvas de procedimento e lavar as mãos.

- PEIM: a escleroterapia química convencional realizada com solução de glicose


hipertônica a 75% promove uma elevação significativa nos níveis de glicemia (pesquisa
realizada com aplicações de 10 ml em pacientes não diabéticos, apresentou variação na
glicemia de 49%), sendo assim o valor limite estabelecido para aplicação por sessão é
de 3 a 5 ml da solução, evitando assim hiperglicemia e suas consequências em certas
pacientes com predisposição genético-familiar confirmada para o diabetes (pré-
diabéticas) ou em pacientes diabéticas compensadas. As sessões devem ser realizadas a
cada 15 dias (mesma região). A glicose 75% é mais utilizada por causa da grande
tolerabilidade do paciente e por não causar alergia, lembrando que a técnica não deve
ser aplicada em vasos de calibre grandes (somente telangectasias e microvasos).

6. Métodos de Anestesia

Para um melhor conforto e menos dor durante a sessão, também é sugerido o uso de
anestésicos, que podem ser de uso tópico, gelo e outros resfriadores ou nas mesclas para
o tratamento.
Anestésicos nas mesclas de tratamento (adicioná-las junto às demais enzimas,
alguns frascos com mesclas prontas já contém o anestésico na sua composição):

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- Lidocaína: (2 – (dietilamino) – N – (2,6-dimetilfenil) acetamida) é o anestésico local
mais estável entre todos os conhecidos, sendo extremamente mais resistente à hidrólise.
Apresenta um período de latência menor do que a procaína e sua ação, além de mais
intensa, é também mais prolongada, durando de 60 a 75 minutos. Os anestésicos locais,
em geral, atravessam a bainha do nervo na forma não ionizada, porém, interagem com
os aceptores situados na membrana neural, na forma ionizada, estabilizando o potencial
da referida membrana, bloqueando a condução nervosa. Esta despolarização talvez se dê
por interferência com o fluxo de íons Na+ e K+ através da membrana. A lidocaína, assim
como os outros anestésicos locais, pode ser ineficaz em áreas inflamadas, pois nestas, o
pH, por ser mais baixo, facilita a ionização das moléculas da lidocaína, dificultando sua
penetração nas fibras nervosas. Precauções: não aplicar em pacientes com histórico
alérgico à lidocaína, síndrome de Stokes-Adams, segundo ou terceiro grau de parada
cardíaca ou em caso de antecedentes epiléticos.

Os anestésicos tópicos possuem o mesmo mecanismo de ação dos injetáveis, com o


bloqueio de nervos sensoriais pela inibição do impulso neuronal, e reduzem o
desconforto associado com a inserção da agulha. Para a aplicação do anestésico tópico,
deve-se limpar a pele com álcool para retirar a oleosidade e aumentar a penetração do
anestésico, realizar a aplicação com luva ou com aplicador com ponta de algodão e
esfregar suavemente a região para aumentar a penetração. Pode-se também ocluir o
anestésico tópico com película de filme plástico para aumentar a absorção. Remover o
anestésico com álcool após 15 a 30 minutos, dependendo do anestésico utilizado.
Dentre os anestésicos temos:
- Lidocaína a 4 – 5%: produto disponível comercialmente (vendido em farmácias);
preferir as formulações em creme dermatológico, pois tem absorção mais rápida. A dose
máxima da lidocaína é de 500mg/dose. Reações alérgicas: pode acontecer prurido e
pápulas localizadas e a possibilidade (raramente) de urticária, angioedema e
anafilaxia. Toxicidade: ao nível de sistema nervoso central pode apresentar tontura,
dormência na língua, zumbido, diplopia, nistagmo, fala enrolada, desmaios, problemas
respiratórios; a nível de sistema cardiovascular pode apresentar arritmias, hipotensão,
problemas cardíacos. Pode provocar metemoglobinemia (cianose e acidose).

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- EMLA (lidocaína 2,5%, prilocaína 2,5%): produto disponível comercialmente
(vendido em farmácias); a dose máxima da lidocaína com prilocaína é de 60mg/dose.
Reações alérgicas: as mesmas relatadas da lidocaína. Toxicidade: as mesmas
relatadas da lidocaína.
- BLT (benzocaína 20%, lidocaína 6%, tetracaína 4%): produto para manipulação.
A dose máxima de tetracaína é de 20mg/dose. Reações alérgicas: as mesmas relatadas
da lidocaína. Toxicidade: as mesmas relatadas da lidocaína. A tetracaína ao nível de
sistema nervoso central pode apresentar insatisfação, agitação e convulsão.

O gelo e alguns equipamentos resfriadores são também boas opções anestésicas


que podem ser utilizadas junto com outras opções de anestesia.
- Bolsas de gelo ou resfriador (tipo Skin Cooler): pode ser aplicado na pele no
momento anterior à aplicação, aproximadamente 1 a 2 minutos até que a pele fique com
aspecto eritematoso, porém, não esbranquiçada. Preparar a pele com álcool.
- Aparelhos de resfriamento por contato: podem substituir o gelo. Aplica-se o
aparelho de resfriamento por contato no momento anterior à aplicação,
aproximadamente 1 a 2 minutos até que a pele fique com aspecto eritematoso, porém,
não esbranquiçada, obtendo assim efeito anestésico.
Para ambas as técnicas de resfriamento, a temperatura por contato deve ser de
aproximadamente 5°C, pois o resfriamento excessivo (pele esbranquiçada) pode resultar
em comprometimento epidérmico.

7. Avaliação Clínica

Na primeira consulta da paciente, é importante preencher a ficha de anamnese,


solicitando para que a paciente informe o mais real (e que tenha conhecimento) do seu
estado de saúde, além de informar também se está fazendo uso de algum medicamento
(ou se toma com frequência, como anticoncepcionais, anti-hipertensivos, reposição
hormonal, entre outros) inclusive suplementações (produtos naturais ou
industrializados, utilizados na academia ou para finalidade estética).
Deve ser realizada a inspeção visual minuciosa para identificar o tipo de varizes:

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- Varizes Complexas (VC): estão relacionadas a problemas funcionais. Apresentam-se
como veias superficiais, dilatadas e tortuosas, com refluxo venoso consequente a
disfunções das safenas e/ou perfurantes, podendo ou não estar associadas a sintomas
(edema, peso, cansaço e queimação).

- Varizes simples (VS): são as varizes que, apesar de visíveis, não estão associadas a
refluxos nas safenas e/ou perfurantes. Geralmente, estão dissociadas de queixas outras
que não as puramente estéticas Têm calibres variados, desde pequenos segmentos de
veias mais calibrosas até veias reticulares, que possuem um calibre menor e são de
localização dérmica.
- Telangectasias combinadas (TC): geralmente, apresentam-se como aglomerados,
sob a forma de veias dérmicas e de fino calibre associadas a veias nutrícias, que formam
vias de drenagem incompetentes para o sistema superficial e/ou profundo, aumentando a
pressão das telangectasias e dificultando o tratamento.
- Telangectasias simples (TS): apresentam-se isoladas ou agrupadas em diversos
formatos, com localização dérmica e de fino calibre, sem associação a uma veia
nutrícia, Há autores que as classificam de acordo o formato: linear, arborizada,
aracniforme ou popular.
O que os profissionais da área da saúde (não médicos) podem realizar
procedimentos são as telangectasias e veias reticulares (microvasos). As varizes devem
ser tratadas por médicos vasculares.
As telangectasias são as pequenas veias da pele (vasinhos), da espessura de um
fio de cabelo, avermelhadas ou um pouco maiores, azuladas, mas que estão na
intimidade da pele. Apresentam vários formatos, desde pequenos riscos, até grandes
arborizações. Pode estar presente em todos os locais dos membros, atingindo, a coxa, a
perna, o glúteo e em alguns casos até a região das costas.

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As veias reticulares (microvasos) são maiores, e se apresentam como trajetos
longos, azulados, e estão sob a pele, mas a ela intimamente relacionadas. Estão
frequentemente ligadas as telangectasias, É muito frequente a associação de
telangectasias da face lateral da coxa, com estas veias reticulares que se estendem para a
região lateral do joelho e atinge até a perna. Apesar de ser um problema de saúde, uma
doença, estas pequenas veias não causam riscos imediatos, sendo um problema que
atinge mais a estética do paciente e sua autoestima.

Temos também as telangectasias e/ou microvarizes faciais que são dilatações de


capilares, artérias ou veias menores do que 2 mm de calibre, têm disposição linear e
sinuosa podendo formar emaranhados ou ter aspecto aracneiforme ou retiformes (em

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forma de rede). Eventualmente apresentam-se como dilatações puntiformes. As
telangectasias podem aparecer isoladamente ou em grande quantidade, como na rosácea.

8. Efeitos Colaterais, Complicações e Recomendações

Os efeitos colaterais geralmente são:


- Dor no local da aplicação
- Eritema (vermelhidão consequente à vasodilatação que deve logo desaparecer)
- Rubor (eritema rubro consequente a vasocongestão ativa ou arterial, com aumento da
temperatura)
- Edema (inchaço no local da aplicação)
- Equimose ou Hematoma (proveniente da ruptura de algum microvasinho)
- Urticária
As principais complicações são:
- Hiperpigmentações
- Necroses cutâneas
As principais recomendações são:
- Não tomar sol por cerca de 10 dias
- Não realizar esforço físico (na academia) por 24 horas
- Não fazer repouso, ideal é caminhar, sem fazer grandes esforços
- As aplicações devem ser realizadas com cuidado para que se injete na luz do vaso,
evitando necroses cutâneas.
- Indicar o uso de meias de compressão e calçados adequados.

9. Contraindicações

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- Alergia a algum ativo da solução injetável
- Infecção no local a ser tratado ou sistêmica
- Doença sistêmica sem controle (Lupus, diabetes, hipertensos)
- Doença das artérias (arteriopatias isquêmicas)
- Diabetes descompensado
- Insuficiências renal, cardíaca e hepática (incluindo hepatopatias)
- Insuficiência circulatória envolvendo circulação arterial
- Antecedentes de trombose venosa profunda e trombofilias
- Gravidez e amamentando
- Patologia oncológica ativa (câncer)
- Em caso de cirurgia recente ou estar passando por tratamento médico, somente realizar
o procedimento com a liberação do médico responsável pela paciente.

10. Terapias Associadas e Tratamento das Complicações

Dentre as terapias que podemos associar aos procedimentos para microvasos,


podemos citar as drenagens linfáticas manuais, principalmente se associadas com uso de
creme ou loções com ativos próprios para atuar como coadjuvante no tratamento das
microvarizes, amenizando ainda a sensação de dores e cansaço nas pernas.
Os peelings químicos são bons aliados para as correções de complicações da
técnica de PEIM, quando ocorre hiperpigmentação (manchas por hemossiderina), sendo
indicado fazer sessões de peeling de ácido glicólico a 10% na região.
Uma excelente associação que é recomendada para complementar qualquer
tratamento de microvasos é o uso de meias elásticas de compressão:
- Meias elásticas: são o principal meio preventivo. Elas agem desviando, através das
veias comunicantes, o sangue das veias superficiais, onde as varizes se formam, para as
veias profundas, onde não existem varizes. As pessoas com tendência hereditária
importante e as que por motivos profissionais ficam muito tempo em pé ou sentadas
devem usar este tipo de meia. Estas meias medicinais, de indicação aparentemente
simples, devem, no entanto, ser receitadas por um especialista.

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Outros fatores importantes e que também devem ser levados em conta são:
- Evitar o sol e o calor: o sol, sauna, banhos muito quentes e demorados provocam o
aquecimento da pele e a passagem de uma maior quantidade de sangue pelos vasos da
pele. Se uma maior quantidade de sangue passa pelos vasos superficiais eles se
acomodam a essa situação e se dilatam sendo um fator que favorece o aparecimento de
vasinhos nas pessoas que são predispostas. Evitar sauna, evitar banhos muito quentes e
demorados, evitar exposição ao sol da praia são medidas úteis. Quando estiver exposto
ao calor da praia ou da piscina deve-se ter o cuidado de entrar na água a cada 15 ou 20
minutos para evitar que a perna fique muito quente. Deve-se evitar banho de sol e nunca
passar das 10 horas da manhã, horário em que os raios térmicos prejudiciais passam a
ser mais frequentes.
- Evitar o excesso de peso: O excesso de peso sobrecarrega a circulação e provoca o
aparecimento de varizes. Ter bons hábitos alimentares é saudável para todo o corpo. O
excesso de peso também provoca celulite que está associada às microvarizes e
telangectasias (vasinhos).
- Fazer exercícios: Os exercícios melhoram a força muscular da perna e, portanto
melhoram a circulação de retorno. Os melhores são andar, correr e nadar.
- Evitar o uso de anticoncepcionais hormonais: Os hormônios femininos (pílulas,
tratamento de menopausa, reposição hormonal) retêm líquidos e aumentam a pressão
dentro das veias, também amolecem as paredes dos vasos e são uns dos principais
fatores desencadeantes de varizes.
- Evitar ficar sentado ou em pé por muito tempo: as varizes surgem quando se está
em pé ou sentado e não aparecem quando se está deitado ou em movimento. Quando
por motivos profissionais ou sociais for necessário ficar muito tempo parado, sentado ou
em pé (no trabalho, em festas, em viagens longas), devemos movimentar os pés, como
se estivéssemos acelerando um carro. Este movimento do tornozelo, chamado de dorso-

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flexão, faz a musculatura da panturrilha se contrair ritmicamente, colocando em ação o
"coração periférico", o que faz a circulação funcionar e evita varizes. O uso de calçados
apropriados também faz diferença, pois quanto mais alto for o salto do calçado,
principalmente quando utilizado por longos períodos, maior o volume residual venoso
nas pernas, ou seja, maior o volume de sangue que não é bombeado pelas panturrilhas e
não retorna ao tórax.

11. Bibliografia

FONSECA, A.; SOUZA, M. E. Dermatologia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1984.

JUNQUEIRA, C. L.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 9.ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1999.

MAIO, M. Tratado de medicina estética. São Paulo: Roca, 2004.

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Paulo: Panamericana, 1993.

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Pinto-Ribeiro A. Escleroterapia de varizes In: Maffei FHA. Doenças Vasculares
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YAMAGUCHI, C. Procedimentos estéticos minimamente invasivos. ed. Santos,


2005.

Azizi MAA. Morfometria das fibras elásticas em colaterais varicosas do sistema de


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PIMENTEL, A.S. Medicina e Cirurgia Estética no Consultório. volume 1. São


Paulo: Ed. LMP, 2007.

LÓPEZ, M.; LAURENTYS-MEDEIROS, J. Semiologia médica: as bases do


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