Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos da Unidade:
📄 Contextualização
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
📄 Contextualização
Página 1 de 4
físico são relevantes, pois o conhecimento da demanda cardiovascular frente a essas diferentes
exigências metabólicas é de suma importância para os profissionais da saúde, uma vez que a
mudança de estilo de vida por meio da prática regular de exercício físico associada a uma dieta
mais saudável, têm sido empregadas regularmente na prevenção e tratamento de doenças
cardiovasculares, como por exemplo, a hipertensão arterial].
Importante!
O Sistema cardiovascular tem como função primordial o transporte e a
distribuição de oxigênio e nutrientes para tecidos e órgãos, o que
ocorre por meio de uma bomba (coração), uma série de tubos para
distribuição e coleta (circulação arteriovenosa), e uma rede de vasos
finos que permite trocas rápidas entre os tecidos, os capilares
(microcirculação).
O sistema circulatório é dividido em Figura 1:
As artérias são vasos que saem do coração, ou seja, levam sangue do coração para outros órgãos
do corpo. Por sua vez, as veias são vasos que chegam ao coração, ou seja, trazem sangue dos
outros órgãos para o coração.
Importante!
Nos capilares pulmonares ocorre a hematose, que é o processo de troca
próprio funcionamento.
O coração é o órgão responsável por bombear o sangue através de toda essa rede de vasos. Ele é
um órgão oco com paredes constituídas por músculo estriado esquelético. Essa musculatura se
contrai de maneira automática (involuntária), diferente do restante de nossa musculatura
Ciclo Cardíaco
É o ciclo de contração-relaxamento do coração que ocorre a cada batimento cardíaco. Ele possui
duas fases: a diástole e a sístole.
Saiba Mais
A diástole é a fase em que o sangue chega ao coração, preenchendo os
ventrículos.
Sons Cardíacos
Esse fechamento das válvulas no coração gera os chamados sons cardíacos, que são os sons que
escutamos com um estetoscópio durante o batimento cardíaco. Quando ocorre a contração
ventricular, começo da sístole, ocorre o fechamento das válvulas atrioventriculares. Esse som é
baixo e de maior duração (chamado de primeira bulha). Já no final da sístole, ocorre o
fechamento das válvulas semilunares, aórtica e pulmonar, o que faz com que se gere outro som,
porém, desta vez, mais agudo e de curta duração (chamado de segunda bulha).
Débito Cardíaco
Por sua vez, a quantidade de sangue ejetada pelo ventrículo esquerdo por minuto é chamada de
Débito cardíaco (DC), ou Volume Minuto Cardíaco (VMC) e é dependente da quantidade de
sangue ejetada por batimento cardíaco (volume sistólico – VS; altamente influenciado pela Lei
de Frank-Starling) e do número de batimentos cardíacos por minuto (frequência cardíaca – FC;
altamente influenciado pelo Sistema Nervoso Autônomo). Logo, o VMC pode ser calculado pela
seguinte equação:
VMC = FC x VS
Por exemplo, um homem adulto em repouso, com cerca de 70 kg, com VS de 80mL e uma FC de
65 bpm (batimentos por minuto), terá um VMC de 5200mL/min, que é um valor representativo
da média da população. Devemos levar em consideração, para o cálculo do VMC, fatores como
sexo, peso e altura do indivíduo em questão. Entenderemos o controle do VMC e as alterações
esses volumes variáveis de sangue que chegam ao coração recebe o nome de Mecanismo de
Frank-Starling. Quanto mais o músculo é distendido pelo enchimento, maior é a força de
contração e maior é a quantidade de sangue bombeada para a aorta. Enfim, o coração bombeia
todo o sangue que chega a ele, sem permitir o represamento excessivo de sangue nas veias.
Vídeo
Sistema Cardiovascular / Sistema Circulatório
Vamos fazer uma breve revisão do que foi falado até aqui. Para isto
assista ao vídeo a seguir:
organismo e remover CO², ureia e lactato. O sistema circulatório também possui outras funções
como auxiliar na manutenção da temperatura corporal constante, participar do controle
hormonal (distribuindo e secretando hormônios para os tecidos), realizar a manutenção dos
líquidos corporais e participar do sistema de defesa imunológica do organismo através do
transporte de anticorpos.
Reflita
Durante um exercício físico, por exemplo, diversos órgãos mudam sua
atuação, aumentando ou reduzindo, o que vai demandar maior ou
menor fluxo sanguíneo. Nesse caso, os músculos são tecidos que
Para que o sistema cardiocirculatório consiga atender aos diferentes órgãos e suas necessidades
metabólicas, ele mantém um território vascular com “alta pressão”, que é o sistema arterial; e
um território com “baixa pressão”, que é o sistema venoso, o qual exibe menor pressão em
relação ao sistema arterial. Para entender melhor como funciona esse mecanismo, precisamos
conhecer as características dos diferentes vasos sanguíneos que compõem o sistema
circulatório:
Artérias: possuem fortes paredes, pois sua função é de
transportar sangue em alta pressão e alta velocidade para os
tecidos;
Arteríolas: são os ramos finais do sistema arterial. Elas controlam o sangue que será
liberado para os capilares. Possuem fortes paredes que podem sofrer vasoconstrição
(diminuindo o diâmetro do vaso), ou vasodilatação (aumentando o diâmetro do
vaso);
Capilares: é onde ocorrem todas as trocas (gases, nutrientes etc.) entre o sangue e
os demais órgãos e tecidos. Possuem paredes finas que facilitam essas trocas.
PAM = VMC x RP
Como vimos anteriormente nesta Unidade, o VMC corresponde à quantidade de sangue ejetada
pelo ventrículo esquerdo por minuto. Já a pressão arterial (PA) corresponde à força que o sangue
exerce sobre as paredes do vaso em determinada área. A medida da pressão arterial ainda é o
recurso mais utilizado para diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Dessa forma, a
hipertensão arterial é definida basicamente como elevação dos valores de pressão arterial. A
compreensão dos mecanismos que controlam a pressão arterial é de suma importância para os
profissionais da área da saúde, uma vez que o estilo de vida como sedentarismo, prática regular
de exercício físico ou de forma esporádica, bem como a alimentação são fatores que influenciam
diretamente na prevenção e no tratamento do quadro hipertensivo. Por fim, a resistência
periférica é definida como qualquer impedimento proporcionado pelo vaso à corrente
sanguínea. Ou seja, trata-se da resistência oferecida pelos vasos sanguíneos contra o fluxo
sanguíneo. Esses vasos podem estar mais ou menos contraídos ou dilatados, alterando assim a
resistência à circulação do sangue.
Entendendo a equação apresentada, quanto maior o fluxo sanguíneo (débito cardíaco) e quanto
aumentando, assim, a resistência. Outra forma de aumentar a pressão também seria aumentar o
fluxo total de água dentro da mangueira (VMC).
o sangue exerce sobre as paredes da aorta torácica. Além de saber aferir a PA, é necessário
também compreender em que ela consiste e de quais fatores depende.
Nesse sentido, existem três mecanismos de regulação da PA, sendo eles: Local, Hormonal e
Neural, os quais iremos apresentar a seguir.
Regulação Local da Pressão Arterial
A regulação Local é chamada assim pois acontece no próprio leito capilar, ou seja, no vaso, e as
variações locais que ocorrem nesses vasos podem regular a vasomotricidade. Por exemplo, no
caso da vasodilatação temos a dilatação das artérias, o que vai relaxar o esfíncter pré-capilar,
aumentando o fluxo sanguíneo nas redes capilares. Por sua vez, na vasoconstrição, efeitos
opostos irão ocorrer. Essa capacidade do tecido de se autoajustar é chamada de autorregulação,
que ocorre por meio de dois estímulos diferentes: alterações físicas ou substâncias químicas.
Nas alterações físicas podemos citar uma situação de aquecimento, por exemplo, a realização de
exercício físico, o qual provocará uma vasodilatação; ou uma situação de esfriamento, que
provocará uma vasoconstrição. Essas alterações físicas são chamadas de Resposta Miogênica,
nome dado por acontecerem nos músculos lisos das arteríolas.
Saiba Mais
Quando o músculo é estirado, ele se contrai com maior força e quando
(NO), responsável por uma vasodilatação, e a endotelina, responsável por uma vasoconstrição.
Regulação Neural da Pressão Arterial
A regulação neural é feita basicamente pelos quimiorreceptores e pelos barorreceptores.
Primeiramente iremos falar sobre os quimiorreceptores, que são responsáveis por monitorarem
a composição química do sangue, ou seja, eles detectam variação na concentração de O2, CO2, H+
em outras grandes artérias no pescoço e tórax. Esses barorreceptores agem por meio de
reflexos rápidos que visam manter a pressão arterial constante por meio de alterações nas
aferências do sistema nervoso simpático e parassimpático. Alguns desses reflexos são o do seio
carotídeo, responsável por regular a pressão sanguínea no encéfalo, e o aórtico, responsável por
regular a pressão sistêmica. A trajetória de transmissão desses reflexos ocorre da seguinte
forma: os barorreceptores detectam alterações na PA, esses estímulos então são conduzidos
pelo nervo vago (responde ao aumento da PA) ou pelo nervo glossofaríngeo (responde à
diminuição da PA) para o núcleo do trato solitário (NTS) no troco cerebral; a integração desses
sinais no tronco cerebral vai comandar alterações nos centros vasomotores ativando fibras
O papel do parassimpático no controle da pressão arterial é mais restrito. O simpático, por sua
vez, dada a grande distribuição de suas fibras no sistema cardiovascular, possui elevada
capacidade de ajuste pressórico por ser capaz de modular três variáveis: frequência cardíaca,
débito sistólico e resistência periférica. O parassimpático é capaz de controlar, com maior
precisão, apenas a frequência cardíaca, atuando através das fibras do nervo vago que se dirigem
para o coração.
A modulação da atividade simpática exercida pelo sistema nervoso é capaz de ajustar a PA para
Assim, podemos concluir que os barorreceptores participam dos ajustes rápidos e de curto
prazo da PA, como ocorre nas mudanças posturais, por exemplo. Outro exemplo interessante é
quando um indivíduo está deitado e põe-se rapidamente de pé, isso faz com que ocorra uma
Regulação Hormonal
O controle hormonal da pressão arterial é feito por um grande conjunto de substâncias químicas
lançadas na circulação e que atuam como hormônios, ou por agentes químicos de ação local.
O principal sistema hormonal que está envolvido na regulação hormonal é o Sistema Renina-
Angiotensina-Aldosterona, que age tentando, de toda forma, elevar a PA. Desta forma, esse
sistema de regulação é ativado quando ocorre uma diminuição da PA, por qualquer que seja o
motivo. Essa redução na PA é detectada pelos mecanorreceptores (localizados nas arteríolas
aferentes renais), os quais enviarão para as células da justaglomerular essa informação. Essas
células, então, iniciam a secreção de renina que, ao cair no plasma, catalisa o angiotensinogênio
em angiotensina I. A angiotensina I é transportada pela circulação até os rins e pulmão, onde a
enzima conversora de angiotensina (ECA) irá transformar a angiotensina I em angiotensina II. A
angiotensina II possui diversas formas de agir, algumas delas são: atua na vasoconstrição das
arteríolas, assim como no sistema nervoso simpático; atua no córtex da suprarenal estimulando
a secreção de aldosterona, que irá amplificar o efeito da angiotensina II aumentando a
reabsorção de sódio (Na+) e água, aumentando, dessa forma, o volume sanguíneo e,
consequentemente, a PA; atua no hipotálamo estimulando a sede e a ingestão de água, o que irá
promover o aumento do volume sanguíneo circulante; e atua também nos rins estimulando o
trocador Na+/H+, aumentando, dessa forma, a reabsorção de Na+ e bicarbonato (HCO3-) que irão
Além disso, o controle hormonal é realizado também por outra enorme variedade de substâncias
(hormônios e mediadores químicos de produção e ação local) que interferem, principalmente,
na dilatação ou contração das artérias. São eles:
Você Sabia?
Por que é importante entendermos a eletrofisiologia? A eletrofisiologia
é utilizada para observar arritmias complexas, elucidar sintomas,
avaliar eletrocardiogramas anormais, estimar risco de
desenvolvimento de arritmias etc.
Ritmicidade do Coração
O coração apresenta uma ritmicidade em suas contrações. Essas contrações rítmicas e
coordenadas das câmaras cardíacas produzem o fluxo sanguíneo, que supre órgãos do corpo
com nutrientes e oxigênio. Essas contrações são ativadas por impulsos elétricos gerados
espontaneamente por células do nódulo sinoatrial (marcapasso normal do coração, Figura 5).
Figura 5 – Sistema de condução elétrica do coração
Fonte: Adaptada de PITHON-CURI, 2013
Eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) é um registro indireto da atividade elétrica do coração, obtida por
meio de eletrodos colocados em diferentes pontos da superfície do corpo (Figura 6). Essa
medida é importante para detectar alterações de ritmicidade nos batimentos, indicando um
potencial problema cardíaco.
Saiba Mais
A compreensão na leitura de um ECG por profissionais da área da saúde
é de suma importância. Por exemplo, saber se um indivíduo está apto à
prática de exercício físico, ou não, e indicá-lo para consulta com
Glossário
Homeostasia: é a propriedade que o corpo humano tem de
regular/adaptar seu ambiente interno mediante as mudanças tanto
que varia com o indivíduo e o tipo de treino realizado (intensidade, volume e duração).
Nos exercícios estáticos, observa-se aumento da frequência cardíaca, com manutenção ou até
redução do volume sistólico e pequeno acréscimo do débito cardíaco. Em compensação,
observa-se aumento da resistência vascular periférica, que resulta na elevação exacerbada da PA.
Esses efeitos ocorrem porque a contração muscular mantida durante a contração isométrica
promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo muscular, o que faz com que os metabólitos
produzidos durante a contração se acumulem, ativando quimiorreceptores musculares, que
promovem aumento expressivo da atividade nervosa simpática.
Por outro lado, nos exercícios dinâmicos não existe obstrução mecânica do fluxo sanguíneo, de
modo que, nesse tipo de exercício, também se observa aumento da atividade simpática,
desencadeada pela ativação do comando central e por mecanorreceptores musculares. Em
resposta ao aumento da atividade simpática, observa-se aumento da FC, do volume sistólico e do
débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na
com que a resposta cardiovascular durante sua execução se assemelhe àquela observada com
exercícios estáticos, ou seja, aumento da FC e, principalmente, aumento exacerbado da PA, que
se amplia à medida em que o exercício vai sendo repetido.
exercício. Ela se caracteriza pela redução da PA durante o período de recuperação, fazendo com
que valores pressóricos observados pós-exercícios permaneçam inferiores àqueles medidos
antes do exercício, ou mesmo àqueles medidos em dias sem a execução de exercícios.
realizada na faixa de leve à moderada, correspondente a 55% do VO2 de pico. Essa redução da PA
ocorre por conta de uma redução que ocorre no débito cardíaco associada à bradicardia de
repouso. Nesse sentido, a prática regular de exercício físico deve ser recomendada para a
prevenção e tratamento da hipertensão arterial.
Outro importante efeito do exercício físico regular é a hipertrofia cardíaca, que se caracteriza por
aumento do tamanho das câmaras cardíacas ou da espessura da parede muscular, sem elevação
significativa do tamanho do órgão e sem perda de funcionalidade. É importante ressaltar essa
não perda de funcionalidade, pois algumas doenças também provocam essa hipertrofia, como a
hipertensão arterial, porém, esse aumento do tamanho do coração ocorre sem a elevação da sua
força de contração, tornando sua contração insuficiente para bombear sangue de maneira
adequada para os órgãos e tecidos do corpo. A hipertrofia cardíaca, seja da câmara ou da
espessura da parede muscular ventricular, também está ligada ao tipo de exercício executado. No
caso de exercícios de característica predominantemente aeróbia ocorre o aumento das câmaras
cardíacas. Por exemplo, durante uma corrida de longa distância, o aumento do retorno venoso
proporciona maior volume diastólico final. Esse estresse mecânico de enchimento dos
ventrículos com maior volume de sangue, se repetido por algum tempo, leva ao aumento das
câmaras cardíacas (Figura 8).
Vídeos
Sistema Cardiovascular
ASSISTA
Leitura
ACESSE
📄 Referências
Página 4 de 4
CURI, R.; ARAÚJO FILHO, J. P. Fisiologia básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.