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Luiz F Junqueira, Jr
Brasilia University Medical School
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Physical activity, physical fitness and cardiovascular risk among firefighters and police officers View project
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O Aparelho Cardiovascular funciona para fornecer e manter suficiente, contínuo e variável fluxo
sangüíneo aos diversos tecidos do organismo, segundo suas necessidades metabólicas para
desempenho das funções que devem cumprir, diante das diversas exigências funcionais a que o
organismo está sujeito. Assim, por exemplo, durante o exercício físico, o organismo encontra-se
numa situação de elevado gasto energético e de aumento do metabolismo, em que vários órgãos
necessitam ter seu fluxo sangüíneo aumentado para maior disponibilidade de oxigênio, nutrientes e
substâncias de ações diversas, visando o atendimento das exigências funcionais desencadeadas. Em
outras situações, como no repouso, durante o sono, na circunstância de um estado emocional
alterado, ou no decorrer de um ato fisiológico, as exigências funcionais orgânicas assumem distintas
peculiaridades, e o aparelho cardiovascular adapta seu funcionamento visando atender as diferentes
necessidades específicas de cada órgão ou sistema em cada situação.
Para desempenhar sua função, o Aparelho Cardiovascular, ou Aparelho Circulatório, está organizado
morfologicamente e funcionalmente:
a) para gerar e manter uma diferença de pressão interna ao longo do seu circuito;
b) para conduzir e distribuir continuamente o volume sangüíneo aos diferentes tecidos do organismo;
c) para promover a troca de gases (principalmente oxigênio e gás carbônico), nutrientes e substâncias
entre o compartimento vascular e as células teciduais;
d) para coletar o volume sanguíneo proveniente dos tecidos e retorná-lo de volta ao coração.
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O sistema venoso, por seu turno, possui a propriedade de variação da sua complacência, para
permitir o retorno de um variável volume sangüíneo ao coração, e a manutenção de uma reserva
deste volume.
Embora possuam independência para sua manifestação funcional, cada uma das propriedades dos
diferentes componentes do aparelho cardiovascular está sob a influência reguladora e diferenciada de
uma parte do sistema nervoso, que é o sistema nervoso autônomo, por meio das suas duas divisões
representadas pelo sistema simpático e pelo sistema parassimpático. Diversas substâncias que
circulam pelo sangue, também influenciam as propriedades funcionais cardiovasculares. O objetivo
das influências nervosas e humorais é a promoção imediata ou a curto, médio e longo prazos, de
ajustes do funcionamento do coração e dos vasos, necessários ao eficiente desempenho da função do
aparelho cardiovascular, de oferta e manutenção de adequado fluxo sangüíneo a todas as partes do
organismo, peculiarmente variável segundo distintas condições ou circunstâncias fisiológicas.
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caixa torácica, inclinadamente para a esquerda, tendo sua ponta inferiormente situada próxima ao
mamilo esquerdo, e sua base superiormente situada no centro do tórax aproximadamente 5 cm
abaixo da fúrcula esternal.
A B
A - Visão da região anterior do coração, com parte do pericárdio removido. Observa-se a musculatura ventricular, os
átrios direito e esquerdo, a veia cava superior, a crossa da aorta e a artéria pulmonar. B - Corte longitudinal do coração
mostrando os ventrículos direito e esquerdo (este com a musculatura mais espessa), os átrios direito e esquerdo, as valvas
tricúspide, mitral, aórtica e pulmonar. Observa-se a representação do fluxo sanguíneo (setas) desde a cava superior, átrio
e ventrículo direitos e artéria pulmonar, até as veias pulmonares, átrio e ventrículo esquerdos e aorta. (Figuras copiadas
de Access Excellence-Carolina Biological Supply Company)
Os átrios estão separados entre si pelo septo interatrial, e os ventrículos pelo septo interventricular.
Entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo, separando as duas cavidades, encontra-se a valva
mitral; entre o átrio direito e o ventrículo direito está a valva tricúspide. No átrio esquerdo
desembocam diretamente quatro veias pulmonares, que conduzem sangue proveniente dos pulmões.
Para o átrio direito drenam diretamente as veias cavas superior e inferior, que são os condutores
terminais do sangue proveniente de todas as partes do organismo. Do ventrículo esquerdo sai a
grande artéria aorta, que distribui sangue para todo o organismo, por meio das suas ramificações
arteriais; na saída do ventrículo esquerdo situa-se a valva aórtica, a qual separa esta cavidade
ventricular da aorta. Do ventrículo direito emerge a artéria pulmonar, que é a condutora do sangue
em direção aos pulmões; entre a saída da cavidade ventricular direita e o início da artéria pulmonar
encontra-se a valva pulmonar.
Assim, o coração é composto de uma estrutura muscular espessa, de cerca de 1 - 2 cm, denominada
miocárdio, que integra as paredes das cavidades atriais e ventriculares. O miocárdio está envolto
externamente por uma estrutura membranosa, que é o pericárdio, cuja função é proteger o
miocárdio e permitir o suave deslizamento das paredes do órgão durante o seu funcionamento
mecânico, pois contém líquido lubrificante em seu interior. Internamente, o miocárdio é recoberto
pelo endocárdio, que se constitui na membrana de proteção interna que fica em contato direto com o
sangue, separando a musculatura, do interior das cavidades do órgão. O coração possui também um
conjunto de valvas intracavitárias, as quais têm a função de direcionar o fluxo de sangue em um
único sentido no interior do coração.
Ademais destes componentes anatômicos, o coração possui ainda uma estrutura denominada tecido
excito-condutor, que é o responsável pela geração e condução do impulso elétrico que ativa todo o
órgão para o seu funcionamento mecânico. O tecido excito-condutor compreende um conjunto de
quatro estruturas interligadas morfo-funcionalmente: o nodo sinusal, que é um aglomerado de
células excitáveis especializadas, situado no extremo da região ântero-superior direita do coração,
próximo a junção da veia cava superior com o átrio direito; o nodo átrioventricular, que também se
constitui num aglomerado celular excitável especializado, situado na junção entre os átrios e os
ventrículos, na porção basal do septo interventricular, na região mediana do coração; o feixe de His e
seus ramos principais direito e esquerdo com suas sub-divisões, que localizam-se na intimidade
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O coração é fartamente irrigado com sangue arterial por meio de uma riquíssima rede de circulação
própria, que é a circulação arterial coronariana, e tem o sangue venoso drenado pela circulação
venosa coronariana de retorno; o miocárdio adjacente a cavidade ventricular esquerda é também
irrigado pelo sistema de vasos de Thebésius, que transporta sangue arterial desta cavidade
diretamente para as células musculares.
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A Circulação Coronária Arterial (em vermelho) e Venosa (em azul) vista das regiões anterior e posterior do coração.
Peça anatômica representada pela rede arterial coronariana esquerda (injetada com corante vermelho) e direita (injetada
com corante branco), isolada das demais estruturas do coração destruidas por tratamento histoquímico.
Para controle do seu funcionamento, visando atender as variáveis necessidades de fluxo sanguíneo
dos tecidos do organismo, o coração está sob a influência reguladora de uma rica rede de nervos
oriundos de diversas estruturas do sistema nervoso central, os quais modificam o estado
funcional e as propriedades dos diferentes componentes do órgão, por meio da liberação em seus
terminais, de substâncias químicas neurotransmissoras estimuladoras (noradrenalina e outras) ou
inibidoras (acetilcolina e outras); estes nervos fazem parte do sistema nervoso autônomo (ou
involuntário, ou neurovegetativo), e pertencem às duas divisões deste, que são o sistema nervoso
simpático (nervos simpáticos), que tem função estimuladora sobre as propriedades funcionais, e o
sistema nervoso parassimpático (nervo vago), o qual tem efeito funcional inibidor.
A influência estimuladora simpática exercida sobre o coração provoca aumento da descarga dos
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nodos sinusal e átrioventricular (automatismo), acelera a condução do impulso elétrico por todo o
coração (condutibilidade), aumenta a resposta do tecido excito-condutor e do miocárdio aos
estímulos (excitabilidade), e aumenta a força de contração do músculo cardíaco (contratilidade).
Entre os efeitos da estimulação das propriedades eletrofisiológicas incluem-se a aceleração do ritmo
cardíaco, ou da freqüência cardíaca, conhecida como taquicardia sinusal (freqüência maior que 100
bat/min), e a maior facilidade para o surgimento de arritmias, como por exemplo, as chamadas
extrassístoles, ou batimentos extras, que interferem com o ritmo normal; as extrassístoles podem
ocorrer, comumente, em qualquer pessoa normal ou com alguma doença cardíaca, expressando
aumento da excitabilidade do coração provocado por algum fator funcional ou anatômico, a exemplo
do estresse emocional, da isquemia miocárdica e das sobrecargas patológicas do coração
representadas pela hipertrofia e dilatação.
Por outro lado, a inibição parassimpática provocada pelo nervo vago, resulta em depressão do
automatismo, da condutibilidade e da excitabilidade, e em diminuição da força de contração do
coração. Um exemplo comum dos efeitos inibidores sobre as propriedades eletrofisiológicas é a
diminuição do ritmo cardíaco, dita bradicardia sinusal (freqüência menor que 60 bat/min).
Para que o coração possa exercer sua função mecânica de bombeamento do sangue arterial para todo
o organismo, por meio da contração, e da aspiração do sangue venoso que retorna de todos os órgão
e tecidos, por meio do relaxamento, é necessário que as células miocárdicas sejam inicialmente
ativadas por um estímulo elétrico que atua sobre a membrana celular. Este estímulo elétrico, que
comanda o funcionamento do coração, é automaticamente e ritmicamente gerado no nodo sinusal,
que é a estrutura cardíaca mais excitável e a que possui a maior capacidade de automatismo, em
decorrência do que é chamada de marca-passo natural do coração.
Nas células do nodo sinusal e das demais estruturas do tecido condutor, por peculiaridades
eletrofisiológicas da membrana celular, o potencial de repouso automaticamente se inverte,
recuperando-se alguns milisegundos depois, de maneira cíclica e ritimada. Este processo de
despolarização da membrana celular é representado por novo potencial elétrico através das células,
chamado potencial de ação, agora positivo em relação ao exterior da célula. Nestas células, a
inversão do potencial elétrico que gera o potencial de ação, resulta da entrada intracelular de íons
sódio e cálcio, mas principalmente deste último. Esta despolarização inicial é subsequentemente
mantida por algum tempo, na dependência da continuidade da entrada do íon cálcio, o que configura
uma fase intermediária do potencial de ação que é a fase de despolarização mantida, ou de plateau,
pois o potencial permanece num determinado valor. A recuperação do potencial de repouso, ou
repolarização, se faz pela progressiva atenuação do potencial de ação, como resultado da saída de
íons potássio e cloro para o exterior das células. Estes movimentos iônicos através da membrana
celular, no sentido em que se fazem, decorrem do gradiente elétrico existente e da diferença de
concentração dos íons em cada lado da membrana.
Além desses componentes genéricos que configuram o potencial de ação do tecido excito-condutor,
um outro componente existe peculiarmente no caso dos nodos sinusal e átrioventricular, que é o pré-
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A propagação seqüencial do potencial de ação célula-a-célula, ao longo das suas membranas, a partir
do nodo sinusal, constitui-se no impulso ou estímulo elétrico do coração, que se espalha
rapidamente por todo o órgão por meio dos ramos e sub-ramos do tecido de condução.
No caso das células miocárdicas comuns atriais e ventriculares, quando estas são atingidas pelo
estímulo elétrico proveniente do nodo sinusal, abrem-se canais específicos para os íons sódio na
membrana celular, que entram em grande quantidade e rapidamente nas células obedecendo ao
gradiente elétrico e químico presente, o que provoca a inversão da polaridade da membrana celular,
ficando o interior da célula carregado positivamente em relação ao seu exterior. Esta despolarização
inicia o potencial de ação que é conduzido por todo o miocárdio contrátil atrial e ventricular. Nestas
células, a manutenção da despolarização, que também é dependente da entrada de íons cálcio para o
interior celular, se faz por tempo mais prolongado que nas células do tecido excito-condutor, o que
resulta em um potencial de ação com plateau mais longo. O processo de repolarização da membrana
das células miocárdicas também decorre da saída de íons potássio do interior para o exterior celular.
No miocárdio comum, não existe a geração de pré-potencial ou despolarização lenta precoce.
Para que a célula esteja novamente apta a se ativar, logo após a repolarização, os íons sódio que se
dirigiram para o interior da célula e aí ficaram aprisionados, devem ser repostos para o exterior, e os
íons potássio que saíram da célula devem retornar para o seu interior. Este processo de recuperação
do estado iônico de repouso é feito por meio da chamada "bomba de sódio e potássio", que nada
mais é que um sistema bioquímico enzimático existente na membrana celular, que funciona
consumindo energia para tornar esta membrana permeável a esses íons, nessa fase do fenômeno
elétrico celular.
Quanto às diferenças entre o potencial de ação dos nodos sinusal e átrioventricular, e o potencial de
ação do tecido condutor intraventricular e do miocárdio comum, as mesmas podem ser resumidas
como segue. No tecido nodal, o limiar de disparo da despolarização é mais baixo (o potencial de
membrana é menos negativo), a despolarização inicial é mais lenta e dependente do íon cálcio, o
plateau é acentuadamente mais curto, e existe peculiarmente o pré-potencial. Estas são as
características eletrofisiológicas do tecido nodal que lhe conferem a propriedade do automatismo e,
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A ativação elétrica ventricular inicia-se pelo ramo direito do feixe de His, na região medial direita do
septo interventricular, de onde atinge as regiões medial e apical do ventrículo direito. Com pequeno
retardo, o impulso elétrico conduzido pelo ramo esquerdo do feixe de His, ativa a região esquerda do
septo interventricular, e a partir daí, as regiões médio-apical do ventrículo esquerdo. Finalmente,
ativam-se as regiões basais ventriculares, pelo impulso conduzido pelos sub-ramos ântero-superiores
direito e esquerdo.
A atividade elétrica gerada no coração pode ser captada na superfície corporal por meio de eletrodos
colocados em determinadas posições padronizadas, considerando que o corpo é um bom condutor de
eletricidade. Esta atividade elétrica, representada pelas diferenças de potencial elétrico criadas em
cada ponto do coração, que nada mais são que o potencial de membrana e o potencial de ação
alternando-se ciclicamente, expressa o eletrocardiograma que, assim, pode ser definido como o
registro gráfico da atividade elétrica do coração captada ao longo do tempo na superfície corporal.
Quando o estímulo elétrico gerado no nodo sinusal atinge as células miocárdicas comuns, estas são
eletricamente excitadas e suas membranas se despolarizam, o que provoca a liberação intracelular de
íons cálcio, os quais se acoplam às proteínas contráteis desencadeando o processo de contração das
células. Este processo funcional que compreende a estimulação e a subsequente contração das
células miocárdicas denomina-se acoplamento excitação-contração.
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Por meio da contração (ou encurtamento circular) e do relaxamento (ou distensão) dos ventrículos, o
coração ejeta um determinado volume de sangue para as circulações arteriais sistêmica e pulmonar, e
promove o retorno para si mesmo, do mesmo volume sanguíneo que circula pelas circulações
venosas sistêmica e pulmonar. Por seu turno, a contração do miocárdio dos átrios complementa o
enchimento dos respectivos ventrículos, e o relaxamento dos átrios facilita o retorno de sangue das
circulações venosas sistêmica e pulmonar. Os átrios e os ventrículos não se contraem e relaxam
simultaneamente, mas o fazem em momentos diferentes, ou seja, enquanto os átrios estão se
contraindo, os ventrículos encontram-se relaxados para recepção do sangue, e vice-versa.
O conjunto dos fenômenos mecânicos que ocorrem nas fases da contração sistólica e do relaxamento
diastólico do coração constitui o ciclo cardíaco, e inclui alterações das dimensões e volumes atriais e
ventriculares, modificações das pressões no interior dos átrios e dos ventrículos, modificações da
pressão arterial sistêmica e pulmonar, modificações da pressão venosa sistêmica e pulmonar, e os
movimentos de fechamento a abertura das valvas intracardíacas.
A oferta e a manutenção do fluxo sangüíneo aos tecidos do organismo, que se constituem nos
objetivos funcionais fundamentais do aparelho cardiovascular, está na dependência básica de um
determinado volume de sangue e de um certo gradiente de pressão existentes no interior do mesmo.
Este fluxo sangüíneo é o volume de sangue que circula em decorrência do gradiente de pressão; por
princípio físico, não existe fluxo de um fluido em um sistema tubular fechado sem gradiente de
pressão, e de nada adiante existir gradiente de pressão, sem o necessário volume do fluido para
circular. O volume sangüíneo circulante total é o débito cardíaco, e o gradiente de pressão é a
diferença entre as pressões existentes no ventrículo esquerdo e no átrio direito, no caso da grande
circulação; para a pequena circulação, o gradiente de pressão é a diferença entre as pressões no
ventrículo direito e no átrio esquerdo. Assim, as pressões existentes no interior do aparelho
cardiovascular, bem como o volume sangüíneo circulante, constituem-se em variáveis
hemodinâmicas fundamentais.
A pressão gerada nos ventrículos durante suas contrações, vai se reduzindo gradativamente ao longo
do sistema vascular, até os correspondentes átrios; a maior queda de pressão arterial ocorre ao nível
das arteríolas e meta-arteríolas, em conseqüência da grande resistência oferecida por estes vasos ao
fluxo de sangue, determinada pelo estado de tonicidade da musculatura lisa das suas paredes, o que
se denomina tono vascular. Estas diferenças de pressão são diretamente proporcionais aos volumes
sangüíneos arterial e venoso, e às respectivas resistências vasculares arterial e venosa oferecidas ao
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fluxo sangüíneo, as quais são referidas conjuntamente como resistência vascular periférica. Esta
resistência, particularmente existente na periferia da circulação, é que mantém a pressão no interior
do sistema vascular arterial da grande circulação, pressão esta referida genericamente como pressão
arterial sistêmica.
Ao término da sístole ventricular, quando o volume sangüíneo ejetado encontra-se acumulado nas
artérias, a pressão arterial existente no interior do sistema circulatório atinge seu valor máximo e é
dita pressão arterial sistólica. À medida que o volume sangüíneo ejetado é distribuído para os
tecidos do organismo, e os ventrículos encontram-se na fase de diástole, a pressão arterial se reduz
progressivamente até o início da nova sístole ventricular, quando atinge seu mínimo valor, sendo
então chamada pressão arterial diastólica. O valor normal máximo da pressão arterial sistólica é
140 mmHg, e da pressão arterial diastólica é 90 mmHg. Em média, os valores normais da pressão
arterial situam-se em torno de 120 x 80 mmHg.
O adequado nível da pressão arterial sistólica e diastólica é de grande importância para a integridade
morfológica e para o perfeito funcionamento de todo o aparelho cardiovascular e, por conseqüência,
para a manutenção das funções de todos os órgãos e do estado de saúde do indivíduo ao longo do
tempo.
A elevação da pressão arterial acima dos valores normais, provocada por fatores diversos que
terminam por elevar a resistência vascular periférica ou o volume sangüíneo, representa um distúrbio
comumente encontrado que é a hipertensão arterial. Entre os muitos fatores capazes de produzir
elevação crônica da pressão arterial destacam-se a hereditariedade, a ingestão excessiva de sal e o
estresse emocional prolongado. A hipertensão arterial, que afeta homens e mulheres geralmente a
partir dos 40 anos de idade, pode resultar em graves alterações patológicas do coração e da
circulação arterial, caso não seja devidamente tratada após a sua descoberta. Entre as principais
complicações desta condição clínica incluem-se a hipertrofia do coração e a sua insuficiência
progressiva, o desenvolvimento de arritmias, o infarto do miocárdio, a aceleração da aterosclerose,
os acidentes vasculares cerebrais (ou derrames cerebrais) e a insuficiência renal crônica.
O sistema vascular compreende os vasos arteriais ou artérias, os vasos venosos ou veias, e os vasos
linfáticos.
O sistema vascular arterial é constituído de extensa rede de vasos, que inclui a aorta e seus ramos
principais, as grandes, médias e pequenas artérias, e as arteríolas, os quais oferecem resistência
progressivamente maior ao fluxo sangüíneo, na medida em que vão se ramificando em direção ao
interior dos diversos órgãos.
Os vasos arteriais possuem grossa parede, composta de três camadas: a adventícia, que é a mais
externa, é formada por tecido conjuntivo; a média, que é a camada intermediária e mais espessa, é
formada por fibras elásticas e por fibras musculares lisas, em proporção que depende do tipo de vaso
arterial; e a íntima, que é a camada interna, formada por fibras colágenas e fibras elásticas e que é
revestida pelo endotélio, o qual se constitui numa fina camada celular composta por uma única
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Corte longitudinal de uma artéria (vermelho) e de uma veia (azul) mostrando as estruturas das suas suas paredes.
(Figura Copiada de Access Excellence)
A camada adventícia tem apenas função de sustentação estrutural do vaso. A íntima tem por função
conferir ao vaso a capacidade de elasticidade em resposta as variações da pressão e do volume
intravasculares, e de modificação do seu calibre (vasomotricidade) por meio da contração
(vasoconstricção) ou do relaxamento (vasodilatação) da musculatura lisa; a elasticidade predomina
na aorta e demais artérias, pela maior quantidade de fibras elásticas que possuem, enquanto a
vasomotricidade ocorre quase que exclusivamente e mais acentuadamente nas arteríolas, em
decorrência da predominância de fibras musculares nestes vasos.
O endotélio vascular possui importantes e múltiplas funções, dentre as quais destacam-se, a função
de proteção mecânica interna do vaso; a regulação do calibre vascular e do fluxo sangüíneo tecidual
local, por meio da secreção de substâncias vasodilatadoras (p. ex., óxido nítrico) e vasoconstrictoras
(p. ex., endotelina); as funções anti-trombogênica e de anti-coagulação, que impedem a formação de
trombos intravasculares, por meio da produção de várias outras substâncias; e a função imunológica,
dependente também de determinadas substâncias, e que se relaciona com os mecanismos de defesa
do organismo contra diferentes agentes agressores ou estranhos.
A parte terminal do sistema vascular arterial, já no interior dos diversos órgãos, em íntimo contato
com cada célula destes, é constituída por um emaranhado de vasos extremamente finos e ricamente
ramificados. Este sistema de microcirculação compreende as meta-arteríolas, os esfíncteres pré-
capilares, a rede de vasos capilares e a rede de microvênulas. Nesta microcirculação o sangue flui
muito lentamente, sob baixa pressão, visando o fornecimento de oxigênio e de nutrientes
metabólicos para as células, e a recepção de gás carbônico (CO2) e de substâncias inúteis resultantes
do metabolismo celular, para eliminação pelos pulmões e rins.
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Representação esquemática da microcirculação, mostrando suas porções arterial (vermelho) e venosa (azul) e a rede
capilar.
(Figura Copiada de Access Excellence)
Do ponto de vista patológico, é nas camadas íntima e endotelial da árvore arterial, mas
principalmente nesta última camada, que se inicia o processo de aterosclerose em certos vasos,
quando as mesmas sofrem algum tipo de alteração ou quando tornam-se expostas a elevados níveis
de colesterol sangüíneo e a outros elementos do sangue. Os vasos que possuem camada endotelial
mais sensível ao desenvolvimento da aterosclerose são as artérias coronárias do coração, as artérias
cerebrais, as grandes artérias do organismo e as artérias renais. A conseqüência do comprometimento
aterosclerótico vascular é a isquemia, o infarto agudo (ou morte celular) ou a hemorragia do órgão
envolvido, que podem resultar da obstrução da luz do vaso, do endurecimento da sua parede, da
rotura desta parede, ou da rotura da placa ateromatosa. As condições clínicas mais freqüentemente
observadas nestes casos, que se apresentam com gravidade variável e podem levar o indivíduo até à
morte, são o infarto agudo do miocárdio, as anginas do peito, o aneurisma ou dilatação da aorta, os
acidentes vasculares cerebrais isquêmicos e hemorrágicos (conhecidos como derrames cerebrais), e
as tromboses arteriais.
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Peça anatômica representada por um coração com exposição da musculatura interior do ventrículo esquerdo
mostrando extensa área esbranquiçada de infarto nas regiões septal e apical (setas).
O sistema vascular venoso, por sua vez, integra uma rica rede de vasos coletores de sangue
proveniente dos tecidos, que inclui as vênulas, as pequenas, médias e grandes veias, as veias ázigos,
e as veias cavas superior e inferior. Ao contrário dos vasos arteriais, os vasos venosos oferecem
baixa resistência ao fluxo de sangue e possuem grande capacidade de acomodar volume sangüíneo
sob baixa pressão. Estes vasos são mais calibrosos e suas paredes são relativamente finas, sendo
também constituídas pelas camadas adventícia, íntima e endotelial, com a particularidade do
predomínio acentuado das fibras elásticas, as quais conferem a grande elasticidade das veias. Outra
peculiaridade dos vasos venosos, principalmente dos mais calibrosos, é a existência de válvulas no
seu interior para contenção do volume de sangue, impedimento da sua estagnação e direcionamento
do fluxo sangüíneo em direção ao coração, considerando a baixa pressão existente nestes vasos. Uma
comum consequëncia da insuficiência das válvulas venosas, decorrente do efeito prolongado da ação
da gravidade que promove estagnação de sangue sobre as mesmas, principalmente nas veias dos
membros inferiores e da região terminal do tubo digestivo (o reto), são as alterações conhecidas
como varizes dos membros e hemorróidas.
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b) humoral, quando depende de substâncias secretadas por algumas glândulas endócrinas e por
determinadas estruturas;
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No caso da pressão arterial, três tipos de mecanismos, que visam amortecer modificações agudas da
mesma em torno do seu nível basal, e manter a estabilidade deste nível, podem ser identificados:
O volume sangüíneo circulante, por sua vez, é regulado principalmente por mecanismos locais e
humorais ligados ao rim. Dentre estes mecanismos destacam-se, a maior ou menor eliminação ou
conservação de água e sódio pelos túbulos renais, em função da pressão de filtração glomerular renal
e do volume de sangue oferecido ao rim; a alça hormonal do sistema renina-angiotensina-
aldosterona, que influencia tanto o tono vascular induzindo vasoconstricção e regulando a pressão
arterial (angiotensina), quanto o volume sangüíneo pela promoção da retenção de sódio e água
(aldosterona); a ação do hormônio antidiurético, que regula a osmolaridade do sangue e o volume
circulante; a ação do fator natriurético atrial, que influencia diretamente o volume sangüíneo e
indiretamente a pressão arterial, por meio do controle da eliminação de sódio.
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