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Teste de Degraus

O teste do degrau (TD) é um procedimento simplificado de avaliação da capacidade funcional


de pacientes que vem sendo frequentemente empregado no meio clínico devido a sua
facilidade de aplicação. Diversos formatos de testes do degrau foram propostos, embora
poucos deles tenham sido validados em populações clínicas
Foi descrito inicialmente no século XX, sendo derivado do teste de escada, tendo sido
primariamente utilizado na avaliação do grau de aptidão e de alterações cardiovasculares em
grandes populações de adultos.
O ato de subir degraus envolve um trabalho contra a gravidade e o uso de grupamentos
musculares não utilizados com frequência nas atividades cotidianas, o que o torna um teste
com respostas fisiológicas distintas do teste de caminhada, além das demandas metabólicas e
ventilatórias mais intensas para o mesmo

As contraindicações, os cuidados com a segurança e os critérios para interrupção são os


mesmos recomendados para o TC6.

Contraindicações absolutas Contraindicações relativas

· Angina instável · Frequência cardíaca de repouso acima de


120 bpm
· Infarto agudo do miocárdio recente
· Pressão arterial sistólica acima de 180
· Síncope
mmHg
· Edema pulmonar · Pressão arterial diastólica acima de 100
· Trombose mmHg

· Estenose valvular moderada

· Cardiomiopatia hipertrófica

Segurança

Devem ser observados alguns aspectos durante a realização do teste:

· Deve ser realizado em local de fácil acesso a serviços de emergência

· Recomenda-se que o técnico que aplique o teste treinado em técnicas de ressuscitação


cardiopulmonar

· Ter fácil acesso a oxigênio e medicações de suporte

O teste deve ser interrompido imediatamente caso o paciente apresente: dor torácica,
dispnéia intolerável, sudorese, palidez, tonturas e/ou cãibras.

O QUE O TESTE SE PROPÕE MEDIR ?

As variáveis principais obtidas no TD dependem da natureza básica do teste. Desta forma, se o


ritmo for determinado pelo paciente, o número total de degraus subidos pode ser um
indicador do “trabalho” total desenvolvido no teste. Por outro lado, se o ritmo for
determinado por um metrônomo ou contador externo (paced), o número de degraus será
constante (caso o paciente consiga terminar o teste) e o mesmo não fornecerá uma estimativa
da capacidade de trabalho. Entretanto, em qualquer um destes modelos, algumas respostas
fisiológicas básicas podem ser obtidas:

• frequência cardíaca (sem, ou preferencialmente, com registro eletrocardiográfico),

• pressão arterial sistêmica,

• escores de dispnéia,

• saturação da oxiemoglobina por oximetria de pulso (SpO2, %)

• gasometria arterial.

A maioria dos TD utiliza um tempo pré-determinado de teste; portanto, raramente o mesmo é


utilizado como medida da capacidade de endurance

COMO REALIZAR O TD?

Fase pré-teste

O paciente deve ser testado na fase estável da doença, deve vestir roupas e calçados
confortáveis. Não é necessário a realização de aquecimento antes do TD. Alimentos leves são
permitidos desde que consumidos 2 horas antes do teste, assim como deve-se evitar
atividades físicas mais intensas neste período.

Antes do teste, com o paciente sentado numa cadeira por cerca de 10 minutos deve-se
anotar:

• se o paciente está ou não utilizando oxigênio suplementar, a fonte de oxigênio e o fluxo a ser
empregado no teste;

• pressão arterial, freqüência cardíaca e saturação da oxiemoglobina (SpO2, %)

• escores de dispnéia e fadiga geral pela escala categórica modificada de Borg

• O paciente deve ser cuidadosamente informado dos seguintes aspectos: o objetivo do teste,
ressaltando que o mesmo envolve o registro do número de degraus subidos em determinado
período de tempo (2, 3, 4 ou 6 minutos);

É importante explicar e demonstrar para o paciente como subir e descer o degrau: realizar a
subida inicial com a perna direita, seguida da perna esquerda. Após a subida com as duas
pernas, a descida deve ser realizada na ordem da subida: primeiro a perna direita e depois a
esquerda, iniciando-se então uma nova subida.

Caso ele se sinta cansado ou com falta de ar, poderá diminuir o ritmo ou parar e descansar (na
cadeira que lhe será oferecida), reassumindo o teste assim que possível.
Fase de teste

Os seguintes aspectos técnicos devem ser padronizados:

• dê estímulos padronizados a cada minuto, informando o tempo ainda restante: utilize frases
simples e diretas pronunciadas com tom de voz constante (por exemplo, “o sr. está indo muito
bem, faltam X minutos”);

• não super-estimule o paciente, utilizando outros comandos, sentenças longas ou linguagem


corporal;

• mantenha-se atento ao paciente e ao cronômetro, evitando conversas paralelas;

• quando estiver faltando 15 segundos para a finalização do teste, avise o paciente, dando
uma mensagem clara (”pare !”);

• caso o paciente interrompa o teste, anote o tempo mas não pare o cronômetro: relembre
que ele pode descansar apoiado no suporte lateral ou, caso queira, na cadeira lhe será
oferecida, lembrando-lhe, ainda, que ele poderá recomeçar o teste assim que se sentir melhor;

• se o paciente não conseguir reassumir o teste, considere o tempo e o número de degraus


subidos, além das razões que o fizeram interromper o teste.
Fase pós-teste

Assim que o paciente interromper o teste, obtenha os mesmos sinais vitais e a SpO2
registrados na fase pré-teste, além dos escores de sintomas. Inquira especificamente acerca de
qualquer outro sintoma concomitante, que tenha ou não contribuído para uma eventual
interrupção precoce do teste. Registre o número de degraus subidos com as duas pernas: caso
apenas uma das pernas tenha subido no momento da interrupção, conte como ½ degrau
subido.

ASPECTOS CONTROVERSOS E INTERPRETATIVOS DO TD

Os TDs apresentam um perfil de respostas fisiológicas distinto dos testes de caminhada. O


trabalho contra a gravidade e o uso de grupamentos musculares não utilizados com freqüência
na vida diária tornam as demandas metabólicas e ventilatórias mais intensas, com os limites
máximos sendo frequentemente atingidos . Portanto, o TD pode não fornecer uma estimativa
confiável da capacidade funcional em alguns indivíduos, mas pode se correlacionar com a
tolerância máxima ao exercício.

UTILIDADE DO TESTE

A experiência clínica documentada com o TD é muito menor do que com os testes de


caminhada. O teste vem sendo utilizado para:

• fornecer uma estimativa transversal da tolerância ao exercício na DPOC e na doença


intersticial pulmonar;

• estimar o risco cirúrgico em populações específicas;

• determinar o grau de dessaturação em pacientes com doença intersticial pulmonar e fibrose


cística.

Os seguintes aspectos ainda são controversos na realização e interpretação do teste:

• o uso de degraus de diferentes alturas pode ser necessário em indivíduos nos extremos de
altura e com limitações ortopédicas;

• não está claro se o maior grau de dessaturação da oxiemoglobina no TD correlaciona-se com


o observado na vida diária;

• a limitação ao exercício pode ocorrer precocemente por fatores musculares periféricos e o


estresse cardiopulmonar pode não ser máximo em pacientes com acentuada perda da massa
muscular.

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