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“INTRODUÇÃO”

A hipertensão arterial pode surgir em qualquer época da vida, inclusive durante a


gravidez, mas é muito mais comum na população adulta e nos idosos. Estima-se
que até 80% da população com mais de 60 anos seja hipertensa.
Nas últimas décadas, o número de hipertensos tem aumentado progressivamente,
devido a fatores como maior expectativa de vida, maior incidência de obesidade,
sedentarismo e de maus hábitos alimentares.
A elevada prevalência associada ao fato de que apenas metade dos pacientes
hipertensos consegue manter sua pressão arterial devidamente controlada
mantêm a hipertensão com o título de principal fator de risco para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares e AVC.

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“CONCEITO”
A hipertensão arterial é uma doença cardiovascular na qual os valores de
pressão arterial ficam acima dos valores normais. Embora seja uma doença que
pode acarretar muitas consequências para a saúde, geralmente, ela se apresenta
de forma assintomática.
A pressão ou tensão arterial é um fenômeno que se origina pela resistência das
artérias distendidas pelo sangue cada vez que é bombeada pelo coração. Os
valores de pressão arterial estabelecido como normais entre várias sociedades
médicas correspondem a uma média de 120/80 mmhg (milímetros de mercúrio),
devendo manter-se abaixo de 140 para a pressão arterial sistólica e de 90 para a
pressão arterial diastólica. Quando os níveis de pressão arterial estão acima
destas faixas ocorre o distúrbio conhecido como Hipertensão Arterial.
Os valores de pressão arterial são determinados por um instrumento conhecido
como esfigmomanômetro ou simplesmente aparelho de pressão, que serve para
determinar os valores corretos da pessoa envolvida. Ela deve estar em repouso,
descansar uns dez minutos depois de caminhar, praticar alguma atividade física
ou ter fumado um cigarro. A posição ideal para medir a pressão arterial é sentada
ou deitada. Não observar estas recomendações pode originar valores maiores do
que os reais, podendo chegar a um diagnóstico falso da hipertensão arterial. O
mesmo ocorre quando é medida por um médico, neste caso a ansiedade pode
fazer com que os resultados sejam maiores do que os reais. Este fenômeno é
conhecido como “hipertensão do avental branco”.
A principal causa da hipertensão arterial é o fator genético, que ocorre em
aproximadamente 90% dos casos, e é por onde os filhos dos pais hipertensos
desenvolvem esta doença. Outras causas de hipertensão são as doenças renais
como a insuficiência renal, o estreitamento da artéria renal ou os tumores renais
onde se destaca o feocromocitoma. Um fator externo associado a esta doença é a
ingestão elevada de sal na dieta, especialmente em pessoas com antecedentes
familiares.
A hipertensão arterial causa grandes alterações em vários órgãos do corpo
afetando seu funcionamento normal. Eles são mais notórios e transcendentes no
coração, órgão que se vê obrigado a aumentar de tamanho para poder
impulsionar o sangue a um sistema de maior resistência, causando alterações
como a hipertrofia ventricular esquerda e a insuficiência cardíaca que se
associam a um risco maior de desenvolver infartos, arritmias cardíacas e morte
súbita.
Outros órgãos afetados pela hipertensão arterial são os rins, por onde a lesão das
artérias se relaciona com o desenvolvimento da insuficiência renal e do cérebro,
neste último a hipertensão arterial pode comprometer o fluxo sanguíneo e o
oxigênio no cérebro pode causar um acidente vascular cerebral, conhecido como
derrame cerebral.

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“ETIOLOGIA E FACTORES DE RISCO”
A Hipertensão pode ser:

 Primária (nenhuma causa específica — 85% dos casos)


 Secundária (causa identificada)

Hipertensão Primária
A hipertensão primária é aquela que surge sem uma causa definida. Esta forma
de hipertensão é responsável por 95% dos casos. A hipertensão arterial primária
não tem uma causa claramente identificada, mas os seus principais fatores de
risco são bem conhecidos.

Fatores de risco para hipertensão arterial primária


A hipertensão primária é a causa da pressão alta em 95% dos pacientes. Sim, é
isso mesmo, praticamente todos os casos de pressão alta são causados pelo que
definimos como hipertensão essencial.
Não se sabe exatamente por que a hipertensão primária surge, mas sabe-se que
ela é causada por múltiplos fatores genéticos e de hábitos de vida. Sabe-se que
entre os mecanismos responsáveis pela elevação da pressão arterial na
hipertensão primária estão um aumento de absorção de sal pelos rins, uma
excessiva resposta dos vasos sanguíneos a estímulos nervosos mediados por
neurotransmissores, como a adrenalina, e uma perda de elasticidade das artérias,
tornando-as mais rígidas.
A hipertensão essencial geralmente surge gradativamente, piorando ao longo
dos anos. O porquê destas alterações surgirem em determinadas pessoas ainda é
desconhecido, mas já conseguimos identificar alguns fatores de risco para a
hipertensão essencial.

Afrodescendência
Ainda não se sabe bem por que os negros têm uma incidência de hipertensão
essencial maior que outras etnias, mas o fato é que afrodescendentes não só têm
mais hipertensão, como ela inicia-se mais cedo e costuma causar mais
complicações. Acredita-se que haja uma interação de fatores genéticos e
econômicos por trás desta incidência maior.
Negros costumam ter uma pressão arterial mais sensível ao consumo de sal, e
como na nossa desigual sociedade há muitos negros pobres, a qualidade da
alimentação destes costuma ser ruim, havendo grande consumo de alimentos
hipercalóricos e ricos em sal.

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História familiar
A influência genética na hipertensão primária é muito conhecida. Quanto mais
parentes portadores de pressão alta você tiver, maiores são suas chances de
também desenvolver hipertensão arterial. Pessoas com pelo menos um parente de
primeiro grau hipertenso têm o dobro de chances de desenvolver pressão alta
quando comparado com pessoas sem história familiar.

Consumo de sal
A hipertensão arterial essencial é uma doença típica das sociedades do mundo
ocidental que habitualmente consomem muito sal. Pessoas que ingerem mais de 6
gramas de sal por dia (ou 2,3 g de sódio) apresentam maior risco de terem
pressão alta.
O sal aumenta a pressão arterial por induzir duas alterações nos vasos
sanguíneos: a.) o sal (cloreto de sódio) aumenta o volume de líquidos dentro dos
vasos, pois para o sangue não ficar com níveis altos de sódio, os rins absorvem
mais água para diluí-lo; b.) o sódio age diretamente nas paredes das artérias
causando um constrição das mesmas, levando a um aumento da resistência
(pressão) à passagem do sangue e uma menor capacidade de vasodilatação.

Obesidade
O excesso de peso é outro importante fator de risco para a hipertensão arterial.
Pessoas obesas (IMC maior que 30) apresentam até 6 vezes mais chances de
apresentarem pressão alta do que indivíduos com IMC abaixo de 25.
Além do excesso de peso, o tamanho da circunferência abdominal também é um
fator de risco importante. A barriguinha (barrigona em muitos casos) não é só
esteticamente indesejável, ela é também um fator de risco para diversas doenças,
entre elas a hipertensão.

Consumo de álcool
O consumo diário de mais de 2 copos de vinho ou 2 copos de cerveja, ou o
equivalente em álcool de qualquer outra bebida, aumenta em 2 vezes o risco de
hipertensão. Quanto maior o volume regular de álcool ingerido, maior é o risco.
Por outro lado, o consumo moderado de álcool, isto é, consumo não diário e não
maior do que 2 drinks ao dia, não parece ter efeitos maléficos sobre a pressão
arterial (leia: EFEITOS DO ÁLCOOL | Tratamento do alcoolismo).

Idade
Quanto mais velha é a pessoa, maior o risco de desenvolver hipertensão. Isto
ocorre porque com o passar dos anos os vasos sanguíneos vão sofrendo um
processo chamado de arteriosclerose, que é o endurecimento da parede das

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artérias, fazendo com que as mesmas percam elasticidade e capacidade de se
acomodar de acordo com as variações da pressão arterial.

A hipertensão do idoso é tipicamente sistólica, isto é, a pressão máxima


(pressão sistólica) fica alta e a pressão mínima (pressão diastólica) fica baixa.

Colesterol alto
O colesterol elevado aumenta a deposição de gordura nas artérias, um processo
chamado de aterosclerose. A aterosclerose é uma das principais causas de
arteriosclerose, explicada no tópico acima (leia: COLESTEROL HDL |
COLESTEROL LDL | TRIGLICERÍDEOS).

Sedentarismo
A falta de exercício físico também é outro importante fator de risco para
hipertensão arterial. A prática regular de exercícios diminui os níveis circulantes
de adrenalina, que causa constrição das artérias, e aumenta a liberação de
endorfinas e óxido nítrico, que causam vasodilatação. Além disso, o sedentarismo
contribui para o sobrepeso e aumento do colesterol.

Tabagismo
O cigarro não só causa aumento imediato da pressão arterial por ação
vasoconstritora da nicotina, mas também acelera o mecanismo de arteriosclerose,
deixando os vasos duros e rígidos. O fumo passivo também é fator de risco para
hipertensão arterial (leia: MALEFÍCIOS DO CIGARRO | Tratamento do
tabagismo).

Anticoncepcionais orais (ACO)


A pílula anticoncepcional costuma aumentar a pressão arterial de modo
discreto, porém, em algumas mulheres, principalmente as fumantes com mais de
25 anos, os ACO podem levar à hipertensão (leia: EFEITOS COLATERAIS DOS
ANTICONCEPCIONAIS).

Causas de hipertensão arterial secundária


Ao contrário da hipertensão essencial onde há fatores de risco identificados, mas
não há uma causa claramente estabelecida, a hipertensão secundária é por
definição aquela que tem uma causa bem definida. O paciente tem uma doença
que leva à hipertensão. São várias as doenças que podem causar hipertensão
secundária, mas todas juntas representam apenas 5% do total de casos de
hipertensão. Isto é importante frisar: 95% dos casos de hipertensão arterial são
primárias.

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Ao contrário da hipertensão essencial que costuma piorar progressivamente, a
hipertensão secundária costuma ter início abrupto, iniciando-se já com níveis
pressóricos altos.

Como o rim é o principal controlador do volume de água e de sódio do


organismo, as doenças renais são causas comuns de hipertensão secundária. A
seguir listarei as principais causas de hipertensão secundária. Escreverei um texto
específico para cada uma dessas doenças posteriormente.

Insuficiência renal crônica


A insuficiência renal é uma das principais causas de hipertensão secundária.
Quando os rins começam a falhar, o corpo passa a ter dificuldade em excretar o
excesso de sal e líquidos consumidos, levando a um aumento da pressão arterial.
Cerca de 85% dos pacientes com insuficiência renal crônica têm hipertensão.

É importante salientar que a insuficiência renal causa aumento da pressão


arterial, mas também pode ser causada pela hipertensão. Uma pressão
constantemente elevada durante anos costuma causar lesão dos vasos e dos
glomérulos dos rins, podendo levar à insuficiência renal. O paciente passa então a
apresentar um mecanismo de autoalimentação: a hipertensão causa lesão nos rins
que por sua vez causa piora da pressão arterial. Quanto mais a insuficiência renal
progride, mais grave torna-se a hipertensão.

Glomerulonefrite
O glomérulo está para o rim como o neurônio está para o cérebro. São os
glomérulos que possuem os filtros responsáveis pela “limpeza” do sangue.
Chamamos de glomerulonefrite o grupo de doenças que causa inflamação dos
glomérulos. São várias as doenças que causam glomerulonefrite e quase todas
apresentam hipertensão como parte do seu quadro clínico.

Rins policísticos
A doença policística renal é outra causa de hipertensão secundária. A expansão
dos cistos provoca um aumento da liberação de um hormônio chamado renina,
que causa maior absorção de sódio nos túbulos renais, aumentando assim o risco
de hipertensão.

Pacientes com rins policísticos podem ter hipertensão mesmo quando ainda não
apresentam alterações detectáveis da função renal.
Estenose da artéria renal
Estenose é o termo que usamos para indicar um estreitamento em uma artéria.
A estenose da artéria renal causa uma diminuição no aporte e sangue para o rim.

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Como a pressão do sangue que chega ao rim está muito baixa, este imagina que a
pressão está baixa em todo corpo e passa a reter mais sal e líquidos para
compensar esta falsa hipotensão.

Feocromocitoma
O feocromocitoma é um tumor maligno da glândula supra-renal produtor de
adrenalina. Este excesso de adrenalina pode levar à hipertensão.

Aldosteronismo primário
Geralmente causado por tumor benigno da supra-renal ou por um crescimento
anormal de toda a glândula, causa hipertensão devido a uma maior produção de
um hormônio chamado aldosterona, que age no rim aumentando a absorção de
sódio nos túbulos renais.

Síndrome de Cushing
A síndrome de Cushing é uma doença causada por excesso de corticoides no
organismo, seja por produção exagerada da glândula supra-renal, seja por
ingestão excessiva de corticoides sintéticos para tratamento de algumas doenças.

Apneia obstrutiva do sono


A apneia obstrutiva do sono é uma doença que ocorre principalmente em
obesos e se caracteriza por períodos de apneia (ausência de respiração) durante o
sono. 50% dos pacientes apresentam hipertensão que costuma estar mais elevada
no período da manhã, ao contrário do que ocorre em outras causas de
hipertensão.

VALORES DA PA EM ADULTOS
Perfeita: Pressão sistólica menor que 120 e Pressão diastólica menor que 80
Normal: Pressão sistólica menor que 130 e Pressão diastólica menor que 85
Limítrofe: Pressão sistólica entre 130 e 139 e Pressão diastólica entre 85 e 89
Hipertensão sistólica isolada: Pressão sistólica 140 e Pressão diastólica menor
que 90.
Hipertensão 1º estágio: Pressão sistólica entre 140 e 159 e Pressão diastólica
entre 90 e 99
Hipertensão 2º estágio: Pressão sistólica entre 160 e 179 e Pressão diastólica
entre 100 e 109
Hipertensão 3º estágio: Pressão sistólica 180 e Pressão diastólica 110

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“QUADRO CLÍNICO”
 Enjoo;
 Tontura;
 Dor de cabeça forte;
 Sangramento pelo nariz;
 Zumbido nos ouvidos;
 Dificuldade para respirar;
 Cansaço excessivo;
 Visão embaçada;
 Dor no peito;
 Perda de consciência;
 Ansiedade excessiva;
 Palpitações

“DIAGNÓSTICO”

Diagnostica-se a hipertensão por esfigmomanometria. História, exame físico e


outros exames auxiliam na identificação da etiologia e na determinação da
existência de lesão em órgãos-alvo.

Medição da pressão arterial


A pressão arterial usada para o diagnóstico formal deve ser uma média de 2 ou 3
medições feitas em 2 ou 3 vezes diferentes com o paciente:

Sentado em uma cadeira (não na mesa de exame) por > 5 minutos, pés no chão,
apoiado no dorso
Com o membro apoiado no nível do coração sem roupas cobrindo a área de
colocação do manguito
Não ter feito exercícios, ingerido cafeína ou ter fumado por pelo menos 30
minutos
Na primeira consulta, aferir a pressão arterial em ambos os membros superiores e
as aferições subsequentes devem usar o membro superior que resultou na leitura
mais alta.

Aplica-se um manguito de PA de tamanho adequado ao braço. A braçadeira de


tamanho adequado cobre dois terços do bíceps, o comprimento do manguito deve
envolver > 80% do membro superior e sua largura deve ser de, pelo menos, 40%
da circunferência do membro superior. Dessa maneira, pacientes obesos exigem
braçadeiras maiores. O profissional da saúde insufla o manguito acima da pressão

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sistólica esperada e, gradualmente, libera o ar enquanto ausculta sobre a artéria
braquial. A pressão em que se ausculta o primeiro batimento cardíaco, à medida
que cai a pressão, é a pressão arterial sistólica. O desaparecimento total do som
marca a pressão arterial diastólica. Seguem-se os mesmos princípios para
avaliação da pressão arterial no antebraço (artéria radial) e na coxa (artéria
poplítea). Os dispositivos mecânicos devem ser calibrados periodicamente e os
leitores automáticos são, com frequência, imprecisos (1).

Mede-se a PA nos dois braços porque a PA > 15 mmHg mais alta em um dos
braços do que no outro requer avaliação da vasculatura superior.

Mede-se a pressão arterial em uma coxa (com um manguito muito maior) para
descartar coarctação da aorta, particularmente em pacientes com pulsos femorais
diminuídos ou com atraso; com coartação, a pressão arterial é significativamente
menor nas pernas.
Se a pressão arterial estágio 1 estiver no intervalo hipertensivo ou nitidamente
lábil, recomendam-se mais avaliações da pressão arterial. Medições da pressão
arterial podem ser esporadicamente altas antes que a hipertensão se torne
sustentada; esse fenômeno provavelmente é responsável pela “hipertensão do
jaleco branco”, na qual a pressão arterial é elevada quando medida no consultório
do médico, mas normal quando medida em casa ou por monitoramento
ambulatorial de pressão arterial.

Indica-se monitoramento ambulatorial da pressão arterial ou em casa quando há


suspeita de "hipertensão do avental branco". Além disso, também pode-se indicar
o monitoramento ambulatorial da pressão arterial quando há suspeita de
"hipertensão mascarada" (uma condição na qual a pressão arterial medida em
casa é superior aos valores obtidos no consultório), geralmente em pacientes que
demonstram sequelas da hipertensão sem evidência de hipertensão de acordo
com as medições no consultório.

A ansiedade é, de longe, a causa mais comum de urgência hipertensiva, bem


como de dor. Além disso, o encaminhamento a um psicólogo ou o uso de um
fármaco que alivia a ansiedade para ajudar a tratá-la provou ser útil em muitos
casos para reduzir a frequência da urgência hipertensiva (2).

História
A anamnese informa a duração conhecida da hipertensão, os níveis de pressão
arterial registrados previamente; qualquer história ou sinais e sintomas de doença
coronariana, insuficiência cardíaca, apneia do sono ou ronco alto; história de
doenças coexistentes relevantes (p. ex., acidente vascular encefálico, disfunção

2
renal, doença arterial periférica, dislipidemia, diabetes e gota) e história familiar
de qualquer uma dessas enfermidades.

A história social informa os níveis de atividade física e o uso de tabaco, bebidas


alcoólicas e estimulantes (prescritos ou ilícitos). A história dietética deve focar a
ingestão de sal e estimulantes (p. ex., chá, café e outras bebidas com cafeína, tais
como refrigerantes e energéticos).

Exame físico
O exame físico é feito medindo a altura, o peso e a cintura; exame de fundo de
olho em caso de retinopatia; ausculta de sopros cervicais ou abdominais; e exame
cardíaco, pulmonar e neurológico completos. Palpa-se o abdome à procura de
aumento dos rins e massas abdominais. Os pulsos arteriais periféricos são
avaliados e a diminuição ou atraso dos pulsos femorais sugere coarctação aórtica,
particularmente em pacientes com < 30 anos. Um sopro unilateral da artéria renal
pode ser ouvido em pacientes magros com hipertensão renovascular.

Exames
Após o diagnóstico de hipertensão com base nas medidas da pressão arterial, são
necessários exames para

 Detectar danos em órgãos alvo.


 Identificar os fatores de risco cardiovasculares.
 Quanto mais grave for a hipertensão e quanto mais jovem for o paciente.
mais abrangente deve ser a avaliação. Os testes podem incluir.
 Urinálise e proporção albumina: creatinina urinária; se anormal,
considerar ultrassonografia renal.
 Exames de sangue, como lipídios, creatinina, potássio em jejum
 ECG.
 Às vezes, medição dos níveis de hormônio estimulante da tireoide
 Às vezes, dosagem plasmática das metanefrinas livres (para detectar
feocromocitoma).
 Às vezes, estudo do sono.
 Dependendo dos resultados do exame e testes iniciais, outros testes
podem ser necessários.
Ultrassonografia renal para avaliar o tamanho do rim pode fornecer
informações úteis se a urinálise detectar albuminúria (proteinúria), cilindrúria ou
micro-hematúria, ou se a creatinina sérica estiver elevada [≥ 1,4 mg/dL (≥ 124
micromoles/L) em homens; ≥ 1,2 mg/dL (≥ 106 micromoles/L) em mulheres].

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Deve-se avaliar nos pacientes com hipopotassemia sem relação com o uso de
diuréticos aldosteronismo primário e alta ingestão de sal medindo os níveis
plasmáticos de aldosterona e atividade da renina plasmática. Anteriormente,
acreditava-se que o aldosteronismo primário estava presente em somente 1% dos
pacientes com hipertensão resistente. Estudos mostraram que o aldosteronismo
primário é a causa da hipertensão resistente em cerca de 10 a 20% dos pacientes
(3–5).

No ECG, a onda P entalhada e alargada indica sobrecarga atrial esquerda e,


embora inespecífica, pode ser um dos primeiros sinais de cardiopatia
hipertensiva. Elevação da voltagem do QRS, com ou sem evidências de
isquemia, pode ocorrer mais tarde e indica hipertrofia ventricular esquerda
(HVE). Quando a HVE é visualizada no ECG, ecocardiografia costuma ser
realizada
Na suspeita de coarctação da aorta, ecocardiografia, TC ou RM auxiliam na
confirmação diagnóstica.

Os portadores de pressão arterial significativamente elevada e lábil e de


sintomas, como cefaleia, palpitação, taquicardia, sudorese excessiva, tremor e
palidez são rastreados para feocromocitoma pela medida de metanefrinas
plasmáticas. Estudo do sono também deve ser fortemente considerado nesse
paciente e naqueles cujo história sugere apneia do sono.

Pacientes com sintomas sugestivos de síndrome de Cushing, uma doença do


tecido conjuntivo, eclâmpsia, porfiria aguda, hipertireoidismo, mixedema,
acromegalia ou doenças do sistema nervoso central devem ser submetidos à
avaliação.

Critérios para hipertensão arterial

 Normotensos: pressões menores ou igual a 120/80 mmHg.


 Pré-hipertensos: Pressões entre 121/81 – 129/89 mmHg.
 Hipertensos grau I : Pressões entre 130/80 – 139/89 mmHg.
 Hipertensos grau II: Pressões maiores ou iguais a 140/90 mmHg.

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“TRATAMENTO”

Uma vez feito o diagnóstico da hipertensão, todos os doentes devem se submeter


a mudanças de estilo de vida antes de se iniciar terapia com medicamentos. As
principais são:
 Redução de peso.
 Iniciar exercícios físicos.
 Abandonar cigarro.
 Reduzir o consumo de álcool.
 Reduzir consumo de sal.
 Reduzir consumo de gordura saturada.
 Aumentar consumo de frutas e vegetais.

A redução da pressão arterial com essas mudanças costuma ser pequena e


dificilmente uma pessoa com níveis pressóricos muito altos (maior que 160/100
mmHg) atinge o controle da hipertensão sem a ajuda dos remédios. Todavia, nas
hipertensões leves, há casos em que apenas com controle do peso, dieta
apropriada e prática regular de exercícios consegue-se o controle da pressão
arterial. O problema é que a maioria dos pacientes não aceita mudanças nos
hábitos de vida e acabam tendo que tomar medicamentos para controlar a
pressão.

Aqueles pacientes que já chegam ao médico com pressão alta e sinais de lesão de


algum órgão alvo devem iniciar tratamento medicamentoso logo, uma vez que o
fato indica hipertensão de longa data. Obviamente, as mudanças de estilo de vida
também estão indicadas neste grupo.
Apenas pacientes com sinais de lesão de órgão alvo, insuficiência renal
crônica, diabetes ou com doenças cardíacas, devem iniciar o tratamento com
drogas imediatamente.

Remédios para hipertensão arterial (anti-hipertensivos)


Existem dezenas de drogas diferentes disponíveis no mercado para o controle dos
níveis da pressão arterial. Ao contrário do que se apregoava até há pouco tempo,
não importa muito o medicamento escolhido, o que importa é que ele seja efetivo
em reduzir os níveis pressóricos para abaixo de 140/90 mmHg.

Diuréticos
Os diuréticos são remédios que atuam aumentando a eliminação de sal pela urina,
pois o sal contém muito sódio que causa retenção de água pelo corpo. Quando o
sal é eliminado, leva junto a água do sangue, diminuindo a quantidade de líquido

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nas veias e artérias e por isso diminui a pressão arterial e o inchaço causado pela
pressão alta.

Existem várias classes de diuréticos, sendo que os principais remédios indicados


pelos médicos são clortalidona, hidroclorotiazida, indapamida, furosemida,
bumetanida, espironolactona ou amilorida.

Alfa-agonistas de ação central


Os remédios alfa-agonistas de ação central agem diretamente no cérebro nas
áreas que controlam a pressão arterial e, assim, promovem o relaxamento dos
vasos sanguíneos permitindo com que o sangue circule com mais facilidade, o
que reduz a pressão alta.

Os principais medicamentos dessa classe de anti-hipertensivos são metildopa,


clonidina, guanabenzo, moxonidina e rilmenidina.

Bloqueadores adrenérgicos
Os bloqueadores adrenérgicos incluem duas classes de remédios para pressão
alta, os beta-bloqueadores como propranolol, atenolol, carvedilol, metoprolol e
nebivolol, e os alfa-bloqueadores como doxazosina, prazosina e terazosina.

Os beta bloqueadores, geralmente são indicados para pessoas jovens ou que


tiveram ataque cardíaco, pois ajudam o coração a bater mais devagar e com
menos força, o que diminui a pressão arterial. Além disso, também ajudam a abrir
as veias e artérias para melhorar o fluxo sanguíneo.

Já os alfa-bloqueadores, ajudam a diminuir a pressão arterial porque impede o


hormônio norepinefrina aperte os músculos das paredes das artérias e veias, o
que faz com que os vasos sanguíneos relaxem, melhorando o fluxo de sangue no
corpo e reduzindo a pressão arterial.

Vasodilatadores diretos
Os vasodilatadores diretos promovem o relaxamento dos vasos sanguíneos,
evitando que se contraiam, o que faz com que o sangue circule de forma mais
fácil pelos vasos e o coração não precise fazer muita força para bombear o
sangue para o corpo, e por isso, ajudam a diminuir a pressão arterial. Os
principais vasodilatadores indicados pelos médicos são a hidralazina e a
minoxidil.

O minoxidil é usado por via oral para o tratamento da pressão alta que não
melhora com outros medicamentos e, geralmente, é usado junto com um

2
diurético ou um betabloqueador. Esse remédio tem como efeito colateral
aumentar a quantidade de pelos no corpo e, por isso, também é indicado por
dermatologistas para o tratamento queda de cabelo e calvície, no entanto, nestes
casos, o uso é tópico, devendo-se usar a solução de minoxidil diretamente no
couro cabeludo.

Bloqueadores dos canais de cálcio


Os bloqueadores dos canais de cálcio reduzem a pressão arterial, porque
impedem que o cálcio entre nas células do coração e das artérias, permitindo que
os vasos sanguíneos relaxem e se abram, o que melhora o fluxo sanguíneo no
corpo e reduz o esforço do coração para bombear o sangue.

Os principais medicamentos dessa classe de anti-hipertensivos são anlodipino,


nifedipino, felodipino, nitrendipino, manidipino, lercanidipino, levanlodipino,
lacidipino, isradipino, nisoldipino e nimodipino.

Alguns bloqueadores dos canais de cálcio, como verapamil e diltiazem, têm o


benefício adicional de diminuir a frequência cardíaca, o que pode reduzir ainda
mais a pressão arterial, aliviar a dor no peito e controlar o batimento cardíaco
irregular.

Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA)


Os inibidores da enzima conversora da angiotensina impedem que seja produzida
angiotensina, um hormônio que causa estreitamento dos vasos sanguíneos e
aumenta a pressão sanguínea, forçando o coração a trabalhar mais. Ao impedir a
produção desse hormônio, essa classe de anti-hipertensivo ajuda a relaxar as
veias e artérias e reduzir a pressão arterial.

Os principais inibidores da enzima conversora da angiotensina são captopril,


enalapril, ramipril e lisinopril, que podem causar tosse seca como efeito colateral.

Uma outra classe de medicamentos com efeitos semelhantes a estes, porém sem o
efeito colateral de tosse seca, são os antagonistas do receptor da angiotensina que
reduzem a pressão arterial por impedirem os efeitos do hormônio angiotensina, e
incluem os medicamentos losartana, valsartana, candesartana e telmisartana.

“CUIDADOS DE ENFERMAGEM”

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 Monitorização da Pressão Arterial: a monitorização da pressão arterial em
pacientes hipertensos deve ser realizada em intervalos rotineiros e
frequentes. Este monitoramento deve ser feito em intervalos menores em
pacientes que fazem uso endovenoso de medicação anti-hipertensiva, além
de gestantes, emergências hipertensivas e pré-operatórios;

 Monitorização dos Sinais e Sintomas: o enfermeiro deve perceber sinais


e/ou sintomas que possam indicar lesão em outros órgãos, como perguntar
ao paciente sobre o aparecimento de sangramentos nasais, dor anginosa,
falta de ar, alterações na visão, vertigens, dores de cabeça ou nictúria
(volume de secreção urinária noturna maior do que o diurno);

 Monitorização dos pulsos: ao realizar o monitoramento da pressão arterial


do paciente, o enfermeiro deve também verificar os pulsos apical e
periférico (frequência, ritmo e características) para detectar possíveis
efeitos da hipertensão sobre o coração e vasos periféricos;

 Educação do paciente para o autocuidado: o objetivo do tratamento da


hipertensão é a manutenção de uma pressão arterial adequada que não
cause danos para o paciente. O tratamento inclui ações de mudança nos
estilos de vida e a prescrição de medicamentos;

 Monitorização no uso de medicamentos: nos programas de saúde pública


de atenção a pacientes hipertensos, as medicações protocoladas são
distribuídas gratuitamente para quem faz uso contínuo. O profissional de
enfermagem realiza juntamente com o farmacêutico o controle adequado
dos remédios distribuídos. Outra questão é o aparecimento de sinais ou
sintomas que podem estar associados ao uso da medicação anti-
hipertensiva, como por exemplo, tonteira ao ficar em pé. Todas essas
informações devem sempre ficar registradas;

 Monitorização das complicações potenciais: a elevação prolongada da


pressão arterial afeta os vasos sanguíneos, principalmente o coração, os
rins, o cérebro e os olhos, além de provocar o espessamento e a perda de
elasticidade das paredes arteriais, com o aumento da resistência vascular
periférica nos vasos acometidos. As principais consequências da
hipertensão descontrolada prolongada são: infarto do miocárdio,
insuficiência cardíaca e renal, acidentes vasculares cerebrais e visão
prejudicada.

2
Neste contexto, a realização do exame ocular para verificar a presença de alguma
lesão vascular na retina é muito importante, pois indica alteração similar em
outro local do sistema vascular. O coração, o sistema nervoso e os rins também
devem ser avaliados;

 Verificação do peso e altura: importante mensuração que a enfermagem


contribui realizando para verificar o IMC do paciente e, assim, acompanhar o
seu ganho ou perda de massa;

 Cuidados Hospitalares: é importante que ao paciente hospitalizado seja


realizado o questionamento sobre a medicação domiciliar de uso contínuo ou
não no momento da internação, antes da realização de exames diagnósticos,
incluindo os contrastados, e antes da realização de intervenções cirúrgicas.

“COMPLICAÇÕES”
A hipertensão arterial de longa duração pode danificar o coração e os
vasos sanguíneos e aumenta o risco de:

 Infarto agudo do Miocárdio


 Insuficiência cardíaca
 Insuficiência renal
 Acidente vascular cerebral (AVC)
 Demência vascular
 Lesão das artérias
 Aneurismas
 Angina de Peito
 Impotência Sexual
 Lesão da Retina

Se a hipertensão arterial for prolongada, o coração aumenta de tamanho e


suas paredes ficam mais espessas, pois ele tem que trabalhar com mais
força para bombear sangue. As paredes espessas são mais rígidas do que o
normal. Consequentemente, câmaras do coração não expandem
normalmente e se enchem de sangue com menos eficiência, aumentando
ainda mais a carga de trabalho do coração. Essas alterações no coração
podem resultar em ritmos cardíacos anormais ou insuficiência cardíaca.

A hipertensão arterial provoca o espessamento das paredes dos vasos


sanguíneos e também os torna mais propensos a desenvolverem

2
enrijecimento das artérias (aterosclerose). Pessoas com espessamento das
paredes dos vasos sanguíneos e aterosclerose correm mais risco de
acidente vascular cerebral, ataque cardíaco, demência vascular e
insuficiência renal. Acidente vascular cerebral e ataque cardíaco estão
incluídos na categoria de doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA).

“PREVENÇÃO”

A hipertensão arterial é uma doença que pode ser controlada e prevenida


por meio da adoção de hábitos de vida saudáveis. Algumas das medidas
que podem ajudar a prevenir a hipertensão incluem:

 Reduzir o consumo de sal;


 Consumir diariamente frutas, legumes e hortaliças;
 Evitar alimentos processados e ultraprocessados;
 Não fumar;
 Beber com moderação;
 Praticar atividades físicas.

Atividades aeróbicas, como caminhar ou pedalar, são as mais indicadas,


mas a musculação também é ótima para prevenir a hipertensão.

“CONCLUSÃO”

2
A Hipertensão Arterial é uma doença crónica onde a pressão que o
sangue exerce nas artérias está persistentemente acima do valor
recomendado.
Este valor varia de indivíduo para indivíduo, tendo em conta fatores como
a idade, sexo ou coexistência de outras doenças crónicas ou outros fatores
de risco cardiovascular (como o colesterol elevado, o tabagismo ou a
diabetes).
Poderá saber o valor de pressão arterial que seria adequado para si junto
do seu médico. Estes valores da pressão arterial persistentemente elevados
estão associados a um aumento do risco de doenças cerebrovasculares (por
exemplo, AVC), cardiovasculares (por exemplo, enfarte do miocárdio, o
músculo do coração), e insuficiência renal, entre outras.
É fundamental o rastreio, diagnóstico, tratamento e controlo da
Hipertensão Arterial através de uma alimentação saudável e da prática
regular de atividade física, não fumar e da toma adequada de
medicamentos se tal for necessário.

“REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS”

2
MDSSAUDE.COM
TUASAUDE.COM
METIS.MED.UP.PT
SAUDEABRIL.COM.BR
PEBMED.COM.BR
MDSMANUAIS.COM
AJUDACORPORAL.COM.BR

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