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HIPERTENSÃO
ARTERIAL
INTRODUÇÃO
❑ Hipertensão (ou pressão arterial alta) provavelmente é o problema de saúde mais
comum entre os adultos e o principal fator de risco para doenças
cardiovasculares. A hipertensão afeta cerca de 50 milhões de americanos a e
aproximadamente 1 bilhão de indivíduos em todo o mundo. 9 Esse problema é
mais comum nos homens mais jovens, quando comparados com as mulheres mais
jovens. Os homens têm pressões arteriais mais altas em comparação com as
mulheres, até que estas entrem na menopausa. Nesse ponto, as mulheres
rapidamente perdem sua proteção hormonal contra hipertensão arterial.
❑ A hipertensão é mais comum nos negros que nos caucasoides, nos indivíduos das
classes socioeconômicas mais baixas e nos idosos. A prevalência da hipertensão
aumenta com a idade. Dados recentes fornecidos pelo Framingham Study
sugeriram que os indivíduos normotensos com 55 anos tenham risco de 90% de
desenvolver hipertensão ao longo da vida.
❑ Isso é muito maior que a ingestão máxima de 6 g/dia recomendada pela American
Heart Association para os adultos. c Cerca de 75% do sal ingerido provêm do sal
acrescentado no processamento e na fabricação dos alimentos; 15% originam-se
do acréscimo indiscriminado durante a cocção e o consumo à mesa; e 10%
provêm do teor de sal natural dos alimentos.
❑ A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é um plano nutricional
que enfatiza o consumo de frutas, vegetais, laticínios com baixo teor de gordura,
grãos integrais, carnes de aves e peixes e nozes e tem teores reduzidos de
gorduras, carne vermelha, doces e bebidas contendo açúcares. Os resultados dos
estudos que utilizaram a dieta DASH hipossódica demonstraram reduções
significativas das pressões arteriais sistólica e diastólica.
OBESIDADE
❑ A prevalência da obesidade nos EUA está aumentando a taxas alarmantes. O
excesso de peso está associado comumente à hipertensão. A redução do peso em
apenas 4,5 kg pode diminuir a pressão arterial em uma porcentagem expressiva
dos pacientes hipertensos com sobrepeso.
❑ Uma técnica de aferição padronizada deve ser usada para confirmar uma elevação
da pressão desde a primeira consulta.
MEDIÇÃO AMBULATORIAL DA PA
❑ Conforme mencionado anteriormente, as aferições ambulatoriais e domiciliares da
pressão arterial podem fornecer informações valiosas fora do consultório médico
quanto à pressão arterial e à resposta do indivíduo ao tratamento. O
automonitoramento domiciliar pode ajudar a detectar a “hipertensão do jaleco
branco”, uma condição na qual a pressão arterial está repetidamente elevada no
consultório do profissional de saúde, mas normal em outras ocasiões.
❑ Esse tipo de aferição também pode ser usado para avaliar a resposta às
intervenções terapêuticas na hipertensão, avaliar sintomas de hipotensão durante o
tratamento com fármacos anti-hipertensivos, detectar episódios de hipertensão,
motivar a adesão aos esquemas de tratamento e, possivelmente, reduzir os custos
da assistência médica.
❑ O monitoramento ambulatorial da pressão arterial (MAPA) também pode ser
usado para detectar alterações do perfil circadiano de pressão arterial do paciente.
As alterações do perfil circadiano normal de pressão arterial podem ocorrer com
alguns distúrbios, inclusive hipertensão maligna, síndrome de Cushing, pré-eclâmpsia,
hipotensão ortostática, insuficiência cardíaca congestiva e apneia do sono.
❑ Para os pacientes com hipertensão secundária, devem ser envidados esforços para
corrigir ou controlar a condição patológica que causou a hipertensão.
Algoritmo de
tratamento da
hipertensão
PAD, pressão arterial diastólica; PAS, pressão arterial sistólica; IECA, inibidor
da enzima conversora de angiotensina; BRA, bloqueador do receptor de
angiotensina; BB, β-bloqueador; BCC, bloqueador do canal de cálcio.
MODIFICAÇÃO DO ESTILO DE VIDA
❑ Estudos demonstraram que a modificação do estilo de vida reduz a pressão arterial,
acentua os efeitos do tratamento com fármacos anti-hipertensivos e evita risco
cardiovascular. As principais modificações significativas do estilo de vida que
reduzem a pressão arterial incluem: redução do peso nos indivíduos com sobrepeso
ou obesidade; prática regular de atividades físicas (30 min na maior parte dos dias
da semana); adoção do plano dietético DASH; redução da ingestão dietética de sal;
e limitação da ingestão de álcool a no máximo dois drinques por dia para a maioria
dos homens e um drinque para as mulheres e os indivíduos com pesos mais baixos.
Embora a nicotina não tenha sido associada às elevações persistentes da pressão
arterial, como ocorre com a hipertensão essencial, estudos demonstraram que ela
aumenta o risco de doença cardíaca.
❑ Pressões de pulso mais altas causam estiramento mais acentuado das artérias e
danificam os elementos elásticos dos vasos e, deste modo, predispõem aos
aneurismas e ao desenvolvimento de lesões da íntima, que acarretam aterosclerose
e trombose.
HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA
❑ A hipertensão secundária – elevação da pressão arterial em consequência de alguma
outra condição patológica – representa cerca de 5 a 10% dos casos de hipertensão.
Ao contrário da hipertensão primária, alguns dos distúrbios que causam hipertensão
secundária podem ser corrigidos ou curados por intervenção cirúrgica ou
tratamento clínico específico.
❑ Contudo, entre esse grupo, apenas 41,5 casos por 10.000 indivíduos-ano poderiam
ser atribuídos ao uso dos anticoncepcionais orais. A causa da elevação da pressão
arterial é praticamente desconhecida, embora tenha sido sugerido que a causa
provável seja uma expansão de volume, porque os estrogênios e os progestógenos
sintéticos usados nos contraceptivos orais causam retenção de sódio
❑ Vários anticoncepcionais orais contêm quantidades e combinações diferentes de
estrogênios e progestógenos, e estas diferenças podem contribuir para hipertensão
em algumas mulheres, mas não em outras. Felizmente, a hipertensão associada aos
anticoncepcionais orais geralmente desaparece depois da interrupção do uso, ainda
que isso possa demorar até 3 meses para ocorrer. Entretanto, em algumas
mulheres, a pressão arterial pode não voltar ao normal e estas pacientes têm risco
de desenvolver hipertensão. O risco de complicações cardiovasculares associadas à
hipertensão é observado principalmente nas mulheres com mais de 35 anos e nas
fumantes.
HIPERTENSÃO MALIGNA
❑ Uma porcentagem pequena dos pacientes com hipertensão desenvolve uma forma
acelerada e potencialmente fatal da doença conhecida como hipertensão maligna.
Em geral, essa doença acomete indivíduos jovens, principalmente homens negros e
jovens, mulheres com toxemia gestacional e pacientes portadores de doenças do
colágeno e nefropatia. A hipertensão maligna caracteriza-se por elevações graves e
súbitas da pressão arterial, com níveis diastólicos acima de 120 mmHg e indícios de
complicações como disfunção aguda ou rapidamente progressiva e potencialmente
fatal dos órgãos-alvo. Pode haver espasmo arterial intenso das artérias cerebrais
com encefalopatia hipertensiva. A vasoconstrição cerebral provavelmente é uma
reação homeostática exagerada destinada a proteger o cérebro das elevações
excessivas de pressão e fluxo sanguíneos. Em muitos casos, os mecanismos
reguladores não são suficientes para proteger os capilares e os pacientes
frequentemente desenvolvem edema cerebral.
❑ À medida que a doença avança, os pacientes têm edema das papilas (i. e., edema do
nervo óptico no ponto em que entra no olho), que mostram indícios dos efeitos da
pressão para o nervo óptico e os vasos da retina. O paciente pode ter cefaleia,
agitação, confusão mental, torpor, déficits motores e sensoriais e distúrbios visuais.
Nos casos graves, há convulsões e os pacientes entram em coma. Nos pacientes
com hipertensão maligna, a exposição prolongada aos níveis excessivamente altos
de pressão arterial causa danos às paredes das arteríolas e pode haver coagulação
intravascular e fragmentação das hemácias. Os vasos sanguíneos renais são
especialmente suscetíveis aos danos causados pela hipertensão. A lesão renal
causada pelas alterações vasculares provavelmente é o determinante prognóstico
mais importante da hipertensão maligna. Níveis altos de ureia sanguínea e
creatinina sérica, acidose metabólica, hipocalcemia e proteinúria são indícios de
disfunção renal.
❑ As complicações associadas às crises hipertensivas requerem intervenção clínica
rigorosa e imediata em uma unidade de tratamento intensivo com monitoramento
contínuo da pressão arterial. Com tratamento apropriado, o coeficiente de
mortalidade associado a essa doença pode ser reduzido expressivamente, bem
como as complicações e os episódios subsequentes. Como a hipertensão crônica
está associada aos distúrbios da autorregulação dos fluxos sanguíneos das artérias
coronárias, cerebrais e renais, deve-se ter o cuidado de evitar reduções
excessivamente rápidas da pressão arterial, porque isso pode causar hipoperfusão
e lesão isquêmica. Por essa razão, o objetivo das medidas terapêuticas iniciais é
conseguir uma redução parcial da pressão arterial a um patamar mais seguro e
menos crítico, em vez de normalizar os níveis pressóricos.
SEMIOLOGIA
❑ A HTA é muitas vezes designada de "assassina silenciosa" porque a maioria dos
doentes hipertensos permanece assintomática até que ocorram lesões vasculares
graves. Isto apesar da coincidência do aparecimento de certos sintomas e sinais que
muita gente considera, erradamente, associados à hipertensão: cefaleias,
hemorragias nasais (epistaxis), vertigem, cansaço, ruborização facial. Embora as
pessoas com uma pressão arterial elevada possam ter esta semiologia, ela também
pode aparecer com a mesma frequência em indivíduos com uma tensão arterial
normal.
❑ No caso de uma HTA grave ou de longa duração que não receba tratamento,
sintomas como cefaleia, fadiga, náuseas, vómitos, dispneia, agitação e visão turva
verificam - se devido a lesões no cérebro, nos olhos, no coração e nos rins. Por vezes,
as pessoas com HTA grave desenvolvem sonolência e inclusive coma por edema
cerebral (acumulação anormal de líquido no cérebro). Este quadro, chamado de
encefalopatia hipertensiva, requer um tratamento urgente.
ABORDAGEM CLÍNICA
Anamense
❑ Tem evolução lenta e silenciosa
❑ Associada a: cefaleia; palpitações; hemorragia nasal; zumbidos; escotomas, etc
❑ Inquerir:
• Antecedentes de PA↑;
• História familiar de HTA;
• Sintomatologia sugestiva de afectação cardíaca;
• DM, angina, nefropatia, dislipidemia;
• Maus hábitos de vida;
• Uso de medicamentos que causem HTA;
• Uso de medicação para HTA e incumprimento terapêutico;
• Palpar o précórdio;
• Ictus (cardiomegália, HVE);
• Palpar a fúrcula esternal;
• Palpar todos os pulsos;
• Auscultação cardíaca;
• Auscultação do abdómen, dorso e flancos;
• Auscultação das carótidas;
• Medição da PA - em pelo menos 2 medições, com intervalo de semanas, com
excepção de PA ≥ 210/120 mmHg.
❑ Diagnóstico diferencial
❑ Exames complementares
• Hemograma;
• Glicemia;
• Ureia, creatinina e ácido úrico;
• Colesterol total (se > 170mg/fl, dosear LDL, HDL e triglicéridos);
• Urina II e proteinúria;
• Microalbuminúria;
• Na, K, Cl, Mg;
• Fundoscopia;
• ECG
❑ Ecocardiograma em casos de:
- HTA estágio 1 e 2 com factores de risco associados;
- HTA com suspeita de disfunção cardíaca;
- MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial):
Suspeita do efeito de bata branca;
Melhor avaliação dos níveis limítrofes;
Avaliação da resposta terapêutica;
Suspeita de HTA mascarada;
HTA na gravidez;
Suspeita de hipotensão ortostática ou insuficiência autonômica
❑ Ultrassonografia abdominal (renal)
Tamanho, volume (assimetria), presença de massas, simetria, hipo ou atrofia,
cicatrizes, abcessos, quistos, hemorragia, abcesso perirrenal, alterações secundárias a
hidronefrose, tumores abdominais.