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A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por
um aumento sustentado dos níveis pressóricos com uma pressão arterial (PA) sistólica ≥ 140
mmHg e/ou uma PA diastólica ≥ 90 mmHg.
Na maioria das vezes, a HAS não tem uma etiologia definida, sendo causada por uma
combinação de fatores genéticos e ambientais, o que chamamos de HAS essencial ou primária.
Em cerca de 3% a 5% dos casos, no entanto, a HAS está associada a uma condição específica
bem definida, cujo tratamento é capaz de curar ou controlar os níveis pressóricos, sendo,
então, chamada de HAS secundária.
É considerada um fator de risco importante para a ocorrência de eventos como morte súbita,
acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC),
doença arterial oclusiva periférica (DAOP) e doença renal crônica (DRC).
EPIDEMIOLOGIA
A principal causa de morte no Brasil é a doença cardiovascular, responsável por cerca de 30%
dos óbitos em nosso país. A hipertensão arterial atinge, aproximadamente, 32,5% da
população adulta brasileira, sendo que sua incidência é ainda maior entre os idosos,
podendo atingir mais de 60% dessa faixa etária.
PRÉ-HIPERTENSÃO
Trata-se de uma condição clínica anteriormente caracterizada por uma PA sistólica entre 121 e
139 mmHg e/ou PA diastólica entre 81-89 mmHg e que, na mais recente Diretriz Brasileira de
Hipertensão, foi alterada para PA sistólica 130 e 139 mmHg e/ou uma PA diastólica entre 85 e
89 mmHg.
A implicação clínica desses dados epidemiológicos é de que a PA desses indivíduos deve ser
monitorada de forma mais próxima (1 ano ou menos) e o tratamento farmacológico e não
farmacológico deve ser instituído mais precocemente naqueles com alto risco cardiovascular,
pois grande parte desses pacientes irá acabar evoluindo com HAS e suas complicações.
FISIOPATOLOGIA
A HAS primária é uma doença multifatorial, que não tem uma etiologia bem definida, logo,
deriva de combinações de fatores genéticos e ambientais.
A pressão arterial (PA) corresponde ao produto da interação entre o débito cardíaco (DC) e a
resistência vascular periférica (RVP). O débito cardíaco é a quantidade de sangue que é ejetada
pelo coração por minuto, ou seja, é um valor que depende do volume sistólico (quantidade de
sangue ejetado em um batimento) e da frequência cardíaca. Seguindo esse raciocínio, você
pode entender que a pressão arterial pode subir em situações de aumento do débito cardíaco
e-ou da resistência vascular periferica.
• PA: DC X RVP
• DC: VOLUME SISTOLICO X FREQUÊNCIA CARDÍACA
“
Além disso, existe em nosso organismo um complexo sistema de autorregulação neuro-
humoral, que, mediante a elevação do débito cardíaco, promove vasoconstrição. Sendo assim,
pacientes hipertensos que possuem aumento do DC também terão aumento,
consequentemente, da RVP.
Quando a RVP aumenta, ocorre uma resposta neuro-humoral para haver redução do débito
cardíaco. Sendo assim, a maioria dos pacientes hipertensos terá RVP elevada e DC normal, e
isso não significa que o mecanismo inicial que gerou a hipertensão não tenha sido o aumento
do DC.
Um dos mecanismos mais importantes identificados como sendo responsável pela elevação da
PA é a retenção renal de sódio e água, que gera consequente aumento do débito cardíaco.
Alguns indivíduos possuem uma menor resposta natriurética mediante a ingestão de sódio e,
dessa forma, ocorre o aumento da volemia e aumento do débito cardíaco.
Com o passar dos anos, o aumento da pressão nos vasos sanguíneos provoca um
remodelamento arteriolar (a parede dos vasos fica mais “musculosa”) E MENOS ELÁSTICA e,
dessa forma, o endotélio libera substâncias que causam mais vasoconstrição e, assim, há
aumento sustentado dos níveis pressóricos. Sendo assim, podemos concluir que a hipertensão,
se não tratada, torna-se um ciclo vicioso, em que a própria hipertensão provoca mais
hipertensão.
▪ IDADE
Com relação à idade, há uma associação direta e linear entre o envelhecimento e o aumento
na prevalência de HAS, que pode chegar a 65% em indivíduos acima de 60 anos. Essa
associação é um importante dado relativo à saúde pública devido, principalmente, ao aumento
da expectativa de vida da população e da proporção de idosos em nosso país nas últimas 2
décadas.
▪ ETNIA NEGRA
Os negros, normalmente, apresentam-se com níveis mais baixos de renina plasmática, o que
faz com que as drogas anti-hipertensivas que atuam bloqueando o sistema renina-
angiotensina-aldosterona (SRAA), como os inibidores da enzima conversora de angiotensina
(IECA) e os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA), tenham uma menor eficácia
nessa população.
▪ SOBREPESO E OBESIDADE
Estudos apontam que a ingestão excessiva de sodio é um dos principais fatores de risco para o
desenvolvimento de HAS. Para fins de redução da pressão arterial, é recomendado limitar o
consumo diário a 2g de sódio/dia, o que corresponde a 5g de sal.
Outro ponto importante da dieta e que se relaciona com a hipertensão é o baixo consumo de
potássio. O recomendado é manter uma ingestão diária entre 90 a 120 mEq. Para isso, pode-se
fazer a suplementação ou aumentar a ingesta de feijão, ervilha, vegetais de cor verde-escura,
banana, melão, cenoura etc.
▪ SEDENTARISMO
▪ INGESTÃO DE ÁLCOOL
Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão, o risco aumentado para essa doença tornou-se
consistente a partir de 31 g de álcool/dia em homens. Em mulheres, foi observado maior risco
com consumo entre 30 a 40 g de álcool/dia.
▪ GENÉTICA
Quanto à genética, sabemos que pode influenciar de 30% a 50% dos casos de hipertensão,
porém, devido à grande miscigenação da população brasileira e ao provável envolvimento de
vários genes, ainda não é possível mapear com clareza o impacto desse componente.
▪ RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
Em pacientes com pressão arterial ótima (PA < 120x80 mmHg) ou normal (120-129x81-85
mmHg), recomenda-se a aferição da PA anualmente, enquanto, em indivíduos pré-hipertensos
(PA entre 130x86 mmHg e 139x89 mmHg), essa aferição deve ser uma vez por ano ou menos e
é importante considerar realizar a monitorização residencial ou ambulatorial da pressão
arterial (MRPA/MAPA).
Existem duas situações em que não será necessário fazer duas visitas ao consultório médico
para estabelecer o diagnóstico de hipertensão arterial.
Essa condição deve ser suspeitada principalmente em pacientes idosos, diabéticos, portadores
de disautonomia (por exemplo, pacientes com doença de Parkinson) e em uso de várias
medicações anti-hipertensivas que procuram o consultório com história de quedas frequentes,
muitas vezes associadas à perda transitória da consciência (síncope).
NORMAL: 120-80
ESTAGIO 1: 140-90
ESTAGIO 2: 160-100
ESTAGIO 3: 180-110
PRE-HIPERTENSAO: 121 ATÉ 139 – 81 ATÉ 89
A HAS não controlada é definida quando, mesmo sob tratamento anti-hipertensivo regular, o
paciente permanece com a pressão arterial elevada, tanto no consultório como fora dele, por
algum dos dois métodos de avaliação (MRPA ou MAPA).
Por fim, a hipertensão refratária é definida como a ausência de controle da PA mesmo sob uso
de 5 ou mais anti-hipertensivos de classes diferentes.
Tanto a hipertensão sistólica isolada como a pressão de pulso elevada (acima de 65 mmHg) são
consideradas importantes fatores de risco cardiovascular, principalmente em pacientes idosos.
Em relação à anamnese, deve-se obter uma história clínica completa do paciente, com
perguntas sobre o tempo de diagnóstico, a evolução, o tratamento prévio e a presença de
história familiar de HAS, o que aumenta a probabilidade de que a hipertensão seja primária.
Além disso, o paciente deve ser questionado sobre a presença de comorbidades e fatores de
risco específicos para doença cardiovascular, tais como diabetes mellitus, dislipidemia,
tabagismo, sedentarismo e história familiar de doença cardiovascular. Isso irá auxiliar no
cálculo do risco cardiovascular global do paciente.
É importante ainda pesquisar o uso de medicamentos e substâncias que possam interferir na
medição da pressão arterial e/ou no tratamento da hipertensão, da mesma forma que devem
ser investigados indícios que sugiram uma causa secundária para a HAS.
Em relação ao exame físico, primeiro deve ser realizada a aferição da pressão arterial. Além
disso, devem ser avaliados os dados antropométricos do paciente, tais como o peso e a altura
(para fins de cálculo do índice de massa corporal - IMC) e a circunferência abdominal.
O exame físico do paciente hipertenso deve ser direcionado para a pesquisa de sinais clínicos
de lesões em órgãos-alvo, que normalmente acometem coração, rins, olhos e cérebro. Dessa
forma, deve-se dar especial atenção ao exame do aparelho cardiovascular, das artérias
periféricas (com o cálculo do índice tornozelo-braquial), dos olhos (com a realização da
fundoscopia em busca de sinais de retinopatia hipertensiva) e ao exame neurológico, em busca
de sinais de evento cerebrovascular prévio.
A ureia não precisa ser dosada de rotina, assim como o teste de tolerância a glicose, o
sódio e o ecocardiograma.
A imagem abaixo mostra o esquema pratico de como fazer a avaliação do risco cardiovascular
do paciente.
Ao final de tudo, devemos alocar o paciente de acordo com a tabela da DIRETRIZ BRASILEIRA
DE HIPERTENSÃO ARTERIAL:
Doentes de moderado ou alto risco devem receber tratamento medicamentoso logo após o
diagnóstico. Além disso, os doentes que são MUITO hipertensos (estágios 2 e 3),
independentemente do risco, também deverão receber tratamento medicamentoso ao
diagnóstico.
Por fim, como dito anteriormente, iniciaremos tratamento medicamentoso no idoso hígido
quando PAS ≥ 140mmHg e no idoso frágil quando PAS ≥ 160mmHg.
A monoterapia será a opção quando desejamos pequena redução da pressão arterial (HAS
estágio 1 com risco baixo, pré-hipertenso com risco alto e indivíduos idosos e/ou frágeis).
Na maioria das vezes, optaremos pelo tratamento combinado, por alguns motivos:
DIURÉTICOS
BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO:
Como o diabético hipertenso é um paciente de alto risco, teremos que usar SEMPRE duas
drogas. Então, será difícil deixar o IECA de fora! Portanto, viu hipertenso e diabético na mesma
questão? Procure o IECA!
Outra boa opção no diabético é o bloqueador dos canais de cálcio, visto que não interfere no
metabolismo glicídico e possui boa tolerabilidade. O diurético tiazídico interfere no
metabolismo glicídico quando em altas doses, sendo uma opção razoável em pacientes
diabéticos. Utilizaremos o mesmo raciocínio na síndrome metabólica, em que optaremos por
drogas que melhorarão ou não agravarão a resistência insulínica.
HIPERTENSÃO + DAC:
IECA + BETABLOQUEADOR
HIPERTENSÃO + DRC:
IECA ou BRA, mas o bloqueador de canal de cálcio tambem e uma opção segura.
HIPERTENSÃO + IC:
HIPERTENSÃO EM NEGROS:
HIPERTENSÃO EM IDOSOS: