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NUTRIÇÃO EM GERIATRIA

Enfermidades comuns no grupo geriátrico


Doenças crônicas não transmissíveis
Aula 10
NATALIA CARDOSO
NUTRICIONISTA - UERJ
MESTRE ME SAÚDE COLETIVA – UFF
DOUTORADO EM CIÊNCIAS NUTRICIONAS (ANDAMENTO) - UFRJ
Conteúdo

▶ Doenças crônicas não-transmissíveis


▶ Doença c ardiovascular
▶ Dislipidemia
▶ HAS
▶ Diabetes Mellitus
▶ Síndrome metabólic a
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
NO GRUPO GERIÁTRICO

➢ O Elsi- Brasil apontou que 75,3% dos idosos brasileiros dependem exclusivamente dos serviços
prestados no Sistema Único de Saúde, sendo que 83,1% realizaram pelo menos uma consulta
médica nos últimos 12 meses.

➢ Nesse período, foi identificado ainda 10,2% dos idosos foram hospitalizados uma ou mais
vezes.

➢ Quase 40% dos idosos possuem uma doença crônica e 29,8% possuem duas ou mais como
diabetes, hipertensão ou artrite. Ou seja, ao todo, cerca de 70% dos idosos possuem alguma
doença crônica.

https://elsi.cpqrr.fiocruz.br/publicacoes/
Atualização das Diretrizes em Cardiogeriatria da
Sociedade Brasileira de Cardiologia

▶ A mortalidade, a morbidade e a incapacidade atribuídas as principais


doenças não transmissíveis, representam atualmente em torno de 60%
de todas as disfunções e em 47% a carga de morbidade mundial, e
que, segundo se prevê, esses percentuais aumentarão em 73% e 60%,
respectivamente, antes de 2020;

Arq Bras Cardiol. 2019; 112(5):649-705


Fatores de risco para Doença Cardíaca

▶ Diabetes Mellitus tipo 2 ▶ FATORES DE RISCO NÃO TRADICIONAIS:


▶ Tabagismo ▶ Hiperuricemia
▶ Sedentarismo ▶ Hipovitaminose D
▶ Obesidade ▶ Proteína C-reativa
▶ Dislipidemia ▶ Fatores genéticos
▶ Depressão ▶ Escore de cálcio coronário (ECC)
▶ Aterosclerose sub clínic a
Revisão
anatomofuncional
Patologias

▶ Coronariopatias crônicas e
agudas

À proporção que aumenta a


idade, diminui a ação dos fatores
de risco como hipertensão,
diabetes e tabagismo e aumenta
a importância das comorbidades
associadas como o AVE,
insuficiências renal e cardíaca.
Doença Arterial Coronariana

▶ A aterogênese é o processo que conduz ao desenvolvimento da


aterosclerose. É uma resposta inflamatória crônica local a fatores
de risco, como altas concentrações de LDL, que são prejudic iais à
parede arterial. A partir de então, a formação da lesão,
progressão e eventual ruptura de placa resultam em liberação de
citocinas inflamatórias.
Doença Arterial Coronariana

▶ A doença cardíaca aterosclerótica envolve o estreitamento e a


perda de elasticidade da parede dos vasos sanguíneos, causados
pelo acúmulo de placas. A placa se forma quando a inflamação
estimula uma resposta fagocitária dos glóbulos brancos
(monócitos).
Doença
Arterial
Coronariana
Dislipidemias

▶ O colesterol elevado pode ser considerado o principal fator de


risco modificável da doença arterial coronariana (DAC) e seu
controle, principalmente do nível do colesterol da LDL-C, traz
grande benefício na redução de desfechos cardiovasculares
como infarto e morte por doença coronariana.
Dislipidemias
DIETOTERAPIA
DIETOTERAPIA

Outros componentes importantes da


Dieta

-Ácidos graxos ômega 3


- Fitosteróis
- Proteína de soja
- Fibras solúveis
- Probióticos
- Mudanças no estilo de vida
- Atividade Física
- Cessação do tabagismo
Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76
Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
DIETOTERAPIA

Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76


Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
DIETOTERAPIA

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Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
DIETOTERAPIA

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Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
DIETOTERAPIA

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Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
Hipertensão Arterial Sistêmica

▶ Principal fator de risco entre os idosos brasileiros.


▶ Encontra-se presente em 65% dos idosos ambulatoriais e em 80% das
mulheres > 75 anos de idade.
Hipertensão Arterial Sistêmica

▶ O envelhecimento produz alterações vasculares, como:


enrijecimento arterial, redução de elasticidade e complacência
vascular, menor capacidade de vasodilatação, aumento da
pressão arterial sistólica (PAS), menor sensibilidade a mudanças de
volume, lentificação do relaxamento ventricular, maior trabalho
cardíaco, perda de miócitos e hipertrofia compensatória. Essas
alterações levam a peculiaridades no diagnóstico e tratamento da
HAS no idoso.
Classificação HAS

CLASSIFICAÇÃO EM PA sistólica (mmHg) PA diastólica (mmHg)


ADULTOS E IDOSOS

Normal <120 <80


Pré-hipertensão 120-139 80-89
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99
Hipertensão estágio 2 160-179 100-109
Hipertensão estágio 3 >180 >110
Hipertensão isolada >140 <90

Fonte: 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2016


Epidemiologia

▶ No Brasil a HAS atinge 60% dos idosos, contribuindo direta ou


indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular
(SCALA et al, 2015).

▶ A PNS (2019) mostrou a prevalência geral de HAS de 23,9%, com


predomínio entre mulheres (26,4% vs 21,1%). O diagnóstico médico de
HAS foi menor nas Regiões Norte (16,8%) e Centro-Oeste
(21,9%)9 . A Região Sudeste foi a que possuía a maior proporção
de indivíduos de 18 anos ou mais de idade que referiram
diagnóstico de hipertensão dentre as Grandes Regiões (25,9%).
Fatores de risco

▶ Obesidade e aterosclerose
▶ Diabetes mellitus
▶ Tabagismo
▶ Ingestão alcoólic a frequente e elevada
▶ Sedentarismo
▶ Elevado consumo de sal (sódio)
▶ Baixa ingestão de potássio
▶ Etnia negra
▶ Envelhecimento (SBC, 2016; MS, 2014)
Fisiopatologia
Pressão Arterial
=
Débito Cardíaco (DB) x Resistência Vascular Periférica (RVP)

Contração e relaxamento do Sistema nervoso simpático;


miocárdio;
Sistema renina angiotensina;
Volume sanguíneo circulante;
Modulação endotelial;
Retorno venoso;
Espessamento da parede
Frequência cardíaca. das artérias.

(Guyton & Hall, 2006; Sanjuliani, 2002)


Condições clínicas associadas

▶ Infarto agudo do miocardio→ 40%


▶ Acidente vascular cerebral→ 80%
▶ Doenças renais (IRC)→ 25%
▶ Diabetes Mellitus→ 40%
▶ Doenças metabólicas→ Síndrome metabólica

(SBC, 2016; MS, 2006)


Tratamento não-medicamentoso

▶ Envolve:

- Controle e/ou redução do peso corporal

- Prátic a de atividade físic a regular

- Cessação do tabagismo

- Controle do estresse

- Medidas nutricionais
(SBC, 2016; MS, 2006)
Tratamento
não-
medicamentoso
DIETA DASH – Dietary Approach
to Stop Hypertension
DIETA DASH – Dietary Approach
to Stop Hypertension

Appel et al., em 1997, realizaram ensaio


clínico para testar o efeito de três
padrões alimentares nos níveis de PA.

O estudo distribuiu aleatoriamente 459


indivíduos adultos e saudáveis em três
diferentes grupos para receberem, por
oito semanas: a) dieta controle
americana; b) dieta rica em Frutas e
Verduras (FV); e c) dieta DASH: rica em
FV, carnes magras, produtos lácteos
com pouca gordura, cereais integrais,
nozes e reduzida em gordura total,
saturada e colesterol.
https://www.scielo.br/j/abc/a/Q43xYKS4fJsRM8jj8s4pxSJ/#
Conduta e orientações nutricionais

▶ Redução do consumo de sal (sódio). Recomendar para adultos


e idosos, no máximo 2000mg/dia de sódio (5g de sal).
▶ Aumentar o consumo de alimentos fontes de potássio, como
frutas, vegetais folhosos, leguminosas.
▶ Incentivar o c onsumo de laticínios desnatados devido ao
conteúdo elevado de cálcio e baixo em gorduras saturadas.

(SBC, 2016; Malachias, 2010)


Conduta e orientações nutricionais

▶ Os ácidos graxos ômega-3 (eicosapentaenoico – EPA e


docosaexaenoico - DHA) estão associados com redução
modesta da PA em doses ≥2g/dia de EPA+DHA.
▶ O alho possui componentes bioativos, como a alicina (alho cru)
e a s-alil-cisteína (alho processado) que promovem a redução a
PA.
▶ Flavonoides (uvas, vinho tinto, frutas vermelhas, cacau) exercem
função cardioprotetora, colaborando na redução do processo
aterosclerótico e consequentemente, reduzindo a PA.

(Schwingshackl et al, 2011; Malachias, 2010)


Conduta e orientações nutricionais

▶ Desestimular o consumo de alimentos industrializados, como


salgadinhos, temperos e molhos prontos, embutidos, enlatados e
carnes salgadas/defumadas.
▶ Se o paciente for diabético, evitar adoçantes a base de
sacarina e ciclamato de sódio.
▶ Evitar o consumo de bebidas alcoólica s.
▶ Atenção: não se deve apenas observar os níveis pressóricos, mas
os fatores de risco cardiovasculares e/ou lesão em órgãos alvo.

(SBC, 2016; Krause, 2011; Malachias, 2010)


Leitura de rótulos!

Sódio=1800mg Sódio=1607mg Sódio=210mg


Sódio=553mg

Sódio=1090mg Sódio=310mg
(1/2 sachê) Sódio=360mg
(1 xicara) Sódio=490mg (3 fatias)
Diabetes Mellitus

▶ Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome multifatorial que apresenta em


comum a hiperglicemia por defeito na ação da insulina, na secreção
de insulina ou ambas.
(BRASIL, 2013).
Tipos:
➢ DM 1
➢ DM 2
➢ DMG

Sociedade Brasileira de Diabetes


Diabetes Mellitus

HbA1c
Diabetes Mellitus

▶ A ocorrência do DM mais comum a partir de 40 anos e refere-se ao


processo de envelhecimento, que promove várias alterações
metabólicas, principalmente elevação da glicemia pós-prandial e RI.

▶ Essas alterações são explicadas pela modificação da composição


corporal com o avanço da idade, diminuição da massa muscular e do
aumento da gordura corporal que promove a diminuição da secreção
de insulina induzida pela glicose e resistência periférica à insulina.

Sociedade Brasileira de Diabetes


Diabetes Mellitus

ALIMENTAÇÃO ADEQUADA

EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR

MEDICAMENTOS
Diabetes Mellitus

Sinais de Hiperglicemia:
OBJETIVOS:
➢ EVITAR HIPERGLICEMIA
➢ EVITAR HIPOGLICEMIA
➢ CONTROLE E MANUTENÇÃO DO PESO
➢ EVITAR AS COM PLICAÇÕES DO DM
Sinais de Hipoglicemia:
Diabetes Mellitus

https://diretriz.diabetes.org.br/abordagem-do-paciente-idoso-com-diabetes-mellitus/
Diabetes Mellitus

https://diretriz.diabetes.org.br/terapia-nutricional-no-pre-diabetes-e-no-diabetes-mellitus-tipo-2/
Diabetes Mellitus

https://diretriz.diabetes.org.br/terapia-nutricional-no-pre-diabetes-e-no-diabetes-mellitus-tipo-2/
Diabetes Mellitus

Tratamento Nutricional:

✓ Ajuste calórico individual


✓ Distribuição de macronutrientes com foco em carboidratos:
✓ 40-45% em DM2 (hipoglicídica )
✓ Ajuste de micronutrientes
✓ Ingestão hídric a
✓ Educação nutricional continuada e cuidados em saúde
Síndrome Metabólica

Associada a um risco 2X maior para


doenças cardiovasculares, c omo
infarto do miocárdio, AVC e
mortalidade cardiovascular; e uma vez
e meia maior risco para mortalidade
por qualquer causa.

(Diretriz Brasileira Obesidade, 2016)


Síndrome Metabólica

(Diretriz Brasileira Obesidade, 2016)


Arq Bras Cardiol. 2019; 112(5):649-705
Referências bibliográficas

▶ FARINATTI, Paulo de Tarso Veras. Envelhecimento - Promoção da saúde e


exercício. São Paulo: Manole, 2008.
▶ FREITAS, Elizabete Viana et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
▶ RAMOS, Luiz Roberto & CENDOROGLO, Maysa Seabra. Geriatria e Gerontologia.
São Paulo: Manole, 2ª Ed., 2011.
▶ MACENA, Wagner Gonçalves; HERMANO Lays Oliveira, COSTA & Tainah Cardoso.
Revista Mosaicum 27, Jan./Jun. 2018 - ISSN 1980-4180, 226.

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