Você está na página 1de 25

27/08/2022 22:49 UNINTER

EMPREENDEDORISMO
AULA 1

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Prof. Paulo Fernando Cherubin

CONVERSA INICIAL

O
empreendedorismo como fenômeno econômico-social ganhou destaque após a
Revolução

Industrial. Nesta aula faremos uma contextualização histórica do


empreendedorismo até os dias

atuais. Na sequência, discutiremos o conceito de


empreendedorismo, motivação empreendedora,
comportamento empreendedor e, por
fim, processo empreendedor.

Os
objetivos desta aula são:

Possibilitar
que você entenda o contexto histórico da evolução do empreendedorismo;

Conhecer
o conceito de empreendedorismo;

Compreender
a motivação dos empreendedores;

Entender
o comportamento empreendedor e os elementos que o compõem e o influenciam;

Conhecer
o processo empreendedor.

TEMA 1 – PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DO EMPREENDEDORISMO

O
empreendedorismo esteve presente na história humana desde sempre, inicialmente
de forma

rudimentar, chegando aos dias atuais como uma das áreas de grande
importância para o

desenvolvimento econômico da sociedade.

Na
antiguidade, a atividade empreendedora era a produção agrícola familiar, a
produção

artesanal de bens e o comércio desses bens. Podemos identificar um


ciclo de expansão com as
grandes navegações do século XIV, com as rotas para o
Oriente e o descobrimento das Américas

pelas potências marítimas da época,


Espanha e Portugal. Novos mercados, assim como novas fontes

de matéria-prima,
impulsionaram o comércio entre os continentes.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

O
próximo advento significativo que impulsionou a atividade empreendedora foi a
Revolução

Industrial, provocada pelo uso intenso da máquina a vapor,


substituindo as forças humanas e da

natureza na atividade manufatureira. A


força mecânica obtida pela máquina a vapor (Figura 1)

empregada na manufatura
aumentou e ampliou significativamente a produção de bens.

Figura 1 – Máquina a vapor

Fonte: Martin Bergsma/Shutterstock.

Essa
época iniciou o que viria a se chamar sociedade industrial, substituindo
a sociedade agrícola;

ou seja, a atividade agrícola deixou de ser o principal


motor econômico da sociedade – papel

assumido então pela atividade industrial.


Os donos das fábricas se tornaram os empreendedores

característicos da época.

Na
sequência da Revolução Industrial, a invenção da linha de montagem por Henry
Ford no

início do século XX catapultou a produção em massa. Além de carros,


muitos outros bens passaram a

ser produzidos em grande quantidade, de forma


padronizada, reduzindo o custo de produção e,

consequentemente, o preço final


para o consumidor.

A
partir daí se consolidaram as grandes corporações industriais que, além de
produzirem bens

de forma massificada, demandaram uma grande quantidade de


empregados, tornando o emprego

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

em massa nas fábricas uma figura comum da época.


Os grandes industriais dessa época se tornaram

símbolo do empreendedorismo,
como Henry Ford, William C. Durant e outros.

Com a
Segunda Guerra Mundial surgiu o Eniac (Figura 2), uma máquina que se tornaria o
“avô”

dos computadores e o agente de mais uma revolução anos depois: a


revolução da informação.

Figura 2 – Eniac: o primeiro computador do mundo

Fonte: Everett Collection/Shutterstock.

Uma
das corporações que se destacaram nessa era da informação foi a IBM, com seus

computadores de grande porte – os mainframes –, utilizados pelas grandes


empresas, principalmente

durante os anos 1970 e 1980. Thomas Watson Senior foi


o responsável pelo direcionamento da

empresa existente, mudando seu nome para


IBM e tornando-a um ícone na área de computação e

negócio.

Se
poucas pessoas ouviram falar de Thomas Watson, quase todo mundo ouviu falar de
Steve
Jobs, não é mesmo? Apesar de não ter inventado o microcomputador, Jobs
fez com que sua máquina

fosse aceita e comprada por mais consumidores que


outros fabricantes de microcomputadores na

época.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

O ano
era 1977, e o mundo começava a ouvir falar dos empreendedores digitais; entre
os mais

conhecidos, além de Jobs, temos Bill Gates, fundador da Microsoft. Em


2007 a Apple, sob o comando

de Jobs, lançou o iPhone (Figura 3). Já


existiam outras empresas que ofereciam produtos análogos,

como a Motorola, a
Nokia e a BlackBerry, mas nenhuma tinha um produto que captava tão bem o

que o
consumidor queria em termos de telefone móvel. Basta dizer que as três empresas
citadas, que

dominavam o mercado de celulares na época, venderam ou fecharam


suas divisões.

Figura 3 – iPhone e outros celulares da época

Fonte: Dedi Grigoroiu/Shutterstock.

Apesar
de a tecnologia dos computadores e celulares continuar evoluindo, a década de 2010
foi
marcada por empreendedores que encontraram novas aplicações dessas
tecnologias para

necessidades antigas ou novas do mercado. Nessa nova frente,


destacam-se Jeff Bezos (com a

Amazon), Elon Musk (com a Tesla Motors) e Reed


Hastings (com a Netflix). Essa nova época foi

chamada por muitos de era do


conhecimento.

Empreendedores
usam a tecnologia para criar novos produtos ou atender melhor necessidades


existentes, impactando o mercado de trabalho. Se a era industrial precisava
empregar muitos

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

funcionários nas suas fábricas, hoje, graças à automação tanto


da produção quanto de bens tangíveis

ou intangíveis, emprega-se bem menos


pessoas.

Some a
isso o fenômeno da globalização, que deslocou a produção de bens tangíveis pelo

mundo em busca de condições mais vantajosas de produção. Nos dias atuais, isso
pode ser

constatado pela grande quantidade de produtos produzidos na China, ao


passo que o Brasil

responde por quantidades significativas da produção mundial


de grãos e proteína animal.

Até
aqui enxergamos o empreendedorismo como um fenômeno social que move o
desenvolvimento da humanidade. É com base nele que inovações ganham corpo e se
tornam os

produtos e serviços que melhoram a sociedade. Mas o empreendedorismo


também se mostra como

fenômeno econômico que cria oportunidades de ocupação,


renda e enriquecimento para as pessoas,

criando oportunidades para os


empreendedores inovarem e trazerem benefícios aos consumidores,
sendo
recompensados pelos seus esforços.

TEMA 2 – CONCEITO DE EMPREENDEDORISMO

Quem
são os empreendedores? São super-heróis que vieram salvar o mundo? São seres
iluminados que guiam a humanidade? São os “escolhidos”, como o Neo, da trilogia
de filmes Matrix?

Lembramos
facilmente dos empreendedores de sucesso, como Henry Ford, Bill Gates e Steve
Jobs, que se tornaram celebridades, mas além deles existem milhares de outros
empreendedores

bem-sucedidos e que trouxeram inúmeras contribuições, como os


inventores do zíper. Obviamente,
não podemos nos esquecer de tantos outros,
famosos ou não, que não foram bem-sucedidos.

Empreender é uma atividade de


risco, sujeita ao sucesso e ao insucesso.

O que
significa “ser empreendedor”? Nos dicionários, o significado do termo
“empreender” tem
como definição: decidir ou tentar uma tarefa difícil; pôr em
execução; realizar. Ou seja, é o ato de

uma pessoa fazer alguma coisa não muito


fácil, relacionada a qualquer atividade humana. Com o
tempo, o termo passou a
representar atividades empresariais, e sua derivação “empreendedorismo”

compreende
predominantemente a iniciativa de implementar novos negócios.

Muitos
autores e estudiosos tratam do tema empreendedorismo e apresentam diferentes
definições. Aqui nós o definimos conforme Filion (2011, p. 8): "um
empreendedor é um ator que

inova a partir do reconhecimento de oportunidades,


toma decisões de risco moderado que levam a

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

ações que requerem o uso eficiente


de recursos e contribuem para adicionar valor”. Essa definição é
oportuna pois
engloba seis componentes que constituem a essência da atividade empreendedora

para Filion, conforme a Figura 4.

Figura 4 – Principais elementos que compõem a definição de “empreendedorismo”

Fonte: Filion, 2011, p. 8.

Entre
os elementos apontados por Filion, podemos começar pelo reconhecimento de

oportunidade. A oportunidade é uma necessidade não satisfeita, sem a qual o


interesse pelo
consumo de bens e serviços não faz sentido; se existe a
necessidade, esse é o ponto de partida. A

inovação trata de atender a


oportunidade de uma nova forma. Mas não devemos entender isso
somente como uma
questão de novas tecnologias sofisticadas de última geração.

O Manual
de Oslo (OCDE, 2006, p. 23) cita quatro tipos diferentes de inovação:

1. De produto: muda as potencialidades de


produtos e serviços;

2. De
processo: muda os métodos de produção e distribuição;

3. Organizacional:
implementa novos métodos organizacionais;

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

4. De
marketing: implementa novos métodos de marketing.

O
empreendedor não precisa ser um cientista envolvido com as últimas conquistas
tecnológicas

para inovar; uma “inovação” só se denomina assim se houver uma


aplicação, um uso no mercado.
Caso contrário, trata-se de uma “invenção”. Veja
o Quadro 1.

Quadro
1 – Diferença entre inovação e invenção

Ator Inventor Empreendedor

Objeto Invenção Inovação

Beneficiário ??? Consumidor

Agrega valor Não necessariamente Sim

Fonte: Cherubin, 2020.

O
empreendedor deve ser capaz de executar uma ação ou conjunto de ações
para tornar
realidade o atendimento da oportunidade. Para isso, ele precisará
usar recursos dos mais diversos,

como financeiros, humanos e materiais.


Se o empreendedor fizer isso corretamente, adicionará valor
ao consumidor, que
então estará disposto a comprar os produtos/serviços ofertados pelo

empreendimento.

Nessa
equação, o risco está presente da seguinte forma:

Não
conseguir identificar uma oportunidade real;

A
inovação proposta não ser percebida assim pelo mercado;
As
ações não serem executadas, ou serem executadas de forma inadequada;

Não
conseguir reunir os recursos suficientes ou adequados para o empreendimento.

Vamos visualizar o
funcionamento desses elementos no caso dos calçados – produto
imprescindível na
vida moderna, que acompanha o homem há muitos séculos. Sua inovação

começou com
materiais rudimentares, juntados em forma de sola e tiras, para proteger a sola
do pé
do contato com o chão. O couro foi usado por muito tempo e, em meados do
século XX, borracha,

plásticos e tecidos passaram a ser usados também. Pode-se


reconhecer uma oportunidade na

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

finalidade dos calçados: inicialmente proteção,


depois diferentes atividades e meios e, por fim, a
aparência.

A
organização da produção artesanal data de muitos séculos, passando pela
produção fabril,

restrita geograficamente, chegando à produção descentralizada


dos dias atuais. Os recursos, por sua
vez, passam pelo uso de ferramentas
simples na produção artesanal até chegarem nas grandes

fábricas, com suas


linhas de produção – algumas automatizadas.

O
consumidor adiciona mais valor ao produto quando está diante dos mais variados
modelos de
calçados (Figura 5) para os mais diversos fins – seja trabalho ou
lazer –, buscando proteção, conforto,

melhoria de desempenho ou aparência.

Figura 5 – Modelos de sapato

Fonte: Ewa Studio/Shutterstock.

O
risco se apresenta na forma de produzir um calçado que não agrade o consumidor
ou não
ofereça um produto melhor que a concorrência. Por isso um bom
empreendedor precisa ter sempre

em mente os elementos apresentados, para


garantir o sucesso de sua atividade empreendedora.
Lembre-se que a dinâmica de
mercado – impulsionada pela própria atividade empreendedora –

impacta continuamente
esses elementos. Isso obriga o empreendedor a ter uma vigilância constante
sobre a maestria na gestão de elementos.

TEMA 3 – MOTIVAÇÃO EMPREENDEDORA


https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Empreender
pode ser uma “carreira”, sujeita ao sucesso e ao fracasso, como tantas outras.

Tornar-se empreendedor depende das escolhas do indivíduo, sujeitas a crenças,


valores e também a
seus medos. Além disso, uma vez tomada a decisão, muito
trabalho, perseverança e esforço serão
necessários para tornar o empreendimento
uma realidade.

Mendes
(2017, p. 62) traz uma observação interessante sobre ser empreendedor: é muito
fácil
querer – e deixar de querer – ser empreendedor. Ao aplicar métodos de
avaliação de perfil

empreendedor, o autor descobriu que, enquanto 90% se diz


pronto para empreender, mais de 90%
prefere continuar empregado enquanto não
surgir uma oportunidade segura.

Essa
avaliação mostra o quão pouco as pessoas estão dispostas a lidar com o elemento
risco

(apontado por Filion como parte da definição do termo “empreendedor”).


Separando as pessoas que
dizem que gostariam de empreender das que realmente
empreendem, perguntamos: o que leva

alguém a empreender?

Na
análise do comportamento empreendedor, a notação mais conhecida sobre a
motivação para
empreender agrupa os fatores que levam as pessoas a se envolver
com o empreendedorismo em

duas categorias: por oportunidade e por necessidade.

Segundo
o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2017, p. 9):

Considera-se
empreendedor por oportunidade quem inicia um negócio principalmente pelo

fato de ter percebido uma oportunidade no ambiente;


Empreendedor
por necessidade é quem inicia um negócio pela ausência de
alternativas para

gerar ocupação e renda.

Para entender a motivação empreendedora, devemos entender um pouco


a motivação humana.
Vários autores estudam esse tema, e uma das teorias mais
conhecidas na área é a teoria de

motivação humana de Maslow (2014),


que propõe uma classificação hierárquica para as motivações
humanas. Essa
teoria, muito popular, ficou conhecida pela sua representação gráfica em forma
de

pirâmide, conforme a Figura 6.

Figura 6 – Pirâmide da hierarquia de necessidades (Maslow)

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Fonte: Maslow, 2014.

Cada
um dos níveis compreende um conjunto de necessidades hierárquicas. Conforme as

necessidades da base são satisfeitas, as do nível superior passam a ser o fator


motivador do
comportamento humano.

Resumidamente,
temos:

Necessidades
fisiológicas: alimentação, sede, descanso e proteção em
relação às intempéries

da natureza;
Necessidades de segurança: proteção de perigos,
tanto dos meios naturais quanto sociais;

Necessidades sociais: aceitação,


pertencimento, amor, relacionamentos e amizades;

Necessidades de estima: autoestima,


confiança, respeito por si e pelos outros;

Necessidades de realização:
autorrealização, uso do potencial próprio, “fazer o que gosta”,
autonomia e
independência.

Elas
podem ser agrupadas em três categorias:

1. Necessidades
básicas (fisiológicas e segurança);

2. Necessidades
psicológicas (sociais e estima);

3. Necessidade
pessoal (realização).

Para atender
essas necessidades, começando pela base, o ser humano precisa trabalhar para

obter alimentos e um local para habitar. Inicialmente ele começou trabalhando


para si mesmo e para
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

sua família. Eram os tempos da


caça e coleta de folhas e raízes na pré-história.

Na sociedade moderna, a produção própria foi substituída pelo


trabalho assalariado,
característico da era do emprego. E, como vimos, boa
parte das pessoas ainda busca o emprego, pois

ele representa menos riscos à


sobrevivência. Quando uma pessoa não consegue o emprego, se vê

obrigada a empreender para atender suas necessidades básicas – o que


caracteriza o
empreendedorismo por necessidade.

Conforme as necessidades básicas são atendidas, uma pessoa pode


pensar em suprir suas
necessidades psicológicas. Com a pressão de “ter o que
comer” aliviada, agora ela pode se dedicar a

suprir as necessidades sociais e


de estima, abrindo-se um campo para olhar para o

empreendedorismo não como


forma de sobrevivência, mas como alternativa para satisfazer as

necessidades
seguintes da hierarquia.

Conforme ela sobe na pirâmide, mais condições tem de olhar as


necessidades dos outros (para
além de suas próprias necessidades),
identificando reais oportunidades no mercado. A relação entre

as motivações
empreendedoras e as necessidades de Maslow pode ser observada na
Figura 7.

Figura 7 – Relação entre a motivação empreendedora e as


necessidades humanas

Fonte: Cherubin, 2020.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Compreendidas
as motivações para empreender (voluntárias ou involuntárias), a taxa de sucesso
de qualquer empreendedor depende do quanto ele está preparado para levar
adiante seu

empreendimento.

TEMA 4 – COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

As
motivações para empreender surgem em determinado momento da vida do indivíduo,

cabendo a ele decidir se tornar ou não um empreendedor. Isso corrobora uma afirmação
de Peter
Drucker, citado por Mendes (2017, p. 63): “empreendedorismo é um
comportamento, e não um traço

de personalidade”. Se o empreendedorismo é um
comportamento, passamos então a focá-lo e

analisá-lo, buscando entender quais


fatores levam ao seu sucesso.

4.1 CARACTERÍSTICAS DO
EMPREENDEDOR

Mendes
(2017, p. 63) compilou um conjunto de características que influenciam o
potencial
empreendedor (Quadro 2).

Quadro
2 – Características que influenciam o potencial empreendedor

São mestres em iniciativa, criatividade,


autonomia, autoconfiança e otimismo;
São responsáveis e aceitam assumir os
riscos e as possibilidades de fracassar;

São comprometidos e acreditam no que


fazem;
São visionários: conseguem visualizar o
futuro na mente;

São especialistas em tomar decisões;

São orientados a resultados de longo


prazo;
São dotados de uma forte intuição;

São indivíduos que fazem a diferença;


São farejadores e exploradores de
oportunidades;

São determinados e dinâmicos;

São dedicados, organizados e atualizados


sobre o negócio em que atuam;
São otimistas e apaixonados pelo que
fazem;

São líderes, formadores de equipes e


formadores de opinião;
São independentes e constroem o próprio
destino;

São inovadores e criadores de métodos


próprios;
São dotados de um forte sentido de
contribuição e realização;

São resilientes.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Fonte: Mendes, 2017, p. 63.

4.2 PERSONALIDADE DO EMPREENDEDOR


mais de 30 anos, Michel Gerber escreveu um livro que ficou famoso, O mito do

empreendedor, que apresenta uma ideia muito interessante: “cada pessoa que
inicia um negócio é

três pessoas em uma: o empreendedor, o gerente e o técnico.


Cada um desses personagens quer ser

patrão. Então eles iniciam um negócio


juntos a fim de livrar-se do patrão. Aí começa o conflito”
(1990, p. 19).

Cada
uma dessas personalidades (Figura 8) tem foco diferente: o empreendedor é o
visionário e
sonhador; o gerente é o pragmático; e o técnico é o executor.
Atingir um equilíbrio entre elas, para

Gerber, resulta numa pessoa muito


competente.

Figura
8 – As personalidades empreendedoras: o técnico, o empreendedor e o gerente

Fonte: Ilussart/Shutterstock.

Na
época, Gerber construiu essa tipologia com base na sua experiência
profissional, pois
percebeu que, das pessoas que ele conhecia e que abriram um
negócio, 99% eram empregadas e

exerciam uma função técnica, e começaram a


empreender porque estavam insatisfeitas no trabalho.

Continuando
as colocações de Gerber, sem o equilíbrio, em momentos diferentes cada

personalidade se sobressai, e então surge o conflito. O resultado é este: quem


tem a vertente técnica

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

acaba “vencendo” o conflito e toma conta do


empreendimento, o que resulta no desastre do

negócio. A realidade hoje é


diferente da época do livro, mas é oportuno observar que o equilíbrio

entre as
três personalidades continua importante para o sucesso de um novo negócio. E
qual é a
contribuição de cada uma?

O
técnico é o sujeito da execução, que tem a habilidade de fazer um
produto ou executar um

serviço. É o marceneiro, o programador de computador, o


farmacêutico, entre outros. É esse

conhecimento que permite criar um produto


que atenda a determinada necessidade;

O
empreendedor é o sujeito que vislumbra uma nova forma de atender melhor
uma
necessidade já existente ou atender uma necessidade ainda não atendida. É
quem está disposto

a correr riscos e organizar os recursos para isso;

O gerente
é o sujeito que organiza e controla a estrutura organizacional da empresa. Ele

garante que os recursos – organizados em forma de uma empresa perene – funcionem


de
forma eficiente e eficaz.

Estamos
falando de três papéis que podem ser exercidos pela mesma pessoa ou não. No
caso

dos pequenos empreendimentos, esses papéis se concentram no proprietário;


nas empresas maiores,

temos uma ou mais pessoas para cada papel. No caso do


proprietário, o desafio é muito maior para

equilibrar essas três dimensões


(Figura 9).

Figura 9 – Equilíbrio entre técnico, empreendedor e gerente

Fonte: Cherubin, 2020.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Historicamente,
a origem de muitos empreendedores no Brasil é técnica. Antes de virar

empreendedor, o técnico estava desempregado, insatisfeito no emprego anterior


ou vislumbrou uma

oportunidade para aplicar seu conhecimento técnico, e assim


criou uma empresa.

Um
caso de empreendedor de formação técnica bem-sucedido é Miguel Krigsner,
formado em

farmácia e bioquímica. Sua formação técnica lhe conferiu o


conhecimento para desenvolver produtos
de beleza e criar seu próprio negócio,
que hoje é o Grupo Boticário, e seu sucesso se deve ao fato de

ter conseguido
alinhar personalidades empreendedoras e gerenciais, garantindo crescimento e
bons

resultados até hoje.

Mas os
casos de insucesso entre os técnicos são inúmeros. Um exemplo comum é o técnico
em

manutenção de máquinas de lavar roupa. Esse funcionário é um excelente


técnico e resolve sair da
empresa para a qual presta assistência técnica e cria
sua própria assistência, aluga uma sala, monta a

oficina e começa o trabalho.


Como ele é um bom técnico, surgem clientes que ficam satisfeitos com

o serviço
e fazem propaganda boca a boca. Mais clientes vão aparecendo, e mais serviços
são

aceitos. Enquanto esse empreendedor privilegiar sua expertise e suas


atividades-fim, fará um bom
trabalho e aumentará a demanda, mas isso exigirá a
ampliação da estrutura para além de um único

indivíduo.

Ao
ampliar a estrutura para atender a demanda crescente, normalmente é necessário
contratar

mais pessoas e aumentar a estrutura da empresa, o que exige a criação


e formalização de novos

processos de gerenciamento, com mais clientes,


funcionários e processos.

Ou
seja, para o empreendedor de origem técnica, inicialmente as dimensões
empreendedoras e
técnicas são claras, já a dimensão gerencial é uma zona
cinzenta, sobre a qual ele tem pouca noção e

não compreende bem. Veja a Figura


10, que ilustra essa situação.

Figura 10 – Percepção das três dimensões pelo empreendedor

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Fonte: Cherubin, 2020.

4.3 HABILIDADES EMPREENDEDORAS

Para aumentar as chances de sucesso, o empreendedor precisa de um


conjunto de habilidades

que lhe permitam executar as tarefas necessárias à


operação do seu empreendimento de modo

eficiente. Razzolini
Filho (2012, p.  148) identificou e classificou as habilidades
necessárias ao

empreendedor, listadas no Quadro 3.

Quadro 3 – Habilidades empreendedoras

Gerenciais Comportamentais
Formação Empatia

Atualização Inteligência emocional

Informação Capacidade de ensinar e aprender


Liderança
Críticas
Princípios
Insatisfação estabelecida
Generosidade
Formação política e social
Bom senso
Formação humanista
Caráter
Indignação
Honestidade

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Morais e intelectuais Paixão

Inteligência Ética
Criatividade  

Independência e autonomia
Capacidade de reformular regras

Fonte: Cherubin, 2020, com base em Razzolini Filho,


2012, p. 148.

4.4 O PERFIL DO ENGENHEIRO

No contexto abordado aqui, o engenheiro se encaixa na dimensão


técnica, tendo em vista a

racionalidade que embasa sua formação. Vários cursos


procuram desenvolver outras habilidades
além das técnicas, ajudando muito o
profissional de engenharia. Mas isso não o exime de ter

consciência das suas


necessidades em desenvolver outras habilidades.

Como uma das profissões mais antigas e tradicionais no Brasil,


historicamente os engenheiros

estiveram à frente de empresas na área de


infraestrutura. Além de proprietários de empresa, muitos

engenheiros ocupam
cargos de direção. Graças à sua formação quantitativa, muitos engenheiros
também são alocados para cargos de gestão financeira e de produção.

Todavia, se na segunda metade do século XX a construção da


infraestrutura absorvia os

profissionais da área, hoje o quadro é diferente. O


campo de atuação do engenheiro se ampliou e se

tornou mais dinâmico, e ao mesmo


tempo se mostra como oportunidade – com mais opções de

atuação – e ameaça
– pois vários campos de atuação operam num ambiente de mudança intensa e
rápida
(Figura 11).

Figura
11 – A inteligência artificial e o aprendizado de máquina são campos
promissores da

engenharia

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Fonte: Zapp2Photo/Shutterstock.

TEMA 5 – O PROCESSO EMPREENDEDOR

“Processo empreendedor” é a denominação que a literatura confere


ao processo de iniciar o

novo negócio, desde a identificação da oportunidade


até sua operação. Segundo Mendes (2017,
p.  31), “o processo empreendedor
compreende quatro fases distintas, que demandam diferentes

comportamentos,
habilidades e formas de atuação”:

1. Identificar e avaliar oportunidades;

2. Elaborar o plano de negócios;

3. Identificar e organizar recursos;

4. Administrar as atividades.

Ao
falarmos do processo empreendedor, precisamos entender três variáveis que o
influenciam:
inovação, existência e porte
da empresa. Vamos entender um pouco de cada uma.

Será
que identificar uma oportunidade e atender necessidades não satisfeitas requer
a criação de
uma nova empresa? Para responder essa pergunta, vamos voltar à
definição de empreendedorismo

formulada por Filion (2011,


p. 8): “um empreendedor é um ator que inova a partir
do reconhecimento

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

de oportunidades, toma decisões de risco moderado que levam à


ações que requerem o uso

eficiente de recursos e contribuem para adicionar


valor”. Perceba que não se menciona a criação de

uma nova empresa.


De modo similar, outras definições do termo “empreendedorismo” não
mencionam
explicitamente a criação de uma nova empresa, já outras definições mencionam.

Muitas
oportunidades são atendidas por produtos e serviços criados por empresas já
existentes,

e muitas delas criam produtos e serviços regularmente, como o


Google e a Nestlé. Esse processo de

criação de produtos e serviços por empresas


existentes recebeu o termo intraempreendedorismo,

cunhado por
Gifford Pinchott  III, em seu livro Intraempreendedorismo: por que você
não tem que
deixar a corporação para se tornar um empreendedor?, publicado
em 1985. O autor defende que as

habilidades empreendedoras podem ser adquiridas


pelos colaboradores para empreender dentro da

organização em que atua.

Na
época do livro, o ambiente de negócios era muito mais estável e menos mutável
que hoje.

Para fazer frente ao ambiente atual de mudanças frenéticas, muitas


corporações têm processos que
desenvolvem e incentivam habilidades equivalentes
às “habilidades empreendedoras”, mantendo

programas de desenvolvimento de
criatividade e inovação organizacional.

A
grande diferença entre empreender numa empresa existente e em outra ainda a ser
criada é

que a primeira já tem expertise e recursos organizados e operantes, e


a segunda, não. Passando para

a variável inovação, quando se fala em


empreendedorismo, novamente nem todas as suas definições
mencionam que precisa
ser um produto ou serviço inovador; algumas definições enfatizam a

inovação, e
outras não. A Uber, por exemplo, foi inovadora quando trouxe o modelo de

intermediação entre donos de carros e passageiros para facilitar o deslocamento


das pessoas, mas,

ao lançar a Uber Eats, já havia o iFood e outras empresas


atuando no mercado. Ou seja, a Uber
começou como uma empresa inovadora e depois
se tornou seguidora.

Um
segundo exemplo é a 99Taxi, que começou como aplicativo para taxistas, passou a
atender

motoristas autônomos com a marca 99Pop e, em seguida, unificou os dois


segmentos, mudando de

nome para 99App. Na sequência, entrou no ramo de delivery


de comidas com a marca 99Food. Em

2018 foi adquirida pela empresa chinesa DiDi


Chuxing,
a maior
plataforma de transporte por celular
do mundo.

A
Figura 12 mostra a evolução da empresa, que no primeiro serviço foi
inovadora e, nos outros,
foi seguidora.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Figura 12 – Evolução da empresa 99

Fonte: RafaPress; Daniel


Constante/Shutterstock.

A
inovação está atrelada a determinados mercados, mas em tempos de globalização
fica cada

vez mais difícil separá-los geograficamente. Por exemplo, o


aplicativo para celulares Tik  Tok, de

criação e compartilhamento de
vídeos curtos, foi criado em 2016 por uma empresa chinesa e se

tornou o
aplicativo mais baixado nos Estados Unidos em outubro de 2018 – inovação de uma
empresa chinesa que se expandiu rapidamente do mercado local para o global.

Mas e
no caso de um produto mais singelo, como a tapioca? Onde estaria a inovação?
Trata-se

de um produto de origem indígena, muito popular no Nordeste do Brasil


e que, por volta de 2016,

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

começou a se tornar popular em outras regiões. Seria


um produto inovador no Sul? E se um

empreendedor resolvesse montar uma “tapiocaria”


numa cidade do interior do Sul, na qual não
existia nada similar? É uma
inovação? E uma tapiocaria na Alemanha (Figura  13)? É uma inovação
ainda
maior?

Figura 13 – Tapiocaria food truck na Alemanha

Retomando
as variáveis em discussão – inovação, existência e porte da empresa –, o
intuito
deste texto não é discutir as dualidades para cada uma delas, mas
mostrar ao candidato a
empreendedor como somente essas três variáveis podem
abrir vários cenários para o

empreendedorismo.

Nossa
ideia é focar a combinação que traz mais desafios para o potencial
empreendedor,

conforme a Figura 14.

Figura 14 – Variáveis que afetam o processo empreendedor

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Fonte: Cherubin, 2020.

Os
maiores desafios estão em começar uma empresa nova, de pequeno porte e alta
inovação;
por isso damos mais atenção a essa configuração. Empresas existentes
e de grande porte têm

recursos e conhecimento para lançar produtos e serviços


inovadores – mas isso não é uma garantia
por si só de que serão bem-sucedidas.

O
processo empreendedor trata das etapas para criar uma
estrutura empresarial que forneça o
produto/serviço objeto da atividade
empreendedora. Veja a Figura 15.

Figura 15 – O processo empreendedor

Fonte: Mendes, 2017, p. 32.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

Na
etapa de identificar/avaliar a oportunidade, o empreendedor identifica
uma oportunidade

não atendida ou que possa ser mais bem atendida. Também


verifica a sustentabilidade dessa
oportunidade, verificando num primeiro
momento o quanto é capaz de gerar lucro.

A
etapa de elaborar o plano de negócios demonstra a viabilidade do negócio
a ser criado para
atender a oportunidade identificada com uma análise
financeira. Também relaciona os recursos
necessários para a empresa funcionar
e, por fim, mostra as etapas necessárias para criar a empresa,

numa perspectiva
cronológica.

Na
etapa de identificar e organizar recursos, o empreendedor busca recursos
financeiros,

materiais e humanos para criar a empresa e estruturá-la. Por fim,


a etapa de administrar as
atividades se refere à gestão da empresa após
o início de sua operação. Trata-se de monitorar o
mercado, o ambiente e a
estrutura organizacional para garantir o bom desempenho, o lucro e a

perenidade
da empresa.

FINALIZANDO

Vimos
que o empreendedorismo sempre esteve presente na história, assumindo um papel
de

protagonista no seu desenvolvimento econômico e social. Os empreendedores


são agentes de
transformação com diversas motivações, que impulsionam seu
ímpeto e esforço na oferta de bens e
serviços.

O
risco é uma realidade presente nesse processo, e o empreendedor precisa sempre
minimizá-
lo. Ele precisa se desenvolver, conhecer suas características e
personalidades, e desenvolver suas

habilidades. Ao se desenvolver, o
empreendedor estará mais apto a seu ofício, diminuindo as chances
de fracasso e
atendendo às oportunidades oferecidas pelo mercado.

REFERÊNCIAS

FILION, L. J. Defining the entrepreneur. In: DANA, L.-P. (Ed.). World


encyclopedia of
entrepreneurship. Cheltenham; Northampton: Edward Elgar,
2011. p. 41-52.

GEM – Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedorismo no


Brasil: relatório executivo.

Curitiba: IBQP,
2017.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/25
27/08/2022 22:49 UNINTER

GERBER, M. E. O mito do empreendedor. São Paulo:


Saraiva, 1990.

MASLOW, A. H. A theory of human motivation.


Floyd: Sublime Books, 2014.

MENDES, G. Empreendedorismo 360º: a prática na prática.


São Paulo: Atlas, 2017.

OCDE – Organização para a


Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Oslo:

diretrizes para
coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. São Paulo: Finep, 2005.

RAZOLLINI FILHO, E. Empreendedorismo: dicas e planos


de negócios para o século XXI.
Curitiba: Ibpex,
2010.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/25

Você também pode gostar