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AULA 1
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Figura 1 – Máquina a vapor
3
Figura 2 – Eniac: o primeiro computador do mundo
4
Figura 3 – iPhone e outros celulares da época
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ganham corpo e se tornam os produtos e serviços que melhoram a sociedade.
Mas o empreendedorismo também se mostra como fenômeno econômico que
cria oportunidades de ocupação, renda e enriquecimento para as pessoas,
criando oportunidades para os empreendedores inovarem e trazerem benefícios
aos consumidores, sendo recompensados pelos seus esforços.
6
Figura 4 – Principais elementos que compõem a definição de
“empreendedorismo”
Reconhecimento
Inovação
de oportunidade
Risco
Ação Uso de
recursos
Adição de
valor
Fonte: Filion, 2011, p. 8.
8
trabalho ou lazer –, buscando proteção, conforto, melhoria de desempenho ou
aparência.
9
Essa avaliação mostra o quão pouco as pessoas estão dispostas a lidar
com o elemento risco (apontado por Filion como parte da definição do termo
“empreendedor”). Separando as pessoas que dizem que gostariam de
empreender das que realmente empreendem, perguntamos: o que leva alguém
a empreender?
Na análise do comportamento empreendedor, a notação mais conhecida
sobre a motivação para empreender agrupa os fatores que levam as pessoas a
se envolver com o empreendedorismo em duas categorias: por oportunidade e
por necessidade.
Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2017, p. 9):
Realização
Estima
Sociais
Segurança
Fisiológicas
10
Cada um dos níveis compreende um conjunto de necessidades
hierárquicas. Conforme as necessidades da base são satisfeitas, as do nível
superior passam a ser o fator motivador do comportamento humano.
Resumidamente, temos:
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Conforme ela sobe na pirâmide, mais condições tem de olhar as
necessidades dos outros (para além de suas próprias necessidades),
identificando reais oportunidades no mercado. A relação entre as motivações
empreendedoras e as necessidades de Maslow pode ser observada na Figura 7.
Oportunidade
Percepção de
oportunidades
Motivação Preciso fazer o
empreendedora que eu gosto
Preciso
sobreviver
Necessidade
Necessidades humanas
Fonte: Cherubin, 2020.
12
Quadro 2 – Características que influenciam o potencial empreendedor
13
Figura 8 – As personalidades empreendedoras: o técnico, o empreendedor e o
gerente
Fonte: Ilussart/Shutterstock.
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• O gerente é o sujeito que organiza e controla a estrutura organizacional
da empresa. Ele garante que os recursos – organizados em forma de uma
empresa perene – funcionem de forma eficiente e eficaz.
Estamos falando de três papéis que podem ser exercidos pela mesma
pessoa ou não. No caso dos pequenos empreendimentos, esses papéis se
concentram no proprietário; nas empresas maiores, temos uma ou mais pessoas
para cada papel. No caso do proprietário, o desafio é muito maior para equilibrar
essas três dimensões (Figura 9).
Técnico Empreendedor
Gerente
Identificação de
Dimensão oportunidades
empreendedora
Fornecimento
Gestão de do produto
clientes? Dimensão técnica
Gestão de
pessoas? Gestão de
produtos?
Dimensão gerencial
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operação do seu empreendimento de modo eficiente. Razzolini Filho (2012,
p. 148) identificou e classificou as habilidades necessárias ao empreendedor,
listadas no Quadro 3.
Gerenciais Comportamentais
Formação Empatia
Atualização Inteligência emocional
Informação Capacidade de ensinar e aprender
Críticas Liderança
Insatisfação estabelecida Princípios
Formação política e social Generosidade
Formação humanista Bom senso
Indignação Caráter
Morais e intelectuais Honestidade
Inteligência Paixão
Criatividade Ética
Independência e autonomia
Capacidade de reformular regras
Fonte: Cherubin, 2020, com base em Razzolini Filho, 2012, p. 148.
17
Figura 11 – A inteligência artificial e o aprendizado de máquina são campos
promissores da engenharia
Fonte: Zapp2Photo/Shutterstock.
19
A Figura 12 mostra a evolução da empresa, que no primeiro serviço foi
inovadora e, nos outros, foi seguidora.
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Mas e no caso de um produto mais singelo, como a tapioca? Onde estaria
a inovação? Trata-se de um produto de origem indígena, muito popular no
Nordeste do Brasil e que, por volta de 2016, começou a se tornar popular em
outras regiões. Seria um produto inovador no Sul? E se um empreendedor
resolvesse montar uma “tapiocaria” numa cidade do interior do Sul, na qual não
existia nada similar? É uma inovação? E uma tapiocaria na Alemanha
(Figura 13)? É uma inovação ainda maior?
21
Figura 14 – Variáveis que afetam o processo empreendedor
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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EMPREENDEDORISMO
AULA 2
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Figura 1 – Hierarquia de necessidades de Maslow
3
A racionalidade humana sempre vai buscar o jeito que exija menos
esforço para atender uma necessidade. Para isso, a humanidade pôs em uso
sua genialidade utilizando a inovação para criar meios para diminuir o esforço na
busca da satisfação da sua necessidade.
Ou seja, em uma relação de custo-benefício, se algum método de
satisfazer uma necessidade apresentar um benefício maior e um custo menor,
será adotado. Nessa busca, o homem inventou ferramentas e máquinas e
transferiu o trabalho para outras pessoas de acordo com o sistema de trocas.
No caso do pão, antigamente, ele era feito em casa, depois passou-se a
compra-lo na padaria, pois ganhava-se tempo e o custo pelo produto era menor.
Todavia, recentemente, várias pessoas passaram a fazer pão em casa buscando
um produto mais natural sem o uso de conservantes e também por hobby (veja
a Figura 3).
4
2. A necessidade de segurança ao consumir um produto que não faça mal,
pois a pessoa acredita que os conservantes utilizados podem ser
prejudiciais à saúde.
3. A necessidade de realização fazendo você mesmo um pão, ou seja, a
satisfação de ver que se é capaz de fazer um pão melhor do que o da
padaria.
5
Figura 4 – Tomar um milk-shake de café da manhã é prático
Como exemplo, vamos imaginar uma pessoa que precisa ir à sua agência
bancária. Como essa agência fica distante dez quadras da sua casa, o trabalho
6
que essa pessoa precisa fazer é se deslocar essa distância. Esse deslocamento
envolve algumas opções (Figura 6):
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Quadro 1 – Formas, trabalho e tempo para obtenção da bebida café
4. Comprar pronto na Sem tempo de preparo e não Valor unitário mais caro do que
cafeteria no local de precisa arrumar nem limpar fazer em casa.
trabalho louça e equipamentos
utilizados.
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Quadro 3 – Categorias de benefícios e custos
Benefícios Custos
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Uma oportunidade de negócios se mostra na medida que um
produto/serviço cria valor para o cliente, provendo mais benefícios do que custos,
quando o cliente decide adquirir e usar o produto/serviço em questão. Mas como
se cria valor para o cliente? Já temos o conceito de valor apresentado por
Churchil e Peter (2000) e o conceito de job to be done proposto por Christensen.
Mas, ainda assim, empreendedores podem achar os dois conceitos um
pouco abstratos e difíceis de se colocar em prática. Até por isso, muitas vezes,
são ignorados na hora de se avaliar uma oportunidade de negócio, aumentando
a chance de insucesso do novo empreendimento.
Para ajudar os futuros empreendedores Alexander Osterwalder junto com
alguns colaboradores criou uma ferramenta para análise e criação de valor,
conhecida como Canvas da Proposta de Valor. Essa ferramenta se tornou muito
popular por facilitar muito para os interessados a lidar com essa questão da
geração de valor.
Essa ferramenta foi uma evolução de outra ferramenta, que é o Business
Model Generation – mais conhecido no Brasil por BMG Canvas, cujo propósito
é ajudar a criar e a analisar modelos de negócios. Isso é feito a partir de nove
quadrantes que são os elementos que compõem o modelo de negócio, conforme
pode ser observado na Figura 9.
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A Figura 9 mostra a interseção das duas ferramentas, na qual observa-se
que os quadrantes Proposta de Valor e Segmentos de clientes do BMG Canvas
tornaram-se a base do Canvas da Proposta de Valor (representados pelo
quadrado e o círculo azul).
O Canvas da Proposta de Valor concebido por Osterwalder et al. (2014,
p. 61) possui dois lados. O lado representado pelo círculo refere-se ao perfil do
cliente, no qual se esclarece a compreensão do cliente. O outro lado,
representado pelo quadrado, é o mapa de valor, no qual se descreve como a
empresa intenciona criar valor para o cliente em questão. Quando a proposta de
valor se ajusta ao perfil do cliente, se tem o encaixe de mercado. Veja a
representação da ferramenta na Figura 10.
12
Sem falar que isso também facilita o uso da ferramenta em grupo,
facilitando a discussão dos temas por todos os envolvidos. A ferramenta em uso
ficaria como mostra a Figura 11.
13
Figura 12 – Trabalho do cliente
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Figura 13 – Dores dos clientes
• Como seus clientes definem muito caro? Leva muito tempo, custa muito dinheiro, ou
requer esforços substanciais?
• O que faz com que seu cliente se sinta mal? Quais são suas frustrações,
aborrecimentos ou coisas que lhes dão dor de cabeça?
• A proposta de valor atual está atendendo adequadamente seus clientes? Está faltando
alguma coisa? Algo não está funcionando bem?
• Quais riscos seus clientes temem? Riscos financeiros, sociais ou técnicos? Ou algo
que poderia dar errado preocupa eles?
• O que está tirando o sono dos seus clientes acordados à noite? Quais são seus
grandes problemas e preocupações?
• Quais erros comuns seus clientes costumam cometer? Eles estão usando uma
solução da maneira errada?
Seguindo para o próximo item, temos os ganhos dos clientes, que, para
Osterwalder et al. (2014, p. 16),
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clientes, e alguns os surpreenderiam. Os ganhos incluem utilidade
funcional, ganhos sociais, emoções positivas e economia de custos.
Ganhos São ganhos sem os quais uma A expectativa mais básica que temos
necessários solução não funcionaria. de um smartphone é que podemos
fazer uma ligação com ele.
Ganhos Esses são ganhos relativamente Desde que a Apple lançou o iPhone,
esperados básicos que esperamos de uma esperamos que os telefones sejam
solução, mesmo que funcione sem bem projetados e com boa
eles. aparência.
Ganhos Esses são ganhos que vão além do Desejamos que os smartphones
desejados que esperamos de uma solução, sejam perfeitamente integrados aos
mas que gostaríamos de ter, se nossos outros dispositivos.
pudéssemos. Esses geralmente são
ganhos que os clientes poderiam
obter se você os perguntasse.
Ganhos São ganhos que vão além das Antes que a Apple trouxesse telas
inesperados expectativas e desejos dos clientes. sensíveis ao toque, ninguém
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Eles nem pensariam neles se você realmente pensava nelas como parte
perguntasse. de um telefone.
• Quais economias fariam seus clientes felizes? Quais economias em termos de tempo,
dinheiro e esforço eles valorizariam?
• Quais níveis de qualidade eles esperam e o que eles desejam mais ou menos?
• O que facilitaria a vida ou o trabalho de seus clientes? Poderia haver uma curva de
aprendizado mais plana, mais serviços ou custos mais baixos de propriedade?
• Quais consequências sociais positivas seus clientes desejam? O que os faz parecer
bons? O que aumenta seu poder ou status?
• O que os clientes mais procuram? Eles estão procurando um bom design, garantias,
características específicas ou mais?
• Com o que os clientes sonham? O que eles desejam alcançar, ou o que seria um
grande alívio para eles?
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empresa. Esses produtos e serviços somente têm potencial para criar valor
quando levando em consideração a relação com um segmento específico de
consumidores e seus respectivos trabalho, ganhos e dores.
Para Osterwalder et al. (2014, p. 29), a proposta de valor da empresa deve
considerar vários tipos de produtos e serviços, entre os quais:
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Os autores destacam que propostas de valor adequadas focam nas dores
extremas do cliente, uma vez que não é necessário ou possível tentar encontrar
soluções para todas as dores do cliente. Deve se focar nas dores maiores e
aliviar estas efetivamente.
O Quadro 7 traz uma lista de questões que, segundo os autores, podem
ajudar a pensar de diferentes modos em como seus produtos e serviços podem
ajudar os clientes a aliviarem suas dores.
...eliminar os riscos que seus clientes temem? Em termos de riscos financeiros, sociais,
técnicos ou coisas que potencialmente
podem dar errado.
limitar ou erradicar erros comuns cometidos Ajudando-os a usar uma solução da maneira
pelos clientes? certa.
eliminar barreiras que impedem seu cliente Introduzir custos de investimento iniciais
de adotar propostas de valor? mais baixos ou inexistentes, uma curva de
aprendizado mais plana ou eliminar outros
obstáculos que impedem a adoção.
Fonte: Elaborado com base em Osterwalder et al., 2014, p. 31.
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surpreso, incluindo utilidade funcional, ganhos sociais, emoções
positivas e economia de custos.
...criar consequências sociais positivas? Fazendo com que o cliente pareça melhor ou
produzindo um aumento de poder ou status.
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...cumprir um desejo que os clientes sonham? Ajudando-os a alcançar suas aspirações ou
obtendo alívio de uma dificuldade?
Figura 18 – Encaixe
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Figura 19 – Encaixe entre o mapa de valor e o perfil do cliente
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Quadro 9 – Bases e critérios para segmentação de mercado
Demográfica Sexo
Idade
Etnia
Renda
Ocupação
Tamanho da família
Ciclo de vida da família
Geográfica Região
Densidade populacional
Clima
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Quadro 10 – Perfil de um consumidor de café
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Verifica-se que, para o mesmo consumidor de café (Carlos), dependendo
do contexto, soluções diferentes são necessárias. Exceto em sua casa, seu
trabalho nas outras situações consiste em buscar um lugar para consumir o café
e consumi-lo. Em sua casa, não terá o trabalho de buscar um local para consumir
o café, mas terá o trabalho de prepará-lo.
Focando esse trabalho de preparar o café em casa, muitas empresas
criaram um produto para facilitar a vida de Carlos: a cafeteria elétrica doméstica
(Figura 20).
Crédito: xiaorui/Shutterstock.
25
Do lado do perfil do cliente, nos post-its da cor azul, observa-se o trabalho
que Carlos precisa fazer pela manhã para beber o seu café. Como muitas
pessoas nesse horário, acaba tendo que fazer outras tarefas em paralelo
também. Nos post-its da cor vermelha, vemos as dores que afligem Carlos. E
nos post-its da cor laranja estão os ganhos esperados por Carlos. Resumindo,
aproveitar o momento do café, resolver as coisas e não atrasar.
Do lado da Proposta de Valor do produto cafeteira, tem-se nos post-its
verdes os ganhos proporcionados e dores aliviadas pelo produto, ou seja, o valor
gerado. Para proceder ao encaixe, verifique se o produto alivia as dores, cria
ganhos e contempla diretamente alguns dos trabalhos, dores ou ganhos do
cliente. A Figura 15 mostra o resultado do encaixe para a proposta de valor da
cafeteira.
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Voltando à análise do encaixe, somente um dos ganhos não foi
contemplado pela proposta de valor da cafeteira: café pronto ao acordar. A
cafeteira considerada nesse exemplo é um modelo mais simples, que precisa
ser ligado para iniciar a preparação do café. Para atender a esse ganho, essa
cafeteira precisaria ter um timer, que ligaria o equipamento em um horário pré-
determinado e, quando Carlos acordasse, já teria o café pronto esperando por
ele.
Todavia, pode-se considerar esse ganho como não essencial, pois, para
atender ele colocando o recurso do timer, provavelmente o preço da cafeteira
seria mais do que o dobro do valor, fazendo com que Carlos não pagasse esse
preço somente por esse recurso a mais (por isso existem vários modelos com
diferentes recursos e preços no mercado). Ou seja, na percepção de Carlos,
seria bom ter um timer, mas ele vive bem sem esse recurso.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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EMPREENDEDORISMO
AULA 3
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Mas quem são os concorrentes? Qualquer candidato a empreendedor que
intencione atender o mesmo mercado, segmento de mercado ou clientes que
você. Uma das dificuldades em empreender hoje é que rapidamente um negócio
que mostre sucesso inicial (independentemente de ser sustentável no
médio/longo prazo) rapidamente atrai a atenção de outros “empreendedores”
que copiam a ideia, abrindo um negócio que se torna concorrente direto.
Para ilustrar, vamos utilizar o exemplo das barbearias: até por volta de
meados dos anos 2000, era um negócio cuja clientela ficou restrita aos clientes
mais tradicionais ou mais velhos, pois os jovens já frequentavam os salões de
beleza para cortar cabelo. Também naquela época, barba era um atributo que
não estava na moda entre os homens brasileiros. Bastava fazer a barba em casa
mesmo e sair com o rosto limpo.
Por volta de 2010, surgiram algumas poucas barbearias renovadas e
modernizadas, procurando oferecer um ambiente para cuidados da beleza
masculina fora dos tradicionais salões de beleza. Decoração moderna, com
toques de masculinidade e bebidas alcóolicas para consumo enquanto o cliente
era atendido. A proposta era proporcionar um “ambiente para macho” (Figura 1).
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principalmente as de pequeno porte: quanto menor, maior a quantidade. Até um
ponto que em determinados bairros e cidades havia mais barbearias do que
clientes dispostos a frequentá-las.
E por que isso aconteceu? Porque barbearia é um negócio fácil de abrir,
principalmente as de pequeno porte. O investimento é baixo, não há
equipamentos caros ou complexos para operar e se você não sabe cortar cabelo
e fazer barba, não tem problema, tem curso on-line na Internet a partir de R$
29,90 sobre esse tema.
Esse caso relaciona-se a um conceito de novos entrantes no mercado na
análise das forças da concorrência no modelo proposto por Porter (2015).
Quanto mais difícil for, a possibilidade de novos entrantes virem a atuar do
mercado, melhor para quem já está no mercado, pois a concorrência não se
torna acirrada. O mecanismo que impede ou dificulta o movimento de novos
entrantes é conhecido como barreiras de entrada, que podem ser classificadas
nas formas apresentadas no Quadro 1.
Tipos Exemplos
Financeiras Necessidade de capital elevada.
Acesso à fontes de financiamento.
Técnicas Conhecimento e know-how.
Domínio de tecnologias de ponta.
Curva de aprendizagem.
Legais Regulamentações que impedem ou restringem o acesso ao
mercado.
Patentes.
Mercado Economias de escala.
Marca conhecida.
Acesso a canais de distribuição.
Acesso a fornecedores.
Fonte: baseado em Porter, 2015.
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Os técnicos candidatos a empreendedor, naturalmente, podem contar a
barreira técnica à mão dependendo de como eles usam esse conhecimento para
gerar valor para o cliente. Por isso, a importância de procurar oportunidades de
empreender que façam uso desse conhecimento. O foco deve ser como usar
esse conhecimento técnico para criar valor resolvendo dores ou trazendo ganho
para o consumidor.
Um outro lugar no qual os empreendedores técnicos podem procurar
oportunidades com possibilidade de construir uma vantagem competitiva é o
mercado organizacional, isto é, o mercado formado pelas pessoas jurídicas,
também conhecido pela sigla B2B (Business to Business).
Os mercados organizacionais são muito diversos, pois contam com
empresas de todos os tipos, desde uma padaria até uma montadora de
automóveis como a Toyota. E ainda esse mercado inclui órgãos governamentais
e empresas estatais, que também precisam de produtos e serviços de terceiros
para realizar sua atividade.
Apesar dessa grande diversidade, Churchil e Peter (2000, p. 174)
mencionam que existem algumas generalizações básicas que podem ser feitas
a respeito desses mercados, aqui mostradas no Quadro 2.
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Assim, um empreendedor que monta uma empresa de manutenção de
bomba hidráulicas vai ter menos entrantes potenciais do que um empreendedor
que monta uma restaurante.
O último item do Quadro 2 mostra que há muitas pessoas envolvidas na
decisão de compra no caso de consumidores organizacionais. Seguindo nessa
linha, também pode-se acrescentar que no caso do consumidor final, muitas
vezes, quem executa todo o processo de compra é quem consumirá o produto
ou serviço. No caso do consumidor organizacional, não necessariamente as
várias pessoas envolvidas no processo de compra consumirão o produto ou
serviço.
E como fica a proposta de valor para o consumidor organizacional? Para
o consumidor final, já vimos que focamos em segmentos específicos para os
quais são construídas essas propostas. Para o consumidor organizacional, a
segmentação refere-se à organização em si, não às pessoas envolvidas no
processo de compra organizacional.
Osterwald et al. (2014, p. 50) relatam que
Papel Descrição
Influenciadores Indivíduos ou grupos cujas opiniões podem contar e os
quais o tomador de decisão pode ouvir, mesmo de
maneira informal.
Recomendadores As pessoas que realizam o processo de busca e
avaliação e que fazem uma recomendação formal a favor
ou contra uma compra.
Compradores O indivíduo ou grupo que controla o orçamento e quem
econômicos efetua a compra real. Suas preocupações são
tipicamente sobre desempenho financeiro e eficiência
orçamentária.
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Tomadores de A pessoa ou grupo responsável em última instância pela
decisão escolha de um produto / serviço e pelo pedido da decisão
de compra. Os tomadores de decisão geralmente têm
autoridade máxima sobre o orçamento.
Usuários finais Os beneficiários finais de um produto ou serviço. Eles
podem estar dentro da organização (funcionários, por
exemplo) ou de uma organização (clientes, por exemplo).
Os usuários finais podem ser passivos ou ativos,
dependendo de quanto eles contribuem no processo de
decisão e compra.
Sabotadores As pessoas e grupos que podem obstruir ou atrapalhar o
processo de pesquisa, avaliação e compra de um
produto ou serviço.
Fonte: baseado em Osterwald et al, 2014, p. 51.
77
Mas antes de explicar esse dilema, vamos começar entendendo o que é
uma startup. Para Toledo (2013), “uma startup é uma organização formada para
encontrar um modelo de negócio repetível e escalável” (Figura 2).
Ou seja, se busca um negócio com perspectiva de grande crescimento
em pouco tempo (escalável) e com um formato de negócio que não se esgota
rapidamente porque os consumidores só tiveram um interesse inicial (repetível).
Como exemplo entre tantas startups conhecidas, temos a Airbnb, que dispensa
apresentações (Figura 2).
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isso é um pensamento unânime entre empreendedores que, para se
construir uma startup realmente grandiosa, receber investimentos é um
pré-requisito.
A startup precisa gerar valor para uma grande quantidade de clientes para
justificar o escalonamento e as grandes receitas. Nesse mundo, investidores
colocam muito dinheiro esperando ganhar muito mais dinheiro. E assim como
todos os outros tipos de negócio, a taxa de insucesso também é grande no
mundo das startups. Para cada caso bem-sucedido e famoso, houve inúmeros
casos de startups que falharam (Figura 3).
Figura 3 – Startups podem falhar assim como qualquer outro tipo de empresa
99
recursos e convencer investidores a colocarem dinheiro no empreendimento,
siga em frente.
Mas se a oportunidade vislumbrada é mais modesta, também siga em
frente e aproveite e faça uso do ferramental que costumeiramente as startups
utilizam. Afinal são ferramentas que trouxeram uma abordagem mais atual para
o tempo de mudanças constantes, frenéticas e cada vez mais aceleradas que
existe hoje.
Mesmo que você decida empreender em uma cidade pequena do interior
da Região Norte do país, esse lugar não está mais tão distante das novidades
que chegavam primeiro nas grandes cidades. Com a internet e os smartphones,
a disseminação da informação é quase instantânea, independente da distância
geográfica. Assim, novos hábitos de consumo, por exemplo, chegam muito mais
rápidos em outros lugares, a partir de onde se originou.
Por exemplo, o assistente virtual da Amazon, o Alexa, está há alguns
cliques de distância dos brasileiros (Figura 4). Você ouve falar dele por um amigo
no WhatsApp, faz uma busca no Google e realiza a compra no site da Amazon
Brasil e, em alguns dias, o Alexa estará entregue em sua casa.
10
10
disponível para os empreendedores para auxiliá-los a criar qualquer tipo de
negócio, em qualquer lugar. Apenas há alguns cliques de distância.
11
11
• O produto é lançado e grandes campanhas de divulgação e promoção são
implementadas.
12
12
em uma estrutura de aprendizado e descoberta e o segundo é baseado em uma
estrutura projetada para a execução.
Repare que, no passo dois, a Descoberta do Cliente, Blank (2013) fala em
testar o modelo de negócio, sendo um dos primeiros autores a mostrar a
importância desse conceito. Alguns anos depois, o Osterwald e Pigneur (2010)
tornaram o conceito de modelo de negócio muito popular com a publicação de
seu livro Business Model Generation. E, ainda, o modelo de negócio originou o
Modelo de Proposta de Valor criado posteriormente por Osterwald et al. (2014).
A Figura 7 mostra a evolução desses modelos.
13
13
Figura 8 – Business Model Generation: Canvas
Canais
Descreve como uma
empresa se comunica e
alcança seus segmentos
de cliente para entregar
uma proposta de valor.
Fontes de receita
Representa o dinheiro que uma empresa gera com cada segmento de cliente.
14
14
Cabe destacar que os componentes Proposta de Valor e Segmento de
Clientes foram desdobrados e deram origem ao modelo de Canvas da Proposta
de Valor elaborado posteriormente por Osterwald et al. (2014). Isso ocorreu
devido à dificuldade em identificar a proposição de valor para o cliente e a
necessidade de se dedicar mais a esse tema. O Quadro 5 descreve os
componentes básicos do lado esquerdo, focados na estrutura da empresa para
execução e entrega do produto.
Recurso principais
Descreve os recursos mais
importantes exigidos para fazer um
modelo de negócio funcionar.
Estrutura de custos
Descreve todos os custos envolvidos na operação de um modelo de negócio
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15
TEMA 4 – ANALISANDO A VIABILIDADE ECONÔMICA
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A sazonalidade traz um problema para o empreendedor, que é o ajuste
da capacidade instalada? Cria se uma estrutura para atender o pico da demanda,
ficando com essa estrutura ociosa em períodos de baixa demanda? Ou ignora-
se os picos de demanda, ajustando a capacidade instalada para uma média de
demanda?
A demanda também é influenciada pelas forças competitivas identificadas
por Porter (2015). Das cinco forças identificadas (Figura 9), três delas
influenciam no tamanho da demanda.
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17
consiga se estabelecer, no tempo que ele permaneceu no mercado, sua atuação
prejudicou os concorrentes já existentes.
E caso as barreiras de entrada sejam poucas ou inexistentes, haverá um
fluxo contínuo de novos entrantes se estabelecendo no mercado, enquanto
esses entrantes perceberem esse mercado como atrativo.
Os produtos substitutos também diminuem a demandas, oferecendo
soluções alternativas para os consumidores. Um caso clássico são
consumidores de café que passam a beber chá. São produtos diferentes, mas
atendendo a uma mesma necessidade. Outro exemplo recente é o caso do Uber,
que atua no mercado de transportes individualizados, tirando clientes dos
taxistas.
Por fim, a intensidade da rivalidade entre concorrentes. Quanto maior o
número de concorrentes no mercado, mais agressivas as ações desses
concorrentes se tornam, na tentativa de conquistar os clientes, já que estes
possuem muitas opções de compras entre os concorrentes.
A viabilidade do negócio deve se basear em uma análise de demanda que
levar em consideração a quantidade de clientes potenciais, o volume de compra
desses clientes e a frequência de compra em condições normais. A receita
decorrente da combinação dessas três variáveis deve ser suficiente para cobrir
os custos de operação da empresa.
E mesmo uma demanda regular, que sustente a empresa, a qualquer
momento pode ser afetada por alguns dos fatores discutidos até aqui, tornando
o que era viável até então, inviável. Por isso é importante estar antes da abertura
da empresa e também após o início das operações.
18
18
Figura 10 – Abrangência do plano de negócios
Por sua vez, Mendes (2017, p. 44) diz que o plano de negócio
1. Sumário executivo.
2. Análise completa e detalhada do setor de atuação.
3. Natureza jurídica e estrutura organizacional da empresa.
4. Simulação de relatórios financeiros.
5. Plano estratégico.
6. Plano operacional.
7. Apêndices.
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Quadro 7 – Estrutura de um plano de negócios
Item Descrição
1. Sumário É uma síntese do plano de negócio completo contendo os
executivo principais pontos abordados em cada capítulo para
despertar o interesse inicial do potencial investidor ou de
quem lê; é o último item a ser elaborado.
2. Diretrizes Qual é sua a visão? Qual é a sua missão? Quais são os
estratégicas do valores principais para o seu negócio?
negócio
3. Modelo de Qual é o seu plano? Em que negócio você está? O que
negócio você realmente vende? Qual é o seu público-alvo? Quais
são as suas vantagens competitivas?
4. Objetivos Volume de vendas para os próximos três a cinco anos,
estratégicos lucratividade esperada, taxa anual de crescimento,
expansão do negócio etc.
5. Objetivos Em que atividades você precisa se empenhar para atingir
táticos seus objetivos estratégicos? Produtos e serviços, plano de
marketing e vendas, fontes de financiamento, equipes de
trabalho etc.
6. Principais De produtos, de clientes, de promoção, de distribuição, de
políticas preços, de financiamentos, de investimentos, de produção.
7. Indicadores Qualquer agente financeiro, quando se consegue um, quer
financeiros saber se vale a pena colocar dinheiro no seu
empreendimento; portanto, quanto mais consistentes
forem os dados, maior a chance de conseguir uma boa
alma para financiar o seu negócio.
Fonte: baseado em Mendes, 2017, p. 80
20
20
• Identificar oportunidades e transformá-las em vantagem competitiva
para a empresa.
• Estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa.
• Informar o público externo sobre as reais possibilidades do negócio:
clientes, bancos, fornecedores, parceiros, investidores, associações
etc.
Fonte: baseado em Mendes, 2017, p. 49.
Por outro lado, o plano de negócios como ferramenta tem alguns pontos
fracos, a saber:
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21
Quadro 9 – Consumidores de filmes buscando entretenimento
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22
Figura 11 – O pitch de elevador: cinco minutos para vender sua ideia
23
23
Concorrência Quem são seus concorrentes diretos e indiretos? Mostre que
/ alternativas você tem um plano para vencer.
Modelo de Como você pretende prosperar?
negócios
Equipe Conte a história de seus fundadores e principais membros da
equipe.
Finanças Se você tiver alguma (análises, demonstrativos), por favor
inclua.
Visão Se tudo correr bem, o que você terá construirá em cinco
anos?
Fonte: baseado em Sequoia Capital, 2020.
Identidade
Receita Despesas
Marcos
Cada um dos 12 elementos do Lean Business Plan segue com uma breve
descrição (Parsons, 2020).
25
25
• Solução: descrição dos produtos e serviços e de como eles resolvem o
problema do cliente.
• Mercado alvo: descrição específica de quem são os clientes do negócio.
• Competidores: identificação dos competidores e das soluções
alternativas compradas e utilizadas pelos clientes.
• Canais de venda: como sua solução será vendida para os clientes.
• Atividades de marketing: descrição das atividades ou abordagens a
serem utilizadas para alcançarem os clientes. Descrição das estruturas
de custo e precificação.
• Receita: descrição da forma como o negócio ganhará dinheiro.
• Despesas: descrição das despesas chaves do negócio.
• Marcos: cronograma mostrando as principais realizações/conquistas do
negócio até o início da operação.
• Equipe e papéis-chave: cargos, profissionais e/ou papéis a serem
desempenhados para implementar o plano.
• Parceiros e recursos: parceiros-chaves que contribuirão para a criação
e operação do negócio.
26
26
FINALIZANDO
27
27
REFERÊNCIAS
BLANK, S. The Four Steps to the Epiphany: Successful Strategies for Products
That Win. K&S Ranch: Palo Alto, 2013.
28
28
EMPREENDEDORISMO
AULA 4
2
negócio, possibilitando que o empreendedor desenvolva as melhores
estratégias.
Uma vez tendo identificado seu público-alvo, seu segmento de mercado,
é preciso perguntar: Qual é o tamanho dele? Qual receita ele pode proporcionar?
Essa receita vai depender da quantidade de clientes potenciais no mercado
dispostos a comprar seu produto ou serviço, a um determinado preço, e do
volume e da frequência dessa compra.
Por exemplo, o volume de cafés vendidos por uma cafeteria varia
conforme a quantidade de clientes que frequentam o negócio, quantos cafés
cada cliente consume regularmente no decorrer do dia, e qual o volume
consumido de cada vez (xícaras pequenas, médias ou grandes).
Quanto menos o cliente consumir (volume x frequência) mais clientes
desse tipo a cafeteria vai precisar. Por outro lado, quanto mais o cliente
consumir, menos clientes serão necessários para chegar ao mesmo valor de
receita (Figura 1).
3
preços relativamente baixos. No outro extremo, temos o mercado de nichos, com
poucos clientes e preços relativamente altos.
Seguindo o mesmo exemplo do café: o café em pó embalado em pacotes
de 250 gramas, encontrado em qualquer supermercado no Brasil, tem um preço
baixo, sendo um exemplo de produto massificado. Mas hoje há um mercado para
cafés gourmets em ascensão no país, com produtos que chegam a custar até
dez vezes o valor do café comum. Concluímos que, quanto mais valor agregado
tem o produto, maior o seu preço deste, e menor o volume vendido para atingir
a mesma receita de um produto de menor valor agregado.
Há um método simples, mas muito oportuno, para dimensionar uma
demanda potencial para o negócio, chamado de indexação multifatorial.
Segundo Cecconello e Ajzental (2008, p. 85), “a indexação multifatorial atribui
pesos específicos a cada fator, podendo ser utilizados mais de um fator. Os
pesos utilizados para o índice de poder de compra são arbitrários, empregando-
se outros, caso seja apropriado”.
O Quadro 1 traz um exemplo do método de indexação fatorial.
4
Quadro 2 – Determinação do consumo de café na cidade de Franca pelo método
de indexação fatorial
5
O método da indexação fatorial é bastante prático para auxiliar nas
análises de receitas potenciais, uma vez que é muito difícil fazer previsões
precisas. Mais do que um número, esse método ajuda a pensar em variáveis que
podem afetar a demanda, e com isso o empreendedor ganha mais elementos
para considerar em suas análises e planejamentos.
Tipo Recurso
Instalações Imóvel
Equipamentos Espumador de leite
Kit reposição louças e talheres
Máquinas Máquina de café expresso
6
Refrigerador expositor vertical
Estufa para salgados
Vitrine refrigerada confeitaria
Forno elétrico
Forno micro-ondas
Moedor de café
Computador
Impressora fiscal
Geladeira
Móveis Balcão cafeteria/clientes
Conjunto mesa com 2 cadeiras
Banquetas
Sistemas Frente de caixa - PDV
Pessoas Atendente
Instalações Imóvel 50 m2 1
Equipamentos Espumador de leite 2
Kit reposição louças e talheres 1
Máquinas Máquina de café expresso 1
Refrigerador expositor vertical 1
Estufa para salgados 1
7
Vitrine refrigerada confeitaria 1
Forno elétrico 1
Forno micro-ondas 1
Moedor de café 1
Computador 1
Impressora fiscal 1
Geladeira 1
Móveis Balcão cafeteria/clientes 1
Conjunto mesa com 2 cadeiras 8
Banquetas 4
Sistemas Frente de caixa - PDV 1
Pessoas Atendente 3
8
estar atento a esse fator, pois ele pode provocar atrasos e/ou aumento do
investimento necessário para a abertura do negócio.
Por exemplo, o empreendedor decide pela compra de uma máquina de
café expresso importada. Porém, no momento do desembaraço aduaneiro,
surgem complicações que atrasam a liberação em 3 meses. Como a cafeteria
vai operar sem a máquina de café expresso? Não é possível.
Além dos recursos tangíveis, há dois recursos intangíveis imprescindíveis
para o empreendedor: tempo e conhecimento. Eles também devem ser bem
dimensionados, sendo fornecidos pelo próprio empreendedor ou por terceiros.
Assim, se o empreendedor não tem tempo para cuidar da abertura do negócio e
da operação diária, outra pessoa deve se incumbir dessas atribuições. Da
mesma forma, se o empreendedor não tem os conhecimentos necessários para
operar o negócio, ele deve assegurar-se de que alguém na empresa tenha esses
conhecimentos.
Produto Total R$
Café 400
Leite 320
Açucar/adoçante 150
Salgados 8000
Doces 10000
Canela 30
Chocolate em pó 400
Licores 200
Total 19500
10
e quantificar as despesas para a operação do negócio, o que pode ser observado
na Tabela 4.
Item Valor R$
Aluguel imóvel 2000
IPTU e taxas 500
Energia elétrica 1000
Água 600
Telefone fixo 100
Telefone celular 60
Internet banda larga 150
Contador 400
Tarifas bancárias 100
Mensalidade sistema PDV 250
Produtos de limpeza 600
Material de escritório 100
Folha de pagamento 6000
Total 11860
11
Reforçamos também que esses valores são ilustrativos e não devem ser
tomados literalmente como referência para se abrir uma cafeteria. O próprio
empreendedor é quem vai definir as especificidades de seu negócio,
determinando os recursos, os produtos e os insumos necessários, em
quantidades adequadas.
12
Esse tipo de demonstração financeira é muito utilizado por médias e
grandes empresas nas análises de resultados. Como destaca Mendes (2017, p.
141): “apesar de não existir uma periodicidade definida por lei, a DRE é
elaborada uma vez por ano, com o objetivo de divulgar os resultados no período
que se encerrou. No entanto, ela pode ser elaborada para outras finalidades, em
períodos variados, dependendo da necessidade da empresa”.
Entre essas finalidades, a DRE pode ser utilizada pelo empreendedor
como uma das ferramentas da análise de viabilidade econômica do
empreendimento. Essa demonstração é muito útil, porque reúne os elementos
que impactam a sustentabilidade financeira da empresa: entradas e saídas de
caixa.
Vamos ver a aplicação da DRE para verificar a viabilidade econômica da
cafeteria na Tabela 7.
Itens Valor
Receita bruta R$ 80.740,00
Deduções imposto Simples (8%) R$ 6.459,20
Receita líquida R$ 74.280,80
CMV R$ 40.370,00
Lucro bruto R$ 33.910,80
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 3.229,60
Subtotal R$ 8.630,40
Lucro líquido R$ 25.280,40
Itens Valor
Receita bruta R$ 48.444,00
Deduções imposto Simples (8%) R$ 3.875,52
Receita líquida R$ 44.568,48
CMV R$ 24.222,00
Lucro bruto R$ 20.346,48
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 1.937,76
Subtotal R$ 9.922,24
Lucro líquido R$ 10.424,24
14
Tabela 9 – DRE com lucratividade tendendo a zero
ITENS Valor
Receita bruta R$ 25.836,80
Deduções imposto Simples (8%) R$ 2.066,94
Receita líquida R$ 23.769,86
CMV R$ 12.918,40
Lucro bruto R$ 10.851,46
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 1.033,47
Subtotal R$ 10.826,53
Lucro líquido R$ 24,93
15
Quadro 5 – Faixas de faturamento por regime tributário
16
Quadro 7 – Opções de formatos jurídicos para constituição de empresa
17
capital da empresa, que hoje são a Eireli, a sociedade limitada e a sociedade
anônima.
Outro aspecto é a questão da propriedade da empresa, se será individual
ou coletiva, com um dois ou mais sócios. O empreendedor vai ter sócios? Em
que momento a sociedade será estabelecida? Desde a identificação da
oportunidade, resultado de um esforço conjunto de dois ou mais
empreendedores? Ou nas próximas etapas do processo empreendedor, em que
a eventualidade de uma sociedade preencherá uma lacuna nesse processo?
Um dos motivos mais comuns para se ter um sócio é a busca por capital
para abrir o negócio – o famoso sócio investidor. A maior parte dos
empreendedores tem ideias de negócio, mas não tem capital para transformar
essa ideia em uma empresa. Seguindo essa linha de motivação, não
necessariamente o sócio entrará com o recurso financeiro. Pode ser que esse
sócio investidor “invista” com outros recursos, como um imóvel ou máquinas e
equipamentos.
Outro motivo para se buscar um sócio é trazer para o negócio
conhecimentos e habilidades que o empreendedor não tem, que podem ser
gerenciais ou técnicas.
Sociedades malsucedidas são famosas por conflitos e por
desentendimento entre os sócios, pois no momento de se constituir a sociedade
os futuros sócios estão atentos somente às boas perspectivas do negócio. Tudo
vai bem, até que surgem conflitos, muitas vezes desavenças motivadas por
determinadas situações, ou quando a empresa começa a dar prejuízos.
Para evitar ou minimizar esses conflitos, que podem resultar no fim da
sociedade, muitas vezes em separações não amigáveis, uma opção é elaborar
um documento que se chama “Acordo de Sócios” (Carvalho.; Camara; Valentim,
2019):
Esse acordo está previsto na Lei das Sociedades Anônimas, mas pode
ser elaborado para uma sociedade limitada. Mesmo que seja cogitado e não
18
venha a ser assinado, a discussão de temas que fazem parte do acordo já pode
sinalizar se haverá desacordos potenciais entre os futuros sócios (Figura 3).
Fonte Descrição
Recursos próprios Essa fonte consiste na reserva pessoal do próprio empreendedor, que
pode ser um montante poupado com o objetivo de abrir um negócio ou
não. Essa reserva pode estar disponível, ou pode ser formada, dentro
de um processo de planejamento de médio/longo prazo.
Bens pessoais Às vezes os recursos disponíveis não são o dinheiro em espécie, mas
podem ser convertidos a partir de venda, como de um automóvel ou
imóvel.
Recursos familiares Membros da família podem dispor do recurso necessário para o
empreendedor.
Amigos abastados Amigos do empreendedor também podem dispor dos recursos
necessários.
Bancos comerciais Normalmente, oferecem três modalidades de financiamento:
empréstimos pré-aprovados, nos quais o banco disponibiliza um
montante que pode ser resgatado pelo cliente sem exigência alguma;
empréstimos com garantias, que dependem das garantias para que o
recurso fique disponível para o cliente; e empréstimos sem garantias,
que são os mais difíceis e os mais caros.
Fintechs São startups que fornecem serviços financeiros com uso intenso de
tecnologia, normalmente fazendo tudo pela Internet. Entre os diversos
serviços oferecidos, há crédito, com empréstimos, em diversos casos
com taxas menores que as de bancos comerciais.
Fonte: Elaborado com base em Mendes, 2017.
20
Algumas fontes de recursos trabalham especificamente para incentivar o
empreendedorismo, com linhas de crédito direcionadas para esse fim,
normalmente com taxas menores, como podemos ver no quadro a seguir.
Fonte Descrição
Bancos de fomento Possuem linhas de crédito para incentivar o desenvolvimento
econômico, mas direcionadas para setores específicos e empresas já
em operação.
Investidores anjos Pessoas ou empresas que investem em empresas iniciantes,
normalmente startups, buscando retorno do investimento depois que a
empresa estiver consolidada.
Programas de Programas que dão o suporte necessário para acelerar o crescimento
aceleração da empresa, por meio de mentorias, know how, netoworking e acesso
a capital.
Crowdfunding Trata-se de financiamento coletivo do negócio, normalmente utilizando
uma plataforma dedicada, por meio da qual apoiadores ou potenciais
clientes colaboram com contribuições financeiras individuais (Figura
5).
Fonte: Elaborado com base em Mendes, 2017.
21
Seja qual for a fonte de capital, o empreendedor precisa prestar atenção
ao custo de obtenção do empréstimo. Se a ideia é pegar um empréstimo
tradicional, deve atentar às taxas de juros e ao seu impacto na sustentabilidade
econômica do negócio. Se for participação societária, o empreendedor precisa
atentar para os termos de remuneração da participação e para os termos de
saída dos sócios. No caso de fontes como familiares e amigos, deve pensar nos
custos emocionais desse empréstimo.
O empreendedor também pode fazer uso de mais de uma fonte de
captação de recursos para constituir o montante de investimento inicial
necessário, inclusive algumas fontes não citadas, mas que para pequenos
montantes podem ser utilizadas, como por exemplo financiamento via
fornecedores.
Seja qual for a fonte, o empreendedor precisa assumir riscos calculados.
Por exemplo, se for utilizar capital próprio, deve ter uma reserva de segurança.
Ou, ao calcular o montante do investimento inicial, deve adicionar uma margem
de segurança ao valor, pois sempre surgem gastos que não foram previstos. Ou
então, ao tomar um empréstimo em um banco com uma taxa elevada, deve ter
certeza de que o retorno esperado compensará a taxa.
Caso o empreendedor esteja enfrentando dificuldades para captar
recursos para o seu empreendimento, ele pode utilizar o conceito de MVP –
Minimum Viable Product para reduzir o montante de investimento inicial
necessário. O conceito de Minimum Viable Product, ou Produto Mínimo Viável,
propõe que, para aumentar as chances de sucesso de um produto ou serviço, o
empreendedor pode lançar uma versão reduzida, com as funcionalidades
mínimas que caracterizem o produto completo, como um protótipo funcional. Isso
permite que um grupo inicial de clientes teste o produto. Assim, o empreendedor
pode verificar o quanto o produto resolve “as dores” do cliente, para na sequência
fazer os ajustes necessários para o lançamento da versão definitiva.
Utilizando o conceito do MVP, com versões mais simples do produto, o
um investimento inicial será menor. Com isso, fica mais fácil para o
empreendedor iniciar o seu negócio e depois incrementá-lo e ampliá-lo (Figura
6).
22
Figura 6 – O conceito do MVP permite o lançamento rápido do produto com um
custo inicial menor
FINALIZANDO
23
se a DRE, é possível fazer estimativas de receitas e verificar qual o impacto na
lucratividade da empresa.
Outro fator crítico de sucesso é a configuração jurídica da empresa, pois
uma configuração inadequada pode resultar em uma carga tributária maior.
Também cabe nessa ocasião a decisão por uma empresa individual ou uma
sociedade.
Por fim, o empreendedor precisa definir a fonte (ou fontes) de captação
de recursos para a criação do negócio. As fontes incluem recursos próprios,
capital de terceiros ou empréstimos de instituições financeiras.
Uma tomada de decisão, com base em planejamento cuidadoso,
envolvendo todos esses fatores, aumenta as chances de sucesso do
empreendedor em seu futuro empreendimento.
24
REFERÊNCIAS
25
EMPREENDEDORISMO
AULA 5
2
TEMA 1 – LOCALIZAÇÃO
3
Para Chiavenato (2004, p. 174), “a escolha de um local para situar as
instalações depende de vários fatores, os quais variam se a empresa é produtora
de bens ou prestadora de serviços, se é industrial ou comercial etc.”.
Chiavenato (2004, p. 174) elenca um conjunto de fatores a serem
analisados quando se trata da localização industrial, conforme mostrado no
Quadro 1.
Localização industrial
• Proximidade de mão de obra;
• Proximidade dos mercados;
• Proximidade de transporte;
• Infraestrutura energética;
• Incentivos fiscais;
• Custo do terreno;
• Facilidade de localização;
• Adequação do local;
• Infraestrutura.
Fonte: Chiavenato, 2004, p. 174.
Localização comercial
• Proximidade dos clientes;
• Facilidade de acesso;
• Facilidade de transporte;
• Facilidade de estacionamento;
• Infraestrutura para recreação;
• Adequação do local;
• Visibilidade;
• Baixos custos imobiliários;
• Baixos custos condominiais;
• Aparência do local.
Fonte: Chiavenato, 2004, p. 174.
4
Como no comércio os clientes frequentam o estabelecimento para realizar
as compras, o foco deve ser facilitar o acesso e a experiência de compra desses
clientes. O mesmo pode-se dizer de serviços que são entregues fisicamente, sob
o conceito de loja de serviços, isto é, o cliente vai na loja para consumir o serviço
(Figura 2).
Crédito: Karashaev/Shutterstock.
5
Disponibilidade de
escolas/hospitais/lazer/etc.
Leis de zoneamento
Fonte: Razollini Filho, 2012, p. 122.
6
Figura 3 – Raio de atuação do delivery
Crédito: Marish/Shutterstock.
Componente Definição
Instalações Imóvel com suas divisões, anexos e outros
espaços no qual a empresa vai operar.
Máquinas e equipamentos Máquinas e equipamentos a serem utilizadas na
produção dos produtos ou serviços
8
Pessoas Pessoas que executam as atividades do
negócio.
Produtos e insumos Produtos a serem produzidos ou vendidos e
insumos consumidos na operação do negócio.
Crédito: Macrovector/Shutterstock.
9
• produção e operações: cuida da compra de matérias-primas e sua
transformação em produtos no caso da indústria; no caso do varejo, do
fracionamento e venda dos produtos para o consumidor final; e no caso
dos serviços, da prestação do serviço em si para o cliente;
• marketing e vendas: cuida da identificação do cliente alvo, conhecimento
de suas necessidades e de garantir a satisfação dos clientes. A função
vendas cuida de identificar as demandas dos clientes e vender os
produtos e serviços a eles;
• finanças: cuida de controlar o fluxo monetário da empresa, ou seja, as
entradas e saídas de caixa, custos de operação, investimentos e
financiamentos, além da avaliação dos resultados financeiros da
empresa;
• recursos humanos: cuida de prover, treinar, remunerar, avaliar e reter as
pessoas necessárias para executar as operações.
10
Figura 7 – Organização por pessoas
11
Figura 8 – Departamentalização funcional
12
Observando essas três formas mais comuns de departamentalização,
observa-se que, ao criar a empresa, esta assume a forma de organização por
pessoas. Com o crescimento da empresa, essa forma naturalmente migra para
a organização funcional, na qual a maior parte das empresas permanece.
Algumas empresas, por motivos diversos, procuram uma forma de
departamentalização mais flexível e adequada ao seu ambiente de operação e
acabam adotando a organização de processos.
• realização de atividades;
• entradas e saídas;
• atendimento de necessidades de clientes;
• resultados.
13
Pode-se dizer que empresas são formadas por um conjunto de processos
que são executados de forma organizada e interagindo entre eles. Sendo assim,
muitos processos são comuns a qualquer tipo de organização, por exemplo, os
processos listados no Quadro 5.
14
O fluxo de um processo é constituído pela sequência de realização das
atividades que compõem o processo. O tamanho desse fluxo pode variar de
processo para processo, podendo ser curto ou longo. O fluxo pode se estender
por uma ou várias áreas de uma mesma empresa, pode transpor as fronteiras
organizacionais, englobando mais de uma empresa.
Os dois principais tipos de fluxos de processo em uma organização são
os seguintes:
15
Já os processos de apoio suportam a operação da estrutura física da
organização, seja suas instalações, máquinas e equipamentos e pessoas. Estão
voltados para atender às necessidades dos subsistemas ou departamentos
organizacionais, ou seja, são esses processos que mantêm a estrutura
operacional para execução dos processos do negócio (Gonçalves, 2000).
O Quadro 8 mostra exemplos de processos de apoio comuns em boa
parte das áreas funcionais das empresas.
16
complexidade da gestão da empresa desse modo, pois se estão visualizando os
elementos (processos) que precisarão ser gerenciados.
Inclusive para empresas que estão sendo criadas (e as de pequeno porte),
não faz muito sentido adotar a departamentalização funcional, pois a quantidade
de pessoas que estão trabalhando na empresa ainda é muito pequena. Mas,
mesmo com poucos funcionários, os processos já existem nas empresas recém-
criadas e nas de pequeno porte e, como já foi visto no caso dos processos de
uma lanchonete (Quadro 6), já são muitos.
Então, faz muito mais sentido o empreendedor/pequeno empresário
adotar uma departamentalização de organização por processos, tanto em função
da pequena quantidade de pessoas na empresa quanto do foco no processo,
mantendo a atenção nos fluxos que geram valor para o cliente e não em
atividades estanques dentro de departamentos que não se comunicam e têm
dificuldades em colaborarem de maneira plena com a operação da organização.
Produtos Serviços
Tangíveis Intangíveis
Possibilidade de consertar ou refugar Impossibilidade de refugar
Consumo postergado Consumo imediato
Qualidade fácil de medir Qualidade difícil de medir
Possibilidade de armazenar Impossibilidade de armazenar
Dependente de equipamentos Dependente de mão de obra
Contato mínimo com o cliente no Relação direta com o cliente durante
processo produtivo o processo produtivo
Fonte: Maximiano, 2011, p. 129.
18
produtos, do lado da indústria, e presença do cliente para aquisição do produto,
pelo lado do serviço. Além disso, observam-se tendências no mercado do varejo,
que cada vez mais agrega serviços ou funciona com características de serviços.
Para estar preparado para operar com eficiência e produtividade, o
esforço começa no momento de criar a empresa, ou seja, já começa a criar uma
estrutura organizacional e operacional que esteja focada nesses quesitos.
Maximiano (2011) denomina esse esforço de organizar o sistema de operações
e isso deve ocorrer em duas frentes:
Diretriz Descrição
Identifique o produto ou Consiste em entender o produto/serviço é o que é
serviço necessário para fornecê-lo, ou seja, como o
produto/serviço será produzido e entregue.
Também nessa etapa devem-se considerar quais
componentes, máquinas, equipamentos e
instalações serão necessários para tanto.
Identifique e coloque em Nessa fase, devem ser identificadas as operações
sequência as operações necessárias para a produção do bem ou serviço e
a sua sequência. É a parte lógica do processo
produtivo.
Identifique os Toda a operação necessita de uma estrutura física
equipamentos e insumos que deve ser quantificada em função da
necessários para as capacidade produtiva almejada. Máquinas,
operações equipamentos e instalações devem ser
corretamente identificados e quantificados para
que não ocorram interrupções ou reduções no
volume de produção desejado.
Organize o local das A organização do local das operações deve
operações otimizar o aproveitamento do tempo e do espaço,
acelerando o ritmo de trabalho. O ambiente deve
ser organizado de forma lógica em relação ao
fluxo do processo, facilitando a movimentação dos
funcionários, da matéria-prima e dos produtos em
elaboração.
19
Defina a aparência do Qualquer tipo de negócio precisa dar a devida
local atenção à aparência das instalações. O aspecto
visual do ambiente causa forte impressão em
clientes, visitantes e nos próprios funcionários que
ali trabalham. Mesmo em uma linha de montagem,
o local de trabalho projeta uma imagem – positiva
ou negativa – do apuro e do nível de
profissionalismo com que as tarefas são
realizadas.
Fonte: Maximiano, 2011, p. 134-138.
Indicador Descrição
Capacidade Quantidade ou volume de operações que o sistema
consegue entregar.
Produtividade Quantidade de itens entregues por unidade de recurso
empregada.
Produtividade + Quantidade de itens aproveitáveis do total de itens
qualidade entregues por unidade de recurso empregada.
Produtividade do Quantidade de itens aproveitáveis entregues no menor
tempo tempo.
Tempo de ciclo Tempo que transcorre entre o início e fim do processo.
Velocidade do Tempo total consumido no processamento de um produto
processo ou serviço dividido pelo tempo usado para agregação de
valor a esse mesmo produto ou serviço.
Flexibilidade Capacidade de adaptação do sistema a diferentes
situações e volumes de operações.
20
Tanto o planejamento quanto o controle das operações (ou do sistema de
transformação) de um negócio devem ser definidos e implementados junto com
a estruturação do próprio sistema. Todavia, para muitos empreendedores, isso
pode não ser uma tarefa fácil, em função das restrições de recursos quando da
criação do negócio.
Mesmo que o empreendimento comece de modo mais empírico, o
empreendedor deve ter em mente as diretrizes para organização do sistema de
transformação e se esforçar para aderir o mínimo possível a estas. Por outro
lado, no caso da medição de desempenho, é necessário algum tempo de
operação do negócio para gerar um volume de dados mínimo que possam
embasar uma medição confiável. É importante ter isso em mente para que a
coleta desses dados seja organizada o quanto antes. Quanto mais cedo e mais
atenção o empreendedor dedicar à organização e medição dos resultados do
sistema de transformação, maiores serão as chances de sucesso do seu negócio
(Figura 11).
Crédito: Inspiring/Shutterstock.
21
o uso de uma ferramenta de gestão da produção desenvolvida já há algum
tempo, mas que continua extremamente atual:
22
perda do material físico, era um processo intenso em mão de obra e que
consumia muito tempo.
Então, os tijolos passaram a ser empilhados, embalados em paletes e
transportados em caminhões com guindaste, o que reduziu praticamente a zero
sua quebra, o uso intensivo de mão de obra e o tempo de carga e descarga do
caminhão, conforme mostra a Figura 12.
23
Quadro 14 – Princípios de organização eficiente do espaço físico
• Matérias-primas e produtos;
• Insumos diretos e indiretos;
• Máquinas e equipamentos;
• Serviços diretos e indiretos.
24
eficiência, produtividade e qualidade se seus fornecedores não mantiverem
esses atributos também.
Para Maximiano (2011, p. 145):
Gerenciar a cadeia de suprimentos não é fácil, pois isso significa lidar com
diversas partes interessadas, algumas que exigem maior esforço e outras nem
tanto, mas todas essas partes precisam estar alinhadas com o negócio do
empreendedor. Logicamente, essa cadeia começa a ser formada no momento
de estruturação da empresa, ou até antes, quando na fase de planejamento, se
avalia as possibilidades de fornecimentos e a viabilidade de cada uma.
Maximiano (2011, p. 146) relaciona os processos que envolvem a gestão
de uma cadeia de suprimentos:
25
• Transportar e armazenar suprimentos e produtos acabados;
• Coordenar as atividades de atendimento dos clientes.
FINALIZANDO
26
projetos que vão garantir uma estrutura mais eficiente e produtiva, que entregue
produtos e serviços de qualidade para o cliente.
De nada adianta entregar produtos e serviços de qualidade para o cliente
se o custo dessa qualidade for muito elevado. Os clientes continuarão satisfeitos,
mas a empresa sucumbirá aos custos da falta de qualidade, que se traduz em
desperdícios. Para isso, emprega-se a abordagem da produção enxuta para
combater os desperdícios e garantir a eficiência na operação.
A busca pela eficiência e pela produtividade não se restringe somente ao
ambiente interno da empresa, mas também ao seu ambiente externo, onde
operam as partes interessadas que podem se tornar parceiros estratégicos do
negócio. Nesse momento se apresenta o conceito de gerenciamento da cadeia
de suprimentos, para garantir que os parceiros também estejam desenvolvendo
esforços na busca da eficiência e produtividade.
Assim, mesmo após estudos e análises extensivas na elaboração do
modelo de negócio desejado e de um plano de negócio, mais desafios se
apresentam ao empreendedor no momento de criar seu negócio. E ele precisa
estar atento e preparado para lidar com esses desafios e não cometer erros na
criação do negócio que venham a comprometer o desempenho da organização
no futuro.
27
REFERÊNCIAS
28
EMPREENDEDORISMO
AULA 6
2
TEMA 1 – EMPREENDIMENTOS COMO ORGANIZAÇÕES
3
Figura 1 – A evolução do porte das organizações
4
serem executadas e a coordenação dessas tarefas para a realização
da atividade.
Crédito: fotoinfot/Shutterstock.
5
Mintzberg (2003) propõe cinco mecanismos de coordenação do trabalho:
ajuste mútuo, supervisão direta, padronização dos processos de trabalho,
padronização dos resultados do trabalho e padronização das habilidades dos
trabalhadores. As características de cada um desses mecanismos podem ser
observadas no Quadro 1.
Mecanismo Característica
6
Muitos empreendedores não estão cientes dessa necessidade de
coordenação e ficam muito tempo no primeiro mecanismo, utilizando o
ajustamento mútuo mesmo com uma quantidade considerável de empregados.
Isso obviamente leva a uma dificuldade de coordenação dos trabalhos, que
resulta em não conformidades.
Quanto mais o empreendimento cresce, aumentando o número de
colaboradores, mais a organização deve adotar os mecanismos de coordenação
baseados na padronização. Todavia, isso exige muita atenção dos
empreendedores, pois é muito comum focar somente na parte tangível do
negócio e esquecer dessa parte intangível, que é o trabalho de coordenação.
7
Figura 3 – O ciclo de vida organizacional
Fonte: Elaborado com base em Greiner citado por Daft, 2003, p. 264.
Crédito: fizkes/Shutterstock.
O segundo estágio proposto por Greiner, citado por Daft (2003, p. 265) é
o de coletividade, com as seguintes características:
• Liderança forte;
• Desenvolvimento de metas e diretrizes claras;
• Departamentos são estabelecidos;
• Definição de uma hierarquia de autoridade;
• Atribuição de cargos e divisão inicial do trabalho;
• Comunicações e controles predominantemente informais, mas também
há o surgimento de sistemas formais.
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Neste estágio, para o autor, a crise que se segue é a de necessidade de
delegação, que resulta do conflito entre os gerentes dos níveis mais baixos e os
gerentes de alto nível. Com a contratação de gerentes para os níveis mais
baixos, estes passam a demandar mais liberdade de ação para melhor trabalhar
junto às suas áreas funcionais (Figura 5). Em contrapartida, os gerentes de alto
nível resistirão em delegar responsabilidades.
Crédito: Song_about_summer/Shutterstock.
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O autor destaca a crise de excesso de formalidade neste estágio, no qual
pode ocorrer uma proliferação acentuada de procedimentos, normas e sistemas,
asfixiando a gerência média (Figura 6). A liberdade dos gerentes, assim como a
capacidade de inovação da empresa, pode ser restringida.
Crédito: DesignPrax/Shutterstock.
Crédito: StunningArt/Shutterstock.
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Esse modelo de ciclo de vida mostra ao empreendedor como os
mecanismos de coordenação são necessários conforme a organização avança
no seu ciclo de vida e, mais do que isso, também mostra quando o mecanismo
deixou de cumprir sua função e precisa ser substituído por outro mecanismo
mais apropriado para a nova fase do ciclo de vida.
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Figura 8 – Funções básicas da empresa
Operações
Funções
básicas
Finanças Marketing
da
empresa
Recursos
Humanos
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Desenvolvimento de produtos: criação de produtos e serviços,
inclusive seus nomes, suas marcas e seus preços, e fornecimento de
informações para o desenvolvimento de produtos em laboratórios e
centros de pesquisa tecnológica.
Vendas: oferecimento de produtos para aquisição pelos clientes.
Distribuição: desenvolvimento de canais de distribuição e gestão dos
pontos de venda.
Promoção: comunicação com o público-alvo, por meio de atividades
como propaganda, publicidade e promoção nos pontos de venda.
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Figura 9 – Exemplo de Demonstração de Resultados do Exercício (DRE)
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• Adotar um markup padrão de 100% sobre o custo de aquisição da
mercadoria, que é uma prática comum entre os pequenos
empreendedores, mas que também não leva em consideração os custos
operacionais do negócio.
Objetivo Descrição
Retorno sobre o Procura-se identificar níveis de preço e custos ideais para obtenção do
investimento ROI desejado. Na maior parte das vezes, isso se dá pelo processo de
tentativa e erro – no momento de projetar o retorno sobre o
investimento, algumas vezes os custos e as receitas não são precisos.
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somente uma delas. O que normalmente acontece é que uma base é a principal,
mas foram observados aspectos das outras duas também, mesmo que tenha
somente sido para determinar a base principal de precificação (Figura 10).
Precificação
baseada em
Precificação custos
baseada na
concorrência
Precificação
baseada no
valor para o
cliente
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TEMA 5 – DESAFIOS PARA O EMPREENDEDOR EMPRESÁRIO
Ter uma ideia de negócio é fácil. Ter uma ideia de um negócio que crie
valor para os clientes não é assim tão fácil. Abrir um negócio não é muito difícil.
Manter um negócio economicamente sustentável no longo prazo é muito difícil.
Essa é a realidade de se empreender no Brasil. Por isso, a taxa de mortalidade
historicamente elevada no país, pois grande parte dos empreendedores falham
ao longo do tempo em manter seus negócios.
Segundo o Sebrae (2016),
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porte. O fato de a empresa crescer, aumentado o volume de operações, contratar
empregados, fazer a divisão do trabalho e precisar coordenar ele faz com que a
gestão dos empreendimentos acima do porte do MEI seja muito mais complexa
e com mais riscos.
Ainda segundo o Sebrae (2016), as principais causas de mortalidade das
empresas estão mostradas na Figura 11.
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Gráfico 2 – Principais dificuldades enfrentadas no primeiro ano de atividade
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• Estoque mal dimensionado: leva à imobilização de capital de giro quando
elevado, ou perda de vendas quando em níveis baixos.
• Maquinário obsoleto: máquina antigas ou inadequadas reduzem a
produtividade e podem causar interrupções na operação, levando à perda
de clientes.
• Prazos de venda e de compra desajustados: a empresa compra com
prazos de pagamento junto aos fornecedores menores do que os prazos
de venda concedidos junto aos clientes, tendo que financiar essa
diferença de prazos com capital próprio ou de terceiros.
• Inadimplência de clientes elevada: seja por falta de políticas e
procedimentos de concessão de crédito ou de cobrança ou questões
conjunturais do ambiente de negócios.
• Distribuição antecipada de lucros por longos períodos: fato que pode
esgotar a capacidade de investimento da empresa, ou pior: confundir
receita com lucro e distribuí-la como se fosse lucro.
• Mão de obra em desacordo com as necessidades: excesso de
funcionários que causam custos maios elevados ou falta de funcionários,
que atrasam a produção.
FINALIZANDO
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Mas quando o negócio cresce ou já se começa com um porte de
empreendimento maior, com colaboradores trabalhando no mesmo, a
centralização que esses empreendedores assumem passa a prejudicar o
negócio.
Novos empregados foram chamados justamente para assumir tarefas que
o empreendedor não pode mais fazer sozinho, então a divisão do trabalho é
necessária. E junto com a divisão do trabalho, precisa vir a coordenação do
trabalho. O empreendimento torna-se uma organização e como toda
organização, precisa de mecanismos de coordenação do trabalho.
A necessidade desses mecanismos de coordenação se torna mais
presente conforme a organização avança nas fases do ciclo de vida e, caso não
sejam corretamente adotados, a ausência ou uso inadequado desses
mecanismos de coordenação podem levar ao declínio organizacional.
A divisão do trabalho, conforme ele aumenta de volume, torna necessário
criar as funções básicas da empresa, operações, marketing, recursos humanos
e finanças, alocando empregados nas mesmas, com autonomia para executar
tarefas e tomar decisões.
Ao dividir o trabalho e deixar de se sobrecarregar, o empreendedor poderá
se dedicar à gestão da empresa, entre as quais a gestão financeira, que é uma
das mais críticas do negócio. E na gestão financeira que aparecem os erros
cometidos nas outras funções, portanto, a gestão financeira deve ser vista como
um painel de monitoramento do que está acontecendo na empresa.
Mas, para isso, o empreendedor deve estruturar adequadamente essa
gestão e se capacitar para tanto, do contrário, a gestão financeira se resumirá a
uma gestão de caixa, que mostrará que o dinheiro acabou, somente deixando o
empreendedor em pânico, sem saber o que fazer.
Empreender é bonito e está na moda, mas empreender sem gestão não
levará o tão sonhado negócio muito longe. A chance de ele ter uns quatro a cinco
anos de vida é grande, se juntando então as estatísticas de mortalidade
existentes no país.
Os desafios de manter o negócio operando e financeiramente saudável
são em maior quantidade e mais difíceis do que os desafios para abrir o negócio.
Todo empreendedor deve ter em mente que o trabalho realmente começa depois
que o negócio inicia as operações.
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E esse é o trabalho de gestão, intangível, difícil, mas possível, e que exige
a consciência do empreendedor de que ele precisa se capacitar para esse
trabalho ou ter gente capacitada ao seu lado. Deste modo, o empreendedor
estará muito mais preparado para lidar com os muitos problemas que surgem na
condução de seu tão sonhado empreendimento, aumentando em muito a chance
de perenidade de sua empresa.
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REFERÊNCIAS
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