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Prepara€•o F‚sica

Importância da coordenação motora para o alto rendimento

Base efetiva para a correta movimentação do ser humano

A coordenação motora tem recebido grande atenção por parte dos preparadores físicos
no futebol, por se apresentar como uma qualidade básica com relação ao movimento.
Principalmente nas categorias de base, esta qualidade deve ser implementada e
trabalhada insistentemente, para que os futuros atletas possam realizar as ações
técnicas e físicas de forma equilibrada, sem dificuldades, sejam elas simples ou
complexas. Encontramos ainda hoje nas equipes profissionais, um grande número de
atletas que apresentam dificuldade na execução de movimentos muitas vezes simples
e de grande importância para um melhor rendimento técnico nos jogos.

A coordenação motora é dependente de várias habilidades e qualidades como:

Equilíbrio : estado particular pelo qual o atleta pode manter uma atividade ou gesto,
bem como ficar imóvel ou lançar seu corpo no espaço utilizando a forca da gravidade
ou resistindo a ela.

Lateralidade e direcionamento corporal: condição de se decidir à execução da ação


cíclicas ou acíclicas sob determinada situação no espaço.

Ritmo: todas as ações são determinadas pelo sentido rítmico. No futebol,


especificamente, ele se apresenta de forma diversificada, o qual inclusive leva tempo
para o atleta não adaptado conseguir se adequar.

Percepção espacial e temporal: permite ao atleta a superação de espaços através


de movimentos diversos e no menor tempo possível.

Noção de relação entre os diversos segmentos corporais.

Noção de esquema corporal e descontração total e diferencial dos músculos:


compreendida como a redução da tensão muscular durante uma ação ativa ou passiva.

A coordenação bem desenvolvida permite a combinação de ação entre os diversos


grupos musculares para a realização de uma série de movimentos com o máximo de
eficiência e o mínimo de gasto energético - as ações realizadas de forma coordenada
geralmente são soltos, leves e mais elegantes sob a visão plástica dos movimentos.

Através do treinamento, o trabalho mecânico pode melhorar seus resultados,


principalmente em virtude das adaptações das funções neuromusculares.

Os meios de treinamento mais comumente empregados, diz respeito à execução e


aperfeiçoamento das formas técnicas específicas dos movimentos envolvidos.

O sistema nervoso central (SNC) é a variante condicionante da coordenação motora.

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Métodos baseados na fisioterapia auxiliam no desenvolvimento da
flexibilidade

Métodos baseados na fisioterapia auxiliam seu desenvolvimento

Durante os vários anos de minha prática como preparador físico, na eterna busca de
condutas físicas diferenciadas que produzam alto rendimento de meus atletas, ao
mesmo tempo em que respeitem seus limites e lhes ofereçam vidas esportivas de
melhor qualidade, não consegui me contentar com aqueles alongamentos iniciais e
convencionais, bastante conhecidos pelos praticantes de qualquer atividade física, que
vemos várias modalidades esportivas realizar no início das sessões de treinamento.

Percebi que não eram dadas à flexibilidade a mesma importância destinada às demais
capacidades físicas desenvolvidas no treinamento diário. O convencionalismo nas
formas de trabalhar as posturas - o estiramento analítico - não satisfazia a busca por
novas conquistas no planejamento desta capacidade. Ficava patente a necessidade de
incrementar o conhecimento com estratégias atualizadas e mais eficazes no
treinamento da flexibilidade.

A revisão bibliográfica de trabalhos de flexibilidade nos oferece uma imagem muito


simplista sobre o desenvolvimento desta capacidade: modelos de treinamento que
fragmentam o corpo-atleta a cada articulação, ou seja, a imagem do corpo é um
amontoado de músculos, tendões e ligamentos. Também prevalecem discursos nada
conclusivos que, em sua maioria, no entanto, convergem para um nível ótimo de
flexibilidade como fator preponderante de uma boa qualidade de saúde para todas as
tipologias corporais. Não acredito que essas metodologias possam corresponder à
verdade.

Os atletas, em suas carreiras, estão sujeitos a desvios posturais estabelecidos por dois
motivos diferentes:

Estruturais - geneticamente determinados;


Funcionais - relacionados aos gestos específicos e repetitivos da prática esportiva
profissional.

Os desvios funcionais são responsáveis por patologias reconhecidas facilmente em


várias modalidades. O corpo-atleta reage a inúmeros fatores, que acarretam desvios
posturais, alteraram sua estrutura, limitam seu funcionamento e, por fim, provocam
decréscimo da performance.

A idéia de equilíbrio deve reger todo treinamento desportivo. As combinações entre


força e flexibilidade, encurtamento e alongamento, atividade e repouso, tensão e
relaxamento etc., devem ser estabelecidas respeitando-se as solicitações da máquina-
corpo. É necessário promover a leitura do corpo-atleta de maneira global.

O atleta deve ser submetido a treinamentos que o entendam como um todo, que
compensem o desequilíbrio muscular, conserte o desalinhamento, reorganizem a
postura desorganizada e promovam o desenvolvimento do alto rendimento saudável.

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Baseado nessa hipótese, sugiro estratégias de trabalho que promovam flexibilidade,
fortalecimento, alinhamento e organização postural ao tão solicitado corpo-atleta.

Os métodos mais indicados para se atingir o objetivo proposto são os seguintes:


A Reeducação Postural Global (RPG) é uma técnica desenvolvida por Philippe
Souchard, que apresenta o Stretching Global Ativo (SGA) como estratégia de
desenvolvimento das posturas em grupo de atletas. A RPG gera relações mecânicas
diretas entre as posturas ideais e os gestos específicos de cada esporte.

O GDS (sigla referente às iniciais do nome de sua criadora, a biomecanicista,


fisioterapeuta e osteopata Godelieve Denys Struyf) é um método baseado nas cadeias
osteoarticulares e músculos aponevróticos. O princípio do método é que o corpo
humano funciona por meio de grandes circuitos musculares, representados por
cadeias, e cada um desses circuitos é um caminho de tensão. Portanto, existe uma
interligação de músculos que precisa ser respeitada e considerada quando se busca o
desenvolvimento da flexibilidade.

Outra estratégia bastante utilizada atualmente é a Facilitação Neuromuscular


Proprioceptiva (FNP). É uma forma de alongamento que promove uma contração
isométrica antes do alongamento, para que assim sejam obtidos ganhos maiores com
a maior amplitude de movimento.

As experiências de Herman Kabat o levaram a perceber que os movimentos corporais


ocorrem em padrões espiral-diagonais. Esses padrões se assemelham aos gestos
esportivos, provocando reações de alongamento e encurtamento em muitos músculos,
em graus diversos, num mesmo movimento. Os exercícios são realizados levando-se
em consideração esses padrões espiral-diagonais.

Uma estrutura até então ignorada, a fáscia, é hoje entendida de maneira diferente e
considerada de extrema importância dentro do mecanismo de contração-estiramento
da musculatura. As fáscias, antes entendidas isoladamente, são interligadas e
constituem uma só estrutura. São na verdade uma malha única de tecido conjuntivo
formada essencialmente por colágeno e elastina que envolve o músculo.

A elastina é geneticamente determinada e de difícil variação durante a vida do


esportista, porém a síntese do colágeno dependerá dos estímulos ofertados nos treinos
de força e flexibilidade. O colágeno pode estar organizado em série ou paralelamente,
o que acarreta um nível de tensão maior ou menor, dependendo do caso, levando a
gestos esportivos de maior ou menor amplitude.

Vale lembrar que a amplitude está diretamente relacionada a movimentos explosivos,


portanto é de fundamental importância entender a fáscia como integrante de uma
cadeia geral dentro do processo.

Outras estratégias de trabalho estão sendo desenvolvidas, estudadas e comprovadas e


deverão fornecer num breve futuro contribuições importantes na organização e
planejamento de treinamentos.

Enfim, novas estratégias de trabalho estão disponíveis, as universidades estão


desenvolvendo condutas que contribuem cada vez mais para a ampliação do repertório
de treinamentos aos atletas de alto nível. O profissional do esporte deve se atualizar
cientificamente a todo o momento e buscar a individualização dos treinamentos a

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qualquer custo. O técnico e o preparador físico têm em suas mãos equipes esportivas
formadas por atletas de várias idades, com históricos de trabalhos diferenciados e
deve sempre levar essa diferenciação em consideração.

Nunca se esqueça que cada indivíduo é um corpo-atleta diferente e certamente


solicitará leituras e orientações diferentes.

Trabalho de recuperação é fundamental para rendimento da equipe

Atividade aeróbica suave, massagens e piscina são recomendáveis logo após a partida

Com um calendário mundial cada vez mais apertado e, conseqüentemente, pouco


tempo para se preparar para o próximo jogo, o trabalho de recuperação dos atletas se
torna ainda mais importante. A realização dessas atividades regenerativas logo após as
partidas é fundamental para que o físico não fique sobrecarregado e cansado. Mas
além destas ações, a ingestão de alimentos e bebidas pode contribuir também para a
recuperação mais rápida.

De acordo com o preparador físico argentino, Juan Pablo Sangalli, para realizar esse
trabalho de recuperação de atletas, logo a seguir aos jogos, é importante levar em
consideração como foi o desenvolvimento da partida e o desgaste dos jogadores. "O
que se deve fazer sempre é um trabalho aeróbico suave, trotes, massagens e piscina.
Na seqüência, agregar um trabalho de alongamento, visando a recuperação",
acrescenta.

O preparador físico que trabalha com atletas das principais equipes argentinas da
primeira divisão constata que nem sempre é possível realizar esses trabalhos logo após
os jogos, pois muitos campos da Argentina e da América do Sul não oferecem
estruturas mínimas para esse tipo de trabalho.

Em outras ocasiões, depois da partida, os jogadores rapidamente deixam os vestiários


para irem pra suas casas, hotéis ou aeroportos e aí o trabalho é realizado no dia
seguinte.

Sangalli ainda lembra a importância da alimentação no processo recuperativo: "ela é


fundamental, mas não somente ao término das partidas e sim também durante e na
seqüência do trabalho".

A "mãe" das bebidas

Na opinião de Sangalli, tão importante quanto os alimentos é a ingestão de líquidos.


Por isso, ele dá a dica: "a água é a mãe das bebidas, porém dar algum suplemento

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com sódio, potássio ou magnésio pode ser útil para complementar à ingestão da
água".

Trabalho ideal

Segundo o preparador físico argentino, o ideal seria, assim que terminasse o jogo,
comer uma maçã ou banana, dar trotes por 10 minutos e, depois da ducha, passar por
uma sessão de massagens, terminando com um bom trabalho de alongamento.

Trabalho personalizado

Sangalli atende, de forma personalizada, diversos jogadores dos principais clubes da


séria A da Argentina, além dos tenistas do circuito da ATP Tour.

Velocidade - considerações fisiológicas e práticas

A capacidade para superar distâncias no menor tempo possível

A velocidade é uma qualidade particular do músculo e das coordenações


neuromusculares, que permite a execução de uma sucessão rápida de gestos,
formando uma cadeia de ações deintensidade máxima e de breve ou muito breve
duração.

A velocidade pode ser executada de forma cíclica ou acíclica:


• Velocidade cíclica: adequada a uma certa sucessão de ações motoras (ex.
corrida).
• Velocidade acíclica : adequada a uma ação motora isolada(ex. chute na bola).

O treinamento desta qualidade física é menor que as qualidades de resistência e força.


Um indivíduo adulto não treinado pode melhorar a sua velocidade em
aproximadamente 15 a 20% no máximo. A velocidade diminui com o aumento da
idade. Aspectos importantes devem ser considerados para melhor compreensão dos
fatores que interferem na velocidade:

a) Tipo de musculatura: As fibras musculares de ação rápida (fibras brancas)


apresentam correlação direta com a rapidez dos movimentos. A composição
dessas fibras está diretamente relacionada a fatores genéticos. Neste caso, o
atleta apresenta um percentual maior destas fibras de contração, determinando
assim alta capacidade de rendimento nesta variável perceptivo-cinética. As
fibras brancas apresentam também grande capacidade de desempenho nos
esforços que exigem força muscular, proporcionando com isso ganhos
importantes em sua massa, especificamente na sua sessão transversal, o qual
contribui substancialmente para a elevação da velocidade motora.

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b) Parâmetros antropométricos: A variação do comprimento e da freqüência
das passadas, durante a corrida em velocidade, são fatores importantes na
aquisição da velocidade máxima. A freqüência das passadas é considerada
como fator primário do treinamento de velocidade.

c) Bioquímica muscular: a velocidade máxima do atleta depende largamente,


entre outros fatores, como citado, das reservas energéticas musculares e da
velocidade de sua mobilização. Ela atinge seu ponto máximo temporal em cerca
de 10 a 15 segundos, onde são mobilizados as reservas de ATP (Trifosfato de
Adenosina) e CP (Creatina Fosfato). Através do treinamento ocorre o aumento
das reservas energéticas, bem como a aceleração da atividade enzimática,
elevando a capacidade de ação motora rápida.

d) Cooperação neuromuscular e contratilidade muscular: As fibras


musculares de ação rápida são inervadas por nervos motores com freqüência de
impulso bastante rápidos. Esses impulsos estimulam as fibras musculares que
respondem com alto poder de contração. As altas freqüências de impulso são
casos de desenvolvimento precoce, isto é, a velocidade deve ser estimulada
desde as menores idades, formando assim um engrama de informações,
caracterizando o nível absoluto de possibilidades dentro de um limite genético
fisiológico estabelecido.

e) Propriedades elásticas dos músculos: Se a elasticidade e a capacidade de


descontração dos músculos são insuficientes, processa-se uma redução na
amplitude motora e uma deteriorização da cooperação muscular e da
coordenação motora, pois a musculatura agonista, durante o movimento, deve
superar uma resistência maior dos antagonistas, resultado de um maior atrito
interno e aumento do tônus muscular, proporcionando com isso um maior gasto
energético e velocidade reduzida.

Fatores determinantes da velocidade no futebol

Muitas estatísticas relacionadas às ações durante uma partida de futebol, são

apresentadas por diversos estudiosos. Entre as diversas informações disponíveis, a

velocidade de ação mostra-se como fator básico nas diversas ocorrências motoras

utilizadas no jogo. Na ação técnica ou nos deslocamentos constantes, a velocidade

desempenha um papel fundamental para se superar os rígidos planejamentos

táticos impostos pelas equipes. Alguns fatores relacionados à velocidade devem ser

levados em consideração nos treinamentos aplicados. Entre os principais, descrevo

brevemente alguns aspectos importantes utilizados durante o jogo:

a) Velocidade de reação: compreendido como sendo a mais rápida ação


desempenhada após um estimulo prévio, ou seja, o tempo mínimo para
responder a um estímulo sensitivo. Essa ocorrência se processa na seguinte
ordem:

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- Excitação do receptor nervoso.
- Transmissão dessa excitação ate o Sistema Nervoso Central (SNC),
principalmente na região medular.
- Formaçãode uma resposta motora.
- Chegada da resposta do SNC à musculatura correspondente a ação.
- Excitação do músculo com desencadeamento de sua atividade mecânica.

Não há intima relação entre velocidade de reação e velocidade motora básica.


Atletas podem apresentar tempo de reação relativamente lento e velocidade
motora ou de deslocamento ótima, ou vice-versa.

Portanto, a velocidade de reação depende da capacidade de acionar no menor


tempo possível os grupos musculares responsáveis diretamente por
determinados movimentos. A velocidade de reação tem intima relação com a
forca explosiva, também denominada potência muscular.

Aos zagueiros e atacantes esta capacidade apresenta-se como um fator


determinante para o bom desempenho das suas funções durante o jogo.

b) Aceleração: constitui a capacidade mais importante para o sprint. O pico da


velocidade máxima de corrida somente é atingido entre 4 a 5 segundos após o
inicio da ação. Geralmente os meio-campistas e os laterais, são constantemente
estimulados durante o jogo sob estes aspectos da velocidade. Portanto, o
treinamento desta qualidade deve ser amplamente estimulado.

c) Velocidade de decisão: intimamente relacionada com a percepção e a


conseqüente ação, após uma análise momentânea da situação de jogo.

d) Velocidade de antecipação: ação no momento correto e em tempo hábil.

Princípios metódicos para o treinamento da velocidade

• Os esforços aplicados devem ser estimulados sob alta intensidade.

• O volume do treinamento deve corresponder ao tempo de execução na qual a

velocidade não diminua em conseqüência da fadiga ocorrida após várias

repetições.

• A distância ótima deve ser adaptada de acordo com a especificidade da

competição.

• O treinamento da velocidade deve ser executado num estado ótimo de

aquecimento geral.

• Em condições de fadiga muscular o treinamento da velocidade não deve ser

aplicado.

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Portanto, quanto maiores as possibilidades genéticas, maiores serão as possibilidades
individuais de rendimento.

A prática da avaliação física deve apresentar características especificas e similares às


reais situações do esforço e idênticas às condições de competição.

Protocolos

Existem inúmeros protocolos utilizados para a avaliação da aptidão física geral dos
atletas, com tabelas de classificação para posterior comparação dos resultados.

Sobre esta questão considero um tanto vazio esta forma de utilização dos testes de
avaliação física para a determinação do potencial físico com o objetivo de aquisição de
alto rendimento, uma vez que as tabelas são confeccionadas através da média de um
universo de resultados de testes, com indivíduos de raças, hábitos e culturas
diferentes.

Sendo assim, acredito que todos os métodos de avaliação passiveis de medição e com
características semelhantes às da competição, devem ser aplicados periodicamente e
seus resultados devem ser analisados como fator de evolução do próprio atleta em
treinamento; em outras palavras o atleta submetido a uma avaliação deve ser
comparado com seus próprios resultados, os quais mostrarão a sua evolução.

A comparação com uma tabela ou com outros atletas para a conclusão da condição
atlética, torna o processo de avaliação sem objetivos práticos.

Métodos de avaliação

Os métodos de avaliação para a determinação da aptidão física em seus diversos


aspectos podem ser realizados através de:

Métodos Diretos: implica na obtenção de respostas orgânicas através da aplicação de


esforços induzidos por ergômetros, monitorizarão cardíaca, análise de gases
respiratórios, análise sangüínea de lactato etc. Este método, além de necessitar de
equipamentos específicos e sofisticados, causam um certo incomodo ao atleta
avaliado.

Métodos Indiretos: apresentam boa reprodução prática. São testes aplicados sob a
forma de corridas contínuas ou intervaladas, bancos, entre outros, levando-se em
consideração a distância percorrida, o tempo obtido, o número de repetições
executadas, além de outros parâmetros que se quer avaliar.

Um dos fatores mais importantes dos protocolos de avaliação física aplicada é a sua
reprodutibilidade prática.

De posse dos resultados das avaliações, projeta-se o plano prático. As avaliações


físicas devem atingir todos os requisitos funcionais e metabólicos, cujos valores
possam posteriormente ser utilizados na planificação do treinamento, de modo que sua
aplicação respeite as individualidades dos atletas.

A escolha dos métodos de avaliação deve ser feita baseada nas necessidades
competitivas e com o máximo de especificidade do esporte em questão, importando
que os mesmos tenham validade, credibilidade e reprodução prática, isto é, devem ser

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um instrumento a mais para a planificação racional e obtenção da alta performance
individual.

Crescimento e desenvolvimento de atletas

Aspectos importantes para a formação de jogadores de futebol

Organismos em diferentes estágios de maturação apresentam índices de aptidão

física também diferentes, em especial no componente força (Vaughan, 1983). A

presença dos hormônios sexuais masculinos, como a testosterona, apresenta

relação direta, com índices de força dos músculos esqueléticos (Hansen,1999).

O crescimento, o desenvolvimento e a maturação são termos que podem ser

utilizados para descrever as alterações que ocorrem no corpo, e que tem início na

fase embrionária e continuam até a idade adulta (Vaughan et al, 1983).

O crescimento diz respeito a um aumento do tamanho do corpo ou de qualquer uma

de suas partes. O desenvolvimento refere-se à diferenciação das células junto com

a especialização das funções e, por isso, reflete as alterações funcionais que

ocorrem com o crescimento. A maturação significa o processo de aquisição da forma

adulta e tornar-se totalmente funcional, sendo definida pelo sistema ou pela função

que estiver sendo considerada (Wilmore, 2001).

Há incompatibilidade entre a maturação biológica e a idade cronológica em


adolescentes praticantes de futebol competitivo?

As possíveis diferenças de idades constatadas podem se constituir em graves erros


administrativos no futebol, não permitindo que adolescentes em diferentes graus de
maturação corporal disputem atividades competitivas em igualdade de condições.

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Uma precisa avaliação da maturidade biológica do crescimento de crianças é
importante no estudo do crescimento e desempenho e também para aqueles
envolvidos na orientação de jovens crianças no esporte (Beunen, 1996).

Os eventos biológicos que ocorrem são complexos e incluem mudanças nos sistemas
endócrino, nervoso, antropométrico e fisiológico (Seger, 2000).

Um respeito aos níveis de maturação esquelética e muscular desses jovens


adolescentes - colocando-os para competir e treinar em igualdade de condições de
desenvolvimento físico maturacional - é primordial na prática esportiva.

O futebol sistematicamente exclui garotos de maturação tardia e favorece garotos com


maturação precoce enquanto a idade cronológica e a especialização esportiva
aumentam. Sendo possível também que garotos com maturação tardia abandonem o
futebol (Malina, 2000).

Impõem em grau ético nas relações desportivas e constitui-se num fator preventivo
primordial de prevenção de lesões, evitando que organismos imaturos sejam
submetidos a estresses físicos desnecessários, bem como talentos no futebol poderão
se perder por desconhecimento de treinadores.

Adolescentes fisicamente imaturos estão mais propensos à lesão quando jogam futebol
com companheiros de mesma idade e que estão fisicamente maturados (Backous,
1988).

Parâmetros

É importante oferecer ao educador físico parâmetros científicos de como preparar


melhor o seu jovem atleta. Evitar sobrecargas desnecessárias para o aparelho
locomotor e conseguir mensurar os efeitos de seu trabalho, pois supondo que os
atletas encontrem-se nos mesmos níveis de maturação orgânica, as possíveis
diferenças nos índices de aptidão física podem ser mais bem avaliados e
posteriormente trabalhados com mais eficiência.

Para um bom desenvolvimento do trabalho de condicionamento físico para atletas

das categorias de base necessitamos compreender os aspectos fisiológicos do

crescimento e do desenvolvimento.

O crescimento e desenvolvimento de suas estruturas corporais regem as suas

capacidades fisiológicas e de desempenho (Guedes, 1995).

Bloomfield et al. (1995) defenderam a necessidade de referenciais da aptidão física e


do crescimento de jovens atletas para a avaliação do desenvolvimento dos mesmos,
através da elaboração de perfis de desenvolvimento. Tal instrumento de avaliação é
imprescindível no acompanhamento dos jovens atletas.

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A criança é fisiologicamente diferente do adulto e deve ser considerada de maneira
diferente. Mas como essas diferenças afetam os programas individualizados no
treinamento infantil?

Os programas de treinamento devem ser elaborados específicos para cada grupo


etário, despertando a atenção para os fatores de desenvolvimento ligados à idade.

Este índice dá a idéia da velocidade de maturação, e mostra o quanto o indivíduo já


percorreu pelo caminho da maturidade e a que distância se encontra do fim, o estágio
adulto.

Em geral a capacidade de desempenho aumenta à medida que a criança se aproxima


da maturidade física. No entanto quando os atletas categorias de base ultrapassam
esse ponto de maturidade, suas funções fisiológicas atingem um platô.

Um dos métodos mais utilizados para determinar a idade óssea é o de Greulich &
Pyle (1959), em que a radiografia de mão e punho esquerdos do indivíduo é
comparada com padrões radiográficos apresentados no Atlas. Consiste em um
método eficaz e de grande auxílio para educadores físicos e profissionais ligados a
medicina esportiva, no sentido de prescrever atividade física saudável sem
interferência na maturação corporal e como fator profilático na prevenção de lesão.

Maturação

A maturação de um indivíduo implica em mudanças morfológicas observadas durante o


crescimento, acentuadas na puberdade, envolvendo a maioria dos órgãos e estruturas
corporais; no entanto, tais eventos não tem início na mesma idade e tão pouco têm a
mesma duração para completarem seu ciclo de transformações definitivas (Beunen e
Malina, 1996).

Fatos relatados de jogadores que alteram sua idade cronológica são referidas nas
categorias de base no futebol brasileiro. Uma análise comparativa entre a idade óssea
e a cronológica podem eventualmente sugerir possíveis alterações falsificatórias na
idade cronológica.

A precocidade nas cargas de trabalhos físicos em jogadores de futebol jovens é uma


prática comum de muitos treinadores e preparadores físicos. Os treinadores
selecionam atletas pela maturação precoce, pois nestas categorias estes atletas se
sobressaem.

A maturação biológica é uma importante característica que forma a base da seleção de


talento e na elaboração dos programas de treinamento para estas idades. Assim faz-se
necessário à consideração do processo de desenvolvimento dos jovens atletas, que
podem encontrar-se em diferentes períodos de maturação.

A meu ver, nos dias atuais, em que jovens talentos surgem com freqüência na prática
esportiva competitiva de futebol esse assume importância múltipla: na área
administrativa, como um indicador de possíveis alterações nos registros desses jovens
atletas; na área preventiva, como um indicador de prescrição de exercícios para jovens
jogadores de futebol, em especial os trabalhos de força e na área de preparação física,
mostrando ao educador físico parâmetros igualitários de trabalho de uma equipe,
dando-lhes condição de trabalhar com mais qualidade as possíveis diferenças de
aptidão física de seus atletas.

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Tem funções educativas e também preventivas, dando aos preparadores físicos que
militam com esses jovens, condições de conhecerem amplamente o grau de
desenvolvimento de seus atletas, podendo programar com mais eficiência programas
de treinamento específicos para jovens jogadores de futebol.

Para os profissionais ligados a Medicina Esportiva, como médicos e fisioterapeutas, os


resultados obtidos nos dados comparativos de desenvolvimento dos atletas podem ter
função profilática para lesões esportivas no futebol, em obediência a um adequado
grau de maturação e desenvolvimento corporal dos atletas.

Oferecer condições adequadas de preparação física para jovens futebolistas, em


respeito aos seus adequados níveis de maturação e desenvolvimento corporal.

A idade biológica pode ou não coincidir com a idade cronológica; assim sendo, pode
ocorrer que em um grupo de atletas jovens e de mesma idade cronológica, existam
jogadores com diferentes idades biológicas.

Em uma análise hipotética é de se esperar que os jovens mais avançados apresentem


índices de aptidão física mais desenvolvidos quando comparados com jovens pré-
púberes, pois é sabido que durante o período pubertário ocorrem modificações
biológicas acentuadas em termos de crescimento e maturação, que promovem
mudanças no aspecto físico, interferindo na aptidão física do adolescente.

Flexibilidade no futebol

Capacidade para executar movimentos de grande amplitude

Um dos aspectos que vem ganhando grande importância na preparação dos


futebolistas é o treinamento da flexibilidade. As duras programações de treinamentos e
jogos impostos aos futebolistas exigem do sistema músculo-articular uma
complexibilidade de movimentos os quais devem estar bem treinados para suportar
tais cargas. O correto treinamento desta qualidade física tem se mostrado bastante
efetivo na preparação e principalmente na prevenção de lesões durante os esforços.

A flexibilidade pode ser definida como a capacidade de se executar movimentos de


grande amplitude. Estão envolvidos neste processo a amplitude articular e a
elasticidade muscular.

Didaticamente podemos dividir a flexibilidade em:

a) Flexibilidade Geral : quando a mobilidade das principais articulações é


suficientemente desenvolvida.

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b) Flexibilidade Especifica : quando a mobilidade se refere a determinadas
articulações especificas ao esporte praticado (Exemplo: no futebol a articulação
coxo-femoral).

A flexibilidade quando desenvolvida de forma ótima, adaptada às exigências do esporte


praticado age positivamente sobre o desenvolvimento das qualidades físicas de um
rendimento como a forca e a velocidade e das habilidades esportivas como a destreza
e movimentos técnicos pela melhora da coordenação motora.

Outro aspecto importante diz respeito à prevenção de lesões uma vez que um músculo
elástico e uma ampla articulação aumentada suportam maior carga mecânica.

O nível de mobilidade articular depende da forma e do comportamento dos ossos que


constituem as articulações, bem como de suas superfícies articulares. A resistência ao
alongamento que muitos atletas apresentam não provém das fibras musculares, mas
dos envoltórios musculares (fáscias e aponeuroses), dos tendões dos músculos e das
cápsulas articulares. As melhoras da elasticidade musculares podem ser obtidas
através de modificações bioquímicas e estruturais de seus componentes. A elasticidade
empregada pelo músculo está diretamente relacionada a:

• Aumento da temperatura corporal


• Diminuição da viscosidade muscular
• Diminuição dos fluidos citoplasmáticos
• Ação do tônus muscular e sua capacidade de descontração

Existem alguns fatores que influenciam diretamente na flexibilidade:

a) Sexo : indivíduos do sexo feminino apresentam maior flexibilidade, fato este


explicado por diferenças hormonais, maior percentual de tecido adiposo e
menor massa muscular.

b) Idade : a musculatura está particularmente exposta a alterações pelo


envelhecimento, contribuindo para diminuição da capacidade de alongamento
das estruturas referentes à mobilidade das articulações. O treinamento regular
pode minimizar a intensidade dessas alterações.

c) Aquecimento : fator de grande importância uma vez que altas temperaturas


aumentam significativamente as possibilidades articulares devido à diminuição
das resistências impostas pelos tendões, fáscias e aponeuroses musculares,
diminuição da viscosidade muscular e alterações no tônus e descontração
muscular.

d) Temperatura Ambiente : Quanto mais alta a temperatura no ambiente em que


se pratica a atividade, maior é o nível de flexibilidade, sendo verdadeiro
também sua diminuição em ambientes frios. A flexibilidade está sujeita a
oscilações durante o dia. No período matutino a flexibilidade e nitidamente
menor que nos períodos da tarde e noite.

e) Resistência articular : a cápsula articular contribui com cerca de 47%; os


músculos contribuem com 41%; os tendões com 10% e a pele com
aproximadamente 2%.

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Aspectos importantes para o treinamento da flexibilidade

• A fadiga muscular induzida por esforço físico de longa duração, evidencia o


limiar de sensibilidade dos fusos musculares (órgãos proprioceptores
musculares responsáveis pela regulação de seu grau de estiramento),
provocando uma inibição precoce do alongamento muscular. Portanto,deve-se
evitar o treinamento de flexibilidade ativo dinâmico, em caso de fadiga
muscular.

• Pela manhã, o limiar de sensibilidade dos fusos muscular apresenta-se


acentuado. Sendo assim, o treinamento visando o desenvolvimento da
flexibilidade deve ser iniciado após um prévio aquecimento dos músculos e
articulações envolvidos.

• A flexibilidade pode ser treinada de forma ativa, isto e pela execução da


amplitude articular máxima por meio de contração dos músculos agonistas e
alongamento dos antagonistas e; passiva, compreendendo a execução de
amplitude articular máxima auxiliada por forcas externas, promovendo a
descontração dos músculos antagonistas. A mobilidade passiva é
constantemente maior que a ativa. Esta forma de treinamento ainda pode ser
realizada de forma dinâmica (movimentos balísticos etc.) e estática
(manutenção do alongamento por um período de tempo).
Alem de um ótimo desenvolvimento da flexibilidade nos membros inferiores, o
futebolista deve ser apresentar uma grande mobilidade de tronco e quadril.

Segundo Mathews e Fox (1982), os melhores exercícios para se obter o aumento da


flexibilidade são realizados de forma passiva e estática.

Fortalecimento da musculatura da articulação do joelho

Precisa ser alongado paralelamente ao treinamento de força

O quadríceps femoral tem papel de limitador da performance dos atletas, para a


execução das acelerações e saltos. De um modo geral, ele é bem-desenvolvido devido
ao treinamento de força integrado ao jogo.

Quando há tempo, a força do quadríceps femoral pode ser elevada de forma


significativa por meio de exercícios de saltos e treinamento de força com pesos, o que
está sempre relacionado ao incremento das performances de salto e de sprint.

Convém destacar que este músculo característico da performance no futebol tem a


tendência para o encurtamento, portanto, ele precisa ser alongado paralelamente ao
treinamento de força (Weineck, 2004).

Por apresentar um excelente desenvolvimento em relação ao seu antagonista, a


musculatura isquiocrural (muito esquecida no treinamento de força), o quadríceps
femoral tende a um desequilíbrio muscular, provocando um quadro de dores no atleta,
típico desta lesão.

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Treinamento complementar

Para compensar este desequilíbrio, é necessário que o atleta realize um treinamento


complementar para o fortalecimento dos flexores do joelho. Para a estabilização lateral
da articulação do joelho, os músculos vasto medial e vasto lateral são de extrema
importância, embora já sejam bem-desenvolvidos com o treinamento integrado ao
jogo. O treinamento complementar seletivo é aconselhável, sobretudo para o jogador
com problemas de joelho (Weineck).

Existem exercícios específicos para o aumento da massa muscular, melhoria da força


rápida e outras opções de exercícios com padrões de ativação.

Condições atmosféricas e esforço físico

Variações climáticas alteram o equilíbrio térmico do organismo

Cerca de 75% da energia química gasta pelo organismo em situações de esforço, são
transformadas em calor. O corpo, para evitar um aumento acentuado do calor interno,
que acarreta grande desgaste dos sistemas orgânicos implicados, utiliza-se de um
sistema especializado responsável pela manutenção do equilíbrio térmico, denominado
Termo-regulação, que se mantém através de constantes trocas de calor entre o corpo
e o meio ambiente. Essas trocas podem ser realizadas através da:
• Convecção: quando ocorre o deslocamento do ar aquecido próximo do corpo,
por uma corrente de ar mais fresco (Ex: brisa, vento etc.).
• Condução: quando ocorre a troca de calor entre dois corpos quando estiverem
em contato (Ex. compressas de água fria etc.).
• Irradiação: quando a perda de calor se da através do corpo e dos objetos e as
estruturas que o cerca (Ex: resfriamento do ambiente).
• Evaporação: quando o suor é liberado através da pele e respiração, sofrendo o
processo de evaporação.

O fenômeno da liberação de calor pelo organismo durante esforços físicos, não


depende somente de mecanismos fisiológicos, mas também da:

a) Temperatura Ambiente

Em ambientes frios, a diferença entre a temperatura corporal e o meio ambiente


aumenta, produzindo com isso a liberação de calor, principalmente por convecção e
irradiação. É importante nestas condições manter o atleta agasalhado, evitando assim
um quadro de hipotermia (queda brusca da temperatura corporal), induzida pelas
baixas temperaturas.

Em ambientes quentes, o calor produzido pelos órgãos internos é dissipado pela pele e
em pequena quantidade pela respiração, através da convecção, condução, irradiação e
evaporação. Em se tratando de esforço físico, a evaporação é a principal forma de
perda de calor pelo organismo. Nestes ambientes, deve-se evitar o uso de agasalhos
ou indumentárias que dificultem o processo de evaporação do suor produzido.

17
A temperatura corporal interna, em condições de repouso encontra-se entre 36,5 a 37
graus Celsius. Em condições de esforço extremo, esse valor pode elevar-se até
aproximadamente 42 graus Celsius, sem causar prejuízo às funções orgânicas.

b) Umidade Relativa do Ar (URA)

Compreende o nível de saturação de água no ar ambiente. Seus valores são


expressos em percentual de água. Quanto menor a URA mais favorecida será a
liberação de calor pelo organismo através da evaporação do suor produzido.

Quando expiramos o ar dos pulmões para o meio ambiente, sua umidade


apresenta-se em 100%, isto é, o ar que sai das vias respiratórias apresenta-se
totalmente saturado pela umidade. Essa umidade é proveniente da evaporação da
água nas vias respiratórias, o que explica a perda de água pela respiração.

Quanto menor for a URA do ar inspirado, maior será a perda de água pela
evaporação e respiração. O ambiente saturado de umidade aumenta a dificuldade
de evaporação do suor, tornando difícil a liberação do calor produzido pelo
metabolismo. Sendo assim, a temperatura interna do corpo, eleva-se
significativamente, aumentando a produção de calor. Como o calor produzido não
conseguirá se evaporar, devido a grande umidade do ambiente, ocorrerá uma perda
excessiva de líquidos corporais, levando o atleta à desidratação e a um desgaste
orgânico acentuado.

Portanto, a condição ambiente que melhor favorece a perda de calor corporal é o


clima frio e seco.

c) Radiação Solar

Este fenômeno exerce importante influência na refrigeração do organismo. A


liberação do calor será mais fácil quanto menos ensolarado estiver o dia. Portanto, é
importante programar os treinamentos e competições em horários em que a
radiação solar está menos intensa.

Dicas importantes para a aplicação de esforços físicos sob condições


ambientais diversas:

• Condições de refrigeração fácil: estas condições ocorrem quando a


temperatura ambiente se apresentar entre 10 e 27 graus Celsius e uma URA
entre 30 e 90%. Nesta faixa climática podemos aplicar atividades físicas sem
preocupação com o mecanismo termo-regulador do organismo.

• Condições de refrigeração difícil: ocorre quando a temperatura ambiente se


encontra entre 27 e 32 graus e a URA entre 90 e 100%. Nestas condições,
deve-se atenuar o ritmo dos esforços, pois o calor interno elevado atuará como
sobrecarga orgânica. Os atletas deverão ser submetidos a constante hidratação.

• Condições de refrigeração impossível: ocorrem quando a temperatura


ambiente for superior a 33 graus Celsius e a URA a 100%. Nestas condições, o
rendimento físico será de baixa qualidade, havendo possibilidade de forte
desidratação, podendo trazer sérios prejuízos orgânicos.

18
Treino de velocidade na pré-temporada

Antes dos campeonatos ou em pausas prolongadas

Nos chamados momentos de transição - retorno das férias ou interrupções de


campeonatos - a maior atenção aos treinamentos ministrados aos atletas está voltada
à recuperação ativa e aos exercícios que estimulem a velocidade e a força rápida.

De acordo com o professor Jürgen Weineck, os treinamentos "devem evitar que os


parâmetros determinantes da velocidade sofram queda acentuada e o treinamento
tenha de começar do zero no período preparatório".

Um dos aspectos que podem ser melhorados no período de transição diz respeito às
deficiências individuais dos atletas quanto à velocidade. Aqueles que apresentarem
velocidade de base notadamente baixa deverão receber atenção especial.

Trata-se de uma tarefa que não pode ser realizada durante o treinamento regular do
time, ao longo do campeonato, pela necessidade que há em se desenvolver um
trabalho individual com o jogador que apresentar esta carência.

Fonte: Jürgen Weineck. Futebol Total: o treinamento físico no futebol. Phorte Editora,
2004.

Benefícios da resistência em jogadores de futebol

Objetivo é o aumento do desempenho físico

Diante das características de jogo que o futebol apresenta, a resistência dos atletas
desempenha um papel fundamental para a apresentação de uma boa performance
durante uma partida. O ideal é que os atletas recebam um volume de treinamento que
observe as suas características e funções táticas na equipe.

Podemos definir "resistência" como a capacidade de tolerância do atleta em relação à


fadiga física e mental para sobrecargas de longa duração e seu poder de recuperação.
Os tipos de resistência podem ser divididos de acordo com suas características:

a) Aspecto do metabolismo muscular: resistência aeróbia e anaeróbia;

b) Forma de trabalho da musculatura:- resistência dinâmica e estática;

c) Exigências motoras: resistências de força, força rápida, força de sprint e força


de velocidade;

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d) Aspecto temporal: diferenças entre as resistências de curta, média e longa
duração.

As resistências aeróbia (ou resistência aeróbia geral, que é uma forma de resistência
que independe da modalidade esportiva) e anaeróbia (voltada para os aspectos que
caracterizam as funções do atleta num esporte específico) são muito importantes para
os atletas de futebol, pois os jogadores com boa resistência, de acordo com WEINECK
(2004) geram:

Resistência aeróbia

• Aumento do desempenho físico (...);


• Desempenho ótimo da capacidade de recuperação (...);
• Diminuição das lesões e contusões (...);
• Aumento da tolerância psíquica (...);
• Prevenção de falhas táticas em função da fadiga (...);
• Diminuição das lesões e contusões (...);
• Aumento da tolerância psíquica (...);
• Prevenção de falhas táticas em função da fadiga (...);
• Diminuição dos erros técnicos (...);
• Manutenção de alto nível de velocidade de ação e de reação (...);
• Manutenção da saúde (...).

Resistência anaeróbia

• Condicionamento específico das características de desempenho muscular do


jogo de futebol (especialmente das pernas) (...);
• Boa assimilação das sobrecargas intermitentes e repetitivas de corrida,
acelerações e saltos, dribles em velocidade, chutes e cabeçadas rápidas;
• Melhor capacidade de resistir às mudanças de velocidade e poder acompanhar o
alto ritmo de jogo;
• Capacidade de realizar acelerações saltos, dribles e chutes com ritmo máximo e
de forma bastante dinâmica, o jogo todo.

O professor Jürgen Weineck observa que "embora a resistência anaeróbia do jogador


de futebol seja influenciada em vários aspectos pela resistência aeróbia, ela
representa, contudo, qualidade independente que deve ser desenvolvida por meio de
métodos e conteúdos de treinamento próprios".

20
Fatores determinantes do desempenho físico

Preparação física deve ser planejada de forma racional

A preparação física no futebol moderno representa um dos fatores mais importantes


para a aquisição do alto rendimento nos jogos. Muitos estudos foram e são
desenvolvidos nesta área, visando colher os melhores resultados.

Os grandes resultados esportivos estão diretamente relacionados ao condicionamento


físico elevado, conseguido através da aplicação de treinamentos com embasamento
cientifico e atualizados.

O treinamento somente atinge seus objetivos a partir do momento em que ocorrem as

adaptações gerais do organismo estimulado em suas varias funções. Atualmente, o

preparador físico é "cobrado" por um condicionamento de alto nível, em curto espaço

de tempo. Essa forma de preparação não proporciona alto rendimento e ainda pode

trazer sérios prejuízos ao atleta. As principais adaptações orgânicas ocorrem entre a

quarta e a sexta semana de treinamento. Como o futebol é um esporte de caráter

multifuncional e complexo, deve-se respeitar o fator temporal de adaptação.

Portanto, a prática da preparação física deve ser planejada de forma racional, visando
obter os resultados de forma concreta e no momento certo.

Além de contribuir diretamente para a obtenção do alto rendimento funcional, a


preparação física deve também se preocupar com o desenvolvimento da motricidade
específica, fator este de grande importância para a economia das funções orgânicas e
energéticas.

De forma didática apresento algumas bases do desempenho físico de características e

desenvolvimento próprios, os quais devem ser estudados e adaptados às capacidades

individuais do futebolista.

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Bases do desempenho físico

Preparação Física Formas de exigência motora

a) Orgânica

- Resistência Atividades aeróbias e anaeróbias

b) Muscular

Atividades de saltos, chutes,


lançamentos, tração e exercícios
- Força localizados nos segmentos
musculares específicos

Atividades de amplitude articular e


alongamento muscular
- Flexibilidade

c) Perceptivo-cinética

- Velocidade Atividades de reação, decisão,


aceleração através de movimentos
cíclicos e acíclicos.

- Agilidade

Atividades de constantes e súbitas


mudanças de direção

- Coordenação Atividades técnicas básicas e


específicas com correta utilização
mecânica do movimento

- Equilíbrio

Atividades de diversas formas de


movimento - cíclicos, acíclicos,

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atividades de contato e de
recuperação do controle corporal
- Percepção espaço-tempo utilizando ou resistindo a força da
gravidade

Atividades de superação de espaço


- Ritmo ou interceptação ao adversário ou
objetos, tempo de bola em situações
apresentadas pelo jogo

Atividades nas quais determinados


movimentos são realizados em
diferentes velocidades de esforços

Treinamento físico deve retratar situações do jogo

Conceito deve ser ampliado a todos os fatores que influenciam na performance

Desde a criação do futebol força, a preparação física dos jogadores de futebol recebe
atenção especial por parte dos profissionais da área. No entanto, face às exigências do
futebol moderno, a habilidade global de um atleta precisa acompanhar a evolução
verificada no aspecto físico.

Desta forma, o treinamento físico deve empregar, na medida do possível, as situações


de jogo. Se o principal objetivo é o aprimoramento da capacidade de jogo, a
preparação física precisa ficar atenta a este aspecto.

Sabemos que no futebol atual, uma das preocupações relacionadas ao desempenho diz
respeito à velocidade e à habilidade, o que ajuda a explicar a atenção redobrada que
recebe a condição física dos jogadores.

"Em ação, refletem-se constantemente todos os componentes e todas as possibilidades


físicas, psíquicas, cognitivas e sociais de um jogador" (Martin, 1977, cit. por Weineck,
2000).

23
Componentes do desempenho

A condição física do jogador é um dos vários aspectos que ajudam a melhorar a


habilidade específica do futebol. Este condicionamento é caracterizado pelos seguintes
componentes do desempenho:

• Técnica (capacidade coordenativas; habilidade de movimento)


• Condicionamento físico (força; velocidade; resistência aeróbia e anaeróbia;
flexibilidade)
• Capacidades psíquicas
• Fatores endógenos, constitucionais e de saúde
• Capacidades táticas/cognitivas
• Capacidades sociais

Para o professor Jürgen Weineck, "no futuro, em um treinamento moderno de futebol,


será preciso quantificar, em condições próximas às de jogo, o valor crescente de
desenvolvimento do binômio velocidade/habilidade, relacionando-o aos traços
psicofísico, técnico-tático e social da performance".

Em outras palavras e sem descartar a preparação física "pura" (que seria utilizada em
determinados casos) o professor prega que o condicionamento físico específico do jogo
é cada vez mais importante e que os treinamentos devem ser o mais parecido com
aquilo que irá ocorrer durante um jogo.

Álcool e noites em claro são os principais violões da saúde

Não é de hoje que os craques da bola gostam de freqüentar casas noturnas. No


entanto, esses momentos de lazer, na verdade, podem acarretar sérios problemas à
saúde dos atletas se estiverem associados a noites mal dormidas e ao consumo de
álcool (nem entrarei na questão do uso de drogas devido à obviedade do problema).

Quando o álcool é ingerido após uma intensa atividade física (treinos e jogos,
principalmente), em que os jogadores costumam ficar desidratados e ressentindo-se
da pouca quantidade de alimentos no estômago por causa da competição, o álcool
consumido é absorvido mais rapidamente e pode provocar problemas que não
ocorreriam em situações normais.

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De acordo com MAUGHAN e BURKE (2002), "a ingestão de álcool geralmente tem
efeito indireto sobre o reabastecimento de combustíveis após o exercício.
Provavelmente, as bebedeiras impedem que o atleta consuma a quantidade necessária
de carboidratos; no final, os atletas não ingerem muitos alimentos nem optam por
alimentos com alto teor de carboidratos nessas ocasiões".

Outro problema é que se o atleta apresentar contusão nos músculos e tecidos moles, a
prática médica padrão, de técnicas vasoconstritoras, como descanso, gelo, compressão
ou elevação fica comprometida, devido à dilatação indesejada dos vasos e ao redor dos
locais atingidos causada pelo álcool, retardando a recuperação da lesão. A
recomendação, nesses casos, é para que os atletas evitem consumir bebidas
alcoólicas, principalmente nas primeiras 24 horas após o jogo.

Risco

"O álcool prejudica a capacidade de julgamento e reduz a inibição. Conseqüentemente,


atletas intoxicados costumam apresentar comportamentos perigosos, o que aumenta o
risco de acidentes que podem levar a ferimentos ou à incapacitação para o
treinamento e para as competições (...)", segundo MAUGHAN e BURKE.

Os jogadores que bebem grandes quantidades de álcool com freqüência enfrentam


problemas sociais e físicos associados à bebida. Os primeiros problemas que afetam o
desempenho esportivo incluem nutrição inadequada e estilo de vida ruim (p. ex., sono
e recuperação insuficientes). Por ser um nutriente bastante energético, o álcool pode
aumentar o peso, problema típico no caso de grande ingestão.

Noites em claro

De acordo com vários especialistas, o sono é um fator decisivo para a recuperação de


uma pessoa, ainda mais em se tratando de atletas. Enquanto dormimos as células
cerebrais são regeneradas.
Jogadores que passam a noite nas "baladas" prejudicam sua força, o tônus da
musculatura e apresentam dificuldades de concentração e estado de irritabilidade,
além de ter seu metabolismo alterado.

"A privação do sono traz alguns malefícios para o organismo e alterações psicológicas
como o mal humor, irritabilidade, déficit de atenção e raciocínio e algumas alterações
fisiológicas", reforça a professora Hanna Karen Antunes, do Centro de Estudos em
Psicobiologia do Exercício da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O preparador físico Nuno Cobra, autor do livro "A Semente da Vitória", diz em seu livro
que "quem se envolve sadiamente com uma atividade física sistemática tem a
obrigação ainda maior de ter um sono mais profundo, mais reparador e de maior
duração". Afinal, durante este tipo de sono, cada célula do corpo é restaurada e o
indivíduo ganha energia e disposição.

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O trabalho que um preparador físico exerce num clube de futebol nem sempre é fácil
de ser executado, até porque a estrutura de cada equipe pode não ser a ideal. Os
maiores problemas que um preparador físico encontra no futebol são bastante variados
e não raramente dependem de muita versatilidade e capacidade de se adaptar à
estrutura existente.

Na opinião do profissional da equipe principal do Paulista de Jundiaí, André Zaros, que


também possui pós-graduação em Fisiologia do Exercício, a principal dificuldade que
um preparador físico pode encontrar num clube é para "implantar sua filosofia de
trabalho". De um modo geral, "é preciso se moldar ao grupo de atletas que tem em
mãos e variar o treinamento, seja com bolas e os diversos tipos de materiais
existentes", segundo Zaros.

O preparador físico do Paulista, que possui 14 anos de profissão, ainda observa um


problema de comportamento existente entre os atletas do país: "nós, brasileiros,
temos uma cultura que não é de determinação, comprometimento. Às vezes nós não
estamos preparados".

Para se trabalhar com um grupo heterogêneo de atletas, o preparador físico precisa ter
a sensibilidade de perceber a característica de cada jogador. "É importante procurar
trabalhar as deficiências de cada atleta e observar como ele reage ao trabalho", disse
Zaros. O diálogo entre as pessoas também é citado pelo preparador físico, para que se
consiga compilar o trabalho de forma produtiva, dando ênfase a não estressar o
jogador.

Integração

Para que as atividades do futebol transcorram da melhor maneira possível, a


integração entre técnico e preparador físico é algo imprescindível. Por isso, todo o
trabalho de campo que será ministrado precisa ser discutido previamente entre o
técnico e o preparador físico.

No caso dos clubes em que os preparadores físicos não foram trazidos pelos técnicos,
Zaros afirma que esses profissionais "precisam ter um poder de adaptação grande; no

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mundo de hoje, com a quantidade de informações que dispomos, somos obrigados a
dar certo".

Tendência

O preparador físico do Paulista acredita que a tendência dos trabalhos de sua área no
futebol é trazer cada vez mais para a realidade do jogo. "Só que o jogador tem que
trabalhar no limite e quando se chega nesse limite já estamos atrás de outro".
Acrescenta que "com a diversificação da parte técnica, que evoluiu, a preparação física
também foi forçada a acompanhar".

Uma outra tendência que deverá ocorrer no futebol, de acordo com Zaros, é que a
preparação física terá de dar condição para que os jogadores sejam mais participativos
e rápidos. "A velocidade é a tendência do futuro", completa.

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