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A CBF, por exemplo, inclui em sua comissão técnica, desde 1992, a figura do chamado
coordenador técnico. Mas pelas funções desempenhadas até aqui pelos profissionais
que ocuparam este cargo (Zagallo, Zico, Antonio Lopes), podemos dizer que eles
representam ou representaram muito mais um consultor técnico (exceção talvez ao
papel do Zico que foi um pouco mais ampliado) do que verdadeiramente de um
coordenador técnico.
Para exercer esta função, nova e complexa, nos clubes de futebol ou em seleções, o
coordenador técnico deve, portanto, possuir alguns conhecimentos e qualificações
especiais. Deve ter noções básicas a respeito de todas as áreas que coordena, sejam
elas técnicas, de saúde, administrativas ou de serviços, sem que precise ser um
especialista em qualquer uma delas.
Fundamental é que tenha uma vivência futebolística sólida, se possível uma formação
de nível superior, e, sobretudo, que acompanhe permanentemente os avanços
constantes das técnicas e ciências esportivas e administrativas. Além disso é
indispensável que este profissional tenha também liderança, capacidade de avaliar
situações com ponderação e equilíbrio, objetividade, eficiência e eficácia no conjunto
de suas ações e, finalmente (mas não menos importante), capacidade de comunicação
e relacionamento.
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Sintetizaríamos que o trabalho do coordenador técnico envolve, basicamente, três
níveis de atuação: 1) Planejamento das atividades voltadas para o alto rendimento
esportivo; 2) Controle rigoroso, individual e coletivo, desse rendimento; 3) Melhoria
permanente dos processos que conduzem ao alto rendimento esportivo.
Pode-se notar, concluindo, que não se trata de uma função fácil de se exercer.
Entretanto, esta tarefa, na nossa maneira de ver, terá papel estratégico em um futuro
não muito distante, uma vez que, gradativamente, o coordenador técnico deverá
desempenhar atividades que hoje ainda são desempenhadas, inadequada e
desajeitadamente, pelo treinador, cuja tarefa principal deveria ser a de liderar com
competência o grupo de atletas, escalando seu time, decidindo sobre as melhores
estratégias e táticas para se obter os melhores resultados dentro de campo, o que,
diga-se de passagem, já é bastante coisa para se fazer.
A formação de uma equipe de alto nível, que tenha como objetivo a conquista dos
principais títulos, é um processo que requer um tempo mínimo para ser sedimentado.
Na prática, há alguns casos que levaram em torno de seis meses, como o São Paulo de
Telê Santana, o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo (e, mais recentemente o
Cruzeiro), o Vasco de Antônio Lopes e o Grêmio de Luís Felipe Scolari.
Para o clube ter maiores probabilidades de êxito em suas pretensões é necessário que
o trabalho desenvolvido no futebol conte com profissionais competentes e esteja
amparado por uma boa estrutura, com um centro de treinamento equipado, como o do
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Cruzeiro, por exemplo, que você pode ter uma idéia melhor visitando o site oficial do
clube
Para se obter essas informações, existem câmeras de vídeo, fitas gravadas com
recursos especiais (onde são detalhados lances especiais), fotos, informações obtidas
junto a outros treinadores etc.
Para aperfeiçoar ainda mais esse trabalho é comum uma equipe enviar um observador
para acompanhar os futuros adversários. Este profissional precisa reunir capacidade
suficiente para executar um trabalho deste tipo, pois suas informações servirão de
base para o treinador escalar seu time e definir a tática que será utilizada.
Os principais aspectos que devem ser observados pelo 'olheiro', durante uma partida,
são os seguintes:
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Modelo da Holanda
No dia do jogo
Durante o jogo
• Organização - ataque;
• Jogadores envolvidos.
• Defesa;
• Setor do campo.
Após o jogo:
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Coloque as informações no papel o mais rápido possível.
1. Informações gerais
• Tipo de clima;
• Estado do gramado;
• Tipo de jogo;
• Número de espectadores;
• Aspectos especiais;
• Seqüência dos gols marcados;
• Informações básicas e resumo;
• Nomes e números.
2. Descrição geral
• Primeiro tempo;
• Segundo tempo.
5. Execução de jogadas.
Há diversas formas de se observar um jogo, mas estas são sugestões que podem ser
úteis para quem exerce esta função ou pretende adquirir conhecimentos específicos
deste assunto. Cada profissional poderá adaptar essas sugestões de acordo com as
suas necessidades ou possibilidades.
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O técnico e o craque
Por mais que alguns técnicos, alinhados com o salutar profissionalismo, tentem adotar
um modelo de trabalho adequado aos novos tempos, caso de Ricardo Gomes no
Fluminense, nem sempre conseguem seu intento.
Um dos motivos é a força que craques consagrados como Romário, ainda que em final
de carreira, encontram junto aos dirigentes, no caso, a diretoria do Fluminense.
Não é novidade para ninguém, que o Baixinho não gosta de treinar. Também não é
segredo que o jogador gosta de jogar seu futevôlei na praia e não abre mão das
noitadas na Cidade Maravilhosa.
Ingenuidade? Talvez, mas Gomes deve achar que um atleta profissional precisa agir
como tal.
A diretoria, pressionada, criou algumas normas que não foram divulgadas, mas
Romário já adiantou que em jogos fora do Rio não quer ficar ausente da cidade por
dois dias antes de cada jogo. Quer integrar-se ao grupo apenas na véspera dos jogos.
O presidente Davi Fischel disse que o jogador não deve ser cobrado da mesma forma
que os outros.
Ricardo Gomes, por sua vez, quer Romário na equipe, mas não abre mão da disciplina
do grupo.
Assim, pelo visto, o trabalho do técnico continuará como era antes. Ou, se preferir,
meio profissional...
Uma notícia recente despertou minha atenção. Era a contratação de Marco Van Basten
para comandar a seleção da Holanda por quatro anos. O ex-jogador exigiu que no
contrato fosse incluída uma cláusula para que o time tivesse uma postura tática
ofensiva.
Alguns clubes europeus possuem um documento oficial para determinar qual será o
sistema tático que será adotado por suas equipes, em todas as esferas, ou seja, não
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apenas o time principal terá de jogar dentro de uma tática pré-definida, mas todas as
categorias de futebol da agremiação.
O treinador e gerente de futebol, Ricardo Drubscky, em seu livro 'O Universo Tático do
Futebol', diz que esse documento 'parece ter surgido para cada clube da cultura do
futebol de seus países, dos traços da escola européia, das suas convicções táticas, da
influência de campanhas e técnicos vitoriosos, dentre outros fatores'.
Drubscky acrescenta que 'as atribuições dos técnicos se concentram, a partir de então,
em escalar e treinar a equipe, além de comandar o grupo de jogadores, tudo de
acordo com o desenho tático proposto para o futebol do clube e devidamente orientado
pelo manager'.
Isto pode parecer uma medida que não faz o menor sentido. Mas há lógica. Ainda de
acordo com Drubscky, 'a primeira vista, parece uma medida limitadora para a evolução
das equipes em campo, mas quem entende um pouco de tática no futebol sabe que
existem intermináveis pontos a desenvolver na engrenagem de uma equipe mesmo
depois de se estabelecer o seu desenho para os jogos'.
Uma coisa é certa: na atual realidade do futebol brasileiro acho que é praticamente
impensável alguma equipe ter uma atitude destas, mas confesso que gostaria de ver o
que aconteceria se isto fosse encampado por algum grande time do país.
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As técnicas envolvem, em combinação com as regras do jogo, um conjunto de práticas
motoras específicas que vão desde os fundamentos básicos de controle da bola aos
movimentos complexos de tomada de decisão, de controle e de execução, sempre com
a finalidade de atingir o melhor rendimento.
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Assim como na vida empresarial, para se ter sucesso no esporte, todos os profissionais
envolvidos - atletas, comissão técnica e dirigentes - precisam estar comprometidos
com o objetivo traçado, senão a unidade da equipe é rompida.
Nos esportes coletivos, caso do futebol, este aspecto torna-se ainda mais relevante,
pois treinadores, psicólogos e demais integrantes de uma comissão técnica têm de
possuir uma habilidade incrível de lidar a todo instante com os mais diferentes perfis
de jogadores.
É claro que existem outras virtudes que um bom treinador deve ter para exercer com
competência sua função, o que não invalida outros pontos-de-vista ou sugestões.
A Áustria dos anos 30, seleção que entrou para a história do futebol
Após derrotar as 24 equipes que enfrentou entre os anos de 1928 a 1933, a seleção austríaca
passou a ser chamada de Wunderteam (time maravilhoso). E com justiça!
O ímpeto com que a equipe austríaca buscava o gol era fruto da filosofia do seu treinador, Hugo
Meisl (1881-1937), que começou a armar o time no final dos anos 20 dentro daquilo que
acreditava - "a melhor defesa era o ataque".
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O fato é que o treinador austríaco contava com grandes jogadores (méritos para sua criteriosa
escolha) para por em prática suas convicções, como Matthias Sindelar, o "Homem de Papel"
(apelido que recebeu por causa da sua magreza).
A categoria de Sindelar levou a Áustria para vitórias fantásticas, que deixaram os europeus
estupefatos: 5 a 0 sobre a Escócia (uma das maiores forças do futebol naqueles anos), 6 a 0 e 5
a 0 sobre a Alemanha e muitas outras goleadas: 8 a 2 e 5 a 2 na Hungria, 6 a 1 e 4 a 1 na
Bélgica, 5 a 0 no time Prater, de Viena, 4 a 2 na Itália, 4 a 0 na França e por aí vai.
Por todos esses feitos, em dezembro de 1998, quase 60 anos depois de sua morte, Sindelar
recebeu o título de "Atleta austríaco do século 20".
Diagonal brasileira
O WM dos europeus chegou ao Brasil alguns anos depois, mas encontrou algumas resistências
para sua implantação na forma original em que foi concebido. Em 1937 o técnico do Flamengo, o
húngaro Dori Kuerschner, não teve muito sucesso ao tentar adotar o esquema devido à falta de
familiaridade com a nova tática por parte dos jogadores, principalmente pelo jogador que teria
de atuar como o terceiro zagueiro.
Nos primeiro jogos os brasileiros foram goleados impiedosamente, o que levou os treinadores
que dirigiam o combinado brasileiro a buscar uma forma para não sofrer novas humilhações.
Depois de conversar com Ondino Vieira, Flávio Costa viu que podia aproveitar algumas idéias
adotadas por Kruschner no Flamengo e determinou que seus defensores marcassem homem a
homem os atacantes argentinos.
A estratégia deu certo. O combinado não sofreu mais goleadas e chegou a vencer algumas
partidas. A partir de então, começava a nascer o WM brasileiro, pois tinha uma pequena
variação ao original: o médio passou a ocupar o centro do quadrado mágico. Inicialmente foi
chamado de "Defesa Cerrada", mas ficou conhecido mesmo como "Diagonal", que consagraria o
técnico Flávio Costa.
A "Diagonal" também era um 3-4-3, com dois meio campistas mais recuados e outros dois mais
à frente, mas recebeu este nome porque o alinhamento do zagueiro direito, com o meio
campista recuado direito, com o outro meio campista avançado esquerdo e finalmente com o
atacante da esquerda (ponta-esquerda), formavam uma diagonal, caso imaginássemos uma
linha partido do lado direito da defesa para o setor esquerdo do ataque.
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Ferrolho Suíço
Se coube a Hugo Meisl a proeza de formar uma seleção que jogou o futebol mais ofensivo da
época (e, talvez, de todos os tempos), curiosamente foi um outro compatriota austríaco, Karl
Rappan, o responsável pela criação do "Ferrolho Suíço", que era uma tática voltada para a
retranca.
Com esse sistema extremamente defensivo a Suíça disputou as Copas do Mundo de 1938, 1954
e 1962. Rappan conhecia bem o futebol suíço, pois antes de assumir a seleção comandou o time
do Grasshoppers, o mais popular do país.
A tática empregada por Rappan partia do pressuposto de que seus adversários eram superiores
ao seu time. Por isso, seu meio campo postava-se próximo aos dois zagueiros de área. Já os
médios (direito e esquerdo) marcavam os pontas dos times oponentes e o centro-médio
colocava-se à frente da zaga. Dos cinco atacantes (comuns na época), três eram obrigados a
recuar para o meio de campo, deixando apenas dois jogadores à frente para os contra-ataques,
em rápidas saídas ofensivas da equipe.
Algumas ações que esse esquema contemplava ainda são utilizadas no futebol moderno, como a
marcação sob pressão (no campo adversário), os meias-atacantes voltando para marcar e a
adoção de um zagueiro fixo.
Foi este técnico italiano quem criou a figura do líbero, um jogador que postava-se atrás da linha
de quatro zagueiros, nos momentos em que a equipe era atacada, mas que tinha a liberdade de
avançar nas jogadas de ataque, tornando-se um meia de ligação e elemento surpresa, pois
podia aparecer em qualquer parte do campo. O melhor exemplo do que foi um líbero é Franz
Beckenbauer.
Para efeitos de designação numérica pode-se dizer que o Catenaccio (sem contarmos o goleiro)
era 1-4-3-2 ou 5-3-2 se quisermos dividir a equipe em três compartimentos (defesa, meio de
campo e ataque).
O Catenaccio exigia forte marcação homem a homem, desde a defesa contrária e executava
contra-ataques muito rápidos, com objetivo de pegar o adversário de surpresa. Talvez seja este
o motivo que este sistema só teve seguidores na Europa, pois na América do Sul as equipes
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jamais se conformariam em jogar desta forma, devido às características do jogados sul-
americano.
Com a adoção do WM pelos times europeus, o Catenaccio de Pozzo saiu de cena até meados da
década de 50 e início dos anos 60, quando o técnico argentino Helenio Herrera, comandando o
Inter de Milão, em 1960, introduziu a figura do líbero. O esquema desenhado por Herrera era
um pouco diferente daquele apresentado por Vittorio Pozzo: 1-4-3-1-1, variando para 1-4-4-1.
Nas jogadas de ataque podia ser 1-4-3-2.
O curioso é que há quem diga que o criador do Catenaccio foi o italiano Alfredo Foni, treinador
que atuou mais intensamente nos anos 50, mas pouco se fala em Pozzo e muito em Herrera,
talvez pelo fato do técnico da Internazionale ter conquistado, entre 1960 e 1968, três
campeonatos italianos e duas Taças dos Campeões da Europa em 1963/64 e 1964/65, entre
outras conquistas - todas utilizando este esquema tático.
A máquina mágica
A seleção da Hungria é famosa por sua participação na Copa do Mundo de 1954, onde
apresentou um sistema tático revolucionário, em que os atacantes podiam jogar com liberdade,
sem necessidade de guardar posição.
O sucesso do esquema tático húngaro se deve, em grande parte, pelo trabalho meticuloso
realizado por Gusztav Sebes, vice-presidente do Comitê de Esportes da Hungria e que assumiu o
comando da seleção em 1949, quando o exército do regime comunista decidiu assumir o
comando do futebol.
Em sua brilhante trajetória no futebol, Puskas realizou 84 jogos pela seleção da Hungria,
assinalando 83 gols - recorde que é mantido até hoje (Pelé marcou 77 gols pela seleção
brasileira). Ao longo de sua carreira marcou mais de mil gols.
Com Sebes no comando técnico da seleção, os jogadores passaram a treinar regularmente, fato
pouco usual para a época. Assim, havia tempo para uma criteriosa seleção de talentos e o
entrosamento da equipe aconteceu naturalmente, permitindo que Puskas, Sandór Kocsis, Czibor
e outros praticassem um futebol de alto nível, transformando a seleção na famosa "máquina
húngara".
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Em 1950 a Hungria dava início a uma série invicta de partidas, que só foi interrompida
justamente na final da Copa do Mundo de 1954, com a Alemanha, onde perdeu por 3 a 2, depois
de ficar à frente em 2 a 0 no placar.
A seleção húngara foi campeã da Olimpíada de Helsinque (1952) e, no ano seguinte, venceu o
poderoso English Team por 6 a 3, em pleno estádio Wembley, que recebeu um público de 100
mil pessoas. Na revanche, em Budapeste, a Hungria aplicou estrondosos 7 a 1 nos ingleses.
As vitórias do selecionado húngaro, no entanto, aconteceram não apenas por causa da grande
categoria dos seus jogadores. O técnico Gusztav Sebes desempenhou um papel importante, pois
já havia estudado a forma de jogar da Inglaterra (que usava o WM). Ele já sabia que os laterais
do time inglês marcariam seus pontas e o stopper ficaria em cima do seu centroavante.
Por isso, Sebes recuou esses atacantes para atrair a defesa inglesa, que não estava acostumada
a jogar naquela faixa de campo, abrindo caminho para as investidas de Puskas e Kocsis que,
ocuparam os espaços dos atacantes originais da equipe. Nandor Hidegkuti, que era o
centroavante, transformou-se assim num ótimo assistente.
Desta forma, o tradicional W utilizado pelas equipes, quando iam ao ataque, virou um M para a
seleção da Hungria. Quando estava sendo atacado, o time húngaro formava um desenho
parecido com U. Esta novidade tática tinha muitas semelhanças com o 4-2-4 que seria praticado
no Brasil, alguns anos depois.
Depois da Copa de 54 a Hungria construiu outra série invicta, que perdurou até o começo de
1956. Entre os anos de 1950 e 1954, a seleção húngara disputou 32 partidas: venceu 28 e
empatou apenas quatro, não perdendo um jogo sequer.
Kocsis, atacante húngaro que marcou dois gols contra o Brasil na Copa de 54, no jogo que ficou
conhecido como a "Batalha de Berna" (pela briga que ocorreu dentro de campo), declarou que a
Hungria venceria o time brasileiro quantas vezes fosse necessário. O polêmico jogador também
disse que seu time não teve o mesmo empenho da Olimpíada de 52 durante a Copa e que a
seleção do seu país só perdeu o mundial da Suíça porque desprezou a competição.
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4-2-4, a contribuição brasileira
O sistema 4-2-4 foi criado sem muito alarde, por uma necessidade tática de Martim Francisco
(bacharel em Direito e Psicologia), quando a equipe que dirigia, o Vila Nova, teria de enfrentar o
Atlético Mineiro pelo campeonato estadual, em 1951.
Como contava com dois ótimos zagueiros, se jogasse no sistema tradicional daquela época (WM
e suas diversas variações) com três beques, ele teria de deixar de fora um desses zagueiros. O
Atlético jogava com um ponta-de-lança e, por isso, em vez de recuar um médio para a zaga
(tornando-se, desta forma, um quarto zagueiro), Martim Francisco preferiu deixar seus dois bons
zagueiros. Desta forma conseguiu equacionar a formação de sua equipe e, ainda, sagrou-se
campeão daquela temporada.
Por sua vez, o técnico Yustrich, do Atlético, sentindo na pele o problema que aquela estratégia
causou em seu ataque, passou também a adotar esta tática em sua equipe. No entanto, a
aceitação definitiva do novo sistema tático ocorreu a partir de 1953, quando Fleitas Solich
passou a utilizá-la no Flamengo, ocasião em que o rubro-negro sagrou-se tricampeão carioca
(1953/54/55).
Quem lançou a expressão "4-2-4" para designar este esquema tático foi o jornalista Luiz
Mendes, quando num jogo do Flamengo viu que a disposição dos jogadores no gramado
formavam uma linha de quatro defensores, dois meio campistas e quatro atacantes.
Foi jogando no 4-2-4 que o futebol brasileiro viveu os anos dourados. Equipes que jogavam com
quatro atacantes, como o Santos de Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe, atraíam verdadeiras
multidões aos estádios, numa época em que a televisão ainda engatinhava no país e a bossa
nova era o gênero musical do momento.
A seleção brasileira campeã do mundo de 1958 também inovou na formação tática apresentada
naquela Copa. Os europeus desconheciam o 4-2-4 e os dois maiores jogadores da história do
futebol brasileiro: Pelé e Garrincha. Se por um lado Zagallo voltava para ajudar o meio de
campo na marcação, por outro, Nilton Santos transformava-se muitas vezes num atacante.
Por usar apenas dois meio campistas em sua formação tática, o 4-2-4 deixou de ser eficiente
para o futebol praticado nos dias atuais, pois com o avanço da preparação física os jogadores
passaram a preencher mais os espaços, obrigando os treinadores a congestionar mais o meio de
campo com quatro ou cinco jogadores em algumas ocasiões.
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4-3-3, uma derivação do 4-2-4
Quando em 1958 o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo, jogando no sistema 4-2-4, o
ponta-esquerda Zagallo muitas vezes voltava ao meio de campo para ajudar seus companheiros,
até porque o lateral esquerdo Nilton Santos (que também foi zagueiro), gostava de aparecer no
ataque.
Mas, nos momentos em que Nilton Santos permanecia na defesa e Zagallo recuava ao meio de
campo para atrapalhar a descida dos adversários, o time brasileiro ficava com quatro
defensores, três jogadores no meio e outros três no ataque, formando um 4-3-3.
No final da década de 50 e nos anos 60, muitas equipes brasileiras jogavam no sistema 4-2-4,
com dois pontas bem abertos e praticamente sem função de marcação. Isto só não aconteceu
nos times onde Zagallo atuou (Flamengo e Botafogo), o que explica sua forma de atuar na
seleção brasileira. O próprio time do Fluminense, dirigido por Zezé Moreira (campeão carioca de
1959) tinha a tática da "sanfona" e variava do 4-2-4 para o 4-3-3.
A partir dos anos 60, o 4-2-4 continuou ditando a moda, mas muitas equipes passaram a jogar
também no 4-3-3, de acordo com as necessidades. Aimoré Moreira, quando comandou a seleção
brasileira que conquistou o bicampeonato mundial no Chile, aproveitou o 4-3-3 que seu irmão
Zezé Moreira havia implantado no Fluminense.
Uma das características apresentadas pelo 4-3-3 foram que as jogadas de ataque continuaram
fortes, pois ainda existiam os tradicionais ponteiros que, com a ajuda dos laterais criavam
enormes dificuldades para as defesas adversárias.
Mas, se por um lado o ataque continuava agressivo, a retaguarda do time precisava receber a
ajuda desses pontas quando a bola estava em poder do adversário, a fim de dificultar a
construção de jogadas contra sua meta.
O 4-3-3 moderno
No 4-3-3 moderno os laterais sobem mais ao ataque. Isto faz com que os jogadores do meio de
campo, principalmente os volantes, tornem-se responsáveis pela cobertura no espaço que
deixam atrás. Por isso, nas equipes que usam esta tática nos dias de hoje, os meias também
passaram a executar funções mais defensivas, havendo mesmo uma rotatividade na proteção à
frente da zaga.
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Esta nova forma de atuar ocorreu graças ao bom preparo físico do atleta moderno, onde aqueles
jogadores com funções limitadas cederam lugar a jogadores que executam várias funções táticas
na equipe.
Os atacantes, por sua vez, também possuem um novo papel, diferente do que cabia a eles no
antigo 4-3-3. Os pontas, famosos por seus dribles e velocidade, precisam agora cobrir as
subidas dos laterais (ou alas). Já o atacante mais avançado, que jogava mais fixo (chamado de
centroavante), no sistema moderno precisa marcar a saída de bola e deslocar-se bastante à
frente da defesa adversária, não raro alternando de posição com os pontas, em ambos os lados.
A escola holandesa
Na Holanda praticamente todos os times são adeptos do sistema 4-3-3, desde as categorias de
base até a própria seleção principal, pois naquele país é prática usual os clubes adotarem uma
espécie de norma tática que obriga os técnicos a seguir.
Depois que o mundo viu o Brasil conquistar duas vezes seguidas a Copa do Mundo, em 1958 e
1962, e conheceram de perto a genialidade de Pelé e Garrincha, o WM mostrou-se ineficaz para
brecar um time que jogasse no 4-2-4 ou no 4-3-3, como a seleção brasileira.
Assim, nada mais óbvio que adotar a tática vencedora do Brasil. Só que havia um detalhe a ser
considerado: os europeus não tinham jogadores talentosos como os brasileiros. Se apenas
passassem a jogar no 4-3-3, por exemplo, seriam derrotados com facilidade.
Era necessário encontrar um diferencial que pudesse fazer frente aos times que possuíam muita
técnica. A solução encontrada foi a de que os jogadores deveriam se aplicar ao máximo,
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ocupando mais os espaços do campo e não permitindo que os adversários tivessem liberdade
para receber a bola, dominar e lançar com a habitual tranqüilidade de outrora. Os princípios
básicos do futebol-força estavam nascendo.
Mas, para desempenhar essas novas exigência táticas os jogadores precisavam ter condições
físicas jamais vistas num atleta de futebol, como forma de compensar as eventuais deficiências
técnicas. Coincidentemente novos métodos de preparação física apareceram, entre eles o circuit
training (treinamento em circuito), criado por um belga.
Seleções como a Alemanha e a Inglaterra, por exemplo, encararam com muita seriedade a
preparação física e não foi por acaso que ambas chegaram à final da Copa do Mundo de 1966. A
imprensa britânica só falava no futebol-força, expressão que eles mesmos inventaram.
O treinador inglês Alf Ramsey, que havia assumido o English Team em 1963, desempenhou
papel de fundamental importância para que seu time vencesse a Copa do Mundo de 1966 (a
única, diga-se de passagem).
Com sua presença no comando técnico da equipe, além de sua enorme dedicação ao trabalho,
Ramsey quebrou o paradigma do tradicional modelo amador inglês de convocar e escalar a
equipe, que ficava a cargo de respeitáveis senhores que formavam um comitê. Ele mesmo
encarregou-se de tais tarefas.
A Copa de 66 é uma competição que o Brasil quer esquecer, seja pela violência empregada por
Portugal para conter Pelé (que saiu de campo contundido) ou mesmo pela falta de organização
que caracterizou a preparação da seleção brasileira para o mundial da Inglaterra.
O futebol holandês começou a ser respeitado em 1969, quando o Ajax chegou à final da Taça
dos Campeões e o Feyenoord, sob o comando de Ernst Happel, conquistava o tão cobiçado título
na temporada seguinte.
A evolução do futebol holandês começou a ser construída alguns anos antes, em 1964, quando
Rinus Michels assumiu as categorias de base do Ajax e, logo depois, o time principal,
permanecendo no clube até 1971.
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De lá para cá o futebol holandês jamais seria o mesmo. Michels não abria mão da disciplina e
sabia liderar os jovens jogadores. Desta forma, não foi difícil implantar uma nova concepção
tática, onde os atletas não mantinham posição fixa e imprimiam um ritmo de jogo muito veloz
(com e sem a bola), além de executar vários papéis dentro do time. Era o nascimento do
"futebol total", que ficou conhecido no Brasil como "carrossel holandês".
Este sistema só obteve sucesso porque o Ajax (e a Holanda) tinham um grande líder em campo:
Johan Cruyff. Na seleção, o que se viu foi um grupo de jogadores com grande versatilidade,
visão de jogo e inteligência acima da média.
É claro que era necessário um ótimo preparo físico e psicológico dos jogadores, porque havia o
sistema de compensações, que impunha um grande sacrifício de todo o time para atacar e
defender. O fato da base da seleção holandesa ser do Ajax e do Feyenoord também facilitou o
entrosamento da equipe.
Com a transferência do técnico Rinus Michels do Ajax para o Barcelona, em 1971, depois de
conquistar a Taça dos Campeões, o romeno Stefan Kovacs assumiu o time e venceu mais duas
copas, em 1971 e 1973, contribuindo para formar a base da seleção holandesa, depois de lançar
no time Ruud Krol e Johnny Rep.
O que se viu na Copa do Mundo de 1974, onde a Holanda foi derrotada na final pela Alemanha
dirigida por Helmut Schoen (com uma equipe que também havia adotado o futebol total), foi
algo espantoso. Um exemplo foi o jogo com a Argentina, em que a defesa não conseguia ir para
o ataque, tamanha foi a pressão imposta pelos holandeses, que venceram o jogo por 4 a 0
(também venceram o Brasil por 2 a 0).
Quando os holandeses estavam no ataque, o objetivo era oferecer várias opções de passe para o
jogador que recebia a bola, o que exigia uma movimentação constante, muitas vezes rotacionais
- daí o nome "carrossel holandês" e "laranja mecânica", devido à cor do uniforme e ao famoso
filme de Stanley Kubrick, lançado naquela época.
Por outro lado, quando atacados, quase meio time holandês partia para cima do jogador
adversário que estivesse com a bola, forçando-o a se desfazer dela de qualquer maneira,
permitindo que o time laranja recuperasse novamente a bola. Uma outra estratégia que os
jogadores da Holanda executavam com perfeição era a linha de impedimento, o que explica o
fato da equipe ter sofrido apenas três gols na Copa.
Há quem afirme que o futebol total foi precursor do 3-5-2. Outras já comparam a Holanda com a
Hungria de 1954. Verdade ou não, uma coisa é certa: a seleção da Holanda de 74 foi um dos
mais fantásticos times que o futebol mundial conheceu.
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3-5-2, a tática dos anos 90
Sistema ainda encontra seguidores no Brasil, mas não encanta mais os europeus
De alguns anos para cá o 3-5-2 tornou-se um sistema muito comum em grande parte dos clubes
brasileiros. Na Europa este sistema está praticamente superado, pois quase todos os técnicos
armam suas equipes e seleções com quatro defensores (dois laterais e dois beques).
Na Copa do Mundo de 1990 a maioria das seleções usou o 3-5-2. Neste esquema tático, um dos
zagueiros joga atrás dos outros dois, ficando mais na cobertura. O setor de meio de campo
passa a contar com a presença de dois alas, que descem ao ataque pelas laterais e três meio-
campistas (dois volantes e um meia ou vice-versa) e dois atacantes.
Num time com três zagueiros, quando um volante também executa as funções de beque,
quando necessário, esta opção pode criar alguns problemas para a defesa se o adversário jogar
com dois atacantes, pois como terá sempre dois jogadores às suas costas, as tentativas para
retomar a bola serão muito difíceis.
Ao jogar com quatro defensores, a tarefa de cobrir a zaga por parte de um dos laterais é mais
simples, desde que eles guardem mais a posição e liberem o volante da função de zagueiro.
Desta forma, um dos laterais pode socorrer o miolo de zaga e enfrentar o adversário de frente,
ao contrário do volante.
Por outro lado, esta forma de compor o time (quatro zagueiros), também traz desvantagens,
pois a qualidade da saída de bola pode ficar comprometida, pois são raros os zagueiros que
reúnem categoria suficiente para distribuir o jogo da defesa ao ataque, o que para um volante já
é algo mais simples.
Variações
Conforme o andamento do jogo, a formação tática de uma equipe que utiliza o 3-5-2 pode se
transformar num 3-4-3 ou mesmo num 3-6-1. O ex-jogador Johan Cruyff também mostrou ter
a mesma competência como técnico, ao adotar o 3-4-3 no Ajax, em meados da década de 80.
Com intuito de deixar o time ofensivo (dois pontas e um centroavante), escalou quatro
jogadores no meio de campo desfalcando a defesa, onde havia espaço para que um meia
habilidoso pudesse se movimentar.
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Quando transferiu-se de Amsterdã para comandar o Barcelona, enfrentou dificuldades para
implantar no time catalão o esquema que havia criado no Ajax (apesar de, às vezes, optar por
outros), mas sua passagem foi vitoriosa, conquistando quatro títulos espanhóis e seis taças
diversas.
O técnico Luiz Felipe Scolari, segundo o livro "Diário na Copa", mostrou várias formatações
táticas para a equipe que ganhou o pentacampeonato para o Brasil. Em síntese, também
tratava-se de um 3-5-2, com algumas variações no decorrer das partidas, pois contava com
jogadores de grande versatilidade e que desempenhavam mais de uma função tática. Ou seja:
Marcos (goleiro); Lúcio, Edmílson e Roque Jr; Cafu, Kléberson, Ronaldinho (um pouco mais
avançado), Gilberto Silva e Roberto Carlos; Ronaldo e Rivaldo.
O futebol total apresentado na Copa do Mundo de 1974 já dava indícios de que as estratégias
táticas já não teriam mais o mesmo peso que sempre as caracterizaram ao longo da evolução do
futebol.
A condição física do atleta, de lá para cá, passa a desempenhar um papel de grande importância
para as equipes, pois os jogadores ganharam mais responsabilidades nos jogos, não limitando-
se mais a cumprir aquilo que sua posição exigia. O bom jogador era (e é) aquele que sabia jogar
com a bola nos pés, mas que também possuía inteligência tática, senso coletivo e preparo físico
para também ajudar na marcação.
Assim, a distribuição dos atletas em campo, no 4-4-2 é de quatro defensores (dois zagueiros e
dois alas), quatro jogadores no meio de campo (dois com função de marcação e outros dois com
a responsabilidade de armar e, ocasionalmente, finalizar as jogadas) e dois atacantes.
São os volantes recuados que têm a obrigação de fazer a cobertura dos alas, quando estes
partem para o ataque. Em algumas equipes mais cautelosas, há quem utilize três volantes de
contenção e apenas um meia.
Nos primeiros anos de criação do 4-4-2, entre as temporadas de 1976/77 e 1981/82 alguns
times europeus que o adotaram foram bem sucedidos, como os precursores times ingleses, que
ganharam a Taça dos Campeões, com Liverpool, Nottingham Forest e Aston Villa.
A partir de 1982 a Itália também abraça o 4-4-2, mas bem à sua moda, ou seja, sem descuidar
de sua retaguarda e marcando homem a homem. Nesse período, caracterizado pela euforia de
ter vencido a Copa de 1982, surge a Juventus de Trappatoni no comando com Michel Platini
brilhando dentro de campo; e o Milan de Arrigo Sacchi e Fabio Capello, com um timaço que tinha
Gullit, Van Basten e Baresi, ganharam três Taças dos Campeões entre 1989 e 1994, fazendo
marcação por zona.
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Variantes
A França conquistou o título europeu de 1984 utilizando o 4-5-1 e a Noruega também jogou
neste sistema na Copa da França, em 1998. Como variante do 4-4-2, um dos dois atacantes
recua para compor o meio campo. Existem técnicos que optam de início por este sistema,
escalando apenas um atacante.
O 4-5-1 passou a ser utilizado por algumas equipes quando seu adversário era claramente mais
forte e apresentava ataques reconhecidamente perigosos. Este sistema apregoa muito mais a
preocupação com a função que os jogadores desempenharão, do que especificamente com o
respeito pela posição dentro de campo. Quando os jogadores de meio campo perdem a bola,
eles procuram congestionar o setor. Com a posse de bola, os meio campistas aproximam-se até
a entrada da área, seja para finalizar ou para buscar um companheiro melhor posicionado.
Nos momentos em que é preciso dificultar ao máximo as avançadas do time contrário, o 4-5-1
também pode transformar-se num 4-6-0, sistema que deixa muito congestionado o meio de
campo, mas que não provoca nenhum incômodo à defesa inimiga.
Depois de ficar um pouco de lado, por causa do 3-5-2, o 4-4-2 está em alta, principalmente na
Europa, onde vários times e seleções resgataram este sistema.
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Regras do futebol
1 - O terreno do jogo
O campo de jogo deve ser retangular, com um máximo de 120 metros e um mínimo de
90 metros de comprimento, por uma largura máxima de 90 m e mínima de 45 m. Em
partidas internacionais, essas medidas mudam para 110 a 100 m de comprimento e 75
a 64 m de largura. Deve ser marcado com linhas visíveis de no máximo 12 cm de
largura, sendo chamadas laterais as mais longas e de fundo as mais curtas. Em cada
canto do retângulo deve haver uma bandeirola de no máximo 1m50 de altura. O
centro do campo será marcado com um ponto, em torno do qual se traçará uma
circunferência com 9m15 de raio. A pequena área será delimitada por duas linhas
perpendiculares à linha de fundo, traçadas a 5m50 de cada trave e avançando 5m50
para dentro do campo, unidas então por outra linha. A grande área terá linhas
semelhantes, colocadas a 16m50 de cada trave a avançando outros 16m50 campo
adentro. Essa também é a área de pênalti, penalidade a ser cobrada de um ponto
situado a 11 m do centro do gol. Desse ponto serão traçados, no exterior de cada
grande área, arcos com 9m15 de raio. E cada canto, a partir da bandeirola, devem ser
traçados arcos com 1 m de raio. Na parte central de cada linha de fundo serão
colocadas traves, separadas entre si, interiormente, por 7m32, unidas em cima por um
travessão colocado a 2m44 do solo. A largura ou diâmetro das traves não pode
exceder 12 cm, e do lado de fora do campo elas podem ser guarnecidas por redes.
2 - A bola
A bola dever ser esférica, recoberta de couro ou outro material aprovado, que não
represente perigo à integridade dos atletas. Sua circunferência máxima será de 69,5
cm, e a mínima 68,5 cm; o peso dever estar entre 420g e 445g no início da partida, e
depois de cheia ela deve ter a pressão de 0,8 BAR. Sem autorização do árbitro, não
pode ser trocada no transcorrer do jogo.
3 - Número de jogadores
O jogo será disputado por dois times, cada um deles formado por no máximo 11
jogadores, um dos quais atuará como goleiro. Permite-se até cinco substituições por
equipe, em partidas amistosas, e duas mais o goleiro nas oficiais. Antes do início da
partida, o juiz deve ser informado dos nomes dos eventuais reservas. Qualquer atleta
poderá desempenhar a função de goleiro, desde que o árbitro seja antecipadamente
informado. Caso, no intervalo ou durante o jogo, um atleta troque de posição com o
goleiro sem notificar o juiz, será marcado pênalti assim que ele tocar a bola com a mão
dentro da grande área.
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3. cravos fundidos à sola e não substituíveis devem ser de plástico, borracha,
poliuretano ou material macio, devendo haver no mínimo dez por sola, com
diâmetro não inferior a 10 mm; podem ser empregadas combinações de barras
e cravos, desde que o conjunto respeite as demais regras, e o comprimento não
deve nunca exceder 19 mm. O goleiro deve usar cores que o distingam dos
demais.
5 - Árbitros
Será designado um juiz para dirigir cada partida, com as seguintes atribuições: cuidar
da aplicação das regras e resolver todos os casos duvidosos, com decisões inapeláveis,
mas evitando punições que beneficiem o infrator; anotar as ocorrências, cumprindo
funções de cronometrista; interromper o jogo quando houver motivo válido; cuidar da
disciplina dos atletas em campo; impedir a entrada de quaisquer elementos estranhos;
expulsar definitivamente, sem advertência prévia, todo jogador culpado de falta
violenta; decidir se a bola corresponde às exigências da regra II.
6 - Árbitros assistentes
Serão designados dois juizes de linha, com a missão de indicar quando a bola estiver
fora de jogo e a que equipe caberá o arremesso lateral, o tiro de meta e o escanteio -
sempre sujeitos à decisão do árbitro. Em caso de intervenção indevida ou conduta
incorreta, serão substituídos. Os juizes de linha usarão bandeirinhas fornecidas pelo
dono do campo.
7 - Duração da partida
As partidas terão dois tempos iguais de 45 minutos, exceto acordo em contrário, e o
árbitro poderá acrescentar o tempo que tenha sido perdido em conseqüência de
acidente ou outro motivo. A duração de cada período será prolongada para a execução
de um pênalti, e o descanso no intervalo - a menos que assim o autorize o árbitro -
não poderá exceder 15 minutos.
8 - O início do jogo
Antes do início de cada partida se escolherá, com o auxílio de uma moeda, o lado do
campo ou o chute inicial, cabendo a opção à equipe vencedora do sorteio. A um sinal
do juiz, o jogo começará com um chute na bola parada e colocada no centro do
gramado, em direção ao campo contrário. Todos os jogadores deverão estar em seu
próprio campo, e os adversários não deverão ficar a menos de 9,15 m da bola no
momento do chute inicial. O jogador que dá a saída não poderá tocar novamente na
bola antes que outro o faça.
Depois de marcado um gol, a partida será reiniciada da mesma forma, por um jogador
adversário daquele que assinalou o tento. Após o intervalo, as equipes trocarão de
lado, e o chute inicial será dado pela adversária daquela que o fez no primeiro tempo.
Em caso de infração a esta regra, se repetirá a saída - exceto se o jogador que deu o
pontapé inicial a toque novamente antes de outro, caso em que se marcará tiro livre
indireto. Não se pode marcar um gol, diretamente de um chute inicial. Para reiniciar
uma partida interrompida por causas que não as acima, e sempre que a bola não
tenha ultrapassado as linhas lateral ou de fundo, o árbitro deixará a bola cair ao chão
no local em que esta se encontrava no momento da interrupção, e ela será
considerada em jogo assim que tocar o solo.
9 - Bola em jogo
A bola estará fora de jogo quando:
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1. tiver atravessado inteiramente uma linha lateral ou de fundo, seja por terra ou
pelo ar;
2. quando a partida tiver sido interrompida pelo árbitro.
10 - O gol
Ressalvadas as exceções previstas nas regras, se considerará gol quando a bola
ultrapassar totalmente a linha de fundo, entre as traves e por baixo do travessão, sem
que tenha sido lançada, levada ou golpeada com a mão ou o braço de um jogador da
equipe atacante - exceto o goleiro, quando dentro de sua própria área de pênalti. A
equipe que marcar maior número de gols ganhará o jogo. Se não houver gols, a
partida terminará empatada.
11 - Impedimento
Todo jogador é considerado impedido se estiver mais perto da linha de fundo
adversária do que a bola - exceto se:
Por toda infração a esta regra se concederá um tiro livre indireto à equipe adversária,
no local onde se cometeu a falta. Nenhum jogador impedido, porém, será punido se o
juiz considerar que ele não influiu no jogo, perturbou um adversário ou tentou obter
vantagem da posição.
12 - Faltas e incorreções
Um jogador que cometa intencionalmente uma das nove faltas seguintes será punido
com tiro livre direto, cobrado do local onde ocorreu:
O jogador responsável por uma das seis faltas seguintes, será punido com um tiro livre
indireto:
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1. jogar de forma perigosa (chutar a bola quando ela estiver com o goleiro, por
exemplo);
2. investir lealmente - isto é, com o ombro - sobre um adversário, quando a bola
não estiver à distância de jogo dos envolvidos e estes não intencionam
participar da jogada;
3. sem tocar na bola, obstruir intencionalmente um adversário, colocando-se como
obstáculo entre ele e a bola;
4. atacar o goleiro, a menos que ele detenha a bola, obstrua um adversário ou
esteja fora da grande área;
5. sendo goleiro, dar mais de quatro passos com a bola nas mãos, tocá-la antes
de outro jogador depois de tê-la colocado em jogo, ou retardar a partida;
6. sendo goleiro, receber a bola atrasada por um companheiro com o pé. Será
passível de repreensão o jogador que entrar em campo, sair dele ou a ele
retornar sem autorização do juiz. Nesse caso, se o jogo tiver sido interrompido
para a aplicação da reprimenda, será reiniciado por meio de um tiro livre
indireto por parte do adversário, do lugar onde estava a bola no momento da
paralisação.
13 - Tiros livres
Os tiros livres podem ser diretos (nos quais é permitido chutar diretamente a bola para
o gol adversário) ou indiretos (nestes, um gol só será válido se a bola for tocada
também por outro atleta, além daquele que cobrou o tiro). Num tiro livre cobrado
dentro da própria área de jogo do atleta, todos os adversários devem estar fora da
área de pênalti e no mínimo a 9,15 m da bola, que entrará em jogo assim que
percorrer uma distância igual à sua circunferência e tiver saído da grande área. O
goleiro não poderá receber a bola em suas mãos com o objetivo de colocá-la em jogo;
se ela não for atirada diretamente para fora da grande área a cobrança deverá ser
repetida. Se um jogador cobra um tiro livre fora de sua área de pênalti, os adversários
também devem estar a 9,15 m da bola, salvo se se encontrarem entre as traves do
gol. O jogador que cobra o tiro não poderá tocar na bola antes que outro o faça - e, se
isso acontecer, um tiro indireto será concedido à equipe adversária.
14 - O pênalti
O pênalti será cobrado de seu ponto pré-assinalado, com todos os jogadores - à
exceção do que vai batê-lo - colocados fora da grande área e no mínimo a 9,15 m da
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bola. O goleiro adversário deverá permanecer sobre sua própria linha de meta, sem
mover os pés, até que a bola seja chutada. O cobrador da penalidade deverá bater
diretamente para a frente, e não poderá tocar novamente a bola antes que outro o
faça. A bola será considerada em jogo assim que percorrer uma distância igual à sua
circunferência, e o gol valerá mesmo que o goleiro a toque antes de ultrapassar a linha
de meta. Para toda infração a estas regras haverá uma penalidade, Se for cometida
pela equipe defensora, será repetida a cobrança do pênalti, caso este não resulte em
gol; cometida por um atacante, que não o mesmo que cobra o pênalti, resultará em
anulação de um eventual gol e na repetição da cobrança; se o infrator for o mesmo
que cobrou o pênalti, e o fizer depois que a bola estiver em jogo, será marcado um tiro
livre indireto a favor da equipe adversária.
15 - Arremesso lateral
Quando a bola ultrapassar a linha lateral, por terra ou pelo ar, será posta em jogo por
um adversário daquele que a tocou por último, fazendo-o do ponto onde ela saiu. O
cobrador de arremesso lateral deverá estar de frente para o campo, com os dois pés
sobre a linha lateral ou fora de campo, lançando a bola sobre a cabeça com as duas
mãos. A bola entrará em jogo assim que penetrar em campo, devendo ser tocada
primeiro por outro jogador que não aquele que a arremessou. Não se pode marcar um
gol diretamente de um lateral, e se este for executado irregularmente reverterá em
lateral para a equipe adversária.
16 - Chute a gol
Quando a bola sair pela linha de fundo (excluída a parte entre as traves), tendo sido
tocada por um jogador da equipe atacante, será colocada num ponto qualquer da
pequena área e lançada com o pé para fora da grande área, por um jogador defensor -
o qual não deverá tocá-la novamente antes que outro o tenha feito. O goleiro não pode
receber nas mãos a bola de um tiro de meta. Se a bola não sair fora da grande área,
será repetida a cobrança. Não se pode marcar um gol diretamente dela, e os jogadores
adversários devem estar fora da grande área até que o chute tenha sido desferido.
Punição: se o jogador que cobra o tiro de meta tocar a bola fora da grande área, antes
que outro o faça, será marcado um tiro livre indiretamente contra sua equipe.
17 - Escanteio
Quando a bola transpuser totalmente a linha de fundo, excluída a parte entre as
traves, tendo sido tocada por um jogador da equipe defensora, será cobrado um tiro
de canto. A bola será colocada no interior do quarto de círculo, no canto
correspondente à metade do campo por onde saiu a bola. A bandeirinha não poderá
ser afastada, e é possível assinalar um gol diretamente de uma cobrança de escanteio
- na qual os adversários não deverão estar a menos de 9,15 m da bola a menos que
ela entre em jogo. O jogador que cobrar o escanteio só poderá tocar novamente na
bola depois que outro o fizer. A infração a esta regra será punida com tiro livre indireto
favorável à equipe contrária, cobrado do local onde se cometeu a irregularidade.
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Planejamento técnico e tático do futebol
A equipe
Posicionamento básico
Defensivo
Ofensivo
• Posicionar
• Reorganizar
• Recuperar
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Quando tem a posse de bola
• Faltas
• Escanteios
• Reinício
• Laterais
Sem dúvida alguma o melhor representante dos líberos foi o alemão Franz
Beckenbauer, que possuía categoria suficiente para apoiar sua equipe nas jogadas
ofensivas e que sabia se posicionar atrás dos dois zagueiros quando seu time era
atacado. Dependendo de onde sentia haver perigo, podia cair tanto para o lado direito
de sua defesa, quanto para o lado esquerdo.
Em recente artigo na Folha de S.Paulo, Tostão lembrou bem que "em todo o mundo, os
três zagueiros jogam em linha, não há um fixo para fazer a cobertura. Mesmo quando
isso acontece, o zagueiro pelo meio, o que sobra, não se transforma num jogador de
meio-campo".
É verdade. O que presenciamos hoje são jogadores destacados para essa função que
não se sentem à vontade para avançar - são proibidos pelos técnicos ou não reúnem a
necessária competência. Talvez este fato ajude a explicar porque o 3-5-2 é um sistema
que foi abandonado na Europa.
4-4-2 ou 3-5-2?
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Atualmente, o 4-4-2 é o sistema tático utilizado pela maioria dos técnicos europeus,
que preferem segurar seus laterais para não deixar um corredor vazio que se cria nas
laterais quando o time joga com os chamados "alas" e também para evitar que os
zagueiros deixem o miolo da defesa desguarnecido quando são obrigados a cobrir as
descidas dos seus alas.
Em seu livro que foi utilizado como material didático do curso "Evolução Tática e
Estratégias de Jogo", promovido pela Escola Brasileira de Futebol, o técnico da seleção
brasileira, Carlos Alberto Parreira, diz que "uma pergunta sempre estará na mente de
qualquer técnico do mundo: deve o sistema se adequar aos jogadores ou os jogadores
é que devem se adequar ao sistema?" - indagação que foi respondida durante o curso
pelo próprio treinador: "quanto mais respeitarmos as características dos atletas,
melhor".
Para o técnico da seleção brasileira, são seis os princípios de ataque, ressaltando que a
equipe que tiver a posse de bola ditará o ritmo e controlará o jogo:
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6. Criatividade, improvisação, habilidade - quando a equipe conta com jogadores
que sabem tomar decisões e possuem essas três qualidades, os gols acontecem
com mais facilidade.
Ricardo Drubscky3
Para Drubscky, a postura ofensiva "é o retrato de jogo de uma equipe que joga
sistematicamente no ataque, onde o ataque organizado ou futebol apoiado é o recurso
mais utilizado pelos times ofensivos".
Subir no terreno para encurtar os espaços - para caracterizar uma postura ofensiva
inteligente, os defensores precisam avançar no terreno adversário, de forma a empurrar a
equipe adversária para o seu campo.
O craque como fator de desequilíbrio - com seus dribles e passes certeiros a forte marcação
do futebol moderno é superada.
Atacar é mais difícil que defender - pelo menos com eficiência. Avanço do preparo físico
capacita os atletas a destruírem o jogo ofensivo dos adversários com mais facilidade.
Onde se pode errar no futebol? - no ataque, pois a elaboração das ações ofensivas é uma
tarefa mais difícil que a de destruição de jogadas.
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3. Contra-ataques - recuperar a posse de bola e tentar chegar ao gol adversário o
mais rápido possível;
4. Ocupação do campo - distribuição planejada dos jogadores em campo com
objetivo de encontrar um atacante livre;
5. Marcação ofensiva - combate ao adversário em seu próprio campo;
6. Apoios - ajuda ao companheiro que está com a bola para facilitar o recebimento
de um passe;
7. Trocas de orientação - mudança na trajetória da bola através de passes ou
viradas de jogo;
8. Imprimir velocidade ao jogo - ações rápidas e precisas;
9. Permutas ofensivas - mudanças de posições dos atacantes, deslocamentos;
10. Posse de bola e controle de jogo - troca de passes sem perder a bola;
11. Variação do ritmo de jogo - mudanças na velocidade do jogo;
12. Ocupação dos espaços livres - espaços livres são criados para ocupação e
recebimento de um passe.
Funções
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controles e atendimentos, realizará intervenções e avaliações, prescrevendo
orientações e acompanhando o desenvolvimento.
Liderança
Por outro lado, o gestor deve utilizar diferentes ferramentas para dar suporte técnico
ao grupo, agregar os integrantes do departamento de futebol, fortalecer a autoridade e
as decisões dos treinadores, aprimorando o comportamento organizacional tanto no
aspecto estrutural como no funcional. Ele deve manter uma conduta discreta,
desconsiderar a vaidade pessoal e potencializar as qualidades individuais de todos os
colaboradores em beneficio do coletivo da organização.
O processo de gestão ideal conduz e facilita as tarefas que possam somar para o
desenvolvimento organizacional, buscando sistematicamente a unidade dos grupos,
eliminando as dissonâncias conceituais, cooperando na superação dos problemas, e
incrementando a capacidade competitiva. As decisões devem ser tomadas com
responsabilidade, para encaminhar, quando necessário, novos projetos, alterando
estruturas e funções, e provocando mudanças de pessoal.
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Transição faz do Benfica centro das atenções
Famoso por priorizar sistemas defensivos, baseados num cauteloso 4-4-2, em que os
atacantes recuam sempre para compor o meio, o italiano Trapattoni, hoje no Stuttgart,
sempre foi um mestre na arte de armar equipes.
Carreira vitoriosa
Vindo do Ajax, Koeman substituiu Trapatonni com a obrigação de mostrar que seu
discurso favorável à postura ofensiva, com um 4-3-3 de toque de bola no meio e apoio
dos laterais, pode surtir o mesmo efeito na equipe portuguesa. Ou seja, chegar ao
título. Para isso, ele aposta na juventude das revelações João Vilela, Fernando
Alexandre, Hélio Roque e Tiago Gomes.
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O treinador de futebol ideal
O papel do treinador em uma equipe de futebol tem sofrido mudanças ao longo dos
tempos. Durante décadas foi um profissional eclético, um "sabe tudo", onde além do
orientador natural na forma de jogar da equipe, era também, médico, nutricionista,
psicólogo e assistente social.
Na esteira da especialização o treinador, cada vez mais, tem que ser aquele
profissional capaz de organizar a sua equipe, definindo um padrão de jogo e liderando
seus atletas, sem abafar seu talento, mas ao mesmo tempo, disciplinando-os dentro
de uma proposta tática.
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Mário Jorge Lobo Zagallo - sorte e otimismo
Carlos Alberto Parreira - bom senso
Telê Santana - aperfeiçoamento dos fundamentos técnicos dos atletas
Émerson Leão - carisma
Geninho - senso de justiça
Vanderlei Luxemburgo - inovação e ousadia
Luiz Felipe Scolari - determinação pelo resultado
Rubens Minelli - conhecimento e aplicação de soluções táticas
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